O Brasil inicia nesta segunda-feira, 03, três semanas de eventos ligados à cúpula climática COP30,
 na esperança de mostrar um mundo ainda determinado a enfrentar o 
aquecimento global, mas isso pode ser difícil em um ano marcado por 
turbulências econômicas e compromissos cancelados dos Estados Unidos.
Os
 líderes empresariais reunidos em São Paulo estão pressionando por 
políticas mais fortes para financiar a transição energética, com uma 
carta aberta nesta segunda-feira pedindo aos governos incentivos 
“urgentes” para a adoção de energia renovável em vez de combustíveis 
fósseis.
“É
 um reconhecimento dos grupos empresariais da importância do 
multilateralismo e da importância de aumentar a ambição”, disse a 
presidente-executiva Maria Mendiluce da We Mean Business Coalition, que 
coordenou a carta de 35 grupos que representam 100.000 empresas.
No
 Rio de Janeiro, nesta segunda-feira, prefeitos, governadores e outros 
líderes subnacionais participarão de uma cúpula de líderes locais, que 
ameaça ser ofuscada por protestos contra uma megaoperação policial na 
semana passada que deixou 121 mortos.
Separadamente,
 o príncipe William, do Reino Unido, presidirá uma cerimônia no Rio para
 o Prêmio Earthshot, que reconhece as contribuições ao ambientalismo no 
ano passado.
Entretanto, os países e as empresas podem ter 
dificuldades para projetar o mesmo otimismo que marcou a diplomacia 
climática nos últimos anos.
Atualmente, a cooperação global está 
estagnada em meio a tensões geopolíticas e várias guerras. Uma série 
errática de tarifas dos EUA abalou a estabilidade econômica em todo o 
mundo, enquanto as reviravoltas dos Estados Unidos em relação à política
 de energia limpa e à ciência climática abalaram os investidores. E, 
embora os custos da energia renovável tenham caído para níveis 
inferiores aos dos combustíveis fósseis, muitos países estão fazendo 
malabarismos com metas concorrentes, como a segurança alimentar ou o 
desenvolvimento de inteligência artificial.
Os líderes 
empresariais ainda esperam impulsionar as políticas de energia limpa 
como uma prioridade. “Isso faz muito sentido para os negócios e garante a
 segurança energética e a competitividade”, disse Gonzalo Sáenz de 
Miera, presidente do Grupo de Crescimento Verde da Espanha.
Cúpula das florestas tropicais
O
 fato de o Brasil ser o anfitrião deste ano marca 33 anos desde a Cúpula
 da Terra no Rio, onde os países assinaram pela primeira vez o tratado 
das Nações Unidas que se compromete a combater as mudanças climáticas.
Desde
 então, a cúpula se transformou em um importante fórum multilateral, 
reunindo países ricos e pobres, cientistas e a sociedade civil para 
enfrentar a ameaça climática. Mas, até o momento, ela não conseguiu 
interromper o aumento das emissões de carbono, embora o ritmo tenha 
diminuído. Cerca de 40% das emissões da era industrial na atmosfera 
foram liberadas desde que o tratado foi assinado.
Ao participar da
 cúpula anual, os líderes geralmente têm como objetivo confirmar o 
compromisso de seus países e responsabilizar uns aos outros. Mas é 
provável que a COP30 tenha a menor participação de líderes mundiais 
desde 2019, quando cerca de 50 chefes de Estado foram a Madri para a 
COP25.
Para a cúpula de líderes de 6 e 7 de novembro na cidade 
amazônica de Belém, “menos de 60” líderes haviam confirmado com a 
presidência brasileira até sábado. Mais de 80 participaram da COP29 do 
ano passado em Baku, depois de mais de 100 nas três cúpulas anteriores 
em Dubai, Sharm el-Sheikh, Egito, e Glasgow.
A principal cúpula de
 10 a 21 de novembro em Belém também teve menos pessoas registradas do 
que nas COPs do passado recente. Com a capacidade limitada dos hotéis e 
os altos preços dos quartos em Belém, apenas cerca de 12.200 pessoas 
haviam se registrado até 8 de outubro, de acordo com dados preliminares 
da agência climática da ONU.
A COP29 do ano passado em Baku teve 
mais de 54.000 participantes, enquanto a COP28 de Dubai atraiu quase 
84.000. O Brasil havia dito que esperava mais de 45.000.
O 
planejamento da COP30 causou meses de ansiedade entre os países que 
tiveram dificuldades para encontrar acomodações a preços acessíveis, e 
alguns acabaram planejando reduzir suas delegações.
Isso também levou mais pessoas aos eventos com foco em finanças nesta semana em São Paulo ou à cúpula de líderes locais no Rio.
“É
 ótimo ver tantos líderes empresariais e prefeitos convergirem para o 
Brasil às vésperas da COP30, apresentando suas ações climáticas e 
buscando oportunidades de colaborar e ir mais longe mais rapidamente”, 
disse Dan Ioschpe, presidente do conselho da Ioschpe-Maxion, fabricante 
de autopeças sediada no Brasil, que está liderando os esforços da COP30 
para acelerar a ação de empresas e outros atores não estatais.
O
 Brasil disse que a localização de Belém tinha o objetivo de agitar as 
coisas, colocando as comunidades indígenas no centro das negociações.
Uma
 flotilha com líderes e ativistas indígenas está descendo o rio Amazonas
 até Belém, onde os grupos planejam entregar uma lista de exigências de 
conservação aos líderes mundiais no final desta semana. Durante a 
conferência, muitos grupos indígenas planejam acampar na floresta 
tropical ao redor da cidade.