Nota de 100 dólares
O
dólar subia nesta sexta-feira, 29, voltando a bater novos recordes de
cotação, com investidores ainda reagindo negativamente ao anúncio de uma
reforma do Imposto de Renda pelo governo junto com um esperado pacote
de contenção de gastos.
Às 10h30, o dólar à vista subia 1,37%, a R$ 6,1009 na venda. Veja cotações.
Na
sessão anterior, a moeda norte-americana ficou acima de 6,00 reais pela
primeira vez desde o início da circulação da divisa brasileira, em
1994, com 6,0040 reais na máxima, fechando o dia com forte alta de
1,30%, a 5,9910 reais, a maior cotação nominal de fechamento da
história.
O
movimento ocorre na esteira da dupla divulgação na quarta de um projeto
de reforma tributária da renda, que busca ampliar a faixa de isenção do
IR para quem ganha até 5 mil reais por mês, e de um pacote de medidas
que promoverá uma economia de 71,9 bilhões de reais nas contas públicas
em dois anos.
O pacote fiscal era amplamente esperado pelo
mercado, que vinha mostrando nervosismo com a demora por seu anúncio,
uma vez que havia sido prometido para depois do segundo turno das
eleições municipais.
Mas
apesar do valor das medidas de contenção de gastos vir em linha com o
esperado, os investidores foram pegos de surpresa com a divulgação
concomitante da reforma do IR, uma promessa de campanha do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva.
Como compensação para a isenção, o
governo indicou a cobrança de mais imposto de quem recebe mais de 50 mil
reais por mês e a limitação da isenção de IR de aposentados com
problemas de saúde graves que recebam acima de 20 mil reais por mês
Para
alguns analistas, o anúncio do projeto de mudança na faixa de isenção
de IR levantou dúvidas sobre o compromisso do Executivo com o ajuste das
contas, pois mostraria um governo mais preocupado com questões
políticas do que econômicas. Mas outros apontaram para uma reação
exagerada do mercado.
“O
governo precisa demonstrar que seu plano é viável, e por isso devemos
esperar um período de volatilidade nos próximos dias e meses. A
implementação do esforço fiscal prometido será crucial para consolidar a
confiança do mercado”, disse André Galhardo, consultor econômico da
plataforma de transferências internacionais Remessa Online.
“A
reação do mercado é compreensível, mas considero-a desproporcional.
Ficou claro que a responsabilidade fiscal é uma prioridade”, completou.
Na
curva de juros brasileira, as taxas de DIs mostravam altas por mais uma
sessão, refletindo a desconfiança do mercado, embora com avanços menos
expressivos do que no dia anterior.
A sessão desta sexta ainda é
marcada pela disputa da Ptax de fim de mês. Taxa de câmbio calculada
pelo Banco Central com base nas cotações do mercado à vista, a Ptax
serve de referência para a liquidação de contratos futuros.
Com o
foco no noticiário doméstico, o real ia na contramão de seus pares
emergentes, que rondavam a estabilidade frente ao dólar em meio a um
volume de negociações fraco em uma sessão pós-feriado de Ação de Graças
nos Estados Unidos.
As atenções no exterior continuam sendo as
perspectivas para o novo governo do presidente eleito dos EUA, Donald
Trump, à medida que suas promessas de tarifas têm gerados temores de
guerras comerciais no próximo ano.
O índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — caía 0,06%, a 106,010.