quarta-feira, 10 de dezembro de 2025

45% das exportações do agro brasileiro seguem sob tarifaço; veja produtos mais afetados

 

Apesar do recuo de Donald Trump em novembro, 45% dos produtos agropecuários exportados pelo Brasil aos Estados Unidos seguem sob as novas tarifas impostas pelo presidente norte-americano. Os dados da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) mostram que setores altamente dependentes dos Estados Unidos, como tilápia, sebo e mel, praticamente zeraram as exportações.

Caso os produtos atualmente afetados continuem sob as tarifas, a CNA estima um impacto negativo de US$ 2,7 bilhões em 2026.

Em coletiva de imprensa nesta terça-feira, 9, a diretora de Relações Internacionais da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Sueme Mori, alertou que, além de avançar nas próprias frentes de negociação, é fundamental que o Brasil acompanhe de perto os acordos que os Estados Unidos firmam com outros mercados.

“É importante falarmos dos acordos que os Estados Unidos vêm firmando com seus parceiros desde abril. Normalmente, a maioria dos acordos que os Estados Unidos têm firmado tem três componentes: acesso a mercado, redução de barreiras tarifárias e redução de barreiras não tarifárias; compromisso de investimentos no mercado americano; e compromisso de compras de produtos agropecuários dos EUA”, explica.

Ela alertou que, por ser um grande exportador de produtos agropecuários para diversos destinos, o Brasil é diretamente afetado quando os Estados Unidos firmam acordos comerciais. Isso porque, ao assumir compromissos de compra com Washington, outros países tendem a substituir parte das importações que fariam do Brasil.

Por essa razão, segundo Mori, é fundamental acompanhar de perto os novos acordos negociados pelo governo americano e avaliar o impacto que eles podem gerar sobre a pauta exportadora brasileira.

Em abril, Trump impôs uma tarifa de 10% sobre cerca de 200 produtos alimentícios, incluindo itens brasileiros. Em julho, o governo americano voltou a pressionar o agro nacional ao anunciar uma sobretaxa de 40% para uma série de mercadorias do Brasil, embora, após pressões internas e negociações com o governo brasileiro, parte desse pacote tenha sido suspensa meses depois — entre elas, suco de laranja e café.

Os setores mais afetados

Balanço das exportações

O balanço divulgado pela CNA mostrou que, em 2025, o agro brasileiro fechou com recorde de US$ 155 bilhões em exportações, US$ 19 bilhões em importações e um saldo comercial positivo de US$ 129 bilhões.

Itens mais exportados do agro brasileiro (jan–nov)

  • Soja em grãos – US$ 42,0 bilhões
  • Carne bovina in natura – US$ 14,9 bilhões
  • Açúcar bruto – US$ 13,3 bilhões
  • Café verde – US$ 11,2 bilhões
  • Celulose – US$ 9,4 bilhões

Principais destinos das exportações

  • China – US$ 52,0 bilhões (+10%)
  • União Europeia – US$ 22,9 bilhões (+5,4%)
  • Estados Unidos – US$ 10,5 bilhões (–4%)
  • Vietnã – US$ 3,2 bilhões (–10%)
  • Índia – US$ 3,0 bilhões (+11%)

Inflação é a menor para novembro desde 2018 e recua para 4,46% em 12 meses

 

O Índice de Preços ao Consumido Amplo (IPCA), a inflação oficial do país, ficou em 0,18% em novembro, ante 0,09% em outubro. Apesar da aceleração, foi o menor para um mês de novembro desde 2018 (-0,21%).

Com o resultado, a inflação acumula alta de 3,92%. Em 12 meses, o IPCA ficou em 4,46%, abaixo dos 4,68% dos 12 meses imediatamente anteriores.

É a primeira vez desde setembro de 2024 (4,42%) que o IPCA em 12 meses volta a ficar abaixo do teto da meta contínua. O centro da meta oficial para a inflação é de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.

O resultado também veio um pouco melhor que o esperado. Pesquisa da Reuters apontou que a expectativa de analistas era de alta de 0,20% em novembro, acumulando em 12 meses alta de 4,49%.

A principal pressão em novembro veio da alta do item passagem aérea (11,9%) e da energia elétrica residencial (1,27%). Já a hospedagem registrou avanço de 4,09% diante da alta de cerca de 178% desse serviço registrada em Belém por conta da realização da COP30. Veja aqui o detalhamento.

Alimentos voltam a registrar deflação

Cinco dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados tiveram aumento de preços. Despesas pessoais (0,77%) e Habitação (0,52%) apresentaram as maiores variações e o maior impacto, seguidos de Vestuário (0,49%), Transportes (0,22%) e Educação (0,01%). Os demais grupos ficaram no campo negativo: Artigos de residência (-1,00%), Comunicação (-0,20%), Saúde e cuidados pessoais (-0,04%) e Alimentação e bebidas (-0,01%).

Os alimentos voltaram a registrar deflação em novembro, com a alimentação no domicílio (-0,20%) caindo pelo sexto mês consecutivo. Destacam-se as quedas dos subitens tomate (-10,38%), leite longa vida (-4,98%) e arroz (-2,86%). No lado das altas, ficaram mais caros óleo de soja (2,95%) e as carnes (1,05%).

A inflação de serviços acelerou de 0,41% em outubro para 0,60% em novembro. Já o índice de difusão, que mede o percentual de subitens que tiveram alta no mês, subiu para 56%, ante 52% no mês anterior.  Já o índice para os alimentícios saiu de 49% em outubro para 64% em novembro.

“Mesmo com este percentual maior de variações positivas nos alimentos, dado os pesos e a magnitude das quedas registradas em alguns subitens, o grupo Alimentação e bebidas encerrou novembro com variação negativa de 0,01%”, afirmou Fernando Gonçalves, gerente do IPCA.

E a Selic cai quando?

Apesar da desaceleração da inflação, o mercado precifica o início da queda da taxa de juros ocorrerá somente em março. Dados do boletim Focus divulgado nesta semana pelo BC com coleta de informações de mais de 100 instituições financeiras mostrou que o mercado passou a apostar que o corte na Selic só virá na segunda reunião do ano que vem do Copom.

O presidente do BC, Gabriel Galípolo, afirmou recentemente que a autoridade monetária vai colocar os juros no nível necessário pelo tempo necessário para que a inflação convirja para a meta, e que deve perseguir o centro do objetivo, não o teto.

Pablo Spyer, conselheiro da Ancord, destaca que a inflação ainda mostra resistência nos núcleos, o deve manter o Banco Central cauteloso. “Entendemos que o início do ciclo de cortes de juros dependerá de sinais mais claros de desaceleração dos serviços e dos administrados”, afirma.

“O BC desde Campos Neto terceirizou para o Focus a condução da política monetária, ou seja, o Copom vai jogar com o manual do Sistema de Metas de Inflação debaixo do braço e simplesmente não vai cortar a taxa enquanto as projeções não entrarem de maneira clara dentro da meta”, avalia o economista André Perfeito.

INPC fica em 4,18% em 12 meses

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), usado para o cálculo do reajuste do salário mínimo e aposentadorias do INSS, registrou alta de 0,03% em novembro. No ano, o acumulado é de 3,68% e, nos últimos 12 meses, de 4,18%, abaixo dos 4,49% observados nos 12 meses imediatamente anteriores.

terça-feira, 9 de dezembro de 2025

Governo anuncia nova redução de impostos de exportação para cadeia de grãos

 Fotos de Graos - Baixe fotos grátis de alta qualidade | Freepik

São Paulo, 9 – O ministro da Economia da Argentina, Luis Caputo, anunciou nesta terça-feira, 9, uma nova redução permanente nos impostos de exportação para a cadeia de grãos e subprodutos. A medida, comunicada via rede social X (antigo Twitter), busca aliviar a carga tributária sobre o setor agropecuário, considerado pelo governo como um dos principais motores da economia local.

A partir da decisão, a alíquota sobre a soja passará de 26% para 24%, enquanto os subprodutos da oleaginosa terão redução de 24,5% para 22,5%. Para o trigo e a cevada, a taxa cairá de 9,5% para 7,5%. O milho e o sorgo terão um ajuste de 9,5% para 8,5%, e o girassol passará de 5,5% para 4,5%.

Caputo afirmou que a eliminação dos impostos é uma prioridade do presidente Javier Milei e que o governo continuará avançando nessa direção conforme as condições macroeconômicas permitirem. “Este passo busca melhorar a competitividade da agroindústria, responsável por cerca de 60% das nossas exportações”, declarou o ministro.

O anúncio ocorre em um momento de queda na receita cambial do setor. Segundo dados da Câmara da Indústria Oleaginosa da República Argentina (Ciara) e do Centro de Exportadores de Cereais (Cec), a receita com exportações de grãos e derivados somou US$ 759,7 milhões em novembro, um recuo de 62% em comparação ao mesmo mês de 2024 e de 32% ante outubro.

A medida também pretende acalmar o setor produtivo. Em janeiro de 2025, o governo havia aplicado uma redução temporária das alíquotas da soja de 33% para 26%, válida até 30 de junho. Com o fim do prazo, as taxas retornaram automaticamente ao nível de 33%, causando insatisfação e incerteza entre os exportadores sobre o rumo da política fiscal.

Próximas etapas na negociação com EUA devem ser positivas, mas não depende de nós, diz Alckmin

 Tarifa

 

 


O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, disse acreditar que as reduções das tarifas aplicadas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros vão ser feitas “passo a passo”. Ele destacou que o total de bens ainda afetados pelo tarifaço caiu de 36% para 22%.

“Essas coisas não dependem de nós. Se dependesse de nós, era 100% para resolver. Eu acredito que vai passo a passo”, declarou o vice-presidente em entrevista ao programa ReConversa, do jornalista Reinaldo Azevedo, no YouTube. “Eles [americanos] estão tirando [tarifas] em etapas. Eu diria que as próximas etapas vão ser positivas”, completou.

 


 

UE investiga Google por usar conteúdos para sua IA sem compensação

 

A União Europeia (UE) anunciou nesta terça-feira (9) uma investigação para determinar se o Google violou suas normas de concorrência ao utilizar conteúdos online de meios de comunicação e outros criadores para alimentar seus serviços de IA sem a compensação adequada.

O objetivo é apurar se o gigante tecnológico americano estaria violando a concorrência ao impor condições injustas aos editores e criadores.

“Uma sociedade livre e democrática depende da diversidade de meios, do acesso aberto à informação e de um ambiente criativo dinâmico”, afirmou a secretária para Concorrência na União Europeia, a espanhola Teresa Ribera.

“A IA traz inovações notáveis e muitos benefícios para pessoas e empresas em toda a Europa, mas este progresso não pode ocorrer à custa dos princípios que estão no coração das nossas sociedades”, acrescentou.

O Google criticou a investigação e disse que poderia “travar a inovação”. “Os europeus merecem se beneficiar das tecnologias mais recentes, e continuaremos a colaborar estreitamente com os setores de notícias e da criatividade”, declarou um porta-voz.

A Comissão, que atua como regulador antitruste da UE, indicou que a investigação se concentrará em duas questões principais.

A primeira é se o Google utilizou vídeos do YouTube para treinar os seus modelos de IA generativa sem pagar de forma adequada aos criadores e sem lhes permitir recusar o uso do seu conteúdo.

“O Google não remunera os criadores de conteúdo do YouTube pelos seus vídeos, nem lhes permite carregá-los sem autorizar que o Google utilize esses dados”, afirmou a Comissão.

“Ao mesmo tempo, as políticas do YouTube impedem que desenvolvedores rivais de modelos de IA utilizem conteúdo da plataforma para treinar os seus próprios sistemas”, acrescentou a UE.

– “Robô” –

A investigação também analisará se a empresa utilizou conteúdo online de outros sites, como páginas de jornais, para oferecer serviços de IA generativa sem compensação ou opção de exclusão.

Isso afeta os resumos gerados por IA do Google, que aparecem nos resultados do buscador, e o chamado Modo IA da empresa, uma aba de pesquisa semelhante a um chatbot que responde às perguntas dos usuários, explicou a Comissão.

A investigação surge após uma campanha da ONG britânica Foxglove, em colaboração com uma organização de editores de imprensa, a Independent Publishers Alliance, e o coletivo Movement for an Open Web (MOW).

Em julho, o grupo solicitou à autoridade britânica de concorrência (CMA, na sigla em inglês) e à Comissão Europeia sua “intervenção urgente para impedir que o Google se aproprie do trabalho dos jornalistas profissionais e o republique em forma de resumos cheios de erros gerados por IA”.

As condições em que os principais atores da inteligência artificial utilizam dados disponíveis na internet, incluindo conteúdos de imprensa, para alimentar e treinar os grandes modelos de IA generativa são objeto de várias ações legais nos Estados Unidos e na Europa.

Alguns titulares de direitos, como escritores, músicos ou editores de imprensa, recorreram aos tribunais pelo uso não autorizado de suas produções.

Os grandes atores da IA generativa baseiam-se na noção jurídica de uso justo (“fair use” em inglês), que poderia limitar a aplicação do direito de propriedade intelectual.

O Google não é o único grupo cujos serviços de IA estão sendo examinados por Bruxelas. Na semana passada, a Comissão Europeia abriu outra investigação sobre as funções de IA no WhatsApp, de propriedade da Meta.

Feminicídio: o quão alto temos que gritar?

 

 

Não é possível que mulheres, além de vítimas, tenham que ser as responsáveis por mudar, sozinhas, um cotidiano de machismo e violência.”Parem de nos matar! Parem de nos matar!” É muito triste que, em 2025, nós, mulheres, tenhamos que tomar as ruas do Brasil com esse grito. Estamos acabando o ano pedindo para continuarmos vivas. Simples e terrível assim. Nossos gritos estão sendo altos e entoados por milhões. No fim de semana, milhares de mulheres tomaram as ruas do Brasil denunciando a violência contra mulher no país.

Temos, mais do que nunca, muitos motivos para gritar. Nas últimas semanas, o Brasil foi atingido por uma avalanche de crimes cruéis contra mulheres.

É importante lembrar seus nomes. Allane de Souza Pedrotti Mattos e Layse Costa Pinheiro, funcionárias públicas do Cefet, no Rio de Janeiro, foram mortas por um colega que não aceitava “ter uma chefe mulher “. Tainara Souza Santos foi atropelada e arrastada por um quilômetro por um carro dirigido por um ex-parceiro, Douglas Alves da Silva. Ela teve as duas pernas amputadas. Em uma pastelaria no interior de São Paulo, Evelin de Souza Saraiva foi atacada com pelo menos seis tiros por um ex-companheiro. No Recife, Isabele Gomes de Macedo e seus quatro filhos morreram carbonizados depois que seu ex, Aguinaldo José Alves, ateou fogo na própria casa.

Esses são apenas alguns exemplos de números de guerra. A cada dez minutos, uma mulher é vítima de feminicídio no mundo. No Brasil, quatro mulheres são assassinadas por dia. Em 2024, 1.459 mulheres foram vítimas de feminicídio no país , um número recorde e que deve aumentar em 2025, como mostram dados divulgados pela Secretaria de Segurança Pública de São Paulo. No estado, foram registrados 207 casos de feminicídio de janeiro a outubro deste ano.

Não conheço nenhuma mulher que não tenha passado as últimas semanas com raiva, tristeza e cansaço, tudo ao mesmo tempo. Mas não podemos nos dar ao luxo de parar. Por isso, no domingo, milhares de nós foram às ruas.

Os “levantes” femininos aconteceram em várias cidades do Brasil e juntaram milhões. Acho que nunca tinha visto manifestações que juntassem tantas “categorias” de mulheres. Ali estavam ativistas anônimas jovens, senhoras, feministas famosas, políticas e celebridades.

Nem todo homem

Tivemos também uma grata surpresa: muitos homens participaram das manifestações. E a violência começou a ser chamada de “violência dos homens contra as mulheres”. Essa justa chamada de responsabilidade foi ecoada até pelo presidente Lula: “O combate ao feminicídio é tarefa de todos nós, especialmente dos homens. Precisamos agir na causa, prevenir novos casos. Conscientizar, denunciar e garantir punição rigorosa para todos os agressores”, escreveu o presidente na rede X.

É importantíssimo que o presidente se manifeste pelo fim da violência contra as mulheres. E mais ainda que ele, ao contrário de muitos dos seus colegas de gênero, não tire o corpo fora e repita o mantra: “mas nem todo homem, eu não sou assim”. Agora, presidente, esperamos que essa indignação se traduza também em mais políticas públicas para combate da violência.

Nós, mulheres, não vamos sair dessa sozinhas. Estamos exaustas e queremos que os homens também assumam sua parte de responsabilidade nesse conto de terror que é ser mulher no Brasil. Não é possível que mulheres, além de vítimas, tenham que ser as responsáveis por mudar, sozinhas, um cotidiano de machismo e violência, onde elas vivem com medo de tudo: de andar na rua de noite a pegar um uber, só para citar exemplos banais.

A saída não é nada fácil, sabemos. Em tempos de redes sociais, o discurso de ódio a mulheres se organiza em comunidades misóginas lucrativas , meninos se identificam com ideias red pill e muitos homens feitos ainda acham que fazer piadas machistas é “liberdade de expressão”.

Nesse cenário, repetimos que é preciso educar os meninos e os apoiar para que eles não virem misóginos. É verdade. Mas essa tarefa de educação não pode ser obrigação só das mulheres. E os pais? Eles vão educar os filhos, ou vão ter a cara de pau de agir como se ensinar às crianças fosse obrigação materna e depois vão bater no peito dizendo que “não são parte do problema, porque afinal, nem todo homem é violento”.

É muito legal ver amigos em manifestações contra a violência às mulheres, mas será que finalmente eles vão parar de falar com aquele homem que é acusado de ter batido na namorada? Vão levantar da mesa quando aquele camarada disser que transou com uma menina “muito bêbada” (o que é estupro)? A lista de coisas que os homens podem fazer para tentar combater a violência contra as mulheres é imensa. E pode nos ajudar a não ficar por mais mil anos tendo que gritar nas ruas: “parem de nos matar”, “parem de nos matar”.

Sim, nós somos incríveis e gritamos tão alto que parece que muita gente agora está prestando atenção no que falamos. Isso é ótimo. Mas precisamos combater o machismo e a misoginia todos os dias. E, para isso, “vamos precisar de todo mundo”. Nós, mulheres, não temos a escolha de parar. Nossas vidas estão em jogo. Mas os homens, repito, também podem continuar em movimento. Há muito o que fazer. E vocês nem precisam esperar que a gente marque atos para tentar mudar esse horror…

_____________________________

Nina Lemos é jornalista e escritora. Escreve sobre feminismo e comportamento desde os anos 2000, quando lançou com duas amigas o grupo “02 Neurônio”. Já foi colunista da Folha de S.Paulo e do UOL. É uma das criadoras da revista TPM. Em 2015, mudou para Berlim, cidade pela qual é loucamente apaixonada. Desde então, vive entre as notícias do Brasil e as aulas de alemão.

O texto reflete a opinião da autora, não necessariamente a da DW.

Alckmin diz acreditar que Selic vai começar a cair ‘se não agora, na próxima reunião’

 

O vice-presidente e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin (PSB), afirmou que a redução da taxa básica de juros, a Selic, deve vir em breve, mas salientou que o governo Lula também precisa fazer um esforço fiscal maior. Ele concedeu entrevista ao jornalista Reinaldo Azevedo, no programa ReConversa, transmitido pelo YouTube.

“Eu estou confiante na questão dos juros, porque a indústria é a mais afetada pela taxa de juros muito alta. (…) Acredito que vai começar a cair a taxa de juros se não agora, na próxima reunião”, disse Alckmin, fazendo referência à reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que ocorre nesta quarta-feira.

Ele justificou que o dólar caiu e o clima e a “supersafra” deste ano favoreceram o recuo no preço dos alimentos. “Os juros caindo, a economia floresce mais rápido”, completou.

Em seguida, ele destacou os dados de desemprego e de inflação no País. “Nós estamos num momento importante, porque quando a inflação está baixa, o desemprego está alto; quando o desemprego está baixo, a inflação está alta. Nós estamos neste momento com 5,4% de desemprego, o menor da série histórica, e com 4,4% de inflação, caindo, isso é raro”.

Ele ponderou: “Claro que a gente não deve ficar em berço esplêndido, não. Nós temos que fazer um esforço fiscal maior, a questão das despesas, mas eu diria que o cenário é um cenário positivo”.

Por fim, ele afirmou que “muita gente” que critica a questão fiscal do atual governo não vê os déficits feitos pelo governo anterior, de Jair Bolsonaro (PL). “O governo do nosso Paulo Guedes, o ‘Chicago boy’, conseguiu fazer um déficit de 9,7% [do PIB]”, criticou. “Nós temos que começar a fazer superávit agora, para estancar o crescimento da dívida e depois ela começar a cair”.