terça-feira, 23 de janeiro de 2024

BCIE vai priorizar planos para enfrentar migração e mudança climática na América Central

 


Migrantes com crianças nos ombros caminham pela selva perto da cidade de Bajo Chiquito, primeiro controle de fronteira da província de Darién, Panamá, em 22 de setembro de 2023 - AFP/Arquivos

 

O Banco Centro-Americano de Integração Econômica (BCIE) vai reforçar o financiamento para projetos que mitiguem os efeitos das mudanças climáticas e as causas da migração, dois problemas críticos na região, afirmou sua nova presidente, Gisela Sánchez.

“Uma grande oportunidade que temos são os projetos ambientais, porque infelizmente compartilhamos os mesmos desafios das mudanças climáticas, das secas, inundações. Precisamos trabalhar nesse tema como região”, disse Sánchez em entrevista à AFP.

Atualmente, 8% da carteira de investimentos do banco, estimada em cerca de 3,3 bilhões de dólares (cerca de R$ 16 bilhões) ao fim de 2023, consiste em projetos ambientais, mas “isso pode crescer significativamente”, acrescentou a executiva costarriquenha.

Ela destacou que os problemas ambientais não têm fronteiras e citou como exemplo o Corredor Seco, uma área que abrange regiões da Guatemala à Costa Rica, onde as mudanças climáticas agravaram nos últimos anos as secas, afetando a produção de grãos básicos, dos quais milhões de habitantes dependem.

O BCIE, sediado em Tegucigalpa, apoiará projetos de manejo responsável da água, resíduos sólidos e redução de emissões de carbono, assim como o desenvolvimento de energias limpas, indicou Sánchez.

A América Central também é impactada todo ano por furacões e fortes chuvas e inundações que devastam grandes extensões de plantações, o que, segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM), tem um impacto no deslocamento humano.

Dezenas de milhares de centro-americanos, sobretudo guatemaltecos, hondurenhos e salvadorenhos, emigram todo ano para os Estados Unidos em busca de trabalho.

“É gerando emprego e oportunidades que as pessoas vão ficar na América Central. Então temos que trabalhar para promover mais empreendimentos, para apoiar mais as microempresas para que estes, por sua vez, gerem empregos”, afirmou.

O BCIE foi fundado por Guatemala, El Salvador, Honduras, Nicarágua e Costa Rica. Tem também como parceiros Panamá, Belize e República Dominicana, e como aliados México, Taiwan, Colômbia, Espanha, Cuba e Coreia do Sul.

Empresário que criou gigante do impacto social defende maior taxação de ricos: “Capitalismo não deveria ter bilionários”

 

 Empresário que criou gigante do impacto social defende maior taxação de ricos: "Capitalismo não deveria ter bilionários"

 

 

 

Sammy Rochai


Depois de trabalhar por alguns anos no mercado financeiro, o engenheiro João Paulo Pacifico, 45 anos, enxergou problemas no setor de capitais que contribuíam para a injustiça social e decidiu abrir a sua própria empresa de investimentos: o Grupo Gaia. O objetivo era criar uma companhia que atrelava seus aportes à melhorias de índices sociais e ao impacto social como um todo.


“Trabalhando nessa área, observei que a forma como o mercado financeiro atua não considera o bem comum como um fator positivo para todos. Esse mercado foi para um caminho materialista, menos humano, com claro e único objetivo pelo lucro, explorando o trabalho enquanto muitas pessoas empobrecem”, conta João.

Após a criação do Grupo Gaia, o empresário se dedicou a fazer com que sua companhia tivesse a premissa de tornar o mercado financeiro mais humano, ao mesmo tempo que seus colaboradores contassem com um ambiente de trabalho mais saudável.

João sempre pertenceu a classe média, não é herdeiro, mas conquistou uma estabilidade financeira com os retornos obtidos por meio da Gaia. Em 2014, decidiu criar a Gaia+, formando uma Organização Não Governamental (ONG) inteiramente dedicada a investimentos de impacto social, o que tornou a Gaia em uma empresa certificada B. A certificação, criada em 2006 nos Estados Unidos, define companhias que visam em seus modelos de negócio o desenvolvimento social e ambiental.

Em 2017, por exemplo, a Gaia+, ONG criada a partir da separação da empresa, desenvolveu um projeto que levava reformas residenciais a pessoas que moravam em favelas. “Fizemos uma debênture do bem. Ganhamos prêmio da Organização das Nações Unidas (ONU) e vi que o impacto que causamos na vida das pessoas atingidas era muito bacana”, explica Pacifico.

Enquanto isso, o Grupo Gaia, de forma paralela, atuava também no setor de agronegócio, o que trouxe ainda mais dúvidas a João sobre como o capitalismo estava contribuindo para o aumento dos índices de desigualdade social.

“Financiávamos muito o agronegócio. Mas eu pude conhecer os seus impactos. Parte desse mercado é voltado a alimentar as pessoas em outro países, ao mesmo tempo que a pobreza e a fome no país aumentava, além de contribuir para o maior desmatamento. Até que conheci a agricultura familiar”, relata.

Após ver de perto o trabalho das famílias produtoras, Pacifico também enxergou que o movimento trazia mais vantagens para a sociedade como um todo. Então, decidiu tornar o Grupo Gaia numa empresa voltada inteiramente aos investimentos de impacto social.

Em 2022, Pacifico vendeu um dos braços do Grupo Gaia, a Planeta, e destinou todos os recursos oriundos da transação a novos investimentos de impacto e à continuação do trabalho desenvolvido pela companhia.

“Após essa decisão, o Grupo Gaia se tornou inteiramente em um fundo de impacto. O lucro é todo revertido em novos projetos. Não via mais sentido em continuar lucrando como estava”, diz Pacifico.

Já com uma vida financeira estabilizada e se vendo em uma posição de privilegiado, o empresário também passou a se dedicar a estudar ainda mais o capitalismo e suas injustiças. Desde então, passou a liderar projetos que envolvem maior taxação de impostos sobre milionários, a cultura de proteção ambiental e a diminuição das desigualdades.

“Visito lugares em que vejo as condições reais de pessoas em situação de alta vulnerabilidade. Qual a chance daquela pessoa chegar à classe média ou sequer ter uma vida financeira equilibrada? Nenhuma. Se não mudarmos a forma como o capitalismo se estabeleceu, os pobres vão ser ainda mais pobres e os ricos, mais ricos. O que não é bom para ninguém”, comenta.

Por isso, Pacifico é defensor ferrenho da maior taxação de impostos para a classe mais abastada do País. Ele publica vídeos recorrentes em seu Instagram explicando a necessidade de se ajustar essa tributação para que haja um maior equilíbrio social. Confira:

 

“A gente tem que ressignificar isso. Acho assustador, pois o que eu falo parece bem óbvio. O capitalismo e o neoliberalismo fomentam a exploração do trabalho, contam a história de que tem dinheiro para todo o mundo, mas sabemos que não é assim. Para enriquecer alguém nesses moldes, você empobrece outra pessoa que precisaria daquele recurso”, afirma.

João conta, ainda, que sua condição financeira é bastante favorável, mas que está longe de ser um bilionário. Inclusive, nesse sentido, não é seu objetivo se tornar ainda mais rico.

“Pessoas bilionárias representam uma anomalia do capitalismo. Deveriam existir sistemas capazes de evitar que existam pessoas nessa condição. Ao meu ver, há na sociedade um ‘vício em dinheiro’ que leva esses atores do capitalismo a uma glamourização da riqueza, o que por sua vez atrai outros ao mesmo caminho”, diz Pacifico.

Proud to Pay More

O empresário sugere uma maior taxação na renda dos mais ricos como forma de combater a desigualdade, deixando para o estado o papel de distribuir essa renda da melhor forma. A tributação sobre patrimônio e heranças, hoje também pouco explorada no Brasil, são outras ferramentas defendidas por Pacifico.

Recentemente, o CEO do Grupo Gaia assinou uma carta junto com 250 outros milionários e bilionários do mundo. O documento, batizado de Proud To Pay More (orgulho em pagar mais, na tradução), foi apresentado durante a última edição do Fórum Econômico Mundial, realizado em Davos, na Suíça, em meados do início de janeiro. A lista também leva a assinatura de Abigail Disney, herdeira da Disney, e do ator escocês Brian Cox.

Questionado se a maior taxação de ricos seria um risco à fuga de capitais do País, Pacifico é direto:

“Em alguns países já há essa cobrança. Quem diz que se for tributado mais sairá do Brasil é um chantagista. Não concordo com essa leitura e acho muito difícil alguém já identificado e estruturado a abrir mão de tudo, fechar seus negócios e ir embora porque está sendo mais taxado. Fomos para um caminho mais individualista. Precisamos ter menos competição e mais colaboração”, encerra.

Além de empresário, Pacifico atua como escritor, ativista e conselheiro do Greenpeace. Ele também é autor dos livros “Onda Azul” e “Seja Líder Como o Mundo Precisa”, já foi apresentador de programas na Rádio Globo, além de ter escrito artigos sobre bem-estar corporativo.

 

 https://istoedinheiro.com.br/empresario-impacto-social-taxacao-de-ricos/


Justiça aceita recuperação judicial de empresa de Eike Batista; entenda a situação da OSX

 


Eike

Situação da empresa é muito diferente do primeiro processo de RJ (Crédito: Agência Senado)

A justiça do Rio de Janeiro aceitou o pedido de recuperação judicial da OSX, companhia de estaleiros do empresário Eike Batista, nesta terça-feira, 23. A empresa acumula dívidas de R$ 7,9 bilhões. 

Este é o segundo pedido de RJ da empresa. Em 2013, com dívidas de R$ 5,3 bilhões, o pedido foi aceito pela justiça. O processo foi encerrado em 2020, com um acordo entre os credores. 

O fato da empresa já ter solicitado a recuperação judicial não impede que ela peça outra vez. Os pedidos só não podem acontecer em um prazo anterior de cinco anos. É o que explica o advogado Marcelo Godke, sócio do escritório Godke Advogados e especialista em Direito Empresarial e Societário.

“A empresa pode pedir mais do que duas vezes, só que há um prazo de cinco anos entre uma concessão de um pedido e outro. Como a outra recuperação foi obtida há mais tempo que isso, então a empresa está legitimada a pedir de novo a recuperação judicial. Não é um problema por si só, a lei permite isso”, explicou. 

Em novembro do ano passado, a companhia recebeu uma cobrança de R$ 400 milhões da Prumo, controladora do Porto de Açu. Para evitar essa cobrança, a companhia entrou com um pedido de suspensão do pagamento dos credores por 60 dias à  3ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro. Com o prazo vencido, a companhia entrou com o pedido de recuperação judicial. 

Situação da empresa gera dúvida 

Se do ponto de vista jurídico não há problema no segundo pedido, ele levanta alguns questionamentos do ponto de vista prático, ou seja, de como a empresa vai se organizar financeiramente e de onde vai tirar os recursos para pagar a dívida bilionária. 

A advogada Thais Cordeira, sócia do escritório Maia & Anjos Advogados e especialista em recuperação judicial, lembrou que na ocasião do primeiro pedido, em 2013, a OSX fazia parte de um grupo de empresas de Eike Batista e que patrimônio dessas companhias foram liquidados para o cumprimento. Ela reforçou que a realidade hoje é outra. 

“A capacidade financeira da empresa em 2013 era totalmente diferente da de hoje. Ativos foram liquidados e que permitiram sair da primeira RJ. A OSX fazia parte de um grupo. Nesse caso você pode liquidar ativos de outras empresas para fazer o pagamento desse plano. É uma forma de circular a riqueza entre uma empresa e outras. Hoje poucas empresas estão sob a administração do Eike e eu não sei qual é a base desse plano”, encerrou.


CEO da United Airlines diz que considera alternativas que não incluam avião da Boeing

 

United Airlines tem novo presidente

O CEO da United Airlines, Scott Kirby, disse nesta terça-feira, 23, em entrevista à CNBC que acredita que os aviões Max 9 da Boeing, que ficaram encalhados devido a problemas de operação, poderão ser liberados para voar novamente em breve, mas afirmou estar “desapontado que os desafios de fabricação continuem acontecendo na Boeing”.

A United tem um pedido permanente de jatos Max 10, uma versão maior da linha Max. No entanto, esse modelo e um modelo menor, o Max 7, estão anos atrasados para serem certificados pela Administração Federal de Aviação americana.

Kirby destacou que ficar sem estes aviões, que já estão cinco anos atrasados, significa que a United deve ter um crescimento bem mais lento, e agora a companhia trabalha com possibilidades que não incluam o modelo Max 10 em seus planos. Segundo ele, atualmente existe apenas um outro fabricante global de aviões tão grandes que poderiam substituir os aviões da Boeing – o rival europeu Airbus.

O CEO da United disse que a Boeing precisa de “ações reais” para restaurar sua reputação. Na segunda-feira, a companhia aérea afirmou que espera perder dinheiro no primeiro trimestre devido aos problemas dos jatos da Boeing.


Conta de luz deve subir 5,6% em média em 2024, projeta Aneel

 


Ao menos três fatores influenciam para a projeção de aumento, afirma o diretor-geral da agência reguladora

 

Em 2024, a conta de luz deve subir, em média, 5,6%, segundo divulgado pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica). Vale destacar que a projeção está acima do IPCA (principal índice brasileiro de inflação) de 3,86%, de acordo com o relatório Focus, divulgado pelo Banco Central.

Para o diretor-geral da agência reguladora, Sandoval Feitosa, três fatores influenciam para a projeção de aumento na conta de luz. A primeira delas é a expansão da rede de transmissão, já que os consumidores remuneram as transmissoras de energia via tarifas.


“Essa expansão é necessária para integrar as fontes renováveis, é necessária também para trazer confiabilidade para o atendimento, mais segurança para o atendimento do SIN Sistema Interligado Nacional e ligar áreas que ainda estão isoladas”, explicou Feitosa.

O segundo fator que implica a alta neste ano é o aumento de subsídios embutidos na conta de luz via Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), que é rateada entre todos os consumidores. Segundo proposta da Aneel submetida a consulta pública, o orçamento da CDE deste ano deve alcançar R$ 37 bilhões, o que representa um aumento de 6,2% em relação a 2023.

Também pesará para o aumento das contas neste ano o fim da devolução de créditos tributários oriundos da exclusão do ICMS da base de cálculo de PIS/Cofins. Conforme previsto em lei, os recursos cobrados indevidamente estão sendo devolvidos aos consumidores no momento dos reajustes e revisões tarifárias.

“Não teremos os recursos do PIS/Cofins, que foi utilizado muito no ano passado e em 2022 também. Então, esse recurso, em torno de R$ 50 a R$ 60 bilhões, já foi utilizado e temos pouco a ser utilizado ao longo deste ano.”

Bandeira tarifária

No ano passado, as contas de luz subiram, em média, 5,9% – abaixo da previsão inicial feita pela agência reguladora, que era de alta de 6,8% em média. Feitosa disse ainda que ao longo de 2023 não houve o acionamento das bandeiras tarifárias – taxa adicional que é cobrada dos consumidores quando há um cenário desfavorável para geração de energia elétrica no Brasil. “Para 2024 ainda não temos como prever, pois precisamos aguardar o fim do período úmido, que vai até abril”, encerra.

segunda-feira, 22 de janeiro de 2024

Balança comercial tem superávit de US$ 1,013 bilhão na 3ª semana de janeiro

 Balança comercial e o neomercantilismo petista


A balança comercial brasileira registrou superávit comercial de US$ 1,013 bilhão na terceira semana de janeiro (dias 15 a 21). De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) divulgados nesta segunda-feira, 22, o valor foi alcançado com exportações de US$ 5,512 bilhões e importações de US$ 4,499 bilhões. No mês, o superávit acumulado é de US$ 4,471 bilhões.

Até a 3ª semana de janeiro, a média diária das exportações registrou aumento de 22,4% na comparação com a média diária do período em 2023, com crescimento de US$ 55,2 milhões (34,2%) em Agropecuária; alta de US$ 85,57 milhões (35,4%) em Indústria Extrativa e avanço de US$ 90,25 milhões (14,4%) em produtos da Indústria de Transformação.

As importações igualmente tiveram crescimento no período, de 1,7%, também na comparação pela média diária, com queda de US$ 0,05 milhões (-0,2%) em Agropecuária; recuo de US$ 20,16 milhões (-27,1%) em Indústria Extrativa e crescimento de US$ 36,31 milhões (4,4%) em produtos da Indústria de Transformação.

Livia Chanes se torna CEO da operação brasileira do Nubank

 

Livia Chanes, CEO do Nubank no Brasil. Foto: Divulgação

A executiva Livia Chanes é a nova CEO da operação brasileira do Nubank. No banco digital há quatro anos, ela começou como diretora de produtos, passou a cuidar dos negócios do Brasil no segundo semestre de 2022 e agora passa a integrar a diretoria executiva da Nu Holdings, com a posição de CEO Brasil.

A cofundadora e Chief Growth Officer Cristina Junqueira segue responsável pelo crescimento geral da companhia, que inclui a operação no Brasil, mas seu foco maior será na estratégia de expansão internacional.

Cristina Junqueira está diretamente envolvida no avanço das operações da fintech no México, que já conta com 4,3 milhões de clientes, e na Colômbia, que acabou de receber a licença para operar como instituição financeira. Na semana passada, o Nubank começou a oferecer conta digital no país.

Em um comunicado, o Nubank informa que na gestão de Livia Chanes na operação brasileira, como country manager, o banco digital conquistou 20 milhões de novos clientes e lançou mais de 50 novos produtos e serviços, incluindo crédito consignado e o cartões de crédito em braile.

Antes do Nubank, a executiva teve passagem por locais como Itaú Unibanco e a consultoria McKinsey.