segunda-feira, 15 de dezembro de 2025

Copom de dezembro praticamente apaga apostas no Focus de corte da Selic em janeiro

 Copom eleva juros básicos da economia para 14,25% ao ano ...

O comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) da quarta-feira, 10, praticamente apagou as apostas em um corte da Selic em janeiro do relatório Focus. As medianas do Sistema Expectativas de Mercado, que embasa o boletim, indicam que a taxa básica de juros vai permanecer em 15% na próxima reunião do colegiado, marcada para os dias 27 e 28 do primeiro mês de 2026.

A mediana para a Selic em janeiro já havia subido de 14,75% para 15% no relatório anterior, publicado no dia 8, considerando as estimativas dos últimos 30 dias úteis. Mas, levando em conta apenas as projeções dos últimos cinco dias úteis, mais sensíveis a novidades, a mediana passou de 14,875% – exatamente dividida entre 15% e 14,75% – no Focus passado para 15% agora.

As médias também têm avançado, o que mostra uma queda nas apostas em cortes maiores. A média do Focus para a Selic em janeiro passou de 14,8269% no relatório do dia 8 para 14,8427% agora. Levando em conta apenas as projeções atualizadas em cinco dias úteis, oscilou de 14,8415% para 14,8564%.

No comunicado da última quarta-feira o Copom afirmou que a estratégia em curso, de manutenção da Selic em 15% por período “bastante prolongado”, é “adequada para assegurar a convergência da inflação à meta”. “O comitê enfatiza que seguirá vigilante, que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e que, como usual, não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso julgue apropriado”, diz o texto.

O Copom divulga a ata da sua reunião nesta terça-feira, 16, às 8 horas. As medianas do Focus, tanto de 30 como de cinco dias úteis, continuam indicando um primeiro corte da Selic na segunda reunião de 2026, dos dias 17 e 18 de março, a 14,50%.

Inflação

Mesmo com a sinalização mais dura do Copom e a expectativa de menos cortes, o mercado continua esperando uma inflação maior do que a estimada pelo Banco Central. A mediana do Sistema Expectativas de Mercado para o IPCA acumulado em quatro trimestres até o segundo trimestre de 2027, o horizonte relevante da política monetária, oscilou de 3,92% para 3,91%. A taxa continua bem acima da previsão do BC, de 3,2%.

Os números foram calculados pela Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) com base nas medianas do sistema para a inflação trimestral.

Quando calculada com base nas medianas para a inflação mensal, a estimativa intermediária para o IPCA acumulado em 12 meses até junho de 2027 cedeu de 3,90% para 3,89%, também acima da projeção do Copom.

Macron e Meloni articulam adiamento de votação da UE sobre acordo com Mercosul

 Representantes de governos do Mercosul planejam estratégia ...

A primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, e o presidente da França, Emmanuel Macron, concordaram sobre a necessidade de adiar a votação final da União Europeia sobre o acordo comercial com o Mercosul, segundo fontes ouvidas pela Reuters. O movimento reforça a articulação francesa para reunir uma “minoria de bloqueio” contra o tratado negociado pela Comissão Europeia, cuja deliberação no Conselho era esperada em Bruxelas ainda nesta semana.

A pressão ocorre às vésperas de uma votação agendada para a terça-feira, 16, no Parlamento Europeu sobre as chamadas cláusulas de salvaguarda do acordo Mercosul-UE, que tratam de mecanismos de proteção para produtos agrícolas sensíveis.

Apesar de confirmada ao Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) por um representante da UE, o agendamento da votação pode ser alterado, já que a agenda do Parlamento Europeu é provisória.

O texto em discussão faz parte do processo legislativo europeu relativo às “salvaguardas bilaterais” previstas no pacto com Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai.

O acordo Mercosul-UE, negociado ao longo de cerca de 25 anos e frequentemente travado perto da conclusão, é visto em Bruxelas como uma forma de diversificar os laços da Europa, como reforçado mais cedo por um porta-voz da Comissão Europeia.

Ampliação da faixa de isenção do IR contribuirá com aceleração econômica em 2026, diz ministra

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A ministra da Gestão e Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck, disse nesta segunda-feira, 15, que a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda (IR) vai contribuir com a aceleração da economia brasileira em 2026, junto com o equacionamento das arestas com os EUA e a queda de juros, que, segundo ela, “tende a acontecer o mais breve possível diante de inflação controlada e declinante e da taxa de juros – em especial a americana – em queda”.

Segundo Dweck, a mudança no IR ajudará a reduzir desigualdades ao tributar “quem ganhava muito e não pagava nada”. A ministra disse ainda que é um absurdo dizer que o Brasil não está reduzindo desigualdades, pois há diferentes medidas complementares neste sentido.

“Já é a segunda vez na história do Brasil que, por um lado, consegue crescer reduzindo desigualdades e que tentam dizer que isso não é verdade”, defendeu ela, apontando estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) que suportaria a afirmação. “O estudo do Ipea é bom porque usa diversas formas de medir desigualdades. O Brasil tem uma das maiores desigualdades, não tem dúvida disso. Mas dizer que não está tendo redução das desigualdades é um absurdo.”

Dweck enfatizou o papel das estatais na economia brasileira que, segundo ela, estão indo muito bem no agregado ao responderem por 5% do Produto Interno Bruto (PIB). Ela ainda criticou as sugestões de privatização das estatais. “Vimos o que aconteceu em São Paulo. Bairros de classe altíssima ficaram dois dias sem luz. Imagine em bairros de classe média ou baixa perdendo tudo que têm na geladeira”, disse.

A Grande São Paulo passou por um longo apagão após uma ventania histórica na semana passada. O serviço de fornecimento de energia elétrica foi privatizado e hoje cabe à Enel.

A ministra admitiu que os Correios passam por uma crise, da mesma forma que empresas em todo o mundo, mas defendeu manter a universalização dos serviços postais. “Estamos trabalhando há um ano para pensar na reestruturação dos Correios”, disse, enfatizando que em outros países foi preciso se associar a outros serviços.

De acordo com ela, a sobrevivência do setor de bens de capital no Brasil se deve ao BNDES. “Sem BNDES não haveria no Brasil setor de bens de capital.”

Dweck participa do evento “Democracia e Direitos Humanos: Empresas juntas por um Brasil mais igualitário”, realizado na sede do banco, na região central do Rio de Janeiro.

1ª previsão da Hedgepoint é de safra de café do País de até 74,4 mi/sacas em 2026

 Hedgepoint Global Markets | LinkedIn

São Paulo, 15 – A Hedgepoint Global Markets divulgou, na sexta-feira, 12, sua primeira estimativa para a safra brasileira de café 2026/27, cuja colheita começa entre meados de abril e maio de 2026. A produção total deve alcançar entre 71 milhões e 74,4 milhões de sacas de 60 kg. Desse total, a colheita de arábica pode atingir entre 46,5 milhões e 49 milhões de sacas, acima dos 37,7 milhões de sacas projetados para 2025/26. A safra de conilon (robusta) está estimada entre 24,6 milhões e 25,4 milhões de sacas, em comparação com a previsão de 27 milhões na temporada anterior.

Conforme a Hedgepoint, porcentualmente a safra de arábica deve ser de 23,3% a 30% maior ante 2025/26, “impulsionada por novas áreas, bom manejo e ciclo bienal positiva em diversas lavouras, apoiada por clima favorável após meados de outubro, embora a produtividade ainda seja desigual entre regiões”. Já a produção de conilon pode apresentar recuo de 8,9% a 5,9% em comparação com 2025/26, “após ciclo excepcional, parcialmente compensado por expansão e renovação de áreas desde 2023”.

A empresa explicou que “as chuvas de outubro e novembro favoreceram a floração do arábica, enquanto o conilon manteve bom desenvolvimento nas principais regiões produtoras, ainda que o volume deva ficar abaixo do pico da safra 2025/26”.

“De agosto ao início de outubro, a seca atrasou a floração e causou perdas nas primeiras floradas em parte das áreas. A partir de meados de outubro, volumes mais robustos de chuva retornaram às regiões de arábica, permitindo uma segunda floração e restaurando expectativas para 2026/27”, continuou a Hedgepoint.

A analista de café da Hedgepoint, Laleska Moda, disse em comunicado que houve aumento de podas em áreas com plantas danificadas que não haviam sido podadas na última temporada em virtude dos preços elevados. “Ao mesmo tempo, segue o investimento em novas áreas, cujos resultados se tornarão mais visíveis nos próximos anos”, afirmou.

No conilon, a consistência das precipitações e bons níveis de reservatórios no Espírito Santo e na Bahia favorecem a floração e o enchimento dos grãos.

A Heddgepoint acrescentou que, co0m a recuperação no arábica e uma produção de conilon ainda elevada, a safra 2026/27 tende a contribuir para recomposição dos estoques globais. Entretanto, números mais certeiros virão após a fase de enchimento dos grãos (dezembro a março), mantendo o mercado sensível a qualquer adversidade climática e propenso à volatilidade. “O sentimento recente ficou mais baixista diante da perspectiva de maior produção brasileira e da remoção da maioria das tarifas dos EUA sobre o café brasileiro, ainda que a condição dos estoques e menor exportações brasileiras possam trazer suporte no curto prazo”, ponderou.

De acordo com a analista, revisões na estimativa serão publicadas entre março e abril, quando os rendimentos de processamento poderão ser avaliados com maior precisão. “A safra 2026/27 deve marcar um ponto de inflexão para o mercado. Apesar do recuo natural no conilon após um ciclo histórico, a expansão de áreas e a regularidade das chuvas sustentam um quadro positivo. Até ser concluída a fase do enchimento dos grãos, os preços seguirão sensíveis ao clima no Brasil e aos níveis dos estoques nos destinos, o que pode causar janelas de volatilidade e oportunidades”, concluiu Moda.

Novonor, ex-Odebrecht, fecha acordo com IG4 e deixa de ser controladora da Braskem

 

 

A Braskem informou nesta segunda-feira, 15, que a Novonor (ex-Odebrecht) assinou um acordo de exclusividade com a empresa de investimentos IG4 Capital para vender sua participação na petroquímica.

Conforme o documento, a Novonor se comprometeu a transferir a participação na Braskem para um fundo da IG4, que passará a deter 50,111% do capital votante e 34,323% do capital total da petroquímica. Veja aqui o fato relevante.

A IG4 acrescentou em outro comunicado que a operação envolve cerca de R$ 20 bilhões em dívida e não causará mudanças operacionais imediatas na Braskem.

Após a conclusão da operação, a Novonor permanecerá com 4% da Braskem.

A Petrobras é a outra grande sócia da Braskem, com participação de 47% no capital votante e 36,1% no capital total.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2025

Trump retira Moraes e esposa da lista de sancionados pela Lei Magnitsky

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, retirou nesta sexta-feira, 12, o nome do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes da lista de sancionados pela Lei Maginitsky. A decisão também incluiu a remoção da advogada Viviane Barci, esposa do magistrado, e do Instituo Lex, empresa mantida pelo casal.

Moraes foi sancionado pelo governo Trump no dia 30 de julho deste ano em um contexto de pressão das autoridades americanas para que ele recuasse no julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro por liderar uma organização criminosa em uma tentativa de golpe de Estado.

Já Viviani e a empresa foram incluídos na lista mantida pelo Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros no dia 22 de setembro deste ano, num gesto de retaliação após a Primeira Turma do STF acompanhar o voto de Moraes e condenar Bolsonaro a 27 anos de prisão, no dia 11 do mesmo mês.

A lei Magnitsky impõe sanções financeiras a estrangeiros acusados de corrupção ou violações graves de direitos humanos. O dispositivo legal à disposição do Departamento de Tesouro dos Estados Unidos nunca havia sido utilizado contra membros do Poder Judiciário. O governo americano ainda não publicou a justificativa para ter retirado o ministro e a sua esposa da lista de sancionados.

Em julho, o Departamento de Tesouro dos Estados Unidos afirmou que “o objetivo final das sanções não é punir, mas promover uma mudança positiva de comportamento”.

A gestão Trump puniu Moraes por considerar que ele promovia uma “caça às bruxas” contra Bolsonaro e seus apoiadores, conforme declarou o próprio presidente dos Estados Unidos. O secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent, reproduziu o discurso de Trump ao justificar a punição e afirmou que Bolsonaro foi um dos alvos de Moraes “em sua campanha de censura, detenções arbitrárias que violam direitos humanos e perseguição política”.

A aplicação da Lei Magnitsky pelo governo Trump foi fruto de intensa pressão do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-RJ), que se mudou para os Estados Unidos em fevereiro deste ano com o objetivo de convencer as autoridades americanas de que o julgamento do seu pai era fruto de perseguição política. O lobby de Eduardo junto à administração Trump contou com o apoio do influenciador Paulo Figueiredo.

Em nota publicada, Eduardo afirmou ter recebido “com pesar a notícia da mais recente decisão anunciada pelo governo americano”, mas disse estar grato pelo apoio de Trump. “Esperamos sinceramente que a decisão do presidente Donald Trump seja bem-sucedida em defender os interesses estratégicos dos americanos, como é o seu dever”, afirmou.

O rol de punições a Moraes incluía o bloqueio de bens em seu nome ou que sejam seus, mas que, eventualmente, estivessem sob posse de norte-americanos. Além disso, quaisquer empresas ou entidades ligadas ao ministro ficaram proibidas de operar no país.

A aplicação da Lei Magnitsky também implicava em sanções a instituições financeiras e outras pessoas que “se envolverem em determinadas transações ou atividades” com o ministro. Empresas como bancos e operadoras de cartões de crédito foram proibidas de realizarem qualquer operação que envolva Moraes, sob pena de receberem multas milionárias e outras sanções.

‘Clima de guerra’, ‘deve ter muita gente preocupada’: Como a Câmara reagiu à operação da PF

 

Parlamentares da Câmara dos Deputados amanheceram preocupados ao saberem da operação da Polícia Federal feita na Casa Legislativa nesta sexta-feira, 12, contra a assessora da Câmara dos Deputados, Mariângela Fialek, conhecida como “Tuca”, e falam de novo “clima de guerra” entre os Três Poderes. A PF a aponta como integrante de uma “estrutura organizada’ que atuava “supostamente” sob ordens do ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL) para distribuir indevidamente as emendas do orçamento secreto.

Alguns deputados relatam o clima ruim no Congresso. “Deve ter muita gente preocupada com essa operação”, afirmou Aluísio Mendes (Republicanos-MA). “Clima de guerra”, disse Luísa Canziani (PSD-PR).

Sob condição de reserva, outros congressistas estavam particularmente furiosos com o ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), relator do caso sobre emendas na Corte. Congressistas enxergam parcialidade no magistrado, que agiria como um intermediário do governo. Alguns deles também veem a operação como uma “porrada direta” contra Lira. A reportagem conversou com deputados e lideranças do governo, da oposição e do Centrão.

O sentimento entre parlamentares do Centrão na Câmara é que o STF se aproveita de um momento de fraqueza do atual presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), para avançar contra as emendas do orçamento secreto.

Nesta semana, sob protestos do próprio Lira, a Câmara acabou convertendo a cassação de Glauber Braga (PSOL-RJ), que era dada como certa, em uma pena de seis meses de suspensão de mandato, e rejeitou a cassação da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP).

Parlamentares do Centrão elogiam a assessora. Alguns deles dizem que ela é “querida” e uma intermediária dos pedidos de Motta e do próprio Lira. Ela foi assessora técnica da Presidência da Câmara durante a gestão de Lira e é considerada braço-direito do ex-presidente da Câmara para a viabilização de emendas parlamentares.

Parlamentares dizem que na era Motta ela ainda faz esse trabalho. Um deles explicou o processo: o parlamentar despacha ou com Motta ou com o próprio Lira, um dos dois encaminha o pedido a ela, e depois o deputado a cobra. Ela também faz o acompanhamento das emendas com os ministérios.

Anotações obtidas pela PF reforçaram as suspeitas de que os recursos públicos eram destinados conforme interesses privados dos deputados e sem compromisso com projetos de longo prazo.

Ao pedir autorização para as buscas contra a assessora, cumpridas nesta sexta, a Polícia Federal destacou “o incomum desapego à formalidade na formulação orçamentária”.

“Uma anotação à mão, realizada de maneira rudimentar, foi responsável pela realocação de recursos de um município para outro. Lamentavelmente, não há como não comparar a maneira de controlar e organizar o orçamento secreto coordenado por Tuca a uma ‘conta de padaria’. A anotação transparece que milhões em recursos públicos eram direcionados a partir de comandos verbais, sem qualquer preocupação com projetos ou interesses republicanos de fato”, afirmou a Polícia Federal na representação.

Deputados do governo ouvidos pela reportagem dizem que o problema não é com eles, que a relação entre os Poderes deve piorar, mas mencionam que o Poder Judiciário tem a vantagem de ter a opinião pública do lado no caso das emendas, ponderou um petista.

A deputada Adriana Ventura (Novo-SP), crítica da falta de transparência nas emendas, entende como positivas operações que possam ajudar a trazer mais transparência nos repasses, mas tem ressalvas. “Tudo continua como antes. Houve um pouco de transparência, mas ainda há repasses sem critério objetivo e sem autoria clara, escondida sob os nomes das lideranças dos partidos”, afirmou.