quinta-feira, 18 de setembro de 2025

Inflação e tarifaço endurecem comunicado do Copom e reforçam corte nos juros só em 2026, dizem analistas

 

 

 A decisão do Banco Central (BC) pela manutenção da taxa básica de juros da economia em 15% ao ano não foi uma surpresa para o mercado, pois nos comunicados mais recentes o Comitê de Política Monetário (Copom), indicava que assim seria no caso de manutenção do cenário de economia aquecida, mercado de trabalho pressionado e inflação persistente.

Mas o tom mais “hawkish” do comunicado que acompanhou a decisão dessa quarta-feira, 17, ou mais “duro” no jargão dos economistas, foi o que chamou a atenção dos analistas. “O tom do texto seguiu indicando poucas chances de cortes de juros no curto prazo”, aponta Flávio Serrano, economista-chefe do Banco Bmg.

“Além de repetir que a Selic seguirá no patamar mais contracionista por um tempo prolongado, o Copom, desta vez, fez questão de falar que vai retomar o ciclo de alta se julgar necessário”, diz Gabriel Lago, planejador financeiro e sócio da The Hill Capital.

Lago reforça outro ponto do comunicado, que diz ver como um tom mais duro, “até um pouco mais do que veio em julho”. “O ponto que me chamou a atenção foi essa menção explícita às tarifas comerciais dos EUA contra o Brasil. Isso não tinha sido feito no comunicado, foi algo novo, isso mostra que ele está preocupado não apenas com a inflação interna, mas o que esse choque externo pode vir a pressionar o câmbio”,

Sobre a inflação, apesar da leve melhora nas expectativas para 2025, Gabriel Lago acredita que o cenário mais instável visto pelo Copom não só deixou o comunicado mais duro, mas “deixou claro que o comitê não vai reduzir, e, possivelmente, na próxima reunião, também não vai reduzir”.

A questão tarifária também foi o ponto de atenção para a Helena Veronesa, economista-chefe da B.Sode Investimentos. “O comunicado que acompanhou a decisão trouxe algumas mudanças em relação ao anterior, dentre as quais se destacam, o ambiente internacional ainda incerto por conta de questões geopolíticas e econômicas nos EUA, gerando volatilidade no preço dos ativos, e o efeito das tarifas na economia brasileira, o que, junto com a política fiscal, aumenta as incertezas”.

Para o mercado, diz Natalie Victal, economista chefe da SulAmérica Investimentos, trata-se de um comunicado duro, sem concessões, e que dificulta uma mudança rápida de tom. “No conjunto, a decisão veio na cauda mais dura do espectro de possibilidades: manteve a projeção de inflação em 3,4% apesar da melhora do câmbio, não suavizou a avaliação do cenário e reforçou o risco fiscal como motivo de cautela. Dada a comunicação de hoje, flexibilizações em 2025 só ocorreriam diante de melhora relevante de cenário”.

quarta-feira, 17 de setembro de 2025

Em 3 meses, número de famílias atendidas pelo Bolsa Família diminuiu quase 1,5 milhão

 

O pagamento do programa Bolsa Família em setembro vai alcançar 19,07 milhões de lares, que receberão um total de R$ 12,96 bilhões. Os pagamentos começam nesta quarta-feira, 17, e seguem até o dia 30 de setembro.

Em agosto, 19,2 milhões de famílias tinham sido contempladas, a um custo de R$ 13,16 bilhões. Esse número de famílias já foi menor que o registrado em julho, de 19,6 milhões, por sua vez, menor que os 20,5 milhões de junho. Assim, entre junho e setembro, houve uma redução de 1,43 milhão de famílias atendidas.

A IstoÉ Dinheiro procurou o Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) para comentar a redução e aguarda retorno. O texto será atualizado quando houver resposta.

O valor médio do benefício para setembro ficou em R$ 682,22, segundo o MDS.

Os pagamentos são feitos de modo escalonado, conforme o último dígito do Número de Identificação Social (NIS), sempre em dias úteis. As transferências ocorrem nos últimos dez dias úteis de cada mês, a exceção é dezembro, quando o repasse tem início mais cedo.

A exceção fica por conta dos municípios em situação de emergência ou estado de calamidade pública. Nesses locais, os repasses são todos feitos já nesta quarta-feira. Veja aqui a lista.

Calendário de setembro do Bolsa Família:

BOLSA FAMÍLIA

Qual o valor do benefício e quem pode receber

O valor mínimo do Bolsa Família é de R$ 600 por família. No entanto, o valor pode ser maior, conforme a composição familiar. Veja os adicionais disponíveis:

  • Benefício Primeira Infância: R$ 150 para famílias com crianças de até 6 anos;
  • Benefício Variável Familiar: R$ 50 para gestantes e jovens de 7 a 18 anos;
  • Benefício Variável Familiar Nutriz: Seis parcelas de R$ 50 para mães de bebês de até seis meses, garantindo suporte alimentar na primeira infância.

Para ter direito ao benefício, a família deve estar inscrita no Cadastro Único (CadÚnico) do Governo Federal, com dados atualizados, e possuir renda mensal per capita de até R$ 218. A inscrição pode ser feita em unidades do CRAS (Centro de Referência de Assistência Social), com CPF ou título de eleitor.

Vale lembrar que a inscrição no CadÚnico não garante inclusão automática no Bolsa Família. A seleção é feita mensalmente de forma automatizada, com base nas regras do programa.

Presidente do Fed diz que tarifas maiores continuam elevando preços em alguns setores nos EUA

 Mercados hoje: investidores esperam discurso de Powell

 

 

O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, afirmou que as tarifas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, continuam pressionando os preços para cima em alguns setores no país. Mudanças nas políticas governamentais continuam a evoluir, e seus efeitos na economia permanecem incertos”, disse em coletiva de imprensa nesta tarde.

“Tarifas mais altas começaram a elevar os preços de algumas categorias de produtos, mas seus efeitos gerais sobre a atividade econômica e a inflação ainda não foram vistos”, acrescentou. De acordo com ele, o cenário-base razoável é que o efeito das tarifas na inflação dos EUA será “breve”. Ponderou, contudo, que também é possível que os impactos inflacionários sejam “mais persistentes”, e esse é um risco a ser avaliado e gerenciado pelo Fed.

“Nossa obrigação é garantir que um aumento único no nível de preços não se torne um problema de inflação contínuo no curto prazo”, afirmou Powell, acrescentando que os riscos à inflação apontam para cima e ao emprego, para baixo. E ambos os lados têm de ser equilibrados. “Julgamos apropriado nesta reunião dar mais um passo em direção a uma postura política mais neutra”, concluiu.

Desinflação no setor de serviços

O presidente do Federal Reserve avaliou ainda que o processo de desinflação parece continuar desacelerando no setor de serviços. “A inflação diminuiu significativamente em relação às máximas registradas em meados de 2022, mas permanece relativamente elevada em relação à meta de longo prazo de 2%”, analisou.

Apesar disso, ele disse que as expectativas de inflação de longo prazo seguem consistentes com meta de 2%.

Powell afirmou ainda que é incomum que demanda e oferta do mercado do trabalho caíam juntos.

Dino cobra da AGU e TCU cronograma para fiscalizar ’emendas Pix’

 Flávio Dino

 

O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta quarta-feira, 17, que a Advocacia-Geral da União (AGU) e o Tribunal de Contas da União (TCU) apresentem, dentro de 15 dias úteis, um plano de fiscalização das chamadas “emendas PIX”. Dino pediu uma “definição objetiva das etapas e datas para a análise, apreciação e/ou julgamento” dos relatórios de gestão das emendas referentes aos exercícios financeiros de 2020 a 2024.

“Lembro que a prestação de contas é um dever, o que se projeta para os órgãos competentes na esfera federal, em se cuidando de dezenas de bilhões de reais do Orçamento Geral da União, que não podem permanecer em zonas de indefinição quanto à aferição da idônea e eficiente aplicação”, escreveu o ministro. No mesmo despacho, Dino esclareceu que a competência para julgar a execução das emendas é do TCU.

Segundo o ministro, julgamentos eventualmente feitos pelos Tribunais de Contas dos Estados e dos Municípios são nulos, “não se prestando a substituir o juízo constitucionalmente reservado ao TCU”. “Tais atos são eivados de vício de competência, pois o exercício da função de julgamento das contas relativas a recursos da União é atribuição exclusiva do TCU”, acrescentou Dino em seu despacho. Nesta semana, o ministro já havia determinado a suspensão de repasses de emendas a nove prefeituras em que a Controladoria Geral da União (CGU) apontou “indícios de crimes” no uso dos recursos.

Do outro lado da Praça dos Três Poderes, a Câmara dos Deputados avança com a “PEC da Blindagem”, que segue agora para o Senado, para dificultar processos criminais contra deputados e senadores. O texto prevê a necessidade de autorização do Congresso para o STF processar parlamentares. Dezenas de políticos já são investigados no Supremo por suspeita de corrupção na destinação de recursos públicos.

Com o despacho, Flávio Dino busca acelerar o andamento das apurações em curso. O ministro também reiterou pedidos para a AGU e a Procuradoria-Geral da República (PGR) enviarem pareceres sobre ações que debatem as emendas.

Espero que Congresso não rasgue Constituição com PEC da Blindagem, diz Simone Tebet

 

A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, disse nesta quarta-feira, 17, esperar que o Congresso não rasgue o regimento interno da Casa e a Constituição ao votar a Proposta de Emenda à Constituição da Blindagem, conhecida como PEC da Blindagem, por dificultar investigações e processos de prisão contra parlamentares.

Segundo a ministra, o fato de o Congresso revisar uma decisão que já foi derrubada em plenário, como o voto secreto para a PEC, que foi derrotado na madrugada, é atacar a democracia e abrir um precedente perigoso. Para ela, o argumento poderia ser usado por políticos que perderem as eleições e quiserem questionar o resultado.

“O voto secreto foi derrotado legitimamente pelos parlamentares que estão contra essa PEC. Revisitar essa questão não só é inconstitucional, mas coloca em risco a democracia como nós conhecemos”, disse.

A ministra também elogiou o Supremo Tribunal Federal (STF), o qual chamou de bastião da democracia e da soberania. “Não existe meia-verdade como não existe meia democracia como não existe meia soberania, ou você tem um povo soberano, o governo é do Brasil e não de nenhum outro País”.

Tebet participou nesta quarta-feira de um seminário sobre risco fiscal judiciário organizado pelos ministérios da Fazenda e Planejamento e pela Advocacia-Geral da União (AGU). Sobre o tema, ela afirmou que a revisão da judicialização fiscal é quase uma reforma administrativa e que o governo mostrará o impacto da crescente judicialização nas contas públicas.

Exportadores de carne driblam tarifas de Trump e projetam crescimento de 14% em 2025

 

As tarifas impostas pelo presidente americano Donald Trump parecem não estar assustando as empresas exportadoras de carne bovina. Mesmo com um adicional de 76,4%, o setor tem trabalhado para realocar seus produtos e projeta um crescimento de 14% em 2025.

No ano passado, as indústrias nacionais embarcaram 2,89 milhões de toneladas de carne bovina para cerca de 150 países. Se confirmada as previsões, as vendas externas poderiam chegar a 3,3 milhões de toneladas neste ano.

“A despeito das tarifas e das questões geopolíticas, o brasileiro, principalmente o setor da pecuária, tem muita capacidade de articulação e realocação dos seus produtos”, disse Roberto Perosa, presidente da Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne).

+ Trump recua e libera celulose brasileira de tarifas para entrar nos EUA

Apesar do otimismo, Perosa reconhece que o mercado dos Estados Unidos é altamente rentável, demandante e que a perda do segundo maior cliente “faz diferença”. “Mas pasmem, mesmo com a tarifa de 76,4% (dos Estados Unidos à carne bovina), ainda existe exportação por conta da competitividade que nós conquistamos”, disse.

Novas alternativas

Na mira de empresas como JBS, Marfrig e Minerva estão os mercados recém abertos para a carne bovina brasileira, como o Vietnã. Perosa disse que o setor ainda trabalha para abrir o Japão, Turquia e Coreia do Sul.

Outros que estão na mira são os países árabes. Amanhã (18), representantes de 22 países árabes do Norte da África e do Oriente Médio serão recebidos em Brasília pelo ministro da Agricultura, Carlos Fávaro. A Câmara Árabe-Brasileira apresentará um estudo, que avalia alternativas para redirecionar a países árabes parte dos produtos brasileiros sobretaxados pelos Estados Unidos, especialmente alimentos.


Ibovespa bate os 145 mil pontos à espera de Fed e Copom; dólar se mantém em R$ 5,30

 

O Ibovespa avançava nesta quarta-feira, 17, renovando máximas e superando os 145 mil pontos pela primeira vez, com investidores à espera da decisão sobre juros do Federal Reserve (Fed), no meio da tarde, e do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil, no início da noite.

Por volta de 11h30, o Ibovespa, referência do mercado acionário brasileiro, subia 0,7%, a 145.065,25 pontos. Já o dólar à vista subia 0,10%, aos R$ 5,3014 na venda.  Veja cotações.

Na terça-feira, o dólar à vista fechou em baixa de 0,44%, aos R$ 5,2987, a primeira vez em 15 meses abaixo de R$ 5,30.

O Copom anuncia a sua decisão a partir das 18h30. A expectativa é de manutenção dos juros no patamar de 15% no Brasil.

Segundo pesquisa do Projeções Broadcast, 74% das instituições consultadas preveem que a taxa fique estável até, pelo menos, o fim deste ano. Ou seja, a redução dos juros só deve começar, para a maior parte do mercado, em 2026.

O Fed anunciará sua decisão às 15h e a expectativa é de anúncio do primeiro corte desde dezembro nos juros dos EUA.

Em Wall Street, a aposta quase geral – por volta de 96% dos analistas consultados – é de que o Fed começará o afrouxamento monetário com um corte de 0,25 ponto porcentual, segundo a plataforma CME Group. Se o movimento se confirmar, os juros americanos passarão para o intervalo de 4% a 4,25% ao ano, após cinco reuniões consecutivas nas quais as taxas permaneceram inalteradas.

Com informações de Reuters e Estadão Contéudo