Atuação:
Consultoria multidisciplinar, onde desenvolvemos trabalhos nas seguintes áreas: fusão e aquisição e internacionalização de empresas, tributária, linhas de crédito nacionais e internacionais, inclusive para as áreas culturais e políticas públicas.
As
micro e pequenas indústrias têm buscado recursos no mercado para
financiar suas operações, mas apenas 40% delas estão conseguindo sair
dos bancos com contratos de empréstimos assinados. Mais da metade dos
empresários deste segmento da indústria, 60%, deixam as agências
bancárias com o pedido de empréstimo negado. É o que mostra a 13ª edição
da Pesquisa Indicador Nacional da Micro e Pequena Indústria de maio,
realizada pelo Sindicato da Micro e Pequena Indústria (Simpi) em
parceria com o Datafolha.
O instituto de pesquisa abordou 712
empresas entre abril e maio nas cinco regiões do País. Apurou que o
número de empresas que buscaram empréstimo no último bimestre aumentou 5
pontos porcentuais e alcançou um dos maiores índices da pesquisa, com
19%, perdendo apenas para o bimestre agosto-setembro de 2022, quando
chegou a 20%.
De
acordo com a pesquisa, a busca por financiamento teve aumento
considerável quando focado nas pequenas indústrias, chegando a 37%,
maior nível já registrado pelo Data Folha/SIMPI. No entanto, mesmo com a
maior busca por empréstimo, a taxa de sucesso, de 40%, ainda é menor do
que o porcentual de empresas a que foram negados, correspondente a 60%
das MPIs.
O ambiente para a tomada de empréstimos por este
segmento continua árido por conta da elevada taxa de juros ou mesmo pela
simples ausência de linhas de crédito proporcionais ao tamanho da
empresa.
Simpi, segundo contou ao Broadcast (sistema de
notícias em tempo real do Grupo Estado) o seu presidente, Joseph Couri,
tem feito reuniões com membros do governo e da rede bancária para tentar
reverter este quadro de juros altos – e que nada tem a ver com a Selic,
mas com juros de mercado.
“O que o governo, por meio do Banco
Central, diz que vai manter é a Selic de 10,50% ao ano. Quando uma
empresa vai ao banco pegar um empréstimo, o juro que é colocada para ela
vai de 3% a 400%. Uma coisa é Selic e outra bem diferente é o valor
cobrado pelo sistema financeiro sobre empréstimos”, diferencia Couri.
O
problema, de acordo com o presidente do Simpi, é que por falta de
linhas de créditos adequadas ao tamanho de suas atividades, 14% das
empresas tomaram empréstimos pelo cheque especial e 11% usaram o crédito
pessoal. Por isso é que, em alguns casos, as taxas chegam a 400%.
“Nós
temos participado de discussões técnicas com o Banco Central, com o
Ministério da Micro e Pequena Empresa e Empreendedorismo, em Brasília,
dentro do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Conselhão da
Presidência da República, e linhas de crédito têm sido anunciadas.
Agora, 400% de juro é inadmissível em qualquer lugar do planeta ou até
fora do Planeta Terra”, diz.
Do outro lado, no setor financeiro,
de acordo com o presidente do Simpi, as instituições têm se mantido
arredias por conta do conflito aberto entre o Poder Executivo e o Banco
Central, bem como à futura mudança no comando da autarquia, ao fim de
dezembro, e o nível de inadimplência.
Há
dois anos sob comando do Grupo Carrefour, clube de compras aumenta em
80% sua receita, alcança 3 milhões de sócios e planeja dobrar de tamanho
em cinco anos
José Rafael Vasquez, CEO do Sam’s Club Brasil: nas horas vagas atua
como sommelier e ajuda na seleção de vinhos diferenciada disposta na
adega do Sam’s (Crédito:Claudio Gatti)
editora3i
José Rafael Vasquez
começou a carreira no mundo corporativo como trainee no Carrefour.
Evoluiu, galgou posições. Foi gerente de setor em lojas. Circulou pelo
varejo em outras companhias como o Grupo Pão de Açúcar. Atuou por 19
anos no Walmart — chegando a vice-presidente da divisão de atacado,
quando a rede americana comandava a operação do Sam’s Club. Saiu em 2014
para dar mais um giro pelo mercado. Passou por Supermercados Bretas,
Roldão e Farmácias Pague Menos. No início de 2024, dez anos depois, ele reencontra o Sam’s Club para assumir o cargo de CEO da varejista no Brasil. E reencontra o Carrefour, grupo que adquiriu o clube de compras em junho de 2022. “O mundo dá voltas”,
disse Vasquez sobre “o retorno para casa”. Destino! Que o colocou na
empresa no momento em que ela também volta às origens após um período de
desencontros com seu DNA. É o destino! “O segredo é se manter fiel à
proposta de valor”, afirmou o executivo à DINHEIRO.
Quando
ele fala em segredo, refere-se ao caminho percorrido para que o Sam’s
obtivesse bons resultados a partir de junho de 2022, quando o Carrefour
finalizou a negociação que girou em torno de R$ 7 bilhões à época. De lá para cá, não teve segredo. Foi trabalho para retomar as características do único clube de compras do Brasil.
Os resultados apareceram nesses dois anos nas mãos do Carrefour. • O Sam’s aumentou sua receita em 79,4% em 2023 em comparação com 2022. • Saiu de um patamar de vendas de R$ 3,5 bilhões para R$ 6,3 bilhões. • Os R$ 10 bilhões de faturamento devem ser alcançado em 2025. •
A participação no volume total do Grupo Carrefour, que teve receita de
R$ 115,5 bilhões ano passado, passou de 3,24% em 2022 para 4,45% em
2023. E tem aumentado. • Os resultados do primeiro semestre de 2024 mostram que a operação do Sam’s dentro do Carrefour já é de 5,75%.
“É importante conseguirmos ter um custo de operação baixo para vender itens que transmitem valor percebido para o sócio.” José Rafael Vasquez, CEO do Sam’s Club Brasil
O crescimento exponencial do pupilo é bem maior do que o do mestre… ou da matriz, melhor dizendo. • Enquanto
o Sam’s avançou em quase 80% suas vendas ano passado, o Carrefour
aumentou 6,9%. A performance do clube é 11 vezes maior. •
Quando comparada ao setor supermercadista, a discrepância é ainda mais
evidente: 26 vezes maior. O segmento cresceu apenas 3,09% em 2023 na
comparação com o ano anterior, segundo levantamento da Associação
Brasileira de Supermercados (Abras).
O número de sócios — que
pagam R$ 75 de anuidade para comprar na varejista — era de 682 mil em
dezembro de 2022. Passou para 851 mil em dezembro do ano passado e bateu
em maio a marca de 3 milhões, após ações de marketing, principalmente
on-line. O crescimento no número de associados que chegaram via digital
foi de 622%. Atualmente, são 1,5 mil sócios novos por dia.
Um desempenho que tem levado o alto comando do Grupo Carrefour a observar o Sam’s como uma joia.
Não à toa uma forte expansão está no pipeline do clube de compras. No
ano passado foram inauguradas oito unidades. Estão previstas para este
ano entre sete e nove inaugurações. Duas já estão de portas abertas, no
bairro do Jabaquara, em São Paulo, e na Pampulha, em Belo Horizonte. Já
são 53 unidades, em 16 estados e no Distrito Federal.
O plano é dobrar de tamanho em cinco anos e chegar a 100 lojas antes de 2030.
Para isso, um investimento na casa de R$ 1,7 bilhão em novas lojas
desde 2022, levando-se em conta a média R$ 30 milhões em cada operação,
segundo analistas de mercado.
Para Marcela Zanetti, coordenadora da área de contratos, direito societário e M&A do escritório Benício Advogados, o Grupo Carrefour fez bem ao clube de compras, que apresenta crescimento após esse movimento. “Tem investido bastante no crescimento do Sam’s”, disse. “Quando
o novo controlador já tem uma experiência sedimentada no mercado em
questão, as chances de o novo empreendimento prosperar são maiores”, completou.
Na
reformulação do Grupo Carrefour, destaque para as ‘lojas combo’, em que
no mesmo terreno são montadas duas bandeiras. São 12 em atividade até
agora
REFORMULAÇÃO
O
Sam’s é fruto da reformulação pela qual passa o Grupo Carrefour desde o
ano passado, no que chama de “iniciativas de otimização de ativos”.
Traduzindo: fechamento de lojas deficitárias, ampliação de unidades
lucrativas e mudanças de alguns modelos e, com isso, ser mais rentável.
Nesse processo, a estratégia é reverter cerca de 40 hipermercados em
lojas Atacadão ou Sam’s Club entre 2024 e 2026 — sendo 20 conversões
para este ano. Inclusive com as chamadas ‘lojas combo’, em que no mesmo terreno são montadas duas bandeiras do grupo.
Já
são 12 nesse modelo: sete com Sam’s e Atacadão e cinco com Sam’s e
Carrefour. Já foram vendidas ou fechadas 123 lojas não rentáveis: 16
hipermercados, 94 lojas Todo Dia e 13 lojas Nacional e Bom Preço. Outras
19 deverão ter suas atividades descontinuadas até o fim de junho,
colocando fim à bandeira Todo Dia no portfólio do grupo. Com o
encerramento da operação dessas lojas, a expectativa é de adicionar R$
200 milhões de Ebitda (lucro antes de juros e impostos) recorrentes por
ano.
A missão de José Rafael Vasquez nesse contexto é fazer com que os negócios do Sam’s continuem se desenvolvendo a passos largos.
Claro, com ações que fizeram o clube dar muito certo nos Estados Unidos
nos seus 41 anos de atuação por lá — e 30 deles no Brasil. Por aqui, a
varejista perdeu um pouco de suas raízes alguns anos atrás, ao tentar
ficar mais parecida com os mercados tradicionais, que colocam pilhas de
arroz, óleo, feijão e outros itens básicos na entrada e nos corredores.
Não é esse o jogo do Sam’s.
Logo depois de ser convidado para
assumir como CEO, Vasquez participou de uma reunião com a cúpula do
grupo Carrefour. Na pauta, a garantia de que o gene do Sam’s seria
mantido.
E quais seriam essas características tão importantes que fazem do clube um case de sucesso? Vamos a elas.
• É um modelo de negócio voltado para uma operação de baixo custo, mas eficiente. • De longe, parece um atacarejo, com piso simples de concreto bem arrematado, estruturas metálicas à vista, pallets à mostra. • As
caixas dos produtos são usadas como expositores, para gerar pouca
manipulação de mercadoria. Um formato que eles chamam de ready display,
com itens prontos para exibição nas gôndolas diretamente nas caixas. •
Assim, os produtos, muitos deles importados, chegam empilhados na
central de distribuição, são enviados às lojas e colocados à disposição
nas gôndolas. • Só então as embalagens são abertas. Um processo mais fácil, que requer menos força de trabalho. “É importante conseguirmos ter um custo de operação baixo para vender itens que transmitem muito valor percebido para o sócio”, diz.
Se de longe parece um atacarejo, de perto é bem diferente.
As lojas com 5 mil metros quadrados possuem 5,5 mil SKUs (stock keeping
unit, ou unidade de manutenção de estoque). Cada produto é um SKU. Em
supermercados normais, seriam 30 mil. No Sam’s, vale a teoria do ‘menos é
mais’. O sortimento é menor, mas a curadoria é exigente para que um produto mais premium esteja nas prateleiras.
E aqui entra outra diferença para o atacarejo: o consumidor. Os largos
corredores não têm congestionamento de carrinhos. Os clientes escolhem
os produtos com mais calma e conforto. “A gente vai atrás de itens que façam muito sentido ao perfil do sócio que a gente atende. É gerar valor agregado sempre”, frisou o Vasquez, que nas horas vagas atua como sommelier e ajuda na seleção de vinhos diferenciada disposta na adega do Sam’s.
Em
suas visitas às unidades para observar o andamento da operação, ele se
atenta às garrafas de rótulos exclusivos, pega nas mãos, faz comentários
aos gerentes. Mas não sobre as notas frutadas dos tintos uruguaios ou
do aroma cítrico dos brancos franceses. Sua preocupação é com a exclusividade das marcas.
Assim
como ocorre em outros setores do clube, que oferece, por exemplo, as
Tâmaras Khalas, importadas de Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Ou os
bombons de chocolate Praliné Selection Elit, da Turquia. Produtos
encontrados só no Sam’s entre as grandes redes varejistas. “Do total das nossas vendas, 25% são de itens importados. Boa parte deles comercializados com exclusividade por nós”, ressaltou Vasquez.
“Quando
o novo controlador já tem experiência sedimentada no mercado, as
chances de o novo empreendimento prosperar são maiores.” Marcela Zanetti, especialista em contratos e M&A
● Exclusividade que também está presente nosetor de vestuário
do clube. Parceria com marcas como Levi’s, Fila, Guess, Calvin Klein,
Náutica, Carter’s e Umbro são outro diferencial. Nenhum outro mercado
expõe tantos produtos premium dessas empresas. “É como se déssemos um
pulinho do Sam’s de Miami [EUA]. Tudo que tem lá, tem aqui também”,
exemplifica o executivo.
● Na parte alimentícia, a
Friboi fornece para o Sam’s um produto específico, o Kit Semana, uma
embalagem família com diversos tipos de proteína animal, em formato que
atende às câmaras de resfriamento do clube ao gosto dos fregueses.
Outras grandes companhias como P&G, Unilever, Pepsico, Mondelez e
Nestlé disponibilizam ao Sam’s produtos com tamanhos diferentes —
geralmente maiores, mais pesados ou com mais mililitros — e em
quantidades maiores.
● No segmento de eletroeletrônicos,
outra distinção é a venda de televisores acima de 65 polegadas com mais
incidência do que o próprio Carrefour. “Nosso público tem bastante
aderência com esse formato”, apontou o CEO.
Análise
corroborada por Gustavo Carrer, head de Desenvolvimento de Negócios da
Inwave, desenvolvedora de tecnologia para redução de perdas e aumento da
eficiência operacional. “O formato de clube tem a
capacidade de atrair consumidores de renda mais alta, bem como de
empresas que buscam produtos ou embalagens diferenciadas e preços
compatíveis.”
Com tudo isso — itens importados, exclusivos e de maior valor agregado —, o tíquete médio do Sam’s é o dobro do hipermercado Carrefour. O número exato? Esse Vasquez mantém em segredo. “Mas são algumas centenas de reais”, despistou.
Em meio a tantos diferenciais, o clube de compras também tem sua marca própria, a Member’s Mark.
Os produtos estão em praticamente todas as categorias. Muitos itens
produzidos por marcas famosas para o Sam’s no sistema white label (em
que a fabricação é terceirizada e o rótulo do produto é da varejista).
Tem desde vinhos a chocolates. Destaque para sabão líquido para lavar
roupas, que conquistou a liderança de vendas dentro do clube ao bater
marcas famosas como OMO e Ariel. “É a relação custo-benefício”, explicou
Vasquez. Os produtos Member’s Mark são responsáveis por 19% do total de
vendas da varejista.
CANAIS DE VENDA
A venda física é o principal canal de receita do Sam’s Club.
Mas há outros importantes, como o televendas, que geram entre 12% e 13%
do faturamento. Em tempos de tecnologia avançada, o bom e velho
telefone faz a diferença. A maioria dos que utilizam esse contato são
revendedores que compram em grande quantidade. “Fazer atacado também não é pecado”, brincou o CEO ao ser indagado pela importância do televendas.
No e-commerce próprio, a representatividade é de 6%.
Ingressar nos marketplaces é viável? Difícil pelo modelo de negócio
baseado em sócios que compram com vantagens exclusivas na rede
varejista. Mas está sendo estudado um formato para ingressar no iFood e
no Rappi, referências em entrega sob demanda. “Estamos trabalhando para
encontrar um caminho. A capilaridade deles é muito boa e isso nos
interessa”, revelou Vasquez.
As novidades estão sempre no radar do
Sam’s. A máxima interna do clube é ‘What’s next?’. O próximo — seja
produto ou desafio — está por vir. E não é segredo que vai colaborar
para a performance da varejista do Grupo Carrefour. É destino.
A
reancoragem das expectativas de inflação é vista pela diretoria do
Banco Central como elemento essencial para assegurar a convergência da
inflação para a meta, mostrou a ata da última reunião do Comitê de
Política Monetária (Copom), em que foi tomada a decisão de interromper a
sequência de cortes na taxa básica de juros.
No documento
divulgado nesta terça-feira, 25, o BC também informou que elevou
marginalmente a hipótese de taxa de juros real neutra em seus modelos,
de 4,5% para 4,75%.
“O
Comitê unanimemente avalia que se deve perseguir a reancoragem das
expectativas de inflação independentemente de quais sejam as fontes por
trás da desancoragem”, disse o BC no documento.
O
Copom ainda reiterou que o ambiente global incerto e cenário doméstico
marcado por resiliência na atividade, elevação de projeções de inflação e
expectativas desancoradas demandam maior cautela.
Na
última quarta-feira, o Copom decidiu manter a taxa Selic em 10,50% ao
ano, em decisão unânime de sua diretoria para interromper o ciclo de
afrouxamento monetário iniciado em agosto do ano passado.
“O
comitê avaliou que a política monetária deve se manter contracionista
por tempo suficiente em patamar que consolide não apenas o processo de
desinflação, como também a ancoragem das expectativas em torno de suas
metas”, diz a ata.
Copom debate juros neutros mais altos
O
BC reforçou, por meio da ata, que eventuais ajustes futuros na Selic
serão ditados pelo “firme compromisso de convergência da inflação à
meta.”
“O comitê avaliou que a política monetária deve se manter
contracionista por tempo suficiente em patamar que consolide não apenas o
processo de desinflação, como também a ancoragem das expectativas em
torno de suas metas”, diz a ata.
Segundo o Copom, o comportamento
do mercado de trabalho e da atividade doméstica têm surpreendido e
divergido da desaceleração esperada. Isso é verdade especialmente para
consumo das famílias, disse o comitê. Além disso, o aumento das
expectativas de inflação também é um fator de preocupação.
Além de
elevar a hipótese dos juros neutros a 4,75%, o Copom também debateu
cenários com taxa neutra entre 4,5% e 5%, “uma vez que muitos modelos
apresentados indicam valores nesse intervalo”.
“Em função da
incerteza intrínseca e da própria natureza da variável, o Comitê
reforçou que a taxa neutra não é uma variável que deve ser atualizada em
frequência alta e que tampouco deveria ter movimentos abruptos, salvo
em casos excepcionais”, afirmou.
Na comemoração dos 30 anos do Plano Real, o ex-presidente FHC encontrou
alguns dos economistas que criaram o mais bem-sucedido programa de
estabilização da economia brasileira: Persio Arida, Pedro Malan e
Gustavo Franco. (Crédito: Vinicius Doti/Fundação FHC)
Ana Carolina Nunesi
O
Instituto FHC realizou na tarde desta segunda-feira, 24, o evento “30
Anos do Plano Real” com a participação dos idealizadores do plano que
criou a moeda brasileira em vigor até hoje. Estiveram presentes André
Lara Resende, Arminio Fraga, Edmar Bacha, Gustavo Franco, Pedro Malan e
Persio Arida.
“O que aconteceu com o real é algo não repetível”,
avaliou Arida. Para o economista, o cenário e os personagens envolvidos
no novo plano econômico à época são muito específico, e ajudaram a
transformar o real hoje em um “bem público”.
“Havia
um trabalho coletivo, não foi uma ideia do nada”, lembra. “O ponto foi
entender a especificidade da economia brasileira. Conviver com
indexação. E uma trajetória de sequências de planos, congelamentos de
preços etc. Fomos de 20% [de inflação] em 1970 a mais de 2.000% antes do
real. Havia no Brasil algo muito diferente dos processos normais de
inflação”.
Persio destacou então a atuação de Fernando Henrique
Cardoso, então ministro da Fazenda de Itamar Franco (1992-1994), que,
segundo Arida, tinha uma dupla característica que foi importante no
momento: a de político e de intelectual.
“Difícil imaginar um
ministro da Fazenda convencer o presidente da República, que tinha
ideias próprias, e fazer aliança com partidos, percorrer o país com
pedagogia democrática. Essa dupla característica foi vital para o
sucesso do plano. Se não tivesse sido essa liderança política do FHC,
nada disso teria acontecido.”
Outro ponto para o sucesso do plano,
segundo Arida, foi o ambiente de ideias que originaram o real. “Sim,
foi um plano original, mas só vingou porque teve ambiente de discussão e
aperfeiçoamento dessas ideias e alguém que resolveu bancá-las
politicamente”.
Programa Energia Boa prevê a
construção de seis novas subestações e linhas de transmissão para
conectar novas usinas ao sistema elétrico, gerando 19 mil empregos
Redação
Com a infraestrutura implantada, o governo catarinense destrava
pouco mais de R$ 3 bilhões em investimentos privados no Planalto
Serrano, região que tem hoje o maior potencial hídrico do estado
O
governador Jorginho Mello lançou nesta sexta-feira (21) na Associação
Comercial e Industrial de Lages (Acil), o programa Energia Boa.
Considerado o maior projeto estadual de fomento à geração de energias
renováveis já realizado no país, a iniciativa prevê a construção de seis
novas subestações e 225,5 quilômetros de linhas de transmissão no
Planalto Serrano. Com o aumento da infraestrutura, pequenas centrais
hidrelétricas (PCHs) e centrais geradoras hidrelétricas (CGHs) poderão
se conectar ao sistema elétrico, melhorando a oferta de energia limpa
para toda a região e incentivando novos negócios. Para alavancar esses
projetos, o governo estadual planeja injetar R$ 572 milhões na
realização de obras de infraestrutura energética em Lages, Painel, Campo
Belo, Urubici, Matos Costa e Rio do Campo.
Caberá ao
governo estadual a disponibilização dos recursos e à Celesc, por
atribuição regulatória, a execução das obras. "Com o Energia Boa,
estamos lançando o maior programa estadual de incentivo às energias
renováveis já realizado no Brasil. Ao melhorarmos a infraestrutura no
Planalto Serrano, aumentamos também a rede de energia elétrica trifásica
para a região", anunciou Mello. Presidente da Celesc, Tarcísio Rosa
explicou que o Energia Boa nasce para potencializar a vocação de Santa
Catarina para gerar energia sustentável. "Somos referência para o
Brasil, sendo o estado com a maior quantidade de usinas hidrelétricas em
operação e com a cadeia produtiva completa para implantar projetos
voltados à geração de energia limpa", destacou o presidente.
Com a
infraestrutura implantada, o governo catarinense destrava pouco mais de
R$ 3 bilhões em investimentos privados na região, que tem hoje o maior
potencial hídrico do estado. Serão mais 300 MW de potência instalada em
fontes renováveis hídricas — com possibilidade de investimentos futuros
em fontes de energia eólica, solar e biomassa. A expectativa é gerar
cerca de 19 mil empregos nos próximos três anos somente na construção
das PCHs/CGHs. O cronograma de implantação é de até 36 meses. As
projeções são baseadas em estudos e estimativas feitas pelo setor. Além
de impulsionar a geração de energias renováveis, o programa também tem
um importante componente socioeconômico para o Planalto Serrano. A
região tem hoje um dos menores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH)
de Santa Catarina, com IDH médio de 0,72 – o IDH de Santa Catarina é de
0,79.
Secretário da Fazenda, Cleverson Siewert destacou que a
combinação de recursos públicos e dos investimentos privados será
revertida em projetos com reflexos positivos na geração de empregos e na
arrecadação estadual, o que contribui para impulsionar a economia de
Santa Catarina como um todo. "As projeções nos mostram que serão R$ 290
milhões em impostos municipais, estaduais e federais em 36 meses, a
partir da realização das obras", projeta o secretário. O Energia Boa é
desenvolvido em conjunto entre a Celesc, a Secretaria de Estado da
Fazenda (SEF/SC) e a Secretaria da Indústria, Comércio e Serviços
(Sicos). O programa também conta com o apoio da Associação dos
Produtores de Energia de Santa Catarina (Apesc), entidade sem fins
lucrativos que une mais de 100 empresas produtoras de energia e atua
junto aos órgãos governamentais para a promoção de energias renováveis.
Em
agenda privada, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva,
visitou na manhã desta segunda-feira (24), em São Paulo, o escritor
Raduan Nassar e o linguista Noam Chomsky. Já no início da tarde, ele fez
uma visita ao ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso.
Os três compromissos são reservados e não foram divulgados na agenda oficial do presidente.
O
escritor brasileiro Raduan Nassar, 88 anos, é autor de livros como Um
Copo de Cólera e Lavoura Arcaica. Já o linguista e filósofo Noam
Chomsky, 95 anos, esteve hospitalizado recentemente na capital paulista,
tendo recebido alta no dia 18 de junho do hospital Beneficência
Portuguesa. Ele se recupera em casa.
A visita ao ex-presidente
Fernando Henrique Cardoso também foi privada. Adversários em eleições
presidenciais, Fernando Henrique declarou apoio a Lula em 2022.
Lula chegou a São Paulo ontem (23) e deve retornar a Brasília ainda hoje.
Projeto
inclui a ampliação e a finalização das obras do hotel boutique até
dezembro deste ano e a construção de um novo resort até 2029; obras
estão a todo vapor
Inhotim
é o maior museu a céu aberto da América Latina e encanta a todos pela
mistura de obras de arte e natureza | Crédito: Brendon Campos
O
andamento das obras para a instalação de um hotel de luxo dentro do
Instituto Inhotim, localizado em Brumadinho, na Região Metropolitana de
Belo Horizonte (RMBH), está a todo vapor. Sete meses após anunciar o
empreendimento no museu de arte contemporânea e jardim botânico,
o Grupo Clara Resorts trabalha, neste momento, na reformulação
estrutural do hotel boutique adquirido, bem como no início das
intervenções na piscina coberta e SPA e escolha dos revestimentos.
Com
investimento de centenas de milhões nos próximos seis anos, o projeto
inclui a ampliação e a finalização das obras do hotel boutique até
dezembro deste ano e a construção de um novo resort até 2029.
A
primeira etapa do hotel contará com 46 bangalôs, piscinas climatizadas e
coberta, sauna, spa, dois restaurantes, brinquedoteca, academia e
espaço para eventos. A expectativa é que fique pronta em dezembro deste
ano.
“Depois serão construídas mais 60 acomodações, um
spa cinematográfico no meio da floresta e a expansão do centro de
eventos, até 2025. E para 2029 será inaugurado um resort completo com
150 acomodações em uma área a 700 metros do Museu”, explica a CEO do Clara Resorts, Taiza Krueder.
Para
isso, ela garante que em todas as etapas serão priorizados fornecedores
e prestadores de serviços locais. Neste momento, além do escritório de
arquitetura, marceneiros, paisagistas e demais profissionais envolvidos
são mineiros.
“Faço questão de valorizar os
fornecedores locais. Foi assim que descobrimos um granito deslumbrante,
feito em São João del Rei (Campo das Vertentes). A equipe do projeto
sugeriu buscarmos as pedras no Espírito Santo, referência nacional no
material, mas fiz questão de procurarmos mais perto. Desta forma
encontramos um granito maravilhoso da região”, conta.