segunda-feira, 16 de dezembro de 2024

Petrobras usará tecnologia da Nasa para monitorar ecossistema da Foz do Amazonas

 


Petrobras

Indígenas Karipuna brincam em aldeia na região da Foz do Amazonas (Crédito: REUTERS/Adriano Machado)

A Petrobras utilizará tecnologia da Nasa para monitorar por satélite o ambiente marinho e costeiro da Margem Equatorial, no trecho Amapá-Pará-Maranhão, onde está situada a Bacia da Foz do Amazonas, informou a petroleira em comunicado à imprensa nesta segunda-feira.

Para isso, a companhia foi aceita para participar de um projeto conjunto da agência espacial americana e a Organização Indiana de Pesquisa Espacial para desenvolvimento e lançamento, em 2025, de um sistema de coleta de imagens por satélite de observação da Terra.

O anúncio ocorre enquanto a petroleira vem batalhando para obter um licenciamento do órgão ambiental federal Ibama para perfurar em águas ultraprofundas da Bacia da Foz do Rio Amazonas, no litoral do Amapá.

Dentre as dificuldades para avançar no licenciamento, há discussões sobre uma falta de conhecimento amplo sobre o comportamento das marés na região e como seria ter que lidar com um eventual derramamento de petróleo.

Uma utilização adicional dos dados da Missão NISAR, segundo a petroleira, diz respeito à detecção de manchas de óleo na superfície do mar, tanto de origem natural (exsudações) como antrópica (derrames).

A Margem Equatorial brasileira, uma ampla área que vai do Amapá ao Rio Grande do Norte, tem grande potencial para se tornar uma nova fronteira de produção de petróleo, mas reúne enormes desafios socioambientais.

Para participar do projeto, a Petrobras foi aceita no programa de Early Adopters (primeiros usuários) da missão NISAR (Nasa-ISRO Synthetic Aperture Radar).

As imagens que serão coletadas por satélite serão utilizadas pela petroleira no projeto Observatório Geoquímico Ambiental da Margem Equatorial Brasileira (ObMEQ), com início previsto para o próximo ano.

“Há interesses científicos convergentes entre as iniciativas NISAR e ObMEQ, razão pela qual foi estabelecida uma cooperação formal do Cenpes (centro de pesquisas da Petrobras) com a missão espacial”, disse em nota a diretora de engenharia Tecnologia e Inovação da Petrobras, Renata Baruzzi.

“Tal colaboração será muito importante para a obtenção do conhecimento científico necessário para o monitoramento ambiental sistemático da zona costeira de manguezais ao longo da Margem Equatorial.”

O ObMEQ é um dos 13 projetos de sustentabilidade e meio ambiente do Cenpes para a Margem Equatorial, os quais são desenvolvidos em rede por diversas instituições, com envolvimento de universidades e outros grupos da região.

A Petrobras destacou que a iniciativa medirá padrões de mudanças nos ecossistemas, superfícies e massas de gelo da Terra, fornecendo informações sobre biomassa, riscos naturais, aumento do nível do mar e águas subterrâneas. Também será dada atenção especial aos manguezais, ecossistema costeiro importante no contexto das alterações climáticas.

A tecnologia utilizada permitirá o mapeamento periódico de alterações como erosão e deposição de sedimentos na costa, correntes oceânicas, velocidades do vento, localização dos navios e até sinais de petróleo nas águas, destacou a petroleira.

O projeto fornecerá ainda a configuração sempre atualizada do litoral da Margem Equatorial, disponível para utilização pelas diversas áreas da Petrobras, órgãos ambientais e sociedade, de acordo com as respectivas necessidades.

 

(Por Marta Nogueira)

Portugal fecha mega contrato de €200 milhões para adquirir 12 caças brasileiros A-29N Super Tucano

 


Investimento contempla 12 aviões, simuladores e suporte logístico, além de incentivar inovação tecnológica.

Visando fortalecer sua capacidade de defesa e garantir a segurança nacional, Portugal anunciou um investimento de 200 milhões de euros na aquisição de 12 aeronaves A-29N Super Tucano, fabricadas pela brasileira Embraer. O contrato inclui também simuladores de voo e serviços de sustentação logística, com o objetivo de modernizar as forças armadas do país e integrar sua frota aos padrões da OTAN, segundo informações divulgadas pelo site Poder Aéreo.

O projeto contará com uma forte participação da indústria portuguesa, que será responsável por áreas tecnológicas avançadas, incluindo a reconfiguração das aeronaves para atender às especificações da aliança militar. Essa parceria é vista como uma oportunidade de impulsionar o setor de defesa e inovação em Portugal.

Projeto integra indústria nacional e alinha a frota militar aos padrões da OTAN. (Foto: Reprodução/Cavok)

A decisão foi oficializada por meio de uma resolução do governo português e destaca o fortalecimento das relações com a Embraer, uma referência global na fabricação de aeronaves, além de consolidar o país no uso de tecnologia militar de ponta.

Alemanha inicia contagem regressiva para fim da era Scholz

 

Veja perfil de Olaf Scholz, novo chanceler da Alemanha ...


Chanceler federal perde voto de confiança no Parlamento, abrindo caminho para eleições antecipadas em fevereiro. Pesquisas apontam conservadores como favoritos para liderar novo governo. Ultradireita pode dobrar bancada.O governo do chanceler federal Olaf Scholz perdeu na tarde desta segunda-feira (16/12) a votação de uma moção de confiança no Parlamento da Alemanha (Bundestag). O resultado abre caminho para a dissolução da atual legislatura e a convocação de eleições federais antecipadas, que devem ocorrer em 23 de fevereiro, além de marcar o fim da era Scholz, após pouco mais de três anos de governo.

Ao todo, 394 dos 735 dos deputados do Bundestag votaram contra o governo. Outros 116 se abstiveram. Apenas 207 votaram pela manutenção do governo.

O resultado desta segunda-feira já era esperado. Scholz havia oficializado a convocação da votação no Bundestag na semana passada, após semanas de turbulência política na esteira do colapso da sua coalizão, que efetivamente relegou o chanceler federal a uma posição de líder de um governo de minoria, travando a aprovação de projetos e leis.

Agora, com eleições à vista em fevereiro, a expectativa, segundo pesquisas, é que os conservadores da União Democrata Cristã (CDU), que governaram com Angela Merkel entre 2005 e 2021, voltem a liderar o próximo governo da Alemanha. No entanto, a governabilidade para os conservadores ainda será uma incógnita, já que as pesquisas mostram que eles também vão depender de negociações para a formalização de uma coalizão, um processo que pode se arrastar.

Até lá, Scholz deve permanecer no posto interinamente. Mas, caso a vitória conservadora no próximo pleito seja confirmada, Scholz, com menos de quatro anos de governo, terá se tornado o chanceler federal menos longevo da Alemanha desde a reunificação do país, em 1990. Para piorar, as pesquisas apontam que o Partido Social Democrata (SPD) de Scholz arrisca encolher nas próximas eleições.

Fim prematuro da era Scholz

O social-democrata Scholz chegou ao poder em dezembro de 2021, na esteira de 16 anos de governo da ex-chanceler conservadora Angela Merkel. Na eleição parlamentar daquele ano nenhum partido efetivamente havia conseguido formar isoladamente maioria no Parlamento. Scholz acabou costurando uma inédita – pelo menos desde a reunificação – e complicada tríplice coalizão para governar a Alemanha, formada pelo seu SPD, os Verdes e o Partido Liberal Democrático (FDP, na sigla em alemão). Ao todo, a coalizão assegurou 415 das 735 cadeiras da legislatura.

Apesar de a tríplice coalizão assegurar maioria no Bundestag, o governo sempre se viu em dificuldades nesses três anos. Além de crises externas, como a pandemia e a eclosão da guerra na Ucrânia, e do persistente declínio econômico, a própria coalizão sofreu com disputas internas. Não foi raro que social-democratas, verdes e liberais não chegassem a acordos, tanto para tapar buracos no Orçamento quanto para elaborar políticas públicas cruciais para revigorar a combalida economia alemã, que deve sofrer uma retração neste ano.

O governo Scholz também sofria com persistente impopularidade. Em novembro, tinha 14% de aprovação, cinco pontos percentuais a menos que no início de outubro. Os que desaprovam ou estavam pouco satisfeitos com o governo somavam 85%.

O gatilho para o colapso da coalizão partiu dos liberais, parceiros menores da coalizão. No início de novembro, o FDP saiu ruidosamente do governo. Na ocasião, Scholz e o líder dos liberais, Christian Lindner, que ocupava o cargo de ministro das Finanças, trocaram acusações em público.

Num pronunciamento televisivo, Scholz disse que Lindner havia quebrado sua confiança e o acusou de só pensar em sua sobrevivência política. O rompimento efetivamente selou o fim da tríplice aliança partidária apelidada de “semáforo”, em referência às cores dos partidos que a integravam. Dessa forma, o governo Scholz, agora reduzido ao SPD e os Verdes, perdeu o apoio dos 90 deputados do FDP, tornando-se incapaz de assegurar uma maioria. Só restou a Scholz abrir caminho para a convocação de novas eleições.

Debates pré-votação em modo eleitoral marcados por trocas de acusações

Antes da votação nesta segunda-feira, líderes dos principais partidos – e consequentemente pré-candidatos à chancelaria – trocaram acusações sobre os atuais problemas da Alemanha, tanto na política quanto na economia, transformando a sessão num ato de campanha.

Em seu discurso, Scholz tentou defender seu legado, mas voltou a criticar seu ex-aliado Lindner. “A política não é um jogo”, disse ele, culpando o líder do FDP pelo colapso da coalizão, e acusando-o de “sabotar seu próprio governo” e “não só prejudicar a imagem de um governo, mas também da própria democracia”.

Lindner, por sua vez, disse que Olaf Scholz “mostrou mais uma vez hoje que não tem força para promover mudanças cruciais” na Alemanha.

O líder da CDU, Friedrich Merz, favorito para ser o próximo chanceler federal, aproveitou o microfone para acusar Scholz de “hipocrisia”. “O chanceler falou muito sobre respeito, mas parece que o respeito para ele termina onde começam outras opiniões políticas”, disse Merz, que ainda acusou o governo de não conseguir reagir à inflação recorde e à crise econômica. “O senhor envergonhou a Alemanha” diante da UE e de outros aliados, disse Merz.

Já o líder dos Verdes, Robert Habeck, que ainda é aliado de Scholz, criticou os governos anteriores, especialmente os liderados pela CDU de Merz. Ele afirmou que o atual governo Scholz “herdou um legado pesado” e que a Alemanha não experimenta crescimento real desde 2018, ou seja, antes do atual governo. Habeck ainda criticou Angela Merkel, afirmando que decisões da ex-chanceler levaram a Alemanha a ficar excessivamente dependente de gás russo.

Alice Weidel, colíder da ultradireitista Alternativa para a Alemanha (AfD), aproveitou o debate para criticar Sholz, Merz e Habeck. Ela culpou o atual governo pelo declínio da indústria e disse que os verdes e social-democratas “inundaram o país com imigrantes”. Weidel ainda disse que uma eventual ascensão de Merz poderia arriscar “uma terceira guerra mundial” por causa das posições do conservador, que é favorável a permitir que a Ucrânia use armas alemãs contra alvo em território russo.

Por fim, a deputada Sahra Wagenknecht, que lidera o partido populista de esquerda e neófito BSW, falou de um “fim inglório” de um governo que, segundo ela, “piorou visivelmente a vida das pessoas”. “Três anos de declínio para o nosso país, e o senhor [Scholz] está pedindo uma prorrogação de quatro anos”, disse Wagenknecht.

Próximos passos

As regras constitucionais alemãs são bastante rígidas para impedir instabilidade no Parlamento, de forma a evitar o risco da formação de governos instáveis e de curta duração, como ocorreu nos anos que precederam a ascensão dos nazistas ao poder na década de 1930.

Pelas regras atuais, as legislaturas não têm poder para decretar uma dissolução. Isso só é feito com a convocação de um voto de confiança no governo. Em caso de derrota, o chanceler federal então pode propor ao presidente federal que o Parlamento seja dissolvido e que novas eleições sejam convocadas.

Após a formação da República Federal, em 1949, ocorreram apenas cinco votos de confiança no Parlamento, sendo que apenas dois após a reunificação, em 1990. E apenas dois deles resultaram numa mudança completa de governo após novas eleições.

Antes mesmo da finalização da votação desta segunda, o atual presidente federal, Frank-Walter Steinmeier, já sinalizou que pretende acatar o pedido para a dissolução.

Pelo cronograma, ele tem 21 dias para fazê-lo, contando a partir de 16 de dezembro de 2024. Porém, a maior parte das bancadas partidárias, após muito debate, concordou que a nova eleição ocorra em 23 de fevereiro de 2025. Para que assim seja, o presidente não deverá anunciar sua decisão antes de 23 de dezembro, pois a eleição deve, segundo a legislação, ocorrer dentro do prazo de 60 dias após o anúncio.

Prognósticos para a eleição

Após o presidente oficializar a convocação de novas eleições, a campanha eleitoral vai começar oficialmente na Alemanha, embora os partidos já estejam em modo eleitoral desde o rompimento da coalizão de governo de Scholz.

No momento, as pesquisas apontam que a conservadora União Democrata Cristã (CDU) aparece à frente, com entre 30% e 31% das intenções de voto. A sigla é liderada atualmente por Friedrich Merz, um antigo rival da ex-chanceler Angela Merkel entre os conservadores e que tem redirecionado a CDU mais para a direita. Ele é o favorito para se tornar o próximo chanceler federal da Alemanha, mas, pelas pesquisas, terá que formar alianças para alcançar uma maioria no Bundestag.

Já o SPD aparece com entre 15% e 17% das intenções de voto e deve encolher significativamente na próxima eleição, salvo uma reviravolta. Na última eleição, em 2021, o partido havia obtido a maior porcentagem de votos: 25,7%, destronando a CDU da sua longa hegemonia de 16 anos. No momento, Scholz aposta suas fichas em uma recuperação do SPD nos próximos dois meses, conforme a campanha eleitoral avançar, mas poucos no meio político acreditam que ele seja capaz de protagonizar uma reviravolta política e conseguir manter o SPD no comando do governo.

Mas, mesmo com a saída de Scholz, o partido ainda pode vir a excercer influência num próximo governo liderado pela CDU, já que é praticamente certo que Merz seja obrigado a costurar uma coalizão. O papel de parceiro menor da CDU não é estranho para o SPD. Os social-democratas foram aliados da CDU durante 12 dos 16 anos de Merkel no poder. O próprio Scholz foi vice-chanceler da conservadora entre 2018 e 2021.

O cenário de encolhimento também é esperado pelos Verdes, parceiros remanescentes de Scholz no governo. Já para os liberais do FDP, a próxima eleição deve ser um teste de sobrevivência. Após conseguir 11% dos votos no pleito de 2021, o partido, que foi pivô do colapso da coalizão de Scholz, agora arrisca ficar abaixo da cláusula de barreira de 5% para garantir uma bancada no Parlamento.

Enquanto siglas tradicionais como o SPD e FDP penam nas pesquisas, a próxima eleição deve marcar mais uma vez a ascensão constante de siglas antissistema no Bundestag.

Segundo levantamentos, a ultradireitista Alternativa para a Alemanha (AfD), que tem pouco mais de uma década de existência, aparece com chances de dobrar sua atual bancada de 83 deputados no Parlamento e sair da eleição de 2025 como o segundo maior partido, apenas atrás da CDU. No entanto, esse aumento entre o eleitorado não deve se traduzir necessariamente em poder para a AfD, já que todos os partidos tradicionais já avisaram que não pretendem se aliar com a sigla para formar um novo governo. Tal cenário já é constante para a AfD em eleições estaduais, nas quais o partido não conseguiu integrar governos locais mesmo quando foi o mais votado.

O pleito também vai marcar a estreia em eleições federais da Aliança Sahra Wagenknecht (BSW, na sigla em alemão), uma legenda populista de esquerda formada neste ano e que leva o nome da sua fundadora, e que agrega posições socialmente conservadoras. Pelas pesquisas, a BSW aparece com chances de conseguir 8% dos votos, tomando o lugar do partido Die Linke (A Esquerda) no Bundestag. Originalmente, Sahra Wagenknecht era membro da Linke, mas rompeu com o partido no início do ano. Agora, seus velhos aliados arriscam ficar abaixo da cláusula de barreira de 5%.

Dólar reduz alta após novos leilões do BC, mas segue acima de R$ 6

 


Notas de dólar

 

O dólar rondava a estabilidade frente ao real nesta segunda-feira, devolvendo os fortes ganhos das primeiras negociações da sessão, após o Banco Central realizar um novo leilão de dólares à vista nesta manhã, além de outro leilão de linha.

Às 11h03, o dólar à vista tinha alta de 0,37%, a 6,0518 reais na venda. No início da sessão desta segunda, o dólar chegou a avançar mais de 1% ante o real, marcando 6,0988 reais na maior cotação, mas devolveu a maior parte dos ganhos após a nova operação realizada pela autoridade monetária.

O Banco Central vendeu nesta segunda-feira um total de 3 bilhões de dólares em um leilão com compromisso de recompra realizado durante a manhã, informou a autarquia em comunicado, no que foi o terceiro pregão consecutivo com intervenção no câmbio.

No leilão, que terá como data de recompra o dia 6 de março de 2025, o BC aceitou seis propostas com uma taxa de corte de 6,01%. A cotação de câmbio utilizada para a venda de dólares pelo BC foi a Ptax das 10h, a R$ 6,0357. Mais cedo, a autarquia vendeu 1,627 bilhão de dólares à vista, com uma taxa de R$ 6,04 por dólar.

Na quinta-feira, o BC vendeu 4 bilhões de dólares em dois leilões de linha e no dia seguinte vendeu 845 milhões de dólares em um leilão à vista.

Entenda a intervenção do BC

Apesar de o BC não ter dito o motivo dos leilões, eles ocorrem em meio à crescente desvalorização do real, com o dólar fechando acima de 6,00 reais na maior parte das sessões deste mês em meio à reação negativa do mercado ao duplo anúncio do governo de um pacote fiscal e de uma reforma do Imposto de Renda.

Diante da forte alta do dólar, da desancoragem adicional das expectativas de inflação e da percepção de uma atividade econômica superaquecida, o BC acelerou o ritmo de aperto monetária na semana passada, elevando a taxa Selic em 1 ponto percentual, a 12,25% ao ano. As autoridades ainda sinalizaram com mais duas altas da mesma magnitude no início do próximo ano.

Embora o aumento dos juros e as intervenções sejam, em tese, positivos para o real, a moeda norte-americana seguia em tendência de alta. Na sexta-feira, o dólar à vista encerrou o dia em alta de 0,28%, cotado a 6,0295 reais.

O BC divulga a ata da reunião do Copom na terça-feira.

Analistas consultados pelo Banco Central elevaram a projeção para o dólar na pesquisa Focus divulgada nesta segunda. Na mediana das projeções dos especialistas, o dólar deve fechar este ano em 5,99 reais e 2025 em 5,85 reais, de 5,95 e 5,77 previstos anteriormente.

No cenário externo, os mercados aguardam a decisão de política monetária do Federal Reserve na quarta-feira, em que se espera que o banco central dos Estados Unidos reduza os juros em 25 pontos-base.

Investidores estarão atentos, no entanto, às projeções das autoridades do Fed para os movimentos do próximo ano, à medida que o país demonstra sinais de força econômica e estagnação na trajetória da inflação até a meta de 2%.

O índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — subia 0,08%, a 106,960.

Bitcoin chega a US$106 mil e cresce esperança sobre reserva estratégica dos EUA

 


Moedas com logotipo do bitcoin

 

reutersi

Por Kevin Buckland e Ankur Banerjee

(Reuters) – O bitcoin atingiu recorde acima dos 106 mil dólares nesta segunda-feira, depois que o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, sugeriu que planeja criar uma reserva estratégica de bitcoin para o país semelhante à reserva estratégica de petróleo mantida por Washington, alimentando o entusiasmo dos investidores em criptomoedas.

O bitcoin, a maior e mais conhecida criptomoeda do mundo, atingiu 106.533 dólares e às 9h15 (horário de Brasília) era negociada em alta de 2,6%, a 103.917 dólares. O ether estava em alta de 0,4%, a 3.918 dólares.

“Estamos em território de céu azul aqui”, disse Tony Sycamore, analista da IG. “O próximo valor que o mercado estará procurando é 110 mil dólares. O recuo que muitas pessoas estavam esperando simplesmente não aconteceu, porque agora temos essas notícias.”

A confiança do investidor também foi impulsionada pela inclusão das ações da MicroStrategy no índice Nasdaq 100, o que provavelmente levará a mais fluxos de entrada de investidores para a empresa de software que se tornou compradora voraz de bitcoin.

No ano, o bitcoin acumula valorização de 192% em meio ao otimismo de investidores de que Trump fará um governo que promoverá um ambiente regulatório mais amigável para as criptomoedas.

“Vamos fazer algo grandioso com as criptomoedas porque não queremos que a China ou qualquer outra pessoa – não apenas a China, mas outras pessoas – e queremos ser o líder”, disse Trump à CNBC no final da semana passada.

Quando perguntado se ele planeja construir uma reserva de criptomoedas semelhante às reservas de petróleo, Trump disse: “Sim, acho que sim.”

Os governos de todo o mundo detinham 2,2% da oferta total de bitcoin em julho, de acordo com o provedor de dados CoinGecko, com os Estados Unidos possuindo quase 200 mil bitcoins, avaliadas em mais de 20 bilhões de dólares nos níveis atuais.

China, Reino Unido, Butão e El Salvador são os outros países com uma quantidade significativa de bitcoins, segundo o site de dados BitcoinTreasuries.

Outros países também estão considerando reservas estratégicas de criptomoedas.

O presidente russo, Vladimir Putin, disse no início deste mês que o atual governo dos EUA estava minando o papel do dólar americano como moeda de reserva na economia global ao usá-lo para fins políticos, forçando muitos países a recorrer a ativos alternativos, incluindo criptomoedas. “Por exemplo, o bitcoin, quem pode proibi-lo? Ninguém”, disse Putin.

No entanto, há céticos. “Acho que ainda precisamos ser cautelosos em relação a uma reserva estratégica de BTC e, pelo menos, considerar que não é provável que isso aconteça tão cedo”, disse Chris Weston, chefe de pesquisa da Pepperstone.

“É claro que qualquer comentário de Trump que ofereça um grau maior de esperança de que os planos para uma reserva estratégica estejam evoluindo é um vento favorável óbvio, mas isso traria consequências que precisariam ser cuidadosamente consideradas e bem comunicadas aos participantes do mercado.”

AUMENTO DO CRIPTO

O bitcoin subiu mais de 50% desde a eleição de Trump em 5 de novembro. O valor total do mercado de criptomoedas quase dobrou ao longo do ano até agora, atingindo um recorde de mais de 3,8 trilhões de dólares, de acordo com a CoinGecko.

Trump – que já rotulou as criptomoedas de fraude – adotou os ativos digitais durante sua campanha eleitoral, prometendo fazer dos Estados Unidos a “capital das criptomoedas do planeta”.

Na sexta-feira, a Nasdaq disse que a ação da MicroStrategy será adicionada ao índice Nasdaq-100 a partir de 23 de dezembro.

A MicroStrategy, um investidor agressivo de bitcoins, viu suas ações subirem mais de seis vezes este ano, elevando seu valor de mercado para quase 94 bilhões de dólares. Atualmente, a empresa é a maior detentora da criptomoeda entre empresas no mundo.

Como parte do Nasdaq 100, os investidores comprarão ações da MicroStrategy para espelhar as participações do índice mais amplo, aumentando assim o valor das ações da empresa e permitindo que a companhia compre mais criptomoedas, por meio de ofertas de dívida e ações, disse Matthew Dibb, diretor de investimentos da gestora de ativos Astronaut Capital.

“A inclusão parece um pouco inesperada, mas isso não impediu a empolgação do que muitos acreditam ser o início de um ciclo de capital que poderia potencialmente aumentar o preço à vista do bitcoin”, disse ele.


Depois do sucesso neste ano, fundos de crédito devem continuar crescendo em 2025, avalia XP

 icone XP - Logos Capital


Após um 2024 de alta demanda, os fundos de crédito privado devem seguir crescendo no Brasil por uma combinação de fatores positivos. Entre eles, estão a busca dos investidores por segurança e o atual patamar de juros. No entanto, a cautela continua no radar, e as oportunidades podem vir de segmentos como crédito estruturado. A avaliação consta em relatório temático divulgado nesta segunda-feira, 16, pela XP, elaborado a partir de uma pesquisa feita junto às gestoras Augme, Ibiuna, JGP, JiveMauá e XP Asset, e assinado por Clara Sodré, analista de fundos da XP, em parceria com Camilla Dolle e Mayara Rodrigues, respectivamente líder de análise de renda fixa e analista da XP.

O desempenho dos fundos de crédito segmentado pela Classificação XP indica que, ao longo de 2024, a classe apresentou retornos consistentemente acima do CDI, em especial no primeiro trimestre do ano. No acumulado até novembro, o relatório mostra um retorno de 123% para os fundos de crédito high yield, 117% para os fundos de crédito high grade e 114% para os fundos de crédito de liquidez.

A XP também destaca a captação dessa classe. “Se em 2023 estes fundos apresentaram fluxo relevante de saída após um primeiro trimestre desafiador, em 2024 esta classe de ativos consolidou seu papel como uma das mais demandadas, não apenas por sua resiliência, mas também pela capacidade de entregar retornos elevados perante o CDI em um ambiente desafiador”, descrevem as analistas, acrescentando a busca por proteção e segurança como outro fator. Segundo o relatório, os fundos de crédito privado captaram R$ 140,7 bilhões no ano até 5 de dezembro.

De acordo com o relatório, agora, muitos gestores e crédito estão aumentando a seletividade e a cautela na alocação, o que é refletido principalmente pelo elevado porcentual de caixa dos fundos, em meio ao ambiente de incertezas. “Em nossa visão, os fundos classificados como high yield que englobam estratégias que alocam em crédito estruturado e, devido ao mandato, possuem horizontes mais longos de liquidez ou prazo de resgate, tendem a seguir mostrando maior resiliência, tanto em relação ao passivo, quanto em relação ao alfa gerado”, avaliam as analistas da XP.

Estratégias das gestoras

Na pesquisa com as gestoras de crédito, a XP identificou que a Augme Capital está com “caixa relevante” – com manutenção de níveis de 40% a 15% do patrimônio líquido (PL) – e postura cautelosa em relação ao mercado, buscando exposições em setores como infraestrutura, energia, locação de equipamentos e securitização de carteiras, e priorizando empresas/estruturas com bons fundamentos de crédito. Já a XP Asset Management reduziu o prazo médio das carteiras – nos fundos D+45, a duração média foi ajustada de três anos para dois anos – e prioriza segmentos como infraestrutura, saneamento e energia, além de ter aumentado exposição ao setor financeiro em algumas estratégias.

A Ibiuna Investimentos, por sua vez, diz ser possível notar “sinais claros de saturação” no mercado de crédito, então está com postura cautelosa. A duração média das carteiras é de cerca de dois anos, abaixo da média de 2,5 anos a três anos, e há níveis elevados de caixa. A JiveMauá está otimista, mas vê desafios estruturais, então prefere operações estruturadas de longo prazo. Por fim, a JGP prioriza passivos de maior duração, e reduziu a exposição a setores voláteis, como óleo e gás, devido à incerteza nos preços de commodities. Infraestrutura permanece uma prioridade.

Panorama da indústria de crédito

Segundo o relatório da XP, em 2024, a projeção de uma Selic mais alta por mais tempo levou à migração de recursos para fundos de renda fixa – que já somam captação líquida de R$ 344 bilhões no ano até agora. E o aumento dessas entradas levou a um “crescimento notável no volume de novas emissões de crédito privado nos primeiros dez meses deste ano (+96% ao ano), o que pode ser atribuído a gestores buscando oportunidades para alocar os contínuos aportes de seus clientes”, diz a XP. Ao mesmo tempo, os spreads (prêmios) diminuíram em diferentes níveis de rating, o que “também impulsionou as emissões, à medida em que as companhias puderam se refinanciar a taxas mais baixas”.

Para 2025, dada a expectativa de juros altos por mais tempo, a XP afirma que a demanda por emissões deve continuar aquecida, porém as “condições piores estão para as empresas emissoras em termos de custos de captação”. Ainda, a equipe de análise diz ser possível começar a ver os spreads “gradualmente retornando a patamares mais consistentes com os riscos inerentes às emissões e aos emissores”.

O relatório indica ainda que, em estudo realizado com dados de junho de 2024, a XP concluiu que, em média, as empresas listadas mantêm “alavancagem disciplinada, prazos de dívida estendidos e sólidas taxas de cobertura de juros, o que as posiciona de forma relativamente segura para 2025”.

Presidente da CBIC espera que lançamentos no setor de classe média serão bem menores em 2025

 


O presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Renato Correia, acredita que a elevação dos juros terá como impacto direto uma redução importante nos lançamentos de projetos imobiliários no setor de médio padrão, fora do Minha Casa Minha Vida (MCMV).

O segmento abarca imóveis com preços acima de R$ 350 mil. Nesta modalidade, o financiamento bancário para a compra e a construção das moradias vem das cadernetas de poupança, onde os recursos estão escassos.

A saída dos bancos tem sido recorrer a outras fontes de recursos, como emissão de títulos como as Letras de Crédito Imobiliário (LCI). No entanto, os custos desses títulos acompanham a Selic. Ou seja, estão em alta.

“Acreditamos que em 2025 deve ter bem menos lançamentos no setor de classe média”, estimou Correia. Com a escassez de recurso, os bancos têm priorizado liberar crédito para a pessoa física fazer a compra dos imóveis, enquanto as construtoras têm sido direcionadas a outras modalidades de financiamento.

O presidente da CBIC concorda com essa postura dos bancos, mas vê consequências. “Para a empresa, ser levado a usar recursos fora de FGTS e SBPE para financiar a obra é algo que representa um aumento de custo financeiro”, citou. “Isso estreita a margem das empresas, que restringe os lançamentos. Muitos empresários vão aguardar as coisas se encaixarem de novo para voltar a lançar”, estimou Correia.

Na última semana, o Banco Central elevou a Selic para 12,25% ao ano e já indicou que tem pela frente mais duas altas de 1 ponto porcentual cada, colocando a Selic no patamar de 14,25% nos primeiros meses do ano que vem.

“A alta da Selic é uma grande preocupação para 2025. E o indicativo de subida de 2 pp é uma surpresa, é uma alta é muito rápida. Isso é muito danoso para investimento em infraestrutura e habitação”, afirmou o presidente da CBIC.