quarta-feira, 20 de setembro de 2023

Tratado de proteção do alto-mar deve começar a receber assinaturas

Um funcionário prepara as bandeiras da ONU para o Debate de Alto Nível da Assembleia Geral da ONU. Créditos: ONU / Kim Haughton

Com a presença de delegações de todo o mundo em Nova York para participar na Assembleia Geral da ONU, dezenas de países devem começar a assinar nesta quarta-feira (20) o tratado de proteção do alto-mar, que tem o objetivo de salvar ecossistemas marinhos vitais para o planeta.

Adotado pelos Estados-membros da ONU em junho, após mais de 15 anos de negociações, a assinatura “representa uma etapa importante para a proteção significativa do alto-mar”, declarou à AFP Nichola Clark, da ONG Pew Charitable Trusts.

“É o início de um novo capítulo no qual a comunidade internacional deve adotar ações ousadas para assegurar que os reservatórios da biodiversidade marinha continuem garantindo a saúde dos oceanos e das comunidades no mundo que dependem deles”, disse.

Após negociações árduas, o texto foi adotado formalmente por consenso em 19 de junho, apesar do ‘distanciamento’ da Rússia do tratado.

O alto-mar começa onde acabam as zonas econômicas exclusivas (ZEE) dos Estados, que vão no máximo a 200 milhas náuticas (370 km) das costas, e não pertence a nenhum país.

Apesar de representar quase metade do planeta e mais de 60% dos oceanos, durante muito tempo o alto-mar foi ignorado na batalha ambiental, ao contrário das zonas costeiras e de algumas espécies emblemáticas.

A principal ferramenta do novo tratado é a criação de zonas marinhas protegidas nas águas internacionais.

Atualmente, apenas 1% do alto-mar está protegido por medidas de conservação, mas em dezembro do ano passado, em Montreal, durante a COP15 sobre biodiversidade, todas as nações do mundo se comprometeram a proteger 30% das terras e oceanos do planeta até 2030.

Para alcançar a meta, o novo tratado é crucial, mas tudo dependerá da data da sua entrada em vigor, que ocorrerá 120 dias após a 60ª ratificação, algo que depende dos procedimentos de cada país.

Segundo a ONU, mais de 60 governos pretendem assinar o tratado, mas é necessário aguardar para saber quantos países devem aderir nesta quarta-feira e em datas posteriores.

“A corrida pelas ratificações começa e apelamos aos países que sejam ambiciosos, que ratifiquem o tratado para garantir que entre em vigor em 2025”, por ocasião da próxima Conferência das Nações Unidas sobre os Oceanos, na França, declarou Mads Christensen, diretor interino do Greenpeace Internacional.

“Temos menos de sete anos para proteger 30% dos oceanos, não há tempo a perder”, advertiu.

Mesmo que a marca de 60 ratificações seja alcançada, o número ainda está muito longe da universalidade esperada pelos defensores dos oceanos sem fronteiras.

abd/af/dga/fp

 

EUA e Brasil lançam iniciativa global de defesa do trabalho digno


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursa na Assembleia Geral da ONU, em 19 de setembro de 2023 - AFP

Os presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Joe Biden apresentam nesta quarta-feira (20) uma iniciativa global de defesa do trabalho digno, em um momento de greves nos Estados Unidos e de ótima relação entre o Brasil e a China, grande rival de Washington.

Os presidentes do Brasil e dos Estados Unidos compartilham uma “clara afinidade” sobre o tema, afirmou uma fonte do governo americano que pediu anonimato.

A defesa dos direitos trabalhistas e da classe média é uma das grandes bandeiras de Biden, em particular visando as eleições de 2024, e de Lula, ex-metalúrgico e líder sindical.

Os dois se reunirão nesta quarta-feira à margem da Assembleia Geral da ONU, o segundo encontro dos chefes de Estado desde a posse de Lula em janeiro para seu terceiro mandato.

O governo americano tenta melhorar sua relação com Lula, com quem já enfrentou algumas divergências, consciente de que o Brasil olha cada vez mais para a China.

 

– Desafios  –

 

A iniciativa busca “promover os direitos dos trabalhadores em todo o mundo”, explicou outra fonte do governo americano, que também pediu anonimato.

“Acredito que isto destaca o fato de que a relação entre Estados Unidos e Brasil não é apenas bilateral. É de natureza global”, declarou a fonte, antes de acrescentar que os países “têm uma visão comum para um crescimento econômico equitativo e inclusivo”.

O objetivo é incluir outros países na iniciativa para superar os desafios do mercado de trabalho do século XXI.

A meta é lutar contra a exploração, incluindo o trabalho forçado e o trabalho infantil, a economia informal, a discriminação no ambiente de trabalho, em particular contra mulheres e pessoas LGBTQI+, e a marginalização de grupos raciais e étnicos, explicou a fonte.

Os governos também pretendem estabelecer uma prestação de contas e abordar os investimentos público e privado, a transição para energias limpas e a transformação digital.

– “Uma voz global” –

“Queremos garantir que esta iniciativa apresente resultados concretos para os trabalhadores nos próximos meses”, afirmou a funcionária do governo americano, no momento em que os Estados Unidos enfrentam uma greve no setor automotivo e uma paralisação de atores e roteiristas em Hollywood.

“Nada nesta iniciativa deve ser interpretado como algo que desencoraja ou limita o direito à greve”, disse.

Além dos direitos dos trabalhadores, Lula e Biden provavelmente conversarão sobre a guerra na Ucrânia, pouco antes da reunião do brasileiro com o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky.

O conflito na Ucrânia provoca divergências. Washington lidera a ajuda a Kiev contra as tropas russas e Lula tem uma posição neutral.

“O Brasil é uma voz importante, uma voz global, acredito que também é uma ponte entre os países mais ricos e as economias em desenvolvimento”, explicou a fonte.

Lula reclama que a governança mundial é “assimétrica”. Ele insiste que a revolução digital e a transição energética não podem ficar nas mãos de “algumas economias ricas”.

A boa sintonia com a China, país que visitou há alguns meses para reforçar os laços econômicos, preocupa Washington, que se distancia da nação rival.

“Talvez no âmbito comercial a China esteja fazendo mais no lado dos investimentos, mas chave é que Pequim não reconhece os atores não estatais como legítimos na política”, disse a fonte, em referência à sociedade civil.

A afinidade entre Brasil e China pode ter algum efeito positivo para Washington em outro tema que certamente será abordado nesta quarta-feira: a crise no Haiti.

Em julho, o Quênia anunciou que está disposto a liderar uma intervenção policial multinacional para ajudar as forças de segurança haitianas a combater as gangues, mas precisa de autorização do Conselho de Segurança da ONU, no qual a China está relutante.

O Brasil “é uma voz importante, não apenas para compreender a situação no Haiti, desempenhando um maior papel potencial como contribuinte, mas também para envolver outros membros do Conselho de Segurança da ONU, incluindo a China”, afirmou a fonte do governo americano.

terça-feira, 19 de setembro de 2023

Controladora da Casino prorroga em um mês conciliação com credores na Justiça francesa

A Rallye, que controla a Casino Guichard-Perrachon, informou nesta terça-feira, 19, que obteve autorização para prorrogar até 19 de outubro de 2023 o chamado “procedimento de conciliação”. O mecanismo constitui o processo de renegociações de dívidas sob intermédio da Justiça francesa.

Na segunda-feira, a varejista já havia anunciado que fechou acordo com um grupo de credores da subsidiária Quatrim, que estende o vencimento de um de seus títulos.

Com a notícia, a ação da Casino chegou a subir mais de 4% na Bolsa de Paris nesta terça, antes de arrefecer ganhos e fechar em alta de 0,18%.

No dia anterior, os papéis haviam sido penalizados pela informação de que a Rallye e seu CEO foram multados por divulgarem dados falsos sobre sua posição de liquidez.

 

China: Starbucks investe quantia recorde e inaugura centro de fabricação e distribuição de café

Logo Da Starbucks Significado Historia E Evolucao

A rede de cafeterias norte-americana Starbucks anunciou nesta terça-feira, 19, a inauguração do Coffee Innovation Park (Parque de Inovação do Café, em tradução livre), na China. A instalação, que servirá como centro de fabricação e distribuição de seus insumos no país, recebeu um investimento de 1,5 bilhão de yens (cerca de R$ 1 bilhão).

Desde o anúncio inicial parque de inovação em março de 2020, a Starbucks fez duas rodadas adicionais de investimentos, tornando o projeto o maior investimento em qualquer centro de fabricação e distribuição de café da marca fora dos Estados Unidos.O diferencial desta instalação, segundo a empresa, é uma distribuição de café mais eficiente e sustentável, com “reduções significativas” no consumo de energia e nas emissões de carbono durante a torrefação.

“Eu não poderia estar mais orgulhoso do pensamento visionário da seleção chinesa. Sendo o maior e mais rápido mercado internacional da Starbucks, continuaremos a aprofundar o nosso investimento e a reforçar o nosso compromisso inabalável a longo prazo com o mercado da China”, disse Laxman Narasimhan, CEO da Starbucks Coffee Company.

Localizado na cidade de Kunshan, a uma hora de Xangai, o centro de 80 mil metros quadrados importa grãos verdes de arábica provenientes de mais de 30 países para torrar, embalar, armazenar e distribuir. O local ainda contará com visitação aberta ao público, que poderá acompanhar a jornada de produção da bebida e fazer um “treinamento relacionado ao café”, segundo a empresa.O café recém-torrado será entregue nas lojas Starbucks em todo o mercado a partir do Parque de Inovação do Café, que servirá como centro da rede de distribuição da marca na China, abastecendo diretamente as lojas da região.

 

Em NY; Haddad afirma que emissão de green bonds vai acontecer nas próximas semanas

Brazil's presidential candidate for the Workers' Party , Fernando Haddad, delivers a press conference, after visiting his mentor imprisoned Brazilian...

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que a estreia do governo brasileiro no mercado de títulos de dívida internacional com critérios sustentáveis, os chamados ‘green bonds’, deve acontecer nas próximas semanas. A operação já foi apresentada a investidores dos Estados Unidos e da Europa e, agora, depende de janela para ser levada a mercado. A decisão tanto do momento quanto do volume a ser captado depende do Tesouro, conforme Haddad. A expectativa do mercado é de que a operação seja de cerca de US$ 2 bilhões, recursos que vão turbinar o Fundo Clima.

“Não acredito que o Brasil vai ter qualquer dificuldade na colocação desses títulos que vai abastecer o fundo clima e isso vai alavancar investimentos verdes no Brasil”, disse o ministro da Fazenda, a jornalistas, em Nova York, após se reunir com investidores, empresários e representantes de organismos multilaterais.

Haddad disse que o governo Lula busca posicionar o Brasil como um país que produz produtos verdes. Segundo ele, isso inclui não apenas energia limpa e minerais estratégicos, mas “produtos verdes” e que envolvem uma gama de indústrias como a de tecnologia, têxtil, dentre outros.

Para isso, o Brasil quer atrair mais empresas estrangeiras. Durante sua viagem a Nova York, o ministro da Fazenda tem defendido a necessidade de mais parcerias tanto com empresas quanto com outros países.

“Nós temos clareza de que isso é possível, convencer empresas nacionais e internacionais a se fixarem no Brasil para o desenvolvimento de produtos verdes”, disse Haddad.No âmbito de países, o Brasil estuda como se beneficiar da Inflation Reduction Act (IRA, na sigla em inglês), plano climático do presidente dos EUA, Joe Biden, e que prevê US$ 369 bilhões para apoiar a transição energética americana. Conforme Haddad, o tema estará na agenda da bilateral que Lula terá com o chefe da Casa Branca.

Nas palavras de Haddad, a inserção no IRA pode ser um ‘jogo de ganha-ganha’ dos EUA com o Brasil. “Nós estamos estudando o Inflation Reduction Act atentamente, detalhadamente e buscando verificar em que condições e com que regras o Brasil poderia estabelecer parcerias com os Estados Unidos, nos valendo dessa legislação e nos valendo das vantagens competitivas que o Brasil tem”, explicou o ministro.

 

Dívida global cresce no 1º semestre e alcança nível recorde de US$ 307 trilhões, mostra IIF

O Instituto Internacional de Finanças (IIF) aponta que a dívida global aumentou US$ 10 trilhões no primeiro semestre de 2023, a US$ 307 trilhões, um novo recorde que representa US$ 100 trilhões a mais que uma década atrás. Segundo o relatório “Monitor da Dívida Global”, divulgado nesta terça-feira, 19, mais de 80% da acumulação de dívida veio de mercados desenvolvidos, com os EUA, o Japão, o Reino Unido e a França registrando os maiores aumentos. Entre emergentes, o aumento foi mais acentuado na China, na Índia e no Brasil.

Agora, a proporção da dívida sobre o Produto Interno Bruto global está em torno de 336%, acima dos 334% do quatro trimestre de 2022 e registrando uma alta após sete trimestres consecutivos de queda. Segundo análise, com a moderação das pressões salariais e de preços, a projeção é que a proporção ultrapasse os 337% até ao final do ano.

Entretanto, o documento pontua que os encargos das dívidas de consumidores ainda estão controlados em economias avançadas, especialmente nos EUA, o que deverá permitir espaço para mais aperto monetário pelos BCs, caso haja persistência na pressão inflacionária.

O IIF também chama atenção para a queda acentuada nos empréstimos bancários, evidente entre governos e instituições financeiras. “Em contraste, os fatores macroeconômicos adversos prevalecentes, incluindo condições de financiamento mais restritivas, levaram a uma desaceleração acentuada na expansão do crédito bancário às famílias e às empresas não financeiras”.

Entretanto, nos EUA, a expansão contínua dos mercados de crédito privado “ofereceu um amortecedor para as empresas que enfrentaram padrões de crédito bancário mais apertados na sequência da tensão bancária regional do país no início deste ano”.

Já falando sobre países emergentes, a instituição destaca que as tensões da dívida interna dos mercados emergentes prejudicam as perspectivas: “à medida que os custos de financiamento internacional se estabilizam em níveis mais elevados, a dívida pública nos mercados emergentes (como por exemplo a China) retomou a sua tendência ascendente no segundo semestre de 2022, registrando um ligeiro aumento para 57% do PIB”.

No Brasil, o IFF aponta que a dívida das famílias como proporção do PIB caiu de 33,6% no segundo trimestre de 2022 para 32,7% igual período deste ano; a de corporações não financeiras subiu de 51,9% para 52,1%; a do governo recuou de 88,8% para 86%; e a do setor financeiro caiu de 46,2% para 40,5%.

 

Hong Kong endurecerá regulamentação de criptomoedas após prisões ligadas à bolsa JPEX

O chefe executivo de Hong Kong, John Lee, disse nesta terça-feira, 19, que o território reforçará a regulamentação dos ativos digitais, depois que a polícia prendeu seis pessoas após alegações de fraude em uma bolsa de criptomoedas não licenciada na cidade.

As prisões seguiram um anúncio do órgão de fiscalização de valores mobiliários de Hong Kong na semana passada, de que a bolsa, conhecida como JPEX, não tinha licença e não tinha autoridade para operar sua plataforma de negociação de criptomoedas na cidade.

A Comissão de Valores Mobiliários e Futuros disse ter recebido mais de 1.400 reclamações contra a JPEX envolvendo mais de 1 bilhão dólares de Hong Kong (US$ 127,9 milhões) em perdas.

O órgão também afirmou que alguns investidores reclamaram de não conseguirem retirar seus ativos virtuais das contas JPEX ou de descobrirem que seus saldos foram “reduzidos e alterados”.

Lee disse aos repórteres na terça-feira que o governo intensificaria os esforços para educar os investidores e lembrá-los de usar apenas plataformas licenciadas pela Comissão de Valores Mobiliários e Futuros.

A Comissão de Valores Mobiliários e Futuros de Hong Kong começou a aceitar inscrições para bolsas de criptomoedas a partir de 1º de junho, permitindo que operadores licenciados atendam investidores de varejo, desde que compreendam os riscos envolvidos.

Anteriormente, apenas investidores profissionais podiam acessar as bolsas. Até agora, apenas duas bolsas tem licença para operar em Hong Kong: OSL Exchange e Hashkey Exchange. 

 

Fonte: Associated Press