quarta-feira, 16 de outubro de 2024

País do chá, China descobre o café, e Brasil pega carona em 'hype' que tem até delivery por drones

 



País abraça bebida diante de mudança de hábito de jovens chineses. Fenômeno fez Brasil mais que triplicar exportações do grão à China em 2023, e acelerar negociações para os próximos anos.

Por Paula Salati, g1

Entrega por drone e café com leite de aveia: veja hábitos dos chineses no consumo do café

A China, que inventou o chá há milênios, começou a "descobrir" o café só na última década, e, mais recentemente, a bebida acabou virando moda entre os jovens chineses.

Até 2009, o consumo de café na China não passava de 300 mil sacas de 60 quilos por ano, número que, hoje, chega a 6 milhões, segundo o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA).

"Para os chineses, o café é uma bebida muito nova. A cultura deles de café foi criada nesses últimos anos", conta o barista campeão mundial Boram Um, brasileiro que tem parceria com uma cafeteria chinesa.

 

📈A mudança na China "bateu forte" no Brasil só em 2023, quando as vendas nacionais do produto dispararam 275% ao país asiático, em relação a 2022, segundo o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), que participa de novos acordos com o país.

Essa alta catapultou a China da 20ª para a 6ª posição no ranking dos principais importadores de café do Brasil, que é o maior produtor e exportador mundial do grão.Volume de café do Brasil vendido para a China. — Foto: Arte/g1

Volume de café do Brasil vendido para a China. — Foto: Arte/g1

Tudo isso coincidiu com o ano em que a China se tornou líder mundial em número de cafeterias de marca, alcançando 49,6 mil lojas, segundo a consultoria britânica World Coffee Portal.

 

Os chineses ultrapassaram ninguém menos que os EUA (42,8 mil lojas), criador da Starbucks, cafeteria com o maior número de franquias do planeta.

☕Por trás desse marco, há vários motivos. Um deles é a expansão acelerada da cafeteria chinesa Luckin Coffee. Fundada em Pequim, em 2017, a empresa cresceu expressivamente no último ano, ao saltar de 8 mil lojas no início de 2023, para mais de 16 mil no final do mesmo ano, conta Fernando Maximiliano, analista de mercado de café da StoneX. Hoje, a Luckin já tem mais de 20 mil unidades em toda a China.

E os exportadores brasileiros conseguiram aproveitar essa onda. “Hoje, 50% de todo o café que a Luckin Coffee compra é só do Brasil. O resto é dividido com outros países”, diz o diretor-geral da Cecafé, Marcos Matos.

Até um dos embaixadores globais da marca chinesa é brasileiro: o próprio Boram Um, que também é um dos responsáveis por escolher os cafés que a Luckin compra, além de desenvolver novas bebidas para a empresa.

Barista brasileiro  Boram Um, filho de sul-coreanos, foi campeão mundial de barismo em 2023; ele colabora com a chinesa Luckin Coffee. — Foto: @boramum

Barista brasileiro Boram Um, filho de sul-coreanos, foi campeão mundial de barismo em 2023; ele colabora com a chinesa Luckin Coffee. — Foto: @boramum

Apesar da proximidade com o café brasileiro, os chineses têm outras formas de consumo. Para eles, o grão é mais um ingrediente de bebidas misturadas com leite ou água de coco (que fazem muito sucesso entre os jovens) e até mesmo com suco de limão ou "moutai", um tradicional licor chinês.

É bem diferente do brasileiro que se contenta com a apresentação solo do cafezinho na forma de um coado ou espresso.

Mas nem isso é uma barreira para o grão nacional: até um museu sobre o café brasileiro será inaugurado em novembro, na cidade chinesa de Kunshan, conta o presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), Jorge Viana, que participa de negociações com o país parceiro.

Imagem de dois jovens em uma cafeteria de Pequim. — Foto: Zhouxing Lu/unplash

Imagem de dois jovens em uma cafeteria de Pequim. — Foto: Zhouxing Lu/unplash

Além da Luckin, outras cafeterias chinesas estão crescendo no país, assim como fábricas de torrefação, o que aponta que a China vai continuar bebendo café por mais tempo, observa Matos.

Estrangeiras também estão presentes, como a própria Starbucks, que está na China desde 1999. Uma viajante brasileira conseguiu até que um pedido da loja fosse entregue por drone no meio de uma rua de Shenzhen (veja vídeo acima).

Por que o país do chá está 'abraçando' o café?

 Cénchi Coffe: imagem de uma cafeteria no bairro Dongsi, em Pequim, China. — Foto: @cenchicoffee

 Cénchi Coffe: imagem de uma cafeteria no bairro Dongsi, em Pequim, China. — Foto: @cenchicoffee

A China começou a tomar café a partir de 2010, mas o consumo vem crescendo de forma mais progressiva nos últimos sete anos (veja info acima), período em que a demanda chinesa pelo grão dobrou, em meio a um crescimento de cafeterias no país.

Na visão da diretora-executiva da Câmara Chinesa de Comércio do Brasil (CCBB), Mariana Bahia, essa mudança é mais um episódio da abertura da China ao mundo ocidental, que começou há mais de 40 anos. "O fato de o chinês ter se globalizado, viajado mais e recebido mais empresas internacionais fez ele ter mais acesso a produtos de fora", conta Mariana.

"Os jovens da China veem o café como algo moderno", acrescenta Fernando Maximiliano, analista de café da StoneX.

 

Imagem mostra o barista Boram Um em uma cafeteria chinesa. — Foto: Reprodução Instagram/@boramum

Imagem mostra o barista Boram Um em uma cafeteria chinesa. — Foto: Reprodução Instagram/@boramum 

 

Uma análise publicada pela Associação de Cafés Especiais (SCA) aponta, inclusive, que os chineses millennials (nascidos entre 1981 e 1996) e da geração Z (entre 1997 e 2012) são os grupos mais abertos a novas experiências, no país. Essas são, justamente, as gerações que saíram da China para estudar, trabalhar e viajar, diz Mariana.

Boram pontua que o fato de o café ser barato na China também ajuda a sustentar o consumo entre os jovens.

A viajante e criadora de conteúdo Marina Guaragna fez a mesma observação durante a sua passagem por 18 cidades chinesas, entre maio e julho deste ano.

"A gente tomou muito café na China. O café na rua é barato, a não ser os de cafeterias especiais", conta Marina, observando que, em algumas cidades, é possível ver uma cafeteria "a cada esquina" e, às vezes, "uma do lado da outra, uma na frente da outra, e sempre com gente tomando café".

Nada de espresso: café com 'licor' e água de coco 

 

 Na imagem, há bebidas com café misturadas com leite de coco, suco de laranja e chocolate. — Foto: Reprodução Instagra/@luckincoffeesg

 Na imagem, há bebidas com café misturadas com leite de coco, suco de laranja e chocolate. — Foto: Reprodução Instagra/@luckincoffeesg

O barista Boram conta que a forma do chinês de tomar café é bem diferente do jeito brasileiro.

"Para você ter uma ideia, um dos campeões de vendas da Luckin foi o Coconut Latte. É um café com leite de coco e leite condensado", diz Boram. Só a água de coco misturada ao café também está entre os preferidos dos jovens.

Uma outra bebida que fez sucesso foi o Moutai latte. "O Moutai é um licor chinês, que tem um gosto meio doce e forte, parecendo uma cachaça, um rum. E eles lançaram essa bebida com café, algo muito diferente. O pessoal saía das cafeterias tomando isso às 10h da manhã", conta Boram.

 

Imagem do Moutai, um licor chinês muito tradicional. — Foto: Javier Petrucci

Imagem do Moutai, um licor chinês muito tradicional. — Foto: Javier Petrucci

Os chineses também gostam muito de café gelado, com leite de aveia e não são muitos fãs de bebê-lo com a barriga vazia, pois pode "não fazer bem para o estômago", contou a influenciadora de cultura asiática Pri Jin, em uma postagem nas redes sociais (veja vídeo abaixo). Pri é filha de chineses e nasceu no Brasil.

A viajante brasileira Marina Guaragna conta que viu até café com suco de limão para vender em sua passagem pelo país.

Essas invenções são frequentes. Boram diz que a Luckin, por exemplo, tem três equipes de desenvolvimento de produtos que competem entre si para lançar novas bebidas todos os meses.

Os grupos são formados por diversos baristas campões mundiais comoele, que foi convidado para colaborar com a empresa uma semana depois de ter ganhado o World Barista Championship (WBC).

Cultura do delivery tem até drone

Entrega por drone e café com leite de aveia: veja hábitos dos chineses no consumo do café

Outra marca do consumo de café na China é o uso de serviços de entregas.

"Hoje eu diria que 70% dessas bebidas são consumidas por delivery. Você pode estar no meio de um parque que o motoboy vai te encontrar e vai te entregar sua bebida", diz o barista.

 

Marina Guaragna viajou por 18 cidades da China neste ano e conta que viu muitas cafeterias. — Foto: Reprodução Instagram/@marinaguaragna

Marina Guaragna viajou por 18 cidades da China neste ano e conta que viu muitas cafeterias. — Foto: Reprodução Instagram/@marinaguaragna

Foi o que aconteceu com a viajante brasileira e criadora de conteúdo Marina Guaragna. Mas, em vez de um motoboy, seu café da Starbucks foi entregue por drone, no meio de uma rua da cidade de Shenzhen (veja vídeo acima)

"A China em seu dia mais fraco", descreveu Marina, em uma postagem de um vídeo com mais de 3 milhões de visualizações no TikTok (veja vídeo acima).

Chinês está trocando chá pelo café?

De forma alguma.

"A bebida preferida dos chineses sempre foi o chá. Ele é visto como um ritual, como cultura. Então, se você vai servir chá e café em um lugar, os chineses vão se preocupar muito mais com a qualidade das ervas do que com a qualidade dos grãos de café. Pelo menos é o que eu vejo na minha família", relata a influenciadora Pri Jin, que visita a China todos os anos.

 

Imagem de Pri Jin em Xangai, China. Ela é filha de chineses e nasceu no Brasil. — Foto: Reprodução Instagram/@priscilajinn

Imagem de Pri Jin em Xangai, China. Ela é filha de chineses e nasceu no Brasil. — Foto: Reprodução Instagram/@priscilajinn

Contudo, ela diz que isso não significa que os chineses não estão prestando atenção na qualidade do café. "Eles vêm sim se interessando mais pelo plantio, pelos métodos [...]. Os chineses, quando gostam de alguma coisa, se aprofundam", relata.

Segundo Pri Jin, as reuniões de trabalho na China já contam com o cafezinho, além do tradicional chá.

Marina Guaragna também não deixou de notar o tradicional consumo de chá.

"Lá eles tomam chá verde o dia todo. Tu olha as pessoas na rua e acha que elas estão com uma garrafinha de água, mas elas estão com uma garrafinha de chá. Então, pra mim, os chineses podem ter essa tendência ao café por já tomarem uma bebida estimulante o dia inteiro", opina a viajante.

 

Cafeteria em Xangai, China. — Foto: Eirc Shi/Unplash

Cafeteria em Xangai, China. — Foto: Eirc Shi/Unplash

Cafeteria também é para tirar foto

Outra curiosidade é que, entre os jovens chineses, fazem sucesso as cafeterias "instagramáveis", com belas decorações. Tudo isso para tirar boas fotos.

"O que mais me chama atenção nas cafeterias da China é que não importa o tamanho, elas sempre têm uma arquitetura muito bonita, aconchegante. Se não aconchegante, muito futurístico", diz Pri Jin.

"Então, as cafeterias investem em ambientes que são fotogênicos para gerar uma repercussão on-line", conta.

O quanto o Brasil já vendeu em 2024?

Apesar da disparada das exportações em 2023, as vendas brasileiras de café para a China ficaram praticamente estáveis de janeiro a setembro de 2024, em 680 mil sacas, na comparação com o mesmo período do ano anterior.

Mas a Cecafé prevê que, no fechamento do ano, as vendas ao país cheguem a 2,5 milhões de sacas. Isso porque os maiores volumes serão embarcados agora no final do ano, com a entrada da safra do arábica.

Por outro lado, o congestionamento nos portos brasileiros está gerando atrasos e pode frustrar essa expectativa.

De qualquer forma, o cenário para os próximos anos é de aumento das exportações, diz o diretor-geral da Cecafé. Isso porque o Brasil e a China têm avançado em negociações.

Em junho, por exemplo, a Luckin fechou um acordo para importar US$ 500 milhões em café brasileiro e, em novembro, durante o G20, deve anunciar mais uma aquisição.

"A intenção da Luckin Coffee é anunciar uma compra para 4, 5 anos. Nós estamos calculando que vai dar cerca de US$ 2,5 bilhões. Imagina esse valor só pra uma cafeteria", conta Jorge Viana, presidente da Apex, uma agência do governo federal que promove as exportações brasileiras.

Além disso, Matos destaca que o aumento de fábricas de café na China sinaliza que o consumo da bebida deve se sustentar nos próximos anos. E o Brasil, como maior produtor e exportador de café, está dentro do jogo.

"A China está investindo em indústrias de torrefação. Talvez o que tem puxado ainda mais o consumo é justamente a indústria do torrado e moído. Temos o exemplo da Luckin Coffee, que já tem três fábricas e está inaugurando uma quarta", exemplifica.

 

Torrefação da Starbucks em Xangai, na China. — Foto: Aleksandr Buynitskiy/Unplash

Torrefação da Starbucks em Xangai, na China. — Foto: Aleksandr Buynitskiy/Unplash

Vai ter menos café no Brasil se a China comprar mais?

Por enquanto, não é isso que está acontecendo, dizem analistas. Hoje, a China toma bem menos café do que o Brasil e os principais importadores do grão nacional, como a União Europeia e os EUA (veja info abaixo).

Além disso, menos de um terço dos 1,4 bilhão de chineses têm conhecimento sobre o café, diz Matos.

Mas a demanda crescente pela bebida, em um país com uma população gigantesca, indica que a China pode sim se tornar mais um cliente de peso para o Brasil.

“O café está sendo consumido exatamente por um grupo jovem. Isso é interessante, pois mostra que não é uma demanda pontual. Ela tende a se prolongar pelos anos", observa o diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), Celírio Inácio da Silva.

"Cada chinês consome 260 gramas de café por ano. No Brasil, são 6,4 quilos [por pessoa, anualmente]. Então tem um espaço gigante para crescer", acrescenta Maximiliano, da StoneX. "Por trás do consumo de café, há três pilares: população, renda e cultura. A China já tem os dois primeiros e está focada em desenvolver o terceiro".

Diante desse cenário, é possível que a indústria brasileira tenha, nos próximos anos, mais um forte concorrente externo, em meio a uma disputa já acirrada pelo grão do Brasil.

"Os Estados Unidos estão demandando bastante café. Os países árabes também", exemplifica o diretor da Abic.

Ao mesmo tempo em que a demanda global aumenta, há uma preocupação sobre os efeitos das mudanças climáticas no resultado das colheitas. Neste ano, por exemplo, quebras de safras no Brasil e no Vietnã, por causa de seca, diminuíram a oferta global, fazendo, inclusive, o preço do cafezinho disparar no Brasil.

Diante desse cenário, o avanço da China no mercado brasileiro gera um ponto de preocupação para a indústria, no futuro. "Ao mesmo tempo, não podemos deixar de ver que isso é uma grande oportunidade para o nosso agricultor", contrapõe Silva.


JBS amplia alcance de programa de regularização ambiental do produtor para todo Brasil

 Como é trabalhar na empresa JBS | 99jobs.com


A JBS ampliou o alcance do seu programa de auxílio ao produtor rural na regularização de passivos socioambientais de imóveis rurais. A companhia lançou o Escritório Verde Virtual, uma ampliação do programa Escritórios Verdes JBS, que já contribuiu para a regularização de 13 mil imóveis rurais desde 2021. Com a iniciativa, a JBS permitirá que produtores de todo o Brasil acessem serviços por e-mail, telefone e WhatsApp, facilitando a regularização ambiental de suas propriedades.

O Escritório Verde Virtual complementa o atendimento presencial realizado em 20 unidades da JBS e tem como objetivo fortalecer a parceria com os produtores. A nova plataforma também filtrará e categorizará demandas, agilizando o atendimento e permitindo que as equipes dos Escritórios Verdes presenciais possam focar em questões mais específicas, explicou a companhia.

O atendimento virtual funcionará de segunda a sexta-feira, das 8h às 20h, por meio de ligações gratuitas, e-mail e WhatsApp. Segundo o diretor de Pecuária da Friboi, Fábio Dias, a novidade garante maior flexibilidade e abrangência no atendimento aos produtores. “A partir desse lançamento, portanto, a gente pretende ampliar ainda mais o acesso ao programa de forma prática e eficiente”, afirmou.

O Escritório Verde Virtual faz parte de uma estratégia maior da JBS, que inclui ferramentas como a Plataforma Pecuária Transparente e o Cowbot, para promover uma cadeia de fornecimento sustentável.

Festval fecha aquisição de 4 lojas do Verde Mais Fresh Market

 

Imagem destaque: Festval fecha aquisição de 4 lojas do Verde Mais Fresh Market

 

  Dando sequência ao seu plano de expansão no Paraná, a rede de supermercados Festval anuncia a incorporação do Verde Mais Fesh Market, com a aquisição das quatro unidades em Curitiba. A bandeira tem posicionamento premium e é focada em alimentos perecíveis e experiência na jornada de compra. As lojas estão localizadas nos bairros Xaxim, Hauer, Cabral e Vila Izabel, e seguem operando como Verde Mais até 20 de novembro, quando começará a transição para o padrão Festval. “As lojas passarão por uma reestruturação cuidadosa, mantendo nossa essência e elevando a experiência de compra para um novo nível”, informa Altamir Sossela, diretor de operações e expansão do Festval.

Expansão

  Para novembro, também estão previstas três inaugurações do Festval, nas cidades de São José dos Pinhais, Curitiba (no bairro Alto da XV) e Cascavel (no Catuaí Shopping). Considerando a expansão orgânica e as aquisições, a rede passará de 24 para 31 unidades no Paraná. “A integração dessas unidades é muito mais do que uma expansão geográfica, é uma sinergia de valores. O Verde Mais compartilha o nosso foco em serviços de alta qualidade e isso vem somar ainda mais à experiência que oferecemos aos nossos clientes”, complementa Carlos Beal, diretor comercial e de marketing do Festval.

 

 https://gironews.com/supermercado/festval-fecha-aquisicao-de-4-lojas-do-verde-mais-fresh-market/

BRAZIL JOURNAL: Renova Energia dá o último passo para sair da recuperação judicial

 


Turbina eólica

 

A Renova Energia assinou um aditamento de seu plano de recuperação judicial que vai alongar o vencimento das dívidas e reduzir as taxas — dando fôlego para a geradora de energia cumprir suas obrigações usando a geração de caixa da operação.

O acordo — fechado com os credores de Classe II (basicamente os bancos) — deve permitir que a companhia saia da recuperação judicial nas próximas semanas, cinco anos depois de haver entrado. A Renova entrou em RJ em 2019 com uma dívida de R$ 3 bilhões. Hoje essa dívida já caiu para perto de R$ 1 bilhão, depois da companhia vender ativos.

“Não existe mais razão para ela continuar em RJ. Ela já cumpriu tudo que precisava cumprir e com esse aditamento deve conseguir pagar com alguma folga o plano de RJ e ainda manter o Alto Sertão III [o último ativo que sobrou dentro dela],” um dos credores disse ao Brazil Journal. “O natural é que ela entre com o pedido para sair em breve.”

Leia a reportagem completa no Brazil Journal.

Brasil tem melhor setembro da série histórica em número de turistas estrangeiros; veja principais países de origem

 


Mirante do Cristo Redentor (Crédito: Tânia Rego/Agência Brasil)

A quantidade de turistas estrangeiros no Brasil em setembro foi a melhor para o mês na série histórica: 445.389 pessoas desembarcaram no país. A sequência observada considera dados desde 1989. O crescimento foi de 26,4% em relação ao mesmo período do ano passado.

No ano, setembro perde apenas para os meses considerados “alta temporada” no país: janeiro, fevereiro e março. O mês de março também foi o melhor desde 1989, com 740.483 visitantes. Já fevereiro de 2024 foi o terceiro melhor resultado para o mês da história, inferior apenas ao de 2018, com 868 mil, e de 2017, com 863 mil.

Somados, os nove primeiros meses de 2024 contabilizaram 4,89 milhões de turistas internacionais em terras brasileiras. A meta atual do Plano Nacional de Turismo (PNT) do Ministério do Turismo é chegar a 8,1 milhões por ano em 2027.

Segundo o presidente da Embratur, Marcelo Freixo, há um esforço para acabar com a sazonalidade nas visitas ao país. “Garantimos assim uma importante movimentação nos negócios do turismo, sustentando alta empregabilidade ao longo de todo ano”, diz em nota.

Argentina lidera chegadas de turistas

A maior parte dos turistas que visitaram o Brasil em setembro veio da Argentina. Estados Unidos, Chile e Paraguai aparecem na sequência, conforme o gráfico:

Nacionalidade dos turistas estrangeiros que vieram ao Brasil em setembro de 2024 (Crédito:Reprodução/Embratur)

Em cúpula do Brics, Rússia deve propor iniciativas para fim do domínio do dólar

 


Presidente da Rússia, Vladimir Putin, discursa em fórum parlamentar do Brics em São Petersburgo

A Rússia está tentando convencer os países do Brics a construir uma plataforma alternativa para pagamentos internacionais que seria imune às sanções ocidentais quando receber os chefes de Estado do grupo para uma cúpula na próxima semana.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, está empenhado em fazer do Brics — que se expandiu recentemente para incluir Egito, Etiópia, Irã e Emirados Árabes Unidos, além de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — um poderoso contrapeso ao Ocidente na política e no comércio global.

A cúpula de 22 a 24 de outubro na cidade de Kazan está sendo apresentada por Moscou como prova de que os esforços ocidentais para isolar a Rússia têm fracassado. O país deseja trabalhar com aliados para reformular o sistema financeiro global e acabar com o domínio do dólar.

O ponto central para isso é a proposta de um novo sistema de pagamentos baseado em uma rede de bancos comerciais ligados entre si por meio dos bancos centrais dos países do Brics, de acordo com um documento preparado pelo Ministério das Finanças e pelo banco central da Rússia, distribuído aos jornalistas antes da cúpula.

O sistema usaria a tecnologia blockchain para armazenar e transferir tokens digitais respaldados por moedas nacionais. Isso, por sua vez, permitiria que essas moedas fossem trocadas com facilidade e segurança, evitando a necessidade de transações em dólares.

A Rússia vê isso como uma forma de resolver problemas crescentes na liquidação de pagamentos comerciais, mesmo com aliados como a China, onde os bancos locais temem que possam ser atingidos por sanções secundárias dos Estados Unidos.

O documento russo acusa instituições financeiras, como o Fundo Monetário Internacional (FMI), de atender aos interesses dos países ocidentais e diz que elas precisam de “melhorias para atender melhor à economia global em evolução”. O ministro das Finanças da Rússia, Anton Siluanov, convocou os membros do Brics na semana passada para criar uma alternativa ao FMI.

Entre outras iniciativas para facilitar o comércio e o investimento, a Rússia também está propondo a criação de uma plataforma “Brics Clear” para liquidar o comércio de títulos.

O documento ainda pede uma melhor comunicação entre as agências de recomendação de crédito dos países membros e uma metodologia comum, mas não chega a propor uma agência conjunta do Brics, uma ideia que o grupo havia discutido anteriormente.

Mas, em um sinal de que Moscou precisará trabalhar duro para levar adiante suas propostas, a maioria dos membros do Brics enviou apenas autoridade de menor escalão — não ministros das Finanças ou presidentes de bancos centrais — para uma reunião preparatória na semana passada.

Para a cúpula em si, a Rússia diz que espera receber líderes de todos os nove membros do Brics e cerca de 15 outros países interessados em trabalhar como parceiros do grupo.

“O Brics é uma estrutura que não pode ser ignorada”, disse Yuri Ushakov, assessor do Kremlin, a repórteres na semana passada.

Encontro com Febraban não pretende discutir tributação, afirma Haddad

 Fernando Haddad | Facebook


O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o encontro do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, com os bancos nesta quarta-feira, 16, foi pedido pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e não tem uma agenda específica, como tributação. “Se tem algo que não está na agenda é essa questão [tributação] com a Febraban. O encontro foi pedido há algum tempo. O presidente tem feito encontros com setores importantes, em geral ligados à produção”, disse Haddad à imprensa antes de ir ao Palácio do Planalto.

Questionado se a reunião poderia tratar do assunto das bets, Haddad voltou a dizer que não há pauta específica. “É uma solicitação deles, não é uma solicitação do presidente da República”, comentou o ministro, ressaltando que o objetivo do encontro é o mesmo que orientou todas as agendas de setores com o presidente até o momento, “fazer um balanço” dos avanços, perspectivas e “pontos de alerta”.

“Não tem uma agenda específica, bets, impostos, nada disso. É reunião para discutir cenários do País”, afirmou o ministro da Fazenda.