Atuação:
Consultoria multidisciplinar, onde desenvolvemos trabalhos nas seguintes áreas: fusão e aquisição e internacionalização de empresas, tributária, linhas de crédito nacionais e internacionais, inclusive para as áreas culturais e políticas públicas.
O
presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e
Investimentos (Apex-Brasil), Jorge Viana, avaliou nesta segunda-feira,
18, que o Brasil hoje tem um “ambiente saudável” e que é “sinônimo de
oportunidades”. “O ambiente de investimento e prosperidade no Brasil, de
fazermos as grandes mudanças, está posto”, afirmou Viana, durante
participação no painel “Brasil em foco: mais verde e comprometido com o
desenvolvimento sustentável” da Confederação Nacional da Indústria
(CNI), em Nova York.
Na
avaliação de Viana, esse cenário é resultado do esforço das lideranças
políticas nos últimos anos. “O Brasil só tira proveito de um evento como
esse por conta do ambiente que foi construído pelas lideranças;
ambiente é saudável, que é sinônimo de oportunidades”, pontuou.Durante
sua fala, o presidente da Apex reforçou, porém, que até o ano passado, a
imagem do País, principalmente na Europa, estava “comprometida”, por
questões como o desmatamento e o ataque às comunidades indígenas, mas
que o governo federal e o Congresso têm avançado em pautas importantes.
“Oito
meses depois, o cenário é completamente outro; o Congresso tem hoje
aprovado, por exemplo, o maior programa social do mundo; temos reduzido o
desmatamento e temos uma previsão de crescimento do Produto Interno
Bruto (PIB) acima de 3,0%, em um mundo que vive suas múltiplas crises”,
destacou Viana.
O
presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas, disse
que, em muitas vezes, o empresário brasileiro vira “empregado” da
Receita Federal ao ter que cumprir determinadas obrigações.
“O
empresário no Brasil precisa se dedicar a dar eficiência ao seu
negócio, e não receber da Receita Federal do Brasil uma série de
obrigações acessórias, que ele leva – pelos cálculos que temos da OCDE –
mais de 60 dias dedicando exclusivamente sua energia ao fisco. Ou seja,
vira empregado da Receita. Evidentemente que nós não podemos compactuar
com isso”, afirmou Dantas durante participação no painel “Brasil em
foco: mais verde e comprometido com o desenvolvimento sustentável” da
Confederação Nacional da Indústria (CNI), em Nova York.Nesse
sentido, na avaliação de Dantas, as instituições brasileiras estão
promovendo uma série de mudanças que visam trazer simplificação, como a
reforma tributária e o projeto de lei que simplifica o licenciamento
ambiental.
“Quando se fala de simplificar licenciamento ambiental,
não é simplesmente ‘passar a boiada’, mas permitir que a instituições
exerçam suas competências e atribuições dentro de uma racionalidade de
interesse público no Brasil”, ponderou.
Em relação à reforma
tributária, o presidente do TCU reforçou que a medida permitirá eliminar
uma “porção de obrigações acessórias” que “drenam a energia do
empresário brasileiro”. “E esse movimento revela a maturidade do
Congresso brasileiro, que veio para ficar”, acrescentou.
A expectativa segue a sinalização dada pelo Copom de continuidade do
ritmo de corte de juro em 0,50 ponto porcentual, assim como na reunião
de agosto, que inaugurou o ciclo de queda (Crédito: Marcello Casal Jr /
Agência Brasil)
Estadão Conteúdoi
A
poucos dias do Comitê de Política Monetária (Copom), a expectativa para
taxa Selic no fim de 2023 foi mantida pela sexta semana consecutiva no
Boletim Focus. A mediana para a Selic no encerramento deste ano ficou em
11,75%.
A
expectativa segue a sinalização dada pelo Copom de continuidade do
ritmo de corte de juro em 0,50 ponto porcentual, assim como na reunião
de agosto, que inaugurou o ciclo de queda. Atualmente, o juro básico da
economia está em 13,25%.
Para
o término de 2024, a mediana se manteve em 9,00%. Há um mês, a
estimativa já era essa. Considerando apenas as 104 respostas dos últimos
cinco dias úteis, a mediana para o fim de 2023 também permaneceu em
11,75%. Para o fim de 2024, continuou em 9,00%, com 104 atualizações na
última semana.
A decisão de agosto do Copom surpreendeu parte do
mercado, que apostava majoritariamente em uma queda mais “parcimoniosa”,
de 0,25pp. Nas comunicações oficiais e em eventos públicos depois do
encontro, os membros do colegiado repetiram que a “barra” é alta para
acelerar o ritmo de cortes.
Diante
disso, o mercado financeiro convergiu para aposta de uma nova baixa de
0,50pp esta semana, para 12,75%, conforme as 69 estimativas coletadas
pelo Projeções Broadcast, mas há uma parcela que prevê aceleração do ritmo até o fim do ano.
Em entrevista ao Broadcast/Estadão,
o diretor de Política Econômica do BC, Diogo Guillen, destacou o papel
do tamanho do ciclo de juros para garantir a convergência da meta de
inflação. “O orçamento vai ser o que for necessário para atingir o
centro da meta.”
O Boletim Focus ainda mostrou que a projeção para
a Selic no fim de 2025 e de 2026 continuaram em 8,50%, mesma mediana de
quatro semanas atrás.
O presidente da
Câmara, Arthur Lira (PP-AL), defendeu nesta segunda-feira, 18, que o
Congresso e o Poder Executivo discutam conjuntamente, sem “nenhuma
paternidade definida”, a pauta envolvendo a regulamentação do mercado de
carbono. Ele disse ainda que a atuação do Poder Judiciário em auxiliar o
debate será importante para evitar que o tema seja “judicializado” no
futuro.
“(Na regulamentação do mercado de carbono) o Poder Executivo tem suas
propostas. Existem projetos em tramitação no Senado, existem projetos
em tramitação na Câmara, e sem nenhuma paternidade definida, (é
importante) a unidade e a união de todos os três, com auxílio de um
poder sempre que provocado, (que) vem com auxílio de regulamentação,
resoluções e decisões que é o Poder Judiciário. Quanto menos
judicializado esse tema, melhor”, disse Lira, durante evento na Bolsa de
Nova York (Nyse), organizado pela Federação das Indústrias do Estado de
São Paulo (Fiesp) e Confederação Nacional das Indústrias (CNI).
O presidente da Câmara repetiu que a “pauta verde” está entre as
prioridades da Casa no segundo semestre. No curto prazo, além da
apreciação do mercado de carbono, serão analisados também dois marcos
regulatórios, um que trará regras para instalação de usinas eólicas em
alto-mar, e outro sobre transição energética com ênfase no uso de
hidrogênio.
Ele voltou a defender um avanço na discussão sobre o porcentual de
participação de biocombustíveis na mistura com combustíveis fósseis e
reafirmou a importância de criar incentivos a fontes de produção para
biocombustíveis.
O tema, segundo ele, foi tratado no domingo durante encontro com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Lira afirmou ainda que se reuniu com o presidente do Senado, Rodrigo
Pacheco (PSD-MG), para que as duas Casas possam discutir conjuntamente
com o Executivo medidas que regulamentem e deem credibilidade a temas
envolvendo as matrizes energéticas limpas do Brasil.
Fernando Haddad, ministro da Fazenda (Crédito: AFP)
Estadão Conteúdoi
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad,
afirmou que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai
aprovar a reforma tributária em outubro. “A maior insegurança jurídica
que o Brasil oferece hoje é o caos tributário, que ninguém sabe quando
deve e quando vai receber. E isso é um erro”, disse Haddad, a
jornalistas, ao chegar para evento da Bolsa de Valores de Nova York
(Nyse) nesta segunda-feira, 18.
Sobre o ambiente político para a discussão da reforma administrativa, Haddad disse que não vê “tumulto” no cenário.
Segundo ele, ninguém é a favor do super salário no Brasil. “Então,
por que a gente não começa pelo mais fácil? A reforma é uma reforma
administrativa”, afirmou Haddad.
Agendas complementares
O ministro da Fazenda disse ainda que a agenda ambiental e a
aprovação da reforma tributária são complementares e estão caminhando
conforme o cronograma estabelecido pelo Executivo. De acordo com ele, o
Congresso está debruçado sobre todas as ações da pasta com um grau de
abertura “bastante significativo”.
“Temos que aproveitar esse momento de harmonização dos poderes para
fazer a agenda avançar”, disse Haddad. “Quanto mais cedo nós colhermos
os frutos dessa agenda, mais facilmente a economia brasileira vai
decolar para patamares de crescimento compatíveis com o nosso
potencial”, acrescentou.
‘Tirando o atraso herdado’
Haddad também rebateu críticas de atraso no cronograma do governo do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em setembro, a Fazenda começou o
trabalho para a sua primeira emissão de títulos verdes, os chamados
green bonds, e em outubro espera aprovar a reforma tributária. Conforme o
ministro, a gestão atual está “tirando o atraso herdado”.
“Todo mundo está de queixo caído com esse resultado. As pessoas
imaginavam que ele viria em 2, 3 anos e ele vem em uma questão de meses.
Então, [estamos] demonstrando que quando o Brasil está focado
naquilo que são seus objetivos primordiais, ele alcança esses objetivos e
chama a atenção do mundo”, afirmou Haddad.
Ministro
da Fazenda enfrenta seu ponto mais alto de tensão com o Legislativo,
bate o pé e mantém controle sobre apostas on-line. Enquanto isso,
presidente da Câmara quer interferir no comando da Caixa e no PAC
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o presidente da Câmara,
Arthur Lira: debate sobre divisão de cargos, baseada na estratégia de
"governabilidade" de Lula (Crédito: Eliseu Paesph)
Paula Cristina - Editora 3i
Historicamente o papel do Ministro da Fazenda, ao menos em regimes democráticos, precisa ultrapassar o conhecimento em economia. É necessário ter em mente três pontos definidos pelo grego Heráclito por volta de 450 c.C.. Primeiro: as coisas não são de um determinado jeito, elas apenas estão daquela forma. Segundo: algo só muda quando submetido a uma tensão de forças contrárias. Terceiro, o entendimento de que nenhuma unanimidade é natural. Fernando Haddad,
o comandante da Fazenda, tem caminhado com essas regras em mente para
conciliar os interesses do governo, do PT, do Legislativo e as
expectativas empresariais. Até agora, tem conseguido mediar essas
demandas todas e ainda obtido resultados expressivos nos âmbitos fiscal,
social e econômico. Mas começam a se impor na agenda do ministro novos temas que exigirão dele as habilidades de um exímio negociador. Com o Centrão querendo mais espaço (e poder) no Executivo, e com o presidente da Câmara, Arthur Lira, marcando território com ameaças de frear as boas intenções de Lula, Haddad precisará fazer algumas concessões sem abrir mão da chave do cofre.
Os planos de Fernando Haddad
* Regular e fiscalizar as apostas on-line * Manter a Caixa longe da política * Começar a Reforma Administrativa pelos supersalários
Os planos de Arthur Lira
* Levar as apostas on-line para o Esporte * Cargos na Caixa e ministérios da Educação, Desenvolvimento e Previdência * Começar a reforma Administrativa pela base da pirâmide
A primeira das concessões foi concordar com o novo rumo do Ministério dos Esportes, agora liderado pelo PP, mas sem abrir mão integralmente da Secretaria de Apostas Esportivas, como pleiteava o Centrão.
O resultado apagou um mini-incêndio, mas deu a garantia de que novos focos de fogo vão surgir. A presidência da Caixa e alguns cargos-chaves
dentro do Ministério da Educação, da Previdência Social e do
Desenvolvimento Regional são outras cartas que os deputados e senadores
devem colocar na mesa em breve para negociar apoio ao governo.
Munidos de tais demandas, o fisiologismo se apoia no que acostumamos no Brasil a chamar de Governo de Coalização, mas na verdade se tornou um sequestro desde que as legendas partidárias passaram a atrair membros por vantagens, não ideologia.
A melhor prova disso é a entrada de André Fufuca
no Ministério dos Esportes. Fufuca, do PP do Maranhão, embarca no
governo Lula mesmo com 75% dos 47 deputados do PP votando contra a
agenda do governo nas pautas que não foram articuladas pelo presidente
da Câmara, Arthur Lira (que é do PP do Alagoas).
Fufuca também esteve ao lado de Jair Bolsonaro em campanha eleitoral no Nordeste. Tudo isso sem contar o fato de que ele nunca propôs uma lei que envolvesse esporte e nem possui qualquer relação direta de vivência ou conhecimento dos meandros do assunto, muito diferente de Ana Moser, ex-ministra.
Para
entender como funciona essa relação é só olhar a agenda. Na
quarta-feira (13) no começo da tarde, André Fufuca foi nomeado ministro.
Seis horas depois, a Câmara aprovava a Regulamentação das Apostas
Eletrônicas, nos moldes e parâmetros desenhados por Haddad e incluindo
cassinos, apostas esportivas e jogos de azar virtual.
“Quando essa eficiência acontece e é puxada pelo Centrão, há um estremecimento na base real de um governo”, disse Rogério Felicio Carlo, professor de macroeconomia e política da Universidade Federal do ABC e que esteve no governo de transição.
O texto aprovado na Câmara agora segue para o Senado e tem potencial de arrecadação de R$ 12 bilhões ao ano.
Remediando
Na tentativa de diminuir o impacto da chegada de Fufuca ao governo, Haddad bateu o pé para manter na Fazenda a responsabilidade de regulamentar as apostas esportivas, já que se trata de uma medida de arrecadação e foi desenhada dentro do ministério que comanda.
Ao
longo de seis meses Haddad conversou com empresas digitais, clubes de
futebol, representantes do poder público e exerceu a dialética para
construir um texto equilibrado e que foi elogiado pela Organização Mundial do Comércio (OMC) como um caminho promissor para a discussão do assunto em âmbito global.
Mas onde termina a abertura para o contraditório e começa a chantagem política?Nos
bastidores da negociação com o PP pela Pasta, era comum ouvir deputados
dizendo que que queriam “ministério turbinado”. Não demorou para que
houvesse um ruído no mercado de apostas, que entenderam que a
transferência para o Esporte faria o assunto retroceder.
Tudo isso
enquanto o presidente Lula, em viagem no exterior, ainda não havia nem
confirmado a chegada de Fufuca. Depois de algum tempo, o ministro das
Relações Institucionais, Alexandre Padilha, deu o que parece ter sido o veredicto da negociação. A questão das apostas online terá guarda compartilhada. “Existe uma concordância da criação de uma estrutura de acompanhamento desse tema das apostas”, disse.
O
ministro garantiu que a questão da fiscalização, regulamentação e
arrecadação ficará sob cuidados e curadoria da Fazenda. “Além disso, uma
parte dos recursos, já está prevista na medida provisória [da regulação
das apostas] vem para o Ministério do Esporte, para o fomento do
esporte no nosso país”, disse. A Secretaria, que ainda não foi criada,
comportará 65 novos cargos.
Seis horas após nomeação de Fufuca, a Câmara dos Deputados aprovou a regulamentação das apostas esportivas e cassinos on-line
Próximas demandas
Quem
acompanhou a saga do governo Bolsonaro e sua relação com o Centrão sabe
o que pode acontecer quando se abre demais as portas. O presidente fica
resignado em um cargo ilustrativo, os ministros técnicos rendidos e o
Legislativo executando o governo. Para desviar deste caminho Haddad
precisará se preparar, porque o cerco vai se formar.
Deputados ligados à Arthur Lira confirmaram a DINHEIRO que já há negociações pelo comando da Caixa Econômica Federal, além de vagas em autarquias ligadas ao Ministério da Educação, Previdência Social e Desenvolvimento Regional.
Segundo dois parlamentares de legendas diferentes, os assuntos são debatidos em paralelo à aprovação das Reformas. De acordo com os deputados, o
presidente Lula já sinalizou que entregará o banco “de porteira
fechada” o que significa que o novo presidente teria autonomia para
trocar os 12 diretores. Quem trabalha na busca por um nome para o comando do banco público seria o próprio Arthur Lira.
Com
relação ao Desenvolvimento Regional, o plano do Centrão é receber
assento em autarquias, empresas públicas e órgãos federais, já que
haverá grande demanda envolvendo os recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
No comando do Desenvolvimento, hoje, está Waldez Góes que entrou no governo por meio da cota do PDT na aliança do segundo turno. O PDT também é o partido de Carlos Lupi,
ministro da Previdência Social, que enfrenta turbulências em função de
disparidades no cálculo da fila do INSS e tem sido alvo de críticas de
parlamentares do Centrão.
Com tudo isso em jogo, Haddad precisa colocar em prática o pensamento que descreveu em seu livro O Terceiro Excluído:
sem a dialética efetiva, qualquer humanidade vai regredir, mas é
preciso ter clareza para não confundi-la com a falácia dialética –
quando ela se esconde na falsa eficiência ou na condescendência passiva.
A conversa com empresários
Enquanto,
em Brasília, o ministro Fernando Haddad enfrenta o paredão Legislativo,
outro tema também tem colocado pressão na agenda do petista. A Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca) pediu a rejeição integral da Medida Provisória (MP) que altera a tributação sobre as grandes empresas que recebem benefícios fiscais dos Estados.
O movimento já era esperado pela equipe econômica, já que a alteração acerta em cheio questões como: * lucros e dividendos, * fundos isentos de imposto de renda, * fim do Juro Sob Capital Próprio (JCP).
Com tudo isso, mais a decisão pró governo dos julgamentos empatados no Carf, o governo fala em uma arrecadação extra de R$ 37 bilhões,
o que daria ao ministro da Fazenda condições de honrar os planos de
reduzir o déficit das contas públicas significativamente já em 2024.
O
argumento dos empresários de capital aberto é que Executivo
desrespeitou decisões do Legislativo e do Judiciário com o objetivo de
aumentar a carga tributária, o que representa uma “grave violação à segurança jurídica”.
Apesar
de começar seu manifesto em tom apocalíptico, a entidade diz está
aberta a negociar, já que outro revés, este vindo do STJ, determinou o
pagamento integral dos CSLL e PIS/Cofins de isenções que não visassem
investimento (até então o entendimento era que benefícios poderiam ser
usados para o custeio da empresa) poderia ser flexibilizado com
aplicação dos prazos para devolução dos impostos.
Um assunto que
Fernando Haddad, que viaja sábado (16) para os Estados Unidos em uma
tour para atração de investimento estrangeiro no mercado de capitais, já
disse que irá tratar pessoalmente em seu retorno.
Patrícia Muratori, diretora geral do YouTube para América Latina:
"Criadores não têm inscritos, mas sim fãs, alunos e clientes. Isso acaba
transformando muitos desses criadores, permitindo que eles possam
empregar outras pessoas" (Crédito: Samuel K.)
Victória Ribeiro - Editora 3i
Ocupando a segunda colocação entre os sites mais acessados do mundo (atrás somente do Google), o YouTube
contribuiu com a injeção de mais de R$ 4,55 bilhões no PIB brasileiro e
com a geração de mais de 140 mil empregos equivalentes a tempo integral
em 2022. Os dados são de um relatório da Oxford Economics,
que revelou ainda o fato de 105 mil criadores brasileiros empregarem
outras pessoas para trabalharem em seus canais. Em meio ao avanço de
concorrentes como TikTok, a plataforma de vídeos
controlada pela big tech Alphabet (também dona do Google) tem buscado se
adaptar por meio de suas possibilidades multiconteúdo, multiformato e multidispositivo. Uma das grandes novidades, fomentada por uma mudança considerada disruptiva por Patrícia Muratori, é a transmissão de jogos esportivos através de canais dos criadores de conteúdo, como é o caso do CazéTV. “Eu costumo dizer que o Brasil é um grande laboratório massivo”, afirmou. “Tudo
o que acontece aqui é muito grande e tem um efeito muito importante
para entendermos como pode ser o comportamento do criador e do usuário
em uma perspectiva de escala” .
O YouTube injetou R$ 4,55 bilhões no PIB brasileiro. Qual sua avaliação sobre esse impacto na economia criativa?
Nós temos um coletivo de milhares de criadores que quebram a barreira
da mentalidade comum sobre a forma que a economia gira. O criador
brasileiro, inclusive, tem um papel muito importante nisso. Atualmente, os criadores não têm mais canais no YouTube e sim negócios. Eles
não têm inscritos, mas sim fãs, alunos e clientes. Isso acaba
transformando muitos desses criadores, permitindo que eles possam
empregar outras pessoas.
Há muitos casos de criadores que, a partir de seus canais na plataforma, tenham aberto outros negócios?
Sim, inclusive fisicamente. Eles abrem, por exemplo, salões de beleza,
academias, padarias. Isso tem acontecido em inúmeros grupos de
afinidade, de diversos temas. E essa é a grande magia. Entendemos que esse pode ser um mundo do entretenimento que se desdobra em várias frentes. Os
resultados apresentados no nosso relatório servem para cristalizar as
histórias por trás dessa economia criativa para que o mercado consiga
perceber a importância do criador de conteúdo que, na verdade, é um
criador de negócios.
Como o Brasil se destaca na economia criativa e no mercado de influência?
Existe uma explosão criativa muito forte no Brasil. Temos a
criatividade, a paixão atrelada e a linguagem. A forma de se comunicar é
única. Mas também há um engajamento muito grande. Acredito
que a diversidade seja um ponto interessante nisso tudo, porque a gente
vê pessoas de diversos tipos utilizando a plataforma como meio de
carreira e retorno financeiro. Mas, para além disso, também existe o outro lado da tela. A importância para quem assiste e acessa essa diversidade.
O Brasil é o terceiro país que mais consome vídeos do YouTube. Qual a importância estratégica do País para a plataforma?
A gente sabe que o brasileiro é uma das nacionalidades que mais consome
o digital como um todo. Quando você está em uma empresa global e você
tem um país que desponta pela criatividade, consumo e quantidade de
usuários, os produtos acabam sendo testados nesse lugar antes, por
exemplo. Existe também um espaço maior para feedbacks. Eu costumo dizer que o Brasil é um grande laboratório massivo.
Tudo o que acontece aqui é muito grande e tem um efeito muito
importante para entendermos como pode ser o comportamento do criador e
do usuário em uma perspectiva de escala.
Recentemente, o PL das Fake News voltou a ser discutido na Câmara. Qual sua opinião sobre o projeto?
Nós temos uma forte estratégia de combate à desinformação. A remoção
dos conteúdos que ferem nossas políticas de comunidade é uma delas. Mas
para além disso, nós buscamos recompensar conteúdos que atingem um nível
de qualidade e destacar as fontes de confiança. Isso é dia-a-dia. Fora
isso, nós também fazemos muitas parcerias. No ano passado, por exemplo,
nós fizemos parceria com o Centro Internacional para Jornalistas, o
ICFJ, para combater desinformações associadas ao período eleitoral no
Brasil. Durante a pandemia, a parceria foi com a OMS. É claro que em um
ambiente onde a gente recebe mais de 500 horas de vídeo por minuto, nós
estamos sempre intensificando o nosso sistema para poder aprender,
inclusive, com os maus atores que surgem na plataforma. Sobre as
questões regulatórias, nós somos sim a favor do combate à desinformação.
Agora, nós precisamos fazer parte
deste debate, mostrando como a plataforma funciona, como é que a nova
economia criativa funciona e quais são nossos esforços de
responsabilidade.
Na era do TikTok e dos vídeos curtos, como o YouTube vem buscando se adaptar?
Os vídeos curtos foram uma evolução orgânica de uma plataforma de
vídeos, mas ele é mais que um formato, é um recurso para quem cria e
para quem consome. Faz parte do contexto. Eu quero um vídeo curto para
ser fácil no meu dia. Eu tenho essa opção. Porém, o YouTube tem o
diferencial de poder oferecer um formato curto de 15 segundos ou uma
live de 15 horas. Partimos do princípio de que a nossa plataforma
funciona através do que é bom para o usuário e para o criador de
conteúdo.
De que forma isso é feito? Nosso
funcionamento acontece através do comportamento de quem consome, mas vem
também do propósito, da paixão, habilidade, do negócio e do criador.
Por isso que hoje somos multiconteúdo, multiformato e multidispositivo.
Hoje, uma das grandes formas de você assistir o YouTube é na televisão. Temos mais de 76 milhões de dispositivos ligados ao YouTube na TV.
Assim como sabemos a força do celular. Mas não é sobre uma coisa ou
outra, é sobre essa evolução constante a partir do que é importante para
quem consome e para quem cria.
Quais mudanças de hábitos digitais vêm sendo percebidas pelo YouTube?
O Brasil é um país que sempre teve um consumo muito forte de futebol
pela mídia tradicional. Porém, dados revelados no nosso último Relatório
de Impacto mostram que 72% dos entrevistados brasileiros preferem
assistir transmissões ao vivo do seu esporte favorito no YouTube em vez
do rádio ou da televisão. Então a gente entende que essa combinação da linguagem, da autenticidade, da criatividade e da interatividade é crucial.Nesse
sentido, temos visto fenômenos importantes acontecendo, como é o caso
do canal CazéTV, que faz transmissão e comenta jogos esportivos através
de uma linguagem muito específica. Essa percepção fez com que a gente
apostasse em combinações. Anunciamos o Paulistão, que foi também uma
grande novidade da plataforma e que vai para dentro do CazéTV em 2024.
Então a gente acredita nessa explosão de impacto entre o conteúdo, que é
o maior ativo, versus a audiência dos canais.
Quais tecnologias têm sido aliadas das transformações no YouTube?
A Inteligência Artificial tem colaborado muito para que nossas
transformações e evoluções aconteçam de forma orgânica. Ela está muito
por trás do play. Tem a ver com recomendação, personalização,
recomendação, com a experiência do usuário. Ou seja, para você poder
assistir um conteúdo no celular, no transporte público, ou para você
assistir na sua casa, tem toda uma tecnologia por trás. Assim como o
investimento em produto. No momento, por exemplo, estamos em um formato
beta com os criadores, para que eles possam, por exemplo, dublar seus
vídeos em diversos idiomas. Algo que seria impossível de se fazer de
forma manual. Afinal, nós estamos falando de mais de 500 horas de vídeo
por minuto que sobem na plataforma. A IA também é aliada da garantia da segurança, para privar os usuários de conteúdo perigoso.
A gente faz isso usando uma combinação de sistemas de inteligência
artificial e revisores humanos, para garantirmos que a plataforma seja
segura e para protegermos a experiência do usuário de forma eficiente em
escala.
Que novidades podemos esperar do YouTube para os próximos anos?
Com certeza novidades relacionadas com a Inteligência Artificial. É uma
estratégia importante para trabalhar com o usuário, os criadores, as
marcas e a inovação de conteúdo. Acho que ainda vêm grandes lançamentos e
anúncios pela frente, mas essa é uma das novidades que já consigo
antecipar.