segunda-feira, 22 de dezembro de 2025

Países ricos limitam imigração apesar da falta de mão de obra

 

Políticas de governo e ambiente social anti-imigração restringem ida de trabalhadores para países de alta renda.Um relatório divulgado no mês passado mostrou que a migração de trabalhadores está caindo globalmente, apesar de as sociedades envelhecidas nos países ricos se verem confrontadas com uma crescente escassez de mão de obra.

Esse declínio global começou bem antes da reeleição do presidente Donald Trump, que fez sua campanha eleitoral em 2024 com a promessa de restringir drasticamente a imigração.

De acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que monitora as políticas econômicas e sociais globais, a migração relacionada ao trabalho para seus 38 países membros caiu mais de um quinto em 2024 (21%).

Essa queda foi impulsionada menos pela demanda do que pela crescente oposição política à imigração e por regimes de vistos mais rigorosos em países de economias avançadas, constatou o relatório Perspectivas da Migração Internacional 2025. Em contraste, a migração temporária para trabalhar continuou aumentando.

Declínio impulsionado por dois países

A maior parte do declínio mundial na migração laboral permanente foi impulsionada por mudanças nas políticas de dois países: o Reino Unido e a Nova Zelândia .

Na Nova Zelândia, a queda esteve ligada ao fim de um programa de residência pós-pandemia que permitiu a mais de 200 mil imigrantes temporários e seus dependentes se estabelecerem de forma permanente. Esse programa se encerrou em julho de 2022.

No caso do Reino Unido, após o Brexit , o governo local reformou o visto para trabalhadores da saúde e assistência social, restringindo os critérios de elegibilidade dos empregadores e proibindo a entrada de dependentes, o que resultou numa forte redução nos pedidos de visto.

A OCDE destacou justamente a área da saúde como um setor onde restrições desse tipo podem agravar a escassez de mão de obra.

A especialista em migração Seeta Sharma, que assessorou as Nações Unidas e o governo da Índia, alerta que as reformas feitas pelo Reino Unido, incluindo também uma medida para restringir os critérios de elegibilidade para estudantes internacionais que desejam trabalhar após a formatura, podem ser contraproducentes para o país.

“É a transição dos estudos para o trabalho que está sendo restringida”, explica Sharma. “Se isso acontece, as inscrições diminuem, pois os indianos, por exemplo, não vão mais gastar grandes somas em educação no exterior se não houver um retorno claro do investimento.”

Políticas de governo

No caso dos Estados Unidos, limites mais rígidos para os vistos H-1B (o principal programa que permite a profissionais estrangeiros de áreas como tecnologia, engenharia e medicina trabalharem no país) foram introduzidos durante o governo do presidente Joe Biden.

Desde então, Trump aumentou substancialmente o custo do visto para os empregadores , de entre 2 mil e 5 mil dólares para 100 mil dólares. A agenda política do republicano, de um modo mais amplo, tem se concentrado em limitar as vias de imigração permanente.

A Austrália , por sua vez, elevou os limites salariais para vistos de trabalho qualificado, enquanto o Canadá ajustou as vias de imigração para trabalhadores temporários, contribuindo também para o declínio mais amplo na imigração relacionada a empregos.

Os países nórdicos também registraram grandes quedas, com a Finlândia tendo uma queda de 36% em comparação com 2023.

Na Alemanha , as políticas de imigração mais rígidas do ex-chanceler federal Olaf Scholz contribuíram para uma queda de 12% nos fluxos de imigração permanente em 2024, quando 586 mil trabalhadores estrangeiros entraram no país. O número de pessoas que chegaram com vistos de trabalho foi 32% menor do que no ano anterior. Essas reformas foram ampliadas pelo governo do novo chanceler federal, Friedrich Merz .

O professor de economia Herbert Brücker, da Universidade Humboldt de Berlim, diz que esse declínio cria problemas para a economia alemã. “Nós precisamos da migração para substituir os trabalhadores que se aposentam. Sem ela, não conseguimos manter a oferta de mão de obra estável.”

Alta demanda por trabalhadores na UE

Em toda a União Europeia (UE), cerca de dois terços dos empregos criados entre 2019 e 2023 foram preenchidos por cidadãos de países de fora do bloco europeu, de acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), o que destaca a dependência da Europa da mão de obra externa.

Globalmente havia 167,7 milhões de trabalhadores migrantes em 2022, segundo estimativas da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Isso representava 4,7% da força de trabalho global total. Mais de dois terços deles, ou 114,7 milhões, viviam em países de alta renda.

Apesar da queda em 2024, a migração global relacionada ao trabalho permanece acima dos níveis pré-pandemia de covid-19. O que o relatório da OCDE revela é como esses fluxos podem ser abruptamente interrompidos por decisões políticas, baseadas em temores sociais sobre a imigração ilegal e não na real demanda econômica, que permanece em níveis elevados.

A agenda do segundo mandato de Trump amplificou essa dinâmica, com decretos executivos para restringir a imigração legal e ilegal. O governo Trump argumenta que essas medidas são necessárias para proteger os trabalhadores americanos.

Opção pelo trabalhador temporário

Já a migração laboral temporária ou sazonal manteve-se estável em 2024, mesmo com a diminuição dos fluxos permanentes, de acordo com o relatório da OCDE.

Isso reflete a opção de governos dos países ricos por programas de curto prazo que podem ser expandidos ou reduzidos conforme a necessidade. “A ideia é: ‘Vamos trazer pessoas quando quisermos e fechar as portas quando não quisermos. Só não vamos ter essa gente ‘diferente’ em nosso país para sempre'”, critica Sharma.

Os programas de trabalhadores sazonais e temporários estavam com alta demanda na Austrália, na Europa e na América do Norte, onde empregadores nos setores agrícola, de cuidados e de construção preencheram lacunas em sua força de trabalho com eles.

A OCDE observa que os programas de migração temporária também estão cada vez mais sendo utilizados pelo setor de tecnologia e outros altamente qualificados.

Dificuldades para a integração

Além de tentar atrair mais trabalhadores estrangeiros, a OCDE instou as economias avançadas a integrá-los melhor ao mercado de trabalho. Entre as medidas essenciais sugeridas estão os cursos de idiomas e o acesso a serviços sociais, juntamente com o reconhecimento das qualificações obtidas nos países de origem. Muitas vezes, os imigrantes são empregados em trabalhos de qualificação abaixo da sua formação.

Brücker, que é pesquisador de migração no Instituto Alemão de Pesquisas sobre Emprego (IAB), observa que as reformas destinadas a tornar a maior economia da Europa mais atraente para trabalhadores estrangeiros não funcionaram devido a processos lentos e à burocracia.

“O reconhecimento de diplomas e treinamento profissional leva anos e isso dificulta a vinda de trabalhadores qualificados”, diz. O resultado é que a Alemanha tem hoje um déficit de cerca de 3 milhões de trabalhadores.

A OCDE também insta os governos a criar caminhos mais claros para que trabalhadores migrantes temporários façam a transição para o status de permanentes, garantindo que suas habilidades sejam totalmente utilizadas e reduzindo a escassez de mão de obra.

Embora Trump frequentemente fale positivamente sobre a necessidade de imigração baseada em competência, o primeiro ano do seu segundo mandato foi marcado por esforços para desmantelar essas vias.

Sharma observa que a retórica frequentemente raivosa de Trump e outros líderes de direita sobre imigração envia “ondas de choque” e molda percepções em outros países. “A história que está sendo contada é que este é um país hostil, onde é difícil conseguir um emprego. Essas narrativas desempenham um papel enorme nos movimentos migratórios”, diz Sharma.

Governo recolhe lotes de quatro marcas de café de SP, ES e TO

 

Análises realizadas pelos Laboratórios Federais de Defesa Agropecuária (LFDA) do Ministério da Agricultura detectaram matérias estranhas e impurezas acima dos limites previstos nas normas vigentes em quatro marcas de café do Brasil. Diante das irregularidades identificadas, o ministério desclassificou e recolheu os lotes afetados.

A marca mais atingida pela ação do governo foi a Terra da Gente, produzida por duas indústrias paulistas diferentes: Terra da Gente Indústria e Comércio de Café e Solveig Indústria e Comércio de Café. A empresa teve 18 lotes apreendidos nas variedades extra forte e tradicional.

Outra marca paulista, a Made in Brazil, apresentou impurezas e matérias estranhas acima dos limites permitidos em dois lotes. A marca é produzida pela MF Indústria Paulista de Café

Já a marca Jalapão, do Tocantins, teve dois lotes apreendidos, sendo um da variedade tradicional e outro da extra forte. No Espírito Santo, a marca Q-Delícia, produzida pela C. N. dos Anjos Café Nunes Zum, apresentou irregulares em um único lote. Porém, a empresa capixaba sequer pussui registro no Ministério da Agricultura.

Os cafés foram adquiridos pelo Ministério da Agricultura em estabelecimentos do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Mato Grosso, Tocantins e Ceará. Para quem já adquiriu as marcas recentemente, o Ministério da Agricultura recomenda que o produto não seja consumido e seja solicitada a substituição conforme o Código de Defesa do Consumidor.

Camex aplica antidumping por até 5 anos sobre fibras ópticas e cabos da China

 Logotipo do PCN — Ministério do Desenvolvimento, Indústria ...

O Comitê Gestor da Câmara de Comércio Exterior (Camex) aplicou por até cinco anos o direito antidumping definitivo sobre as importações de fibras ópticas e cabos desse material originárias da China.

As decisões, publicada no Diário Oficial da União (DOU), abrangem fibras ópticas do tipo monomodo, com diâmetro de núcleo inferior a 11 micrômetros, e também os cabos de fibras ópticas, com ou sem conectorização.

“Em que pese a inexistência de investigações de defesa comercial anteriores sobre fibras ópticas, registra-se a existência de investigação em curso para averiguação da prática de dumping nas exportações de cabos de fibra óptica, com revestimento externo de material dielétrico e com ou sem conectorização, comumente classificadas no subitem 8544.70.10 da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM), originárias da China. Tais produtos são fabricados a partir das fibras ópticas objeto da presente investigação”, detalhou órgão.

Cerâmicas, Pneus e Para-brisas

O Comitê Gestor da Camex também prorrogou por mais cinco anos o direito antidumping definitivo aplicado sobre as importações de objetos de louça para mesa originários da China. O Brasil já aplica sobretaxa sobre esses produtos desde 2012.

O órgão ainda prorrogou por mais cinco anos o direito antidumping definitivo aplicado sobre pneus novos de borracha para automóveis de passageiros, importados da Tailândia e Taipé Chinês. Nesse caso, a sobretaxa já é aplicada desde 2014.

A Camex também estendeu à Malásia o antidumping aplicado aos vidros de para-brisas importados da China desde 2016.

Arrecadação federal alcança R$ 226 bi e bate recorde para novembro; no ano, passa de R$ 2,6 tri

 

A arrecadação do Governo Federal chegou a R$ 2,62 trilhões no acumulado de 2025 até o mês de novembro. O desempenho representa um crescimento real de 3,25% em comparação ao mesmo período do ano passado. Em novembro, a arrecadação federal foi de R$ 226,7 bilhões, um aumento de 3,75% em comparação ao mesmo mês de 2024.

O IOF apresentou uma arrecadação de R$ 8,61 bilhões no mês de novembro, representando crescimento real de 39,95%. Segundo o Banco Central, esse desempenho pode ser justificado pelas operações relativas à saída de moeda estrangeira e pelas operações de crédito destinadas a pessoas jurídicas, ambas decorrentes de recentes alterações na legislação.

Já a Receita Previdenciária teve uma arrecadação de R$ 58,35 bilhões, com crescimento de 2,77%. Esse resultado se deve ao crescimento real de 4,15% da massa salarial. Além disso, houve crescimento de 20,75% no montante das compensações tributárias com débitos de receita previdenciária, em novembro de 2025 em relação a novembro de 2024.

Com o PIS/Pasep, o governo arrecadou R$ 49,6 bilhões, o que representou aumento de 3,15%. Na análise do Banco Central, o desempenho é resultado do decréscimo de 0,32% no volume de vendas (PMC-IBGE) e do aumento de 2,16% no volume de serviços (PMS-IBGE) entre dezembro de 2024 e outubro de 2025, em relação ao período compreendido entre dezembro de 2023 e outubro de 2024.

“Salienta-se o desempenho positivo das entidades financeiras, atividades de prestação de serviços de informação e fabricação de equipamentos de informática e eletrônicos; e negativo no setor de captação, tratamento e distribuição de água e de fabricação de bebidas”, diz o relatório do BC.

O brasileiro é a ‘principal propaganda’, diz Freixo sobre recorde de estrangeiros no país

 

O Brasil recebeu 9 milhões de turistas estrangeiros em 2025, um recorde da série histórica iniciada em 1974. O número representa um crescimento de cerca de 35% em relação a 2024, quando 6,7 milhões de turistas de fora vieram para o país.

Em entrevista exclusiva à IstoÉ Dinheiro, Marcelo Freixo, presidente da Embratur, avalia que a marca é fruto da ‘profissionalização’ da agência de promoção do Brasil no exterior e na valorização do brasileiro como maior ativo do país. “Nós depositamos sobre o brasileiro a principal propaganda do país, e não apenas sobre um destino”, seguindo a velha máxima de que ‘o melhor do Brasil é o brasileiro’.

A estratégia passa também por propagandear os ‘Brasis’ do país, ou seja, mostrando a diversidade não só de destinos como de culturas, gastronomia, festas, culturas e tradições que fazem parte da nossa identidade nacional. Para sair do esteriótipo do samba, praia e futebol, Freixo diz que em nenhum momento o Brasil foi vendido como “exótico”, mas como “espetacular”.

O volume histórico de turistas também gerou recorde na receita com o turista internacional no país, de mais de US$ 8 bilhões (cerca de R$ 45 milhões) contra US$ 7,3 bilhões em 2024. “É importante destacar que o turismo já representa 8% do Produto Interno Bruto (PIB)”, disse Freixo ao comentar os números. Ele diz que o resultado deve-se também a um trabalho segmentado para cada estado do país e muito baseado em inteligência de dados. E reforça: “O Brasil hoje é o país é sim da moda”.

A seguir, os principais pontos da entrevista:

O Brasil bateu recorde de visitantes estrangeiros. Como a Embratur avalia essa marca histórica do ponto de vista de ações estratégicas para a divulgação da ‘marca Brasil’ no exterior?

Marcelo Freixo: É uma construção. Nós assumimos em 2023 e profissionalizamos a gestão da Embratur, trazendo muitos técnicos e criando um planejamento baseado em inteligência de dados. Todas as ações de promoção são centradas nisso: temos estudos de cada mercado, de malhas aéreas e de tendências. Profissionalizamos a capacidade de promoção com uma competência que não existia na história da agência. Isso tem dado resultados há três anos. Isso não começou agora, isso não é uma sorte. Então o Brasil deu azar esse tempo todo e agora deu sorte e e as pessoas resolveram vir para cá? Não, né?!

O Brasil passou por Copa e Olimpíada, mas o momento de o mundo mais visitar o país é agora. Nós tivemos bons resultados em 2023, em 2024 e, em 2025, o Brasil explode. É um crescimento que a gente vem computando e entendendo que as suas origens é essa qualidade da promoção feita desde 2023. E que em 2025 colhemos a melhor safra.

Marco de 9 milhões de turistas estrangeiros oficializado no Turistômetro da Orla de Copacabana, no Rio de Janeiro (Crédito:Marcio Menasce / Embratur)

Em 2023, batemos o recorde de receita com 6,9 bilhões de dólares. No segundo ano, batemos o recorde de receita de novo e o de turistas, com 6,7 milhões de pessoas e 7,3 bilhões de dólares arrecadados. Agora, em 2025, o Brasil explode: tivemos um crescimento de 40% de turistas internacionais em relação a 2024. Chegamos a 7 milhões em setembro, 8 milhões em novembro e estamos chegando a 9 milhões de turistas. Todas as regiões cresceram.

O Brasil, de fato, entrou no circuito de desejo mundial

Quando você cita essa profissionalização, isso envolve uma iniciativa específica de branding, com novos slogans e segmentação de comunicação para os diferentes países?

Marcelo Freixo: Exatamente. Nós recuperamos a marca Brasil e trabalhamos campanhas multidirecionadas. Fizemos um plano de marketing internacional, que é o plano Brasilis. O Brasil é um país único, mas que nunca foi um só. Fizemos esse plano e lança um plano internacional em cada uma das unidades da federação, com o que cada estado tem que fazer para atrair mais turistas internacionais. Sabemos perfeitamente, por meio de inteligência de dados, para onde cada mercado vai e capacitamos cada uma das unidades da federação para ter o seu plano de marketing mais eficiente. Ou seja, isso nos trouxe esses números que realmente são incríveis. 

Recentemente, fizemos uma campanha na Europa, durante a WTM (a feira World Travel Market) em Londres, chamada “It’s a Vibe”. Nós depositamos sobre o brasileiro a principal propaganda do país, e não apenas sobre um destino. Isso pegou muito bem no mercado europeu, essa coisa da receptividade brasileira, da alegria brasileira. Tem uma coisa de uma cultura popular muito forte do Brasil e onde tem um impacto muito grande no mercado europeu. Então a gente trabalhou exatamente essa ideia de um Brasil acolhedor no momento onde o mundo tá precisando disso.

O Brasil é espetacular, mas o Brasil sempre foi espetacular, mas o mundo vinha para cá. Então, esse Brasil espetacular, ele agora é o Brasil espetacular e visitável.

Apesar do recorde de visitantes, o país ainda tem um grande potencial para ampliar ainda mais esse volume, principalmente quando vemos números de outros países com muito menos ofertas ‘turísticas’ que o nosso. Qual a estratégia para seguir crescendo?

O Brasil hoje é o país é, sim, da moda. Só que a moda é uma coisa que pode passar. A gente não quer que passe. Queremos que seja uma tendência e que o Brasil cresça, continue crescendo a cada ano. O importante é que isso é muita geração de emprego e renda. Então, o turismo não é sobre quem viaja, o turismo é sobre quem recebe. Essa é uma frase que eu uso todos os dias aqui dentro da Embratur. O turismo é geração de emprego e renda, é uma economia e um modelo de desenvolvimento sustentável.

Entre as ações, estamos lançando com o Ministério da Cultura uma comissão nacional para atrair filmagens internacionais. Hoje, 44% dos norte-americanos escolhem destinos a partir de filmes ou séries. 

Também criamos o Mercado Lab, onde trabalhamos muito com a ideia da inovação e turismo. E os dados, essa segmentação, apontam para uma diversidade de possibilidades e formas de divulgar o país, tanto quando o Brasil é diverso.

Quando a gente estuda o mercado, você vê que tem uma diferença muito grande, por exemplo, o que o chinês gosta de visitar, é diferente do português, diferente do italiano, do alemão… E o Brasil tem tudo. Qual é o país que tem todas as possibilidades? O Brasil tem Amazônia, Pantanal, sol e praia, praia na cidade, praia deserta, praia cheia, praia de água quente, praia de água vazia… é explorar essa diversidade de interesses com a nossa diversidade de oferta. Essa diversidade, ela ela nos favorece dialogar com o mundo inteiro.

É olhar para o produto que é adequado para aquele tipo de público e falar diretamente com aquela pessoa que a gente precisa falar. Vão ter vários exemplos como esses ao longo do ano, novos voos, novos destinos, novos produtos, que a gente vai trabalhando, conectando para ampliar esse mercado.

Poderia citar um exemplo dessa segmentação?

Marcelo Freixo: Gostaria de mencionar o Afroturismo, que é um carro-chefe. Conseguimos um novo voo ligando Salvador ao Panamá, pela Copa Airlines, começando em janeiro. Isso facilita a chegada de norte-americanos negros, que são o maior público de afroturismo no mundo, à Bahia.  Então, a gente vai fazer o trabalho agora junto com o governo da Bahia para falar: “Olha, agora tá mais fácil chegar na Bahia”.

Tivemos o Brasil ganhando Oscar neste ano, os shows históricos de Madonna e Lady Gaga em Copacabana e a Dua Lipa curtindo o Rio de Janeiro (e postando), para citar alguns casos. O senhor avalia que o Brasil se destacando na cena pop, especialmente na música e no cinema – e nas redes sociais, tem impacto nessa divulgação espontânea e positiva a ponto de atrair turistas para cá?

Marcelo Freixo: Ajuda demais. O mundo hoje é conectado. Quando uma artista de repercussão internacional vai a um botiquim no Rio — aqui botiquim não é pejorativo não, pelo contrário, é um dos sabores e saberes do Rio de Janeiro — isso chega ao mundo todo. Quando uma artista de repercussão internacional circula nesse Rio de Janeiro, isso chega no mundo. E mais eficiente do que muitas campanhas publicitárias. E esses grandes eventos em Copacabana só geraram notícias positivas. 

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Dua Lipa em visita ao Cristo Redentor durante sua passagem pelo país (Crédito:Reprodução/Instagram)

E os eventos políticos, como G20 (em novembro de 2024), a COP30 e até mesmo as agendas internacionais do presidente Lula?

Marcelo Freixo: Muito. Dou o exemplo da França: o último presidente francês a visitar o Brasil tinha sido o [Nicolas] Sarkozy (em 2029). O presidente Lula dedicou o primeiro ano a reconstruir essa imagem e a cultura da diplomacia. O fato de o presidente Lula ter dado muita importância, como sempre deu, à cultura da diplomacia, às relações entre os países e  imagem do Brasil`, nos favoreceu muito na hora de promover o Brasil como um destino.

O Macron vindo para cá em uma visita “instagramável” (quando esteve na Amazônia com o presidente Lula em março de 2024), e para o mundo inteiro, por exemplo, teve o seguinte resultado: o número de franceses visitando o Brasil aumentou 25% do ano passado para este.

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Presidente Lula e Presidente Emmanuel Macron visitam Sumaúma em Belém (PA), em março de 2024 (Foto: Ricardo Stuckert / PR) (Crédito:Ricardo Stuckert / PR)

Houve uma mudança na percepção do estrangeiro? Antigamente a promoção era muito focada no samba, praia e futebol. Hoje eles enxergam o Brasil de forma diferente?

Marcelo Freixo: Acho que sim. O turismo que nos interessa é o responsável. Nossas campanhas são pedagógicas: em nenhum momento vendemos o Brasil como “exótico”, mas como “espetacular”. Trabalhamos com sustentabilidade, inclusão e respeito ao meio ambiente. Temos um lema: um Brasil bom para o turista tem que ser, antes de tudo, um Brasil bom para o brasileiro morar.

Quais são os maiores desafios hoje na atração de estrangeiros ao país? Seria a violência, infraestrutura, a dimensão territorial…?

Marcelo Freixo: O maior desafio hoje é a malha aérea. Há uma crise aérea mundial, falta de aviões disponíveis e os preços precisam ser mais acessíveis. Apesar de a malha brasileira ter aumentado muito. Ano passado aumentou 16%, e a média mundial foi de 8%. Então a gente conseguiu ter uma um aumento de uma malha área internacional de o dobro da média mundial.

Sobre a segurança, o desafio é mundial, mas o turismo ajuda a trazer segurança. quanto mais turismo, uma atividade econômica, mais seguro o Brasil será. Porque o turismo traz mais mobilidade, maior visibilidade, maior número de eventos, traz emprego e renda. Então, o turismo, ele é também uma solução para os lugares se tornarem mais seguros.

O turismo de natureza e aventura no Brasil não tem problemas de segurança; os desafios nas grandes cidades são similares aos de outros grandes destinos mundiais, como o México, que é um dos mais visitados do mundo.

Os dados mostram que a maioria dos visitantes vem da América Latina (Argentina, Chile, etc.). Existe uma estratégia específica para atrair turistas de fora do continente?

Marcelo Freixo: Sim, embora a proximidade seja determinante — pesquisas mostram que a tendência são viagens internacionais de até 5 horas. Mas os EUA já são nosso terceiro maior mercado, e a França está entre os cinco. Estamos crescendo consistentemente na Europa e América do Norte.

O que está programado para o último ano da gestão atual, em 2026?

Marcelo Freixo: Vamos consolidar o Plano de Marketing Internacional (Plano Brasilis) em todos os estados. Também estamos criando uma plataforma de capacitação para que a “ponta” (quem recebe o turista). Queremos que o poder público entenda que o turismo é uma solução de desenvolvimento. Hoje, o turismo representa 8% do PIB, enquanto o petróleo representa 12%.


Copo meio cheio ou meio vazio: veja como foi 2025 na economia em 7 gráficos

 

Se perguntarmos para qualquer economista se a economia brasileira foi bem ou mal em 2025 a resposta será sempre a mesma: depende. Basicamente, alguns indicadores apresentaram ao longo do ano sinais claros de melhora. É o caso do PIB, que deve fechar o ano com crescimento acima da expectativa inicial do mercado, e da inflação, que ficou dentro da meta, porém, ainda longe do centro da meta. Por esse motivo, o Banco Central manteve a taxa de juros em patamares bastante elevados, gerando críticas do presidente Lula e do próprio ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ao logo de todo ano.

Haddad, inclusive, chegou a dizer que os indicadores da economia não estavam sendo reconhecidos pelo mercado e pela imprensa. Ele chegou a dizer que está muito difícil manter a relação com o mercado. De fato, alguns indicadores evoluíram, como mostram os gráficos abaixo, porém, outros ainda levam investidores e agentes do mercado a manter uma certa cautela.

O cenário para 2026 deve ser de queda da Selic e de acomodação das taxas em patamares menores. A IstoÉ Dinheiro conversou com os economistas-chefes do Inter André Valério, e do Warren, e Felipe Salto, sobre os motivos dos números bons em 2025 e as perspectivas para 2026.

Selic nas alturas

O ano de 2025 foi marcado por uma postura rigorosa do Banco Central para conter a inflação, levando a taxa Selic a patamares que não eram vistos há quase duas décadas. A trajetória foi de elevação acentuada no primeiro semestre, seguida por uma estabilização em níveis elevados durante a segunda metade do ano.

O câmbio elevado no início do ano e a inflação acima do teto da meta levaram o Copom a aumentar o rigor no controle para depois estabilizar a taxa. Além disso, as incertezas sobre o controle das contas públicas e o aumento da dívida pública elevaram os prêmios de risco, obrigando o Banco Central a manter sua política monetária contracionista.

Agora, as expectativas se voltam para o início de  2026. Algumas apostas apontam para o início do corte já em janeiro, mas há quem acredite que isso ocorrerá apenas em março.

PIB surpreende

Apesar de um aumento menor em comparação com os 3,4% de 2024, o crescimento Produto Interno Bruto (PIB) de 2025 deve atingir 2,25% de acordo com o mercado financeiro. O número é levemente acima do projetado em janeiro, que foi de 2,02%. Valério aponta que o crescimento foi “robusto”, mas que o terceiro trimestre mostrou uma “perda de força reflexo da política monetária”.

Prova disso é o Índice de Atividade Econômica (IPC-BR) do Banco Central que mostrou desaceleração de 0,2% em outubro em comparação a setembro. O último crescimento foi registrado em agosto. O índice é considerado a prévia do PIB.

No último levantamento, o destaque foi para o setor da agropecuária, que registrou crescimento de 3,1%. Indústria e serviços registraram baixas de 0,7% e 0,2%, respectivamente.

Desemprego bate mínimas históricas

Outra boa notícia de 2025 para a economia foi a taxa de desemprego. De acordo com o IBGE, ela ficou em 5,4% no terceiro trimestre do ano, menor valor da história para o período. Os destaques, de acordo com o Caged, foram os setores de Serviços, com 961.016 vagas criadas e a indústria, com  305.641 novos postos.

Salto explica que o mercado de trabalho apresenta uma dinâmica positiva por conta de um ganho de produtividade econômica e questões demográficas. “Para 2026, a tendência deste final de ano, como mostram os principais indicadores, deverá se manter”, aponta.

A perspectiva do mercado para 2026 é uma leve piora no quadro, que deve chegar a 6% no final do ano.

Inflação de volta pra meta antes do previsto

Os índices de inflação também apresentaram números melhores do que o previsto no começo do ano para a economia. De acordo com o Boletim Focus publicado em 10 de janeiro, a tendência era mais um ano com a inflação fora da meta, a 5% em 2025. No entanto, com o IPCA de 0,18% em novembro, a inflação em 2025 deverá voltar para dentro do teto da meta, a 4,46%.

Valério explica que a entrada na meta do BC estava prevista pelo mercado para o primeiro trimestre de 2026, mas que a política de juros altos do BC fez com que ela abaixasse antes da hora.

“Houve uma antecipação significativa do retorno da inflação para dentro do limite da meta. O Banco Central (BC), após o descumprimento da meta em junho, havia projetado que só conseguiria entregar a inflação dentro do teto da meta ao fim do primeiro trimestre de 2026”, explicou.

“A política monetária está gerando os efeitos pretendidos. Os juros estão bastante elevados, há bastante tempo, de modo que a atividade econômica e a inflação sentem esses efeitos. Além disso, o papel da taxa de câmbio foi central. A perda de valor do dólar, derivada da nova política econômica dos EUA, nos ajudou”, acredita Salto.

Os dois economistas ouvidos pela reportagem e o mercado financeiro não enxergam a inflação como um problema para 2026, mesmo com a queda de juros esperada para o começo do ano. “Os juros, mesmo com o Banco Central iniciando movimento de queda, logo, logo, ainda estarão em níveis elevados, tanto em termos reais como nominais”, encerrou Salto.

Dólar cai por conta de estratégia do governo Trump

Até o dia 19 de dezembro, o dólar já havia caído  10,49% em relação ao real em 2025. Os economistas ouvidos pela IstoÉ Dinheiro foram unânimes em afirmar que a queda da moeda norte-americana, que se repetiu na maioria dos países, se deve a estratégia do governo Donald Trump. O índice Dxy (que mede o valor do Dólar contra uma cesta de moedas) saiu de um patamar de 110 para 98, indicando uma grande desvalorização do Dólar frente a todas as moedas.

Na virada de 2024 para 2025 o dólar viveu um momento de disparada. Em 1° de janeiro o dólar comercial fechou o dia em R$ 6,18, mas ao longo do ano desenhou uma trajetória de queda já em fevereiro, já trazendo reflexos para a economia. Mas foi no dia 11 de novembro que a moeda americana bateu na mínima do ano, cotada a R$ 5,27. Já na última sexta-feira, 19, o dólar terminou o dia cotado a R$ 5,53. 

“O governo Trump tem utilizado essa reorganização para tentar melhorar a questão industrial americana, buscando trazer empregos industriais de volta, o que exige um Dólar mais enfraquecido”, explicou Valério.

Recorde do Ibovespa

O ano de 2025 também foi marcante para o Ibovespa, principal índice de ações da bolsa brasileira, por conta de diversas renovações de recordes.

O Ibovespa passou boa parte do ano em trajetória de alta, renovando recordes históricos e superando os 164 mil pontos pela primeira vez na história, refletindo um mix de fatores que voltaram a colocar o Brasil no radar dos grandes players  globais da economia. O mercado ainda acredita que há espaço para mais altas, por conta do preço baixo da bolsa brasileira.

“A gente tem muito espaço para avançar ainda. Um exemplo é que a bolsa chilena subiu 53% esse ano, contra 30% do Ibovespa”, afirmou Matheus Amaral, especialista em Renda Variável do Inter.

Amaral também reforça que a bolsa brasileira é “descontada” na comparação com os demais países emergentes, ou seja, ela é mais barata e entrega uma taxa maior de lucro, entre 9,5 e 10 vezes.

 

Contas Públicas

Os economistas acreditam que o calcanhar de Aquiles da economia brasileira é o fiscal. Apesar de defender o trabalho do Ministro da Fazenda Fernando Haddad nessa área, Salto afirma que o o déficit primário em 2026 ainda tende a ser relevante e não vê o governo agindo de forma relevante em ano eleitoral.

“Neste final de 2025, o governo correu atrás da aprovação de projetos, como o corte de benefícios tributários, para garantir alguma tranquilidade no ano que vem. Mesmo assim, não será fácil, porque a meta fiscal é bastante ousada para 2026: um superávit de R$ 34,3 bilhões”.

Valério acredita que o vencedor das eleições, qualquer que seja, precisará aprovar um novo arcabouço fiscal para 2027. “O atual modelo é insuficiente para garantir a convergência fiscal a longo prazo”, afirma.

 

sexta-feira, 19 de dezembro de 2025

Reunião do CMC apresentará vários resultados concretos para integração do Mercosul, diz Vieira

 

 Conselho do Mercado Comum realizou sua LXVI Reunião ...

 

 

A 67ª reunião do Conselho do Mercado Comum (CMC), órgão decisório de nível ministerial do Mercosul, apresentará vários resultados concretos para a integração regional, disse o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, na abertura da reunião, que ocorre em Foz do Iguaçu.

Na ocasião, Vieira submeteu a proposta de agenda da reunião às autoridades presentes, que chegaram por volta das 10h35 no local. O primeiro tema é o relatório da Presidência Pro Tempore brasileira do Mercosul, com o ministro convidando a secretária de América Latina e Caribe do Ministério das Relações Exteriores (MRE), embaixadora Gisela Padovan, “para fazer um breve relato das atividades” do que foi feito pelo Brasil durante o segundo semestre de 2025, quando ocupa a Presidência Pro Tempore do bloco.

Também na abertura da reunião, Vieira destacou que tem “satisfação de observar que tivemos bons avanços nas prioridades que apresentamos no início do semestre”, sem entrar em detalhes.

No início da fala de Padovan, a embaixadora disse que o Brasil seguiu “trabalhando pelo objetivo de aperfeiçoar nossa união aduaneira por meio de uma rede coesa e consistente”. A imprensa, que estava presente para a abertura da reunião, foi convidada a se retirar após as falas iniciais. O restante da agenda que será debatida pelos membros do Mercosul não havia sido apresentada até o fechamento deste texto.

A reunião do CMC antecede a 67ª Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul e Estados Associados, que ocorrerá neste sábado, 20, também em Foz do Iguaçu e quando o Brasil deve passar o bastão para o Paraguai assumir a Presidência Pro Tempore do bloco.