As startups brasileiras receberam 45,4% dos investimentos alocados na região
A indústria de venture capital na América Latina bateu recorde em 2017. Os investimentos
superaram US$ 1 bilhão pela primeira vez, uma alta de 128% na
comparação com o ano anterior, de acordo com dados da Associação
Latino-Americana de Private Equity e Venture Capital (Lavca). Enquanto
isso, o número de negócios fechados subiu 26%, para 249.
O Brasil
foi o principal destino desse capital. As startups brasileiras receberam
45,4% dos investimentos — US$ 859 milhões em 133 negócios. O México
ficou em segundo lugar, com 23,7% dos investimentos — US$ 80 milhões em
59 acordos, uma queda se comparado aos US$ 130 milhões e 73 negócios de
2016.
A
maior parte do capital investido foi para marketplaces (34%),
transportes (20%) e fintechs (20%).
“Quando você olha para as startups
de tecnologia da América Latina, é difícil encontrar um exemplo que não
esteja resolvendo um problema real”, afirma Julie Ruvolo, diretora de
estratégia de venture capital da Lavca, ao Crunchbase. “Metade da população não tem acesso a cartões de bancos tradicionais, portanto há muita oportunidade para fintechs”
Maiores acordos
Sem
surpresa, o ano de 2017 também teve rodadas que marcaram recorde. A 99
fechou a maior rodada de venture capital já feita na América Latina, com
mais de US$ 200 milhões em sua série C.
A também brasileira Movile,
dona do iFood, recebeu um total de US$ 135 milhões. O Netshoes, que
abriu capital em Nova York em 2017, levantou US$ 215 milhões.
“Rodadas de mais de US$ 100 milhões eram raras, mas estamos começando a ver mais acordos desse tamanho”, diz Julie.
2018
Até
agora, parece que este ano também será memorável para o setor. No
primeiro trimestre, três startups de tecnologia se tornaram unicórnios: a
99, com a compra da Didi Chuxing; o Nubank, que recebeu um aporte de
US$ 150 milhões em sua série E; e o PagSeguro, com o maior IPO na Bolsa
de Nova York desde a estreia da Snap. Outro fato digno de nota foi o
aporte de US$ 185 milhões recebido pelo Rappi.
Para quem tem
acompanhado o mercado, os acontecimentos recentes não são surpresa. “As
pessoas se perguntam onde estão os unicórnios da América Latina”, diz
Julie. “Para uma startup alcançar esse tamanho, é preciso ter acesso a
capital. Historicamente, a América Latina não tinha acesso a essas
rodadas de financiamento maiores do que uma série A, mas muita coisa tem
mudado e estamos vendo uma maturação do ecossistema local. Os
unicórnios são um sinal para os investidores internacionais de que as
empresas locais estão alcançando esse nível de valor de mercado”.
Razões para o aumento
Um
dos possíveis motivos para o grande crescimento registrado no ano
passado foi a entrada de 25 investidores globais na América Latina.
Nomes como SoftBank, The Rise Fund, Telstra Ventures e Rethink Education
participaram de rodadas importantes, diz a Lavca. A região também tem
atraído a atenção de empresas de tecnologia que querem expandir suas
operações, como Facebook, Amazon, Spotify, Netflix, Google, Uber e
Airbnb.
https://epocanegocios.globo.com/Empreendedorismo/noticia/2018/06/investimentos-em-venture-capital-mais-do-que-dobram-na-america-latina-com-lideranca-do-brasil.html
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