domingo, 31 de março de 2024

Brasil tem 918 locais com nomes de presidentes da ditadura 60 anos depois do golpe

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Em 1994, o Estado do primeiro presidente civil depois da ditadura militar, o Maranhão de José Sarney, criou um novo município e homenageou, com o nome da cidade, o homem que comandou a ditadura militar brasileira em seus momentos mais sangrentos: Presidente Médici. Esse é o mais recente dos seis municípios com nome de chefes de governo do último período autoritário da história do Brasil. Os outros são Medicilândia (PA), outro município chamado Presidente Médici (RO), Presidente Castelo Branco (PR), Presidente Castello Branco (SC) e Presidente Figueiredo (AM).

As homenagens aos presidentes da ditadura militar não param por aí. Quase exatamente 60 anos depois do golpe, deflagrado em 31 de março de 1964, que instaurou a ditadura militar, o País ainda tem 918 localidades cujos nomes homenageiam algum dos cinco presidentes do período. Além de municípios, há nomes de ruas, praças e outros logradouros públicos. Os dados foram obtidos pelo Broadcast Político junto aos Correios.

Leia a seguir quantas dessas homenagens são feitas hoje em dia a cada ditador do regime militar, que terminou em 1985:

Humberto de Alencar Castelo Branco – governou de 1964 a 1967, atualmente recebe 469 homenagens do tipo;

Arthur da Costa e Silva – governou de 1967 a 1969, dá nome a 233 logradouros;

Emílio Garrastazu Médici – governou de 1969 a 1974, dá nome a 90 lugares;

Ernesto Beckmann Geisel – governou de 1974 a 1979, dá nome a 44 lugares;

João Baptista de Oliveira Figueiredo – governou de 1979 a 1985, dá nome a 82 locais.

Professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e organizadora da coleção de livros ‘Arquivos da Repressão no Brasil’, da Companhia das Letras, Heloísa Starling deu possíveis explicações para os dois primeiros presidentes do regime autoritário terem tantas citações a mais que os outros três.

Starling afirmou que Castelo Branco foi o grande articulador do golpe dentro das Forças Armadas. “É um militar que estava conspirando desde 1962”, disse ela. “Homenagear Castelo significa, para quem está fazendo essa homenagem, homenagear o que aparece como o principal líder militar do golpe”, afirmou a pesquisadora.

O segundo mais homenageado, Costa e Silva, já disputava poder com Castelo Branco mesmo antes do golpe, explicou Starling. “Ele é a principal liderança, talvez seja isso [o motivo de tantos lugares terem seu nome], de uma facção militar que pede o tempo todo aumento da repressão”, disse. “É provável que a ênfase no Costa e Silva venha dessa facção militar que tinha muita interlocução no governo Médici”, afirmou a professora. Em 2024, a pesquisadora lançou o livro ‘A máquina do golpe’, que reconstitui passo a passo a tomada do poder pelos militares há 60 anos.

Nomes alterados

Um dos locais que homenageava Costa e Silva era uma das pontes sobre o Lago Paranoá, em Brasília. Em 2015, a Câmara Legislativa do Distrito Federal aprovou uma lei para que o nome fosse alterado para Honestino Guimarães, estudante da Universidade de Brasília (UnB) preso e torturado pela ditadura e desaparecido desde 1973. A lei foi considerada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por questões técnicas – os deputados distritais não teriam cumprido uma etapa da tramitação, a realização de audiência pública sobre o tema.

O assunto voltou à tona em 2022, quando a Câmara Legislativa do DF aprovou uma nova lei, desta vez cumprindo todos os requisitos regimentais. Quem propôs o texto foi Leandro Grass (PV-DF), ex-deputado distrital e atual presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Para que o nome fosse alterado, foi preciso, ainda, os deputados distritais derrubarem o veto do governador, Ibaneis Rocha (MDB), que tentou manter a homenagem a Costa e Silva.

“Foi um sentido de homenagear alguém que fez oposição à violência e violações da ditadura. A ponte hoje está lá com o nome dele [Honestino] e passa a ser um ponto de memória da democracia e liberdade”, disse Grass.

Logo após a primeira mudança no nome, em 2016, houve reação de parte da sociedade. A placa que renomeou o local foi pichada com os dizeres: “Costa e Silva! O nome é esse!”. Leandro Grass minimizou o ato. Disse que houve mais mobilização da sociedade justamente para rebater as pichações.

“A mobilização a favor da mudança foi maior e muito mais relevante. Um conjunto de pessoas cujos parentes foram agredidos e até pessoas que não tiveram essa experiência, mas se engajaram. Eventuais reações [nesse sentido] têm que ser tratadas com educação, no sentido de formação histórica. Educação em direitos humanos, explicação do que de fato ocorreu [na ditadura militar]”, afirmou.

Ao vetar a proposta, Ibaneis mencionou tentativas anteriores de alterar o nome da ponte. Finalizou sua mensagem de veto com os seguintes argumentos: “Dada a importância e representação da Ponte Costa e Silva para Brasília, a sua idealização pelo arquiteto Oscar Niemeyer e o momento histórico que não pode ser esquecido, aliado à decisão proferida pelo Conselho Especial do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, entende-se pelo veto da presente iniciativa.”

Outro local emblemático que até pouco tempo atrás rememorava o general Costa e Silva é o Elevado João Goulart, conhecido como “Minhocão”, em São Paulo. O nome da via, construída pelo ex-prefeito da capital paulista Paulo Maluf (PP), foi dado em homenagem a Costa e Silva por ter sido ele quem nomeou Maluf como prefeito (não havia eleição para o cargo na época).

Em 2016, o então prefeito Fernando Haddad (PT) sancionou uma lei aprovada pela Câmara Municipal de São Paulo alterando o nome do local para Elevado João Goulart, em homenagem ao presidente deposto pelo golpe militar de 1964. Maluf criticou a posição, à época. Disse ser uma decisão “preconceituosa”. “Há 200 anos, Napoleão já dizia: ‘Povo que não tem memória não tem história'”.

“João Goulart merece uma homenagem, mas Costa e Silva foi presidente da República e ninguém pode apagar da história do Brasil que Costa e Silva foi presidente da República”, afirmou.

A professora Heloísa Starling disse que as homenagens a presidentes da ditadura militar em nomes de locais públicos ajudam a escorar um imaginário autoritário em vez de democrático. “Quando você dá nome de pessoas à rua, está dizendo que a pessoa fez um grande feito e precisa ser lembrada pelo feito. O feito desses generais foi a ditadura militar”, disse ela.

Para a presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, Daiana Santos (PCdoB-RS), a homenagem aos presidentes da ditadura militar demonstra, ainda, que o País “não soube lidar de maneira crítica com o seu passado”. “Tanto com a escravidão, quanto com a ditadura militar. Diferentemente de outros países, o Brasil não puniu torturadores e genocidas. Nosso país ainda não virou essa página triste da história”, disse a deputada federal.

Governo em silêncio

O Broadcast Político tentou, desde o início da semana passada, um posicionamento do Ministério dos Direitos Humanos e do ministro Silvio Almeida sobre o levantamento. Primeiro, a assessoria de imprensa da pasta informou que Almeida estava cumprindo agenda em Marajó. Após a reportagem informar que a entrevista poderia ser por telefone ou por escrito, a pasta negou conceder o posicionamento. Questionado formalmente por e-mail, o ministério também não se manifestou.

Há uma orientação, nos bastidores do Executivo, para que não haja declarações que possam provocar um atrito com os militares por causa da efeméride de 60 anos do golpe militar. Como mostrou o Estadão, o governo mandou cancelar os atos alusivos à data. Também tem travado a recriação da Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP), uma ideia proposta por Silvio Almeida.

Logradouros por Estado

Leia a seguir quantos locais públicos têm nome em homenagem a um dos presidentes da ditadura militar em cada Estado:

SP – 164

BA – 78

RJ – 76

MG – 73

PE – 64

PA – 53

PR – 50

ES – 43

RS – 43

MA – 41

MT – 33

RN – 30

CE – 29

SC – 29

GO – 24

AM – 19

PB – 13

RO – 12

PI – 11

TO – 9

MS – 5

AC – 4

AL – 4

AP – 4

RR – 4

SE – 3


Chefe da AGU cita Bíblia e critica ‘populismo penal’ de Tarcísio, Zema e Leite

Ficheiro:01.01.2023 - Posse de Jorge Messias, Ministro-chefe ...


O ministro-chefe da Advocacia-Geral da União (AGU), Jorge Messias, citou a Bíblia ao criticar medidas propostas por governadores de estados do Sul e do Sudeste para a área de segurança pública levadas ao governo federal na última semana. Liderado pelos governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), e Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), o grupo pede o endurecimento da legislação brasileira, com penas mais duras e novas tipificações penais.

Evangélico, o chefe da AGU criticou o “populismo penal” citando dois versículos bíblicos: um no qual Jesus diz a um dos ladrões que fora crucificado com ele que este terá lugar no paraíso e outro que cita o mandamento “não matarás”.

“Populismo penal, à semelhança do que se observou em tempos bíblicos, mata inocentes, mas não reduz a criminalidade. A violência deve ser combatida por uma política de segurança eficiente, com uma polícia equipada, organizada e valorizada”, disse no X (antigo Twitter), ao compartilhar trecho de editorial do Estadão, na sexta-feira, 29.

Messias argumenta que para enfrentar a violência “é preciso também ter capacidade para construir políticas públicas que levem ao povo esperança na forma de emprego, habitação, saúde e educação”. “Vamos lembrar que a insegurança pública é irmã da insegurança alimentar”, disse.

Como mostrou o Estadão, os chefes dos Executivos estaduais das regiões Sul e Sudeste firmaram um Pacto Regional de Segurança Pública, no início de março, para enfrentar o crime organizado. A aliança prevê a criação de um gabinete integrado de inteligência para compartilhar informações. As polícias farão cursos de forma conjunta para aumentar a integração e padronizar procedimentos e técnicas.

O pacto ainda propõe o endurecimento da legislação brasileira. Na última semana, o grupo apresentou um pacote de mudanças no Código Penal, no Código de Processo Penal e na Lei de Execução Penal ao ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski. O texto também foi entregue aos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

Entre as proposta está a possibilidade de prisão preventiva mesmo sem condenação com trânsito em julgado de pessoas que reiteradamente praticam atos ilícitos. Outra medida propõe alteração na lei para que se permita a prisão em casos de abordagens policiais que não tenham sido feitas com base em elementos objetivos. Ou seja, se acolhida, a abordagem policial poderá ser conduzida ancorada em mero comportamento suspeito, definido a critério “subjetivo” do policial.

quinta-feira, 28 de março de 2024

CEO do ChatGPT prevê startups de uma só pessoa avaliadas em bilhões de dólares: ‘o que seria inimaginável sem IA agora vai acontecer’

 


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Startups deixarão funcionários de lado, focando em apenas um fundador auxiliado pela IA (Imagem: REUTERS/Dado Ruvic)

 

 

Sam Altman, CEO da OpenAI, a empresa por trás do ChatGPT, prevê que muito em breve um único fundador de uma empresa será avaliado em bilhões de dólares, sem precisar contratar funcionários. A “pessoa-unicórnio” será ajudada principalmente pela Inteligência Artificial (IA), de acordo com a revista Fortune.

O conceito de unicórnio é utilizado para startups avaliadas em US$ 1 bilhão antes de ir à público.

“Em meu pequeno bate-papo em grupo com meus amigos CEOs de tecnologia, há uma aposta no primeiro ano de que existe uma empresa unipessoal de bilhões de dólares”, disse Altman a Alexis Ohanian, cofundador do Reddit, durante uma entrevista. “O que seria inimaginável sem IA e agora vai acontecer”.

A ideia é fazer com que empresas, que antes precisariam de muitos funcionários, agora passam a necessitar de apenas de um, o fundador auxiliado pela IA. A ferramenta, que automatiza processos que antes precisavam de muitas mãos para serem realizados, poderia ser utilizada de forma mais expressiva no mundo do Vale do Silício.

Alex Gurevich, diretor administrativo da Javelin Venture Partners, afirmou a Fortune que “estamos entrando em uma nova era de ouro das startups”.

Ele afirma que já existe uma variedade de startups de IA especializadas na criação de ferramentas para funções comerciais específicas, desde marketing até escrita de código.

Dessa forma, a startup conseguiria repetir milhares de ideias com menos custos e pessoas.

Os entrevistados pela Fortune afirmam que as startups que serão mais beneficiadas com a Inteligência Artificial são aquelas de software de consumo, que são construídas uma primeira vez e depois são atualizadas regularmente.

Gurevich também afirma que é improvável que um unicórnio individual seja uma empresa de IA.

“Este unicórnio individual não necessariamente construirá um produto GenAI nativo, mas utilizará a GenAI internamente para turbinar a vantagem da startup”, afirma o diretor.

IA não cobrirá outras habilidades necessárias para startup

Para uma startup de sucesso, Dan Sutera, ex-vice-presidente de produto da unicórnio Yext, afirma que é necessário aprimorar design, vendas e engenharia.

Agora, uma única pessoa que combine as habilidades, auxiliada pela IA, poderá atuar de forma a tornar-se uma “pessoa-unicórnio”.

Mas Sutera afirma que ainda há coisas que uma IA não pode fazer, como escolher o melhor design para um produto ou possuir habilidades interpessoais de forma a lidar bem com um cliente.

 

 https://www.moneytimes.com.br/ceo-do-chatgpt-preve-startups-de-uma-so-pessoa-avaliadas-em-bilhoes-de-dolares-o-que-seria-inimaginavel-sem-ia-agora-vai-acontecer/


Viagem de Macron ao Brasil termina sem avanços no acordo Mercosul-UE

 


Presidente da França encerra visita oficial ao Brasil prometendo apoio a assento brasileiro no Conselho de Segurança da ONU e cooperação nas áreas de defesa e meio ambiente

 

 

Após três dias de agenda oficial, a visita do presidente francês, Emmanuel Macron, ao Brasil se encerrou nesta quinta-feira (28/03), com uma reunião bilateral com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No Palácio do Planalto, em Brasília, os dois assinaram 20 acordos de cooperação nas áreas de meio ambiente, defesa e tecnologia.

“Adotamos hoje um novo plano de cooperação que estende nossa colaboração para novos campos e áreas como financiamento de bioeconomia, agricultura, administração pública, inteligência artificial e direitos humanos, que passarão a ocupar nossa agenda bilateral”, afirmou Lula.

Macron foi recebido com honras de chefe de Estado por Lula, a primeira-dama, Janja da Silva, e o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira. A presença de Macron no Brasil – há 11 anos um chefe de governo francês não visitava o país – simbolizou a reaproximação da diplomacia dos dois países após anos de afastamento desde o governo de Michel Temer e da intensa turbulência durante o mandato de Jair Bolsonaro. Na pauta da reunião, os líderes discutiram temas como as guerras na Ucrânia e na Faixa de Gaza, as eleições na Venezuela, a crise noHaiti e a reforma de instituições bilaterais. Um dos temas principais e mais aguardados, o acordo comercial entre Mercosul e a União Europeia, porém, não esteve em pauta.

Macron segue reticente

Em sua primeira visita ao Brasil desde que foi eleito em 2017, Macron desembarcou no país em meio ao mal-estar diante da recusa da França de fazer avançar as negociações pela aprovação do acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul, cujas discussões se arrastam há mais de duas décadas.

Mesmo com as conversas com o homólogo brasileiro, o francês manteve a posição negativa sobre o acordo, que considera antiquado. Lula negou impasse com a França sobre o tema. “O Brasil não está negociando com a França, é o Mercosul que está negociando com a União Europeia, é um acordo comercial entre dois conjuntos de países. Estou muito tranquilo de que o acordo proposto agora é muito mais promissor de assinar”.

Em janeiro, agricultores franceses paralisaram as atividades, protestando contra a concorrência com produtos estrangeiros. Em seguida, Macron alegou que o acordo seria antiquado por não levar em conta a proteção ao meio ambiente.

“Tomei uma posição que não tem nada a ver com acordo bilateral, e sim de princípios, e tem a ver com o que o Brasil vai defender no G20 [em novembro] e na COP de Belém[em 2025]”, ponderou Macron. “Esse acordo foi feito há 20 anos, mas agora estamos fazendo um esforço de retirar o carbono de nossas economias e vamos abrir o mercado para produtos que não respeitam esses acordos? Seriamos loucos”, disse o líder francês.

Cadeira no Conselho de Segurança da ONU

O França é um dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas, e defende a entrada do Brasil no seleto grupo. Lula há muito almeja um assento no colegiado para ampliar o protagonismo do Sul Global em negociações de paz, já que os integrantes têm poder de veto nas votações.

“A França vai contribuir com suas ideias [do Brasil] para o Conselho de Segurança da ONU, o FMI [Fundo Monetário Internacional] e o Banco Mundial”, disse Macron.

Guerra na Ucrânia

Em relação ao conflito na Ucrânia, o presidente francês voltou a afirmar que poderia enviar tropas ao país para enfrentar a Rússia.

“Temos que ser responsáveis. A França quer o diálogo, mas se houver uma escalada do conflito, temos que nos organizar para depois não ter que lamentar”.

“Estou a tantos quilômetros de distância da Ucrânia que não tenho os mesmos nervosismos que o povo francês e alemão”, respondeu Lula. “Está virando rotina os países que fazem parte do Conselho de Segurança da ONU tomarem decisões unilaterais sem consultar ninguém. Nós resolvemos não tomar lado para votar uma solução”.

Em novembro, o Rio de Janeiro sediará a reunião da cúpula do G20. Neste ano, o Brasil detém a presidência rotativa do grupo, e vai coordenar os trabalhos. Macron afirmou que vai retornar ao país para participar do evento. O presidente da Rússia, Vladimir Putin, foi convidado por Lula para integrar as reuniões, já que o país também é membro do grupo.

Perguntado sobre o que achava sobre a presença do russo no Brasil, o mandatário francês respondeu que o convite é de responsabilidade brasileira.

“O presidente Lula sabe quem ele convida, é sua responsabilidade”. O petista disse que fóruns internacionais são espaço de discussão democrática. “Temos que respeitar o direito de cada fazer o que quiser em seu país”.

No ano passado, em visita a Berlim, o presidente brasileiro disse que convidaria homólogo russo para o encontro no Brasil, mas que chefe do Kremlin teria “que aferir as consequências”, referindo-se a um mandado de prisão expedido pelo Tribunal Penal Internaciona (TPI).

Instabilidade na América

Outro foco de discussão entre os dois presidentes foi a instabilidade política em países americanos, como a crise no Haiti e as eleições na Venezuela. O Brasil expressou preocupação com o processo eleitoral venezuelano, mas repudiou sanções ao país vizinho. A pré-candidata Corina Yoris, da Plataforma Unitária Democrática (PUD), maior aliança de oposição da Venezuela, foi impedida de registrar sua candidatura antes do final do prazo. Por essa razão o cientista político e ex-embaixador Edmundo González Urrutia foi registrado como “candidato tampão”.

Lula comparou o episódio ao fato de que também foi impedido de disputar as eleições em 2018 por uma decisão judicial. O presidente da França disse que seu país faz esforços para convencer Maduro a reintegrar todos os candidatos e que admita observadores nacionais e internacionais na votação. “Condenamos firmemente terem retirado uma boa candidata do processo. Não nos desesperemos, mas a situação é grave e piorou”.

Sustentabilidade

A visita de Macron começou pela região Norte, depois de passar pela Guiana Francesa, território que faz fronteira com o Amapá. Na terça-feira (26/03), em Belém (PA), Lula e Macron divulgaram o acordo “Apelo de Belém”, para ações de apoio à agenda climática na região amazônica e combate ao garimpo ilegal.

O presidente francês anunciou um programa para captação de investimentos públicos e privados da ordem de 1 bilhão de euros (R$ 5,4 bilhões) para preservação da biodiversidade na Amazônia brasileira e guianense. “Queremos ao mesmo tempo desenvolver uma bioeconomia que permita atividades econômicas sustentáveis, que respeitam a floresta amazônica”, disse nesta quinta.

A iniciativa envolve ainda uma parceria técnica e financeira entre bancos públicos brasileiros, como BNDES e o Banco de Desenvolvimento da Amazônia, e a Agência Francesa de Desenvolvimento. O fundo será destinado a ativos verdes e aplicado na preservação da floresta.

Lula reforçou a intenção de zerar o desmatamento na região até 2030. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o índice de desmatamento da Amazônia entre agosto de 2022 e julho de 2023 foi de 9.001 km², menor valor desde 2019.

Submarinos

No Rio de Janeiro, na quarta-feira (27/03) Macron e Lula participaram dolançamento do submarino Tonelero, parte do Projeto Submarino. A iniciativa é uma parceria de cooperação franco-brasileira para a produção de submarinos, inclusive de propulsão nuclear, para o patrulhamento da costa. Helicópteros também foram incluídos na cooperação.

Lula afirmou que o objetivo de desenvolver equipamentos militares com energia nuclear é para reforçar a defesa do país e participar de negociações de paz. “Nós queremos ter o conhecimento para garantir, a todos os países que querem paz, que saibam que o Brasil estará ao lado de todos, porque a guerra não constrói, a guerra destrói”, disse o petista.

“As grandes potências pacíficas, como a França e o Brasil, devem reconhecer que, nesse mundo cada vez mais desorganizado, nós temos que falar com firmeza e força, porque somos as potências que não querem ser os lacaios de outros. Nós temos que saber defender com credibilidade a ordem internacional”, declarou Macron.

 

 https://istoedinheiro.com.br/viagem-de-macron-ao-brasil-termina-sem-avancos-no-acordo-mercosul-ue/

DoJ: Trafigura se declara culpada por esquema de corrupção envolvendo a Petrobras

 


 

 

Uma das maiores empresas de negociações de commodities do mundo, a suíça Trafigura se declarou culpada das acusações relacionadas a um esquema de corrupção com autoridades do Brasil e a Petrobras que durou mais de uma década, informou o Departamento de Justiça dos EUA (DoJ, na sigla em inglês) nesta quinta-feira, 28.

O processo alega que a Trafigura subornou integrantes do governo brasileiro entre os anos de 2003 e 2014 para garantir o fechamento de negócios com a Petrobras, de acordo com comunicado do DoJ. A empresa fechou acordo de US$ 126 milhões para encerrar as investigações do departamento americano.

“A declaração de culpa de hoje ressalta que, quando as empresas pagam subornos e prejudicam o Estado de direito, enfrentarão sanções significativas”, afirmou a chefe da divisão Criminal do DoJ, Nicole Argentieri, enfatizando que a pasta continua determinado a combater práticas de suborno e a responsabilizar os que violam a lei.

A acusação sustenta que a Trafigura teria lucrado cerca de US$ 61 milhões com o esquema. O comunicado relata que, a partir de 2009, a empresa e associados concordaram em fazer pagamentos de suborno de até US$ 0,20 por barril de produto de petróleo negociado entre a Trafigura e a Petrobras. Os envolvidos teriam disfarçado os pagamentos de suborno através de empresas de fachada, canalizando as transações por meio de intermediários que usavam contas bancárias offshore para entregar dinheiro às autoridades brasileiras.

O primeiro IPO de 2024 vem aí? O que esperar sobre possível abertura de capital da Compass


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Aquele gás: para a Terra Investimentos, controladas como a Comgás ajudam a melhorar o valor da Compass em eventual IPO (Imagem: Divulgação/ Comgás)

 

 

A holding Cosan (CSAN3), que já conta com a Raízen (RAIZ4) e Rumo (RAIL3) listadas na Bolsa brasileira, estuda uma oferta pública inicial (IPO) para a Compass, empresa do grupo que atua na distribuição de gás natural .

Na avaliação de Regis Chinchila, head de research da Terra Investimentos, o lucro líquido da Compass teve um aumento significativo de 32,1% no terceiro trimestre de 2023 (3T23), para R$ 1,275 bilhão, indicando uma saúde financeira sólida e um potencial atrativo para investidores.

Para ele, a companhia conta com ativos valiosos, incluindo a Comgás e outras distribuidoras de gás, o que pode contribuir para o valor de mercado da Compass. 

A tentativa anterior de IPO em 2020 foi cancelada devido às condições de mercado. No entanto, o desejo de Rubens Ometto, empresário por trás da Compass, em realizar o IPO permanece, especialmente com a perspectiva de um mercado favorável. Embora o IPO seja considerado, Ometto está explorando outras opções, como parcerias estratégicas, o que pode indicar uma estratégia cautelosa em relação ao timing do IPO”, avalia Chinchila. 

Potencial de mercado e expectativa de valorização para a Compass

O mercado segue interessado no IPO da Compass como um sinal de retomada e para testar o interesse dos investidores, especialmente devido ao potencial de dividendos e geração de caixa da empresa.

“As fontes indicam que Ometto espera uma avaliação da Compass em mais de R$ 30 bilhões, o que reflete a confiança na empresa e seus ativos”, pontua. 

A Terra conta com recomendação da compra para o Grupo Cosan, sugerindo um otimismo em relação ao potencial de valorização. A Cosan comunicou nesta semana que a auditoria das demonstrações financeiras de 2023 da Cosan não será concluída no prazo legal.

Apesar disso, a Cosan divulgará nesta quarta (27) informações financeiras não auditadas, realizando também uma teleconferência pública nesta quinta-feira (28)

“No geral, a Compass parece estar em uma posição favorável para um possível IPO, mas o timing e a estratégia exata dependerão das condições de mercado e das negociações em andamento com potenciais parceiros estratégicos. A empresa parece estar sendo observada de perto pelos investidores, especialmente dada a expectativa de um mercado mais favorável”, finaliza Chinchilla. 

 

 

 
Repórter
Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil, que cobre o ciclo da oleaginosa do plantio à colheita, e do Agro em Campo, programa exibido durante a Copa do Mundo do Catar e que buscava mostrar as conexões entre o futebol e o agronegócio.
pasquale.salvo@moneytimes.com.br 
 
 
 https://www.moneytimes.com.br/o-primeiro-ipo-de-2024-vem-ai-o-que-esperar-sobre-possivel-abertura-de-capital-da-compass/
 

Petrobras estima que contratará cerca de 200 embarcações de apoio no período 2024-2028

 

A Petrobras informou nesta quinta-feira, 28, ter autorizado processos de contratação de embarcações de apoio para a logística de exploração e produção para atender a demanda de curto prazo, em 2025 e 2026. Até 2028, o plano também é contratar cerca de 200 barcos de apoio, disse a empresa em nota.

Os processos de contratação, informou a Petrobras, serão divulgados “nos próximos dias”. Na primeira licitação, voltada à construção de novos barcos, está prevista a contratação de 12 embarcações de apoio do tipo PSV (Platform Supply Vessel, em inglês), que são barcos de suprimento às plataformas.

A Petrobras também aprovou o início da contratação de novos barcos de apoio para demandas de longo prazo. Segundo a estatal, o movimento marca o início de uma série de contratações que servirão ao cumprimento de seu Plano Estratégico para os próximos cinco anos.

Projeção

A Petrobras formalizou na nota a projeção de contratar cerca de 200 embarcações de apoio no período até 2028, tanto para a substituição de contratos vigentes, quanto para o incremento da frota. Desse total, estima-se que serão construídos até 38 novos barcos para atender demandas novas ou substituir parte da frota existente com equipamentos mais “modernos e sustentáveis”.

Também está prevista a contratação de navios de cabotagem, FPSOs, embarcações para execução de atividades submarinas e de poços, além da atividade de descomissionamento de plataformas.

Detalhamento

Como já é conhecido, até 2028, a estatal espera ter 14 novos navios-plataformas. Atualmente, considerando o “cenário 2028+”, a Petrobras conduz seis processos de contratação de navios-plataforma do tipo FPSO: quatro relacionados a afretamentos e dois para unidades próprias, com demandas para construção de módulos no Brasil.

Em 2024, a Petrobras vai contar com uma frota de 25 navios-sonda, usados em atividades de pesquisa de petróleo. Até 2028, a companhia prevê que essa frota chegue a 30 sondas.

Sobre barcos relacionados a atividades submarinas, informou em nota a Petrobras, as contratações para o período 2024-2027 estão “em fase avançada de negociação” e já existe avaliação de oportunidades para o longo prazo.

Na cabotagem, o transporte de carga feito por navios nos limites da costa brasileira, existem estudos para aquisição de novas unidades para além dos tradicionais processos competitivos de afretamento, com a finalidade de recompor a frota. Hoje, os navios de cabotagem da Petrobras somam 26 unidades. São estudados mais 16 delas, entre diversos tipos, com potencial para serem construídos até 2028.
Com relação a descomissionamento, atividade que também gera demanda para a indústria nacional, a estatal reiterou que, até 2028, prevê descomissionar 23 plataformas, sendo 9 fixas e 14 flutuantes.

No documento, o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, diz que a empresa está em contato permanente com o mercado fornecedor e tem estudado “as melhores estratégias de contratação” para suprir sua demanda, sempre mantendo a competitividade dos processos.

“Estamos também comprometidos com o desenvolvimento do nosso mercado fornecedor local, promovendo iniciativas que possam criar oportunidades para a indústria nacional”, disse Prates na nota.

A diretoria da Petrobras já havia apresentado esse plano de contratação de embarcações ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a membros do governo semanas atrás. Nos bastidores, fala-se em resposta da companhia às pressões do governo por projetos capazes de gerar renda e emprego no País.