sábado, 19 de janeiro de 2013

Indústria nacional terá prioridade nas obras do PAC

 

Pelo menos 80% dos produtos manufaturados utilizados em obras de mobilidade urbana do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2) e 100% dos serviços contratados deverão ser nacionais. O percentual, definido por decreto presidencial publicado no Diário Oficial da União da última terça-feira, tem por objetivo estimular o desenvolvimento da matriz industrial brasileira e do setor de serviços.

“O que está sendo feito no Brasil é o mesmo que fazem os países desenvolvidos: utilizar o poder de compra dos governos para estimular a indústria e o setor de serviços”, afirma a secretária de Desenvolvimento da Produção do MDIC, Heloísa Menezes. Outra medida já adota pelo governo federal com o mesmo objetivo é a adoção da margem de preferência nas compras governamentais, que permite o pagamento de até 25% a mais por produtos nacionais nas compras feitas pelo governo.

A obrigatoriedade nacional para serviços e produtos em obras do PAC deve ser descrita nos editais de licitação e contratos de execução das obras. Entre os produtos manufaturados que fazem parte do decreto estão materiais rodantes e sistemas embarcados, sistemas funcionais e de infraestrutura de vias e sistemas auxiliares de plataformas, estações e oficinas. Dentre os serviços estão os de engenharia, de arquitetura, de planejamento urbano e paisagismo.

A mobilidade urbana foi escolhida por ter um grande potencial de aquisição de produtos importados, de acordo com a Assessoria Econômica do Ministério do Planejamento. , Esther Dweck. “Quando vimos essa possibilidade, e como tem um aporte de recursos do governo muito forte, constatamos que precisávamos de alguma maneira garantir que esses investimentos fossem para própria economia brasileira”, disse Esther Dweck, chefe da Assessoria. O orçamento previsto para as obras no setor é de R$ 32 bilhões.

Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior - MDIC

Você sabe o que é Pegada Hídrica?





Não se trata de um frisson na banheira ou de uma sorrateira enchente que te pega de surpresa numa rua qualquer. Em tempos anunciados de escassez da água, você não comprará nem um cafezinho, roupa ou carro, sem verificar antes os valores da pegada hídrica embutidos neles.

Esse indicador de sustentabilidade influenciará, como nunca, o modo de fazer negócios, como os países vão produzir e a forma do nosso próprio consumo. A água se tornará, literalmente, uma espécie de joia transparente.

O cenário é preocupante. A população mundial avança a casa dos 7 bilhões sedenta pelo consumo. Por outro lado, as cidades crescem desordenadas e o aumento da poluição é uma triste realidade.
Apenas 2% de toda a água do planeta é disponível para consumo. O restante é água salgada ou está inacessível para uso.  70% da água potável utilizada vai para a agricultura.

Pensando nisso, o conceito de Pegada Hídrica foi criado pelo professor holandês  Arjen Y. Hoekstra como uma espécie de Raio-X hídrico. Trata-se de um indicador da quantidade usada de água doce em todo o processo produtivo de bens ou serviços, desde a matéria-prima até chegar às mãos do consumidor final.  No caso do feijão, por exemplo, leva em conta a água da irrigação, do fertilizante, do descarte, transporte e até da evaporação.

Para esclarecer as fontes de uso, a água foi classificada por diferentes cores. Verde, quando a água da chuva evapora ou é incorporada em um produto durante a sua produção. Azul, que calcula as águas superficiais ou subterrâneas que evaporam ou são incorporadas em produtos. Cinza, quando mede o volume de água necessário para diluir a poluição gerada durante o processo produtivo.

Os cálculos são assustadores. Segundo a organização internacional Waterfootprint, somente para a produção de um único litro de leite são utilizados cerca de mil litros de água. Uma xícara de cafezinho? 140 litros.  Vestir uma calça jeans? Gasta 10 mil litros de água. Um quilo de arroz? 2.500 litros de água. Para produzir carne, o número é ainda maior: um quilinho absorve 15.400 litros de água.

A metodologia é capaz de monitorar o impacto humano sobre o meio ambiente. É possível, por exemplo, calcular a água, implícita e explícita, contida num único produto, num processo, setor, individuo, cidades, até mesmo nações e todo o planeta.

Em busca de processos mais econômicos e corretos, sem desperdícios e poluição, cientistas, empresas e governos já discutem a norma ambiental ISO14046 prevista para 2013/2014, que certifica os procedimentos da Pegada Hídrica nos processos de produção.

O governo brasileiro terá um importante papel na elaboração das leis para melhor gestão dos recursos hídricos. Aliás, o Brasil tem muito a fazer. Está em 4° lugar entre os maiores consumidores de água do mundo, segundo estudo americano da Hoekstra publicado na revista National Academy of Sciences (PNAS).

A população também pode ajudar muito a combater a escassez do precioso líquido. Comprar produtos cujo ciclo produtivo envolva menor quantidade de água será a nova onda verde.
E você pode fazer mais. Estudos apontam que os hábitos alimentares absorvem grande parte da água consumida por um indivíduo. Assim, a escolha por uma dieta equilibrada com baixo teor de gordura, açúcar e carne vermelha contribui significativamente com a diminuição da Pegada Hídrica.

Outra prática que ajuda é o uso moderado da água durante atividades domésticas, tais como: limpeza da casa, lavagem de calçadas e automóveis, irrigação de plantas, higiene pessoal, preparo dos alimentos, entre outros.

Enfim, muita água ainda vai rolar debaixo da ponte se aplicarmos uma velha fórmula bem simples: se poupar, não vai faltar.

Mônica Martins é jornalista e cronista

 

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

HIGHLIGHTS SOBRE A CHINA - Diferenças Culturais




Respeitar a face do outro

“Dar face” significa o cuidado consciente de fazer algo que aumente habilmente a reputação ou o prestígio da outra pessoa. Elogiar um trabalhador para o superior dele e reconhecer publicamente os esforços de alguém são formas básicas de “dar face” ou prestígio a alguém.
Esses gestos vindos de um ocidental, tem um peso muito significativo para os chineses e serão profundamente apreciados e lembrados.

Dicas de “dar face” para um chinês:
  1. Elogiando sua competência ou suas realizações em público.
  2. Saindo da sua rotina para ajudá-lo.
  3. Tratando-o pelo título honorífico em vez de simplesmente por Sr. ou Sra.
  4. Convidando-o a um banquete.
  5. Cedendo-lhe um assento de honra.
  6. Dando-lhe um presente (desde que não seja um relógio, pois o som dessa palavra remete à morte= final de vida).
  7. Fazer um favor a um estrangeiro que lhe foi apresentado por um amigo é algo que confere mien tzi para o amigo que fez a apresentação.
O relacionamento com os chineses é criado lentamente e com cautela, porque, uma vez criado, é difícil ser rompido.

Outras diferenças entre chineses e ocidentais:
  • Estilos de comunicação: os chineses tendem a ser passivos e polidos na comunicação.
Os ocidentais, contudo consideram os chineses evasivos e submissos na forma de se comunicar.  Franqueza sem sutileza e sensibilidade é grosseria. Não peça o feedback deles.
  •  Importância de saber escutar ativamente: uma das características comuns da cultura asiática, como um todo, é que as más notícias ou assuntos espinhosos não costumam ser discutidos diretamente, objetivamente. Os chineses não gostam se sentem confortáveis levantando certos assuntos que possam gerar conflitos e quebra de harmonia no relacionamento.
Quando um chinês diz “sim”, isso não quer dizer que ele concorda com você,  mas simplesmente que está prestando atenção no que você está dizendo. Nunca pressuponha nada que não tenha sido sensorialmente, expresso ou         escrito. E, tudo o que foi dito pelos chineses e registrado por você, nos encontros, deve ser detalhado no contrato final do acordo.
  •  Iniciativas e decisões: Em geral eles procuram evitar tomar iniciativas nas suas atividades profissionais. Todas as novas situações são encaradas como complexas e repletas de riscos que podem trazer instabilidade ou quebra de harmonia.
Qualquer mudança significa novos riscos e responsabilidades. E essas duas coisas os chineses não assumem claramente.
Os ocidentais tendem a ver seus pares chineses como irresponsáveis, porque  fogem dos problemas e não fazem o que “obviamente” precisa ser feito enquanto não forem forçados a isso.
  •  Respeito pela autoridade: para os chineses cumprir suas obrigações por meio da obediência e do respeito total à autoridade formal. Eles se consideram fiéis defensores dos protocolos corretos de conduta interpessoal.
Obedecer é mais importante do que ser proativo.
  • Tratamento das informações: os chineses são considerados crentes em estatísticas e outros dados de “pesquisas”, que são, geralmente, aceitos, sem críticas, como verdades, especialmente se a fonte vier de uma autoridade reconhecida ou do governo. Eles se consideram analistas realistas.
A maioria dos executivos chineses acredita mais na confiança do que nos   contratos.
“Palavra é a sua reputação” e “cumprir com a palavra dada é a maior virtude moral”. Os chineses dão mais valor à confiança, evitando os conflitos e  processos legais.

MAIS DICAS.

Cuidados com reuniões e agendas:
  1. Atrasar-se num compromisso agendado é considerada uma ofensa séria.
  2. Antes de agendar suas reuniões, procure verificar as datas festivas da China. Elas são poucas, mas longas.
  3. Antes de cada reunião, planeje bem as conversas informais e os tópicos e alternativas da conversa.  Um conhecimento da cultura e da história chinesa é essencial, e seus anfitriões poderão apreciar sua iniciativa.
  4. Evite respostas negativas diretas, e jamais demonstre irritação ou impaciência durante as negociações.
  5. É importante saber falar um pouco a língua chinesa.
  6. Durante as refeições, demonstre entusiasmo e apreciação pelos pratos servidos.
Assuntos favoráveis para uma conversa informal:
  1. Cenários e lugares turísticos da China
  2. Tempo, clima e geografia
  3. Arte e filosofia chinesa.
Antes de aceitar um convite de chineses, você deve declinar, polidamente, umas três vezes. Quando eles realmente tem a intenção de convidá-lo eles irão insistir e aceitar no primeiro é considerado falta de educação.
Na China,  ficar em silêncio ou balançar a cabeça afirmativamente, como se dissesse “sim”não significa concordância; é apenas um sinal educado, neutro, de que você está sendo ouvido, que você é aceito e respeitado. O silêncio pode até significar discordância e é mais usado que nas reuniões ocidentais. Diferentemente da cultura brasileira, a chinesa não valoriza os conceitos de transparência ou de espontaneidade, considerados grosserias que sempre perturbam a harmonia da situação.
A harmonia interpessoal é mais valorizada que a sinceridade.
Geralmente os chineses não costumam abrir os presentes na frente de quem os presenteou.

Os chineses são supersticiosos com números:
  • Shi (quatro) soa como “morte” em chinês. Nunca dê nada com  4 unidades. Eles não tem o 4º andar.
  • Liu(seis) representa “sorte, progresso sem problemas” ;
  • Ba(oito) soa como Fa (prosperidade) e é um número considerado de muita sorte.
  • Tjou (nove) representa longevidade. A Cidade Proibida foi projetada com 999 mil quartos, e todas as escadas tinham ou 9 degraus ou qualquer número divisível por 9.
  • Shin Shan (treze), significa azar, assim como no ocidente.
  • As combinações de números são consideradas significantes: Shi Ba Liu (186) soa como viver para sempre. Wu Jiu Ba(598) é similar a “minha prosperidade dura para sempre”.
  • 73 representa funeral e 84 significa acidente, devendo ser evitados, portanto.
MAIS DICAS NA ÁREA COMERCIAL
  • Geralmente, os chineses tratam as informações de estrangeiros com desconfiança.
  • Deve-se ter um bom plano de apresentação e estar preparado com os recursos adequados para lidar com objeções e conflitos.
  • Prepare-se para fazer, possivelmente, várias apresentações para vários grupos diferentes.
  • Tenha seu material bem traduzido e com quantidade de cópias suficiente.
  • Não se esqueça de que regras políticas do regime comunista podem ter importância fundamental nas decisões dos chineses. Evidências, fatos e perspectivas só serão aceitos se não conflitarem com a doutrina comunista e os valores políticos dos negociadores.
  • Os valores coletivistas permeiam os argumentos e a retórica das negociações, mas os recursos individualistas, como estratégias e manobras de guerra, serão usados contra você.
  • Apresente seu cartão de visitas sempre com as duas mãos, principalmente para os executivos mais velhos ou o líder do grupo.
  • Ao receber um cartão, preste atenção e leia-o por alguns instantes; depois o coloque com cuidado sobre a mesa à sua frente. Não ler o cartão recebido é demonstração de desprezo ou de indiferença.
  • No protocolo chinês, o líder da equipe deve ser o primeiro a entrar na sala, seguido dos outros membros, em ordem hierárquica. O primeiro que entrar na sala será considerado pelos chineses como o líder do seu grupo.
  • Durante a reunião, somente os líderes tem o direito de falar e discutir. Qualquer interrupção por outro membro do grupo é falta de decoro profissional.
  • Na cultura chinesa, a humildade é uma virtude. Convêm não exagerar nas próprias vantagens ou méritos; primeiro porque soará arrogante, segundo, porque tudo será investigado depois.
  • Os chineses são mestres em estender o período de negociação para obter vantagens sobre você. E podem, na última hora, antes de sua partida do país, renegociar tudo que foi acertado.
  • A paciência será a sua maior arma. Não demonstre suas emoções, previna-se contra esses atrasos e pressões e, principalmente, nunca mencione seu prazo limite.
  • Os chineses, em geral, negociam em mesas redondas, com o líder sentado sempre de frente para a porta de entrada.
  • Eles seguem basicamente três etapas para conhecer um estrangeiro: 1. Conhecer seu nome (raízes familiares, posição hierárquica); 2. Conhecer seu rosto (feições e expressões) 3. Conhecer seu coração (atitudes e recursos) Obter confiança e conhecer seu coração é a fase mais demorada, que pode levar meses.
  • Os apertos de mão dos chineses, no cumprimento, são mais frouxos e longos que os nossos.
  • O respeito confucionista é pela idade, posição hierárquica da empresa, pelo casamento (relacionamento familiar) e riqueza, nesta ordem.
  • “As perguntas dos chineses são geralmente fechadas, isto é, são perguntas que só permitem respostas do tipo “sim” ou ‘não”.
  • Os chineses não gesticulam com as mãos ao conversar, e esperam que você faça o mesmo.
  • Os exportadores devem evitar o uso de etiquetas amarelas em suas embalagens, pois etiquetas amarelas significam mercadoria rejeitada.
Como responder sem ofender a “face” :
  • Isso pode ser complicado…
  • Prevejo alguns obstáculos…
  • Isso poderá ser problema…
  • Não tenho certeza sobre isso….
  • Possivelmente…..
  • Talvez…. Talvez isso não seja conveniente agora.
  • Podemos pensar sobre isso…
  • Vamos discutir isso  num outro dia…
  • Vamos perguntar para fulano sobre isso…
  • Ninguém pediu isso antes…
  • Estamos estudando esse assunto….
CONSELHO FINAL: NÃO DEIXE DE LER A ARTE DA GUERRA DE SUN TZU.

Maria Helena Magalhães Sarmento Afonso
 DBI Foreign Trade

Petrobrás não poderá usar rio em área de proteção para transportar equipamentos pesados

A Petrobras não poderá utilizar o Rio Guaxindiba, que corta a Área de Proteção Ambiental (APA) Guapimirim para realizar as operações de transporte de equipamentos pesados destinados à construção do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). A informação foi divulgada ontem (16) pelo secretário estadual do Ambiente, Carlos Minc. A decisão foi tomada em comum acordo com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), responsável pela administração da APA Guapimirim.
 
“Nós não vamos autorizar a passagem pelo rio. O estudo inicial indicava tratar-se de uma pequena dragagem, que não ia afetar muito o ecossistema da região, mas depois se viu que o projeto era muito maior – e realmente os reflexos poderiam trazer maiores implicações para o meio ambiente. Como a gente tinha licenciado o Porto de São Gonçalo e a estrada ligando o porto ao Comperj, achamos que os custos ambiental, social e político não compensavam”, disse Minc.
O Rio Guaxindiba, que desemboca na Baía de Guanabara, passa pela APA Guapimirim, que abriga o último grande manguezal preservado da baía. A decisão de proibir o transporte de equipamentos pesados pelo rio foi tomada semana passada.
Na avaliação do secretário do Ambiente, como a dragagem do leito do Rio Guaxindiba envolveria mais de 100 mil metros cúbicos de sedimentos retirados, seria necessário um Estudo de Impacto Ambiental e seu respectivo Relatório de Impacto Ambiental (EIA/Rima) e a realização de audiência pública para um eventual licenciamento, “o que poderia atrasar ainda mais essa opção”.
Minc disse que a Petrobras está executando investimentos da ordem de R$ 600 milhões na região, exigidos como contrapartida para o licenciamento ambiental do Comperj.
A Petrobras não vai se pronunciar sobre a decisão.

FonteAgência Brasil

Banco Mundial revê estimativa de crescimento da economia brasileira


Previsão de alta foi modificada de 4,2% para 3,4%
 
O Banco Mundial reduziu a expectativa de crescimento da economia brasileira em 2013, de 4,2% para 3,4%. A estimativa está no documento Perspectivas Econômicas Mundiais e, de acordo com o banco, quatro anos após o início da crise financeira mundial, a economia global continua frágil e o crescimento em países considerados desenvolvidos é fraco.

Os países em desenvolvimento precisam, entre outras coisas, se concentrar no crescimento de suas próprias economias. Para os técnicos do Banco Mundial, os emergentes devem proteger o crescimento e fortalecer as reservas internacionais, pois o caminho da recuperação será “espinhoso”. 

Entre os riscos associados, o documento cita os problemas na zona do euro e as políticas fiscais adotadas nos Estados Unidos.
A estimativa para o crescimento brasileiro é melhor do que previsão do mercado financeiro divulgada pelo Banco Central. Analistas e investidores estimam crescimento de 3,2% em 2013. O Banco Mundial prevê 3,4%. Para 2014, a estimativa dos técnicos do Banco Mundial é de um crescimento de 4,1% para a economia brasileira ante os 3,9% previstos anteriormente. É resultado melhor do que o mercado financeiro estima (3,6%).

Segundo os relatórios, o crescimento no Brasil deve se acelerar “impulsionado por políticas de estímulo monetário e fiscal cujos efeitos ainda não foram totalmente sentidos”. O relatório destaca o impacto da redução do crédito sobre o crescimento econômico brasileiro em ambiente considerado de comércio um pouco menos favorável. Para o Banco Mundial, as pressões inflacionárias poderão ser contrapostas com os cortes nas tarifas de eletricidade e com o próprio crescimento um pouco abaixo do potencial.

Fonte: Guia Marítimo

Ofensiva internacional ao planejamento tributário

Por Vanessa Houlder | Financial Times

Em abril de 1961, o recém-eleito presidente John F Kennedy lançou uma ofensiva contra um fenômeno que, temia ele, poderia minar o futuro dos EUA: evasão fiscal agressiva. Em mensagem ao Congresso, ele protestou contra o uso injustificável de paraísos fiscais por um número crescente de empresas para reduzir seus deveres tributários doméstico e no exterior.

Mais de 50 anos depois, a retórica política parece ser idêntica, repercutindo o ataque de Kennedy contra "esquemas artificiais". Mais uma vez, as empresas estão sendo criticadas pelo uso de estruturas empresariais que remetem lucros para países onde os impostos são baixos. Está se intensificando a ira política diante dos baixos impostos pagos por multinacionais como a Apple, Google e Amazon, num período de cortes brutais nos gastos públicos.

Nos EUA, a poderosa Comissão de Investigações do Senado atacou as "brechas" e "truques" usados para transferir lucros para o exterior. Na Austrália, um ministro do Tesouro criticou empresas multinacionais como praticantes de um "jogo tributário nada justo". No Reino Unido, o primeiro-ministro David Cameron enviou um recado contundente aos líderes empresariais: "Estamos jogando limpo com vocês, vocês têm de jogar limpo com a gente". Pascal Saint-Amans, principal autoridade tributária da OCDE, diz que a pressão política deixou de ser retórica e representa uma virada da maré, contra a evasão por grandes grupos empresariais. "O agressivo planejamento tributário dos últimos 20 anos foi realizado com a cumplicidade dos próprios governos para enfrentar a 'guerra tributária'", diz ele.

Reino Unido, Alemanha e França têm exercido influência em favor de uma revisão dos padrões tributários internacionais

Galvanizando uma ação coordenada, o Reino Unido, a Alemanha e a França têm exercido sua influência em favor de uma revisão urgente dos padrões tributários internacionais, que, segundo afirmam, defrontam-se com "dificuldades para acompanhar as mudanças nas práticas das empresas que atuam em todo o mundo, como o desenvolvimento do comércio eletrônico nas atividades comerciais".

As possíveis reformas começarão a tomar forma no próximo mês, em reunião do Grupo dos 20 na Rússia, onde a OCDE, sediada em Paris, lançará um relatório preliminar sobre o status quo tributário. Os governos já estão "batendo cabeças" com as empresas sobre até que ponto irão as medidas.
Em novembro, eles reuniram-se para discutir propostas visando endurecer as regras sobre a migração artificial de lucros para paraísos fiscais. Embora essas reuniões sejam normalmente burocráticas e monótonas, a sessão em Paris foi marcada por um senso mais palpável de tensão.

Apesar dos protestos das empresas, os ministérios das finanças precisam dar satisfação a uma opinião pública cada vez mais irada, para a qual as regras tributárias mundiais têm sido fraudadas em benefício das multinacionais. "Tudo isso está acontecendo contra um pano de fundo de antiglobalização e protecionismo. Os políticos estão começando a sentir as vibrações", diz Jeffrey Owens, professor de Economia e Negócios na Universidade de Viena.

Multinacionais feridas por prejuízos à sua reputação acusam os governos de culpar as empresas por um sistema que os próprios Estados conceberam para atrair investidores. Quando o Google, que migrou bilhões de dólares da Irlanda para as Bermudas, para submeter-se a uma alíquota tributária de apenas 3,2%, em 2011, no exterior, foi criticado por políticos. Eric Schmidt, presidente do conselho executivo da companhia, insistiu que a estrutura tributária foi "baseada nos incentivos que os governos nos ofereceram para operar".

A Irlanda, onde o Google emprega 3 mil pessoas de 65 países numa antiga região de cais em Dublin, cobra, em impostos, uma porção mínima dos bilhões de lucros do Google com vendas no exterior que são contabilizadas no país. Isso é conseguido mediante o uso, pelo Google de uma "dupla estrutura irlandesa", que explora diferentes definições de residência tributária na Irlanda e códigos tributários americanos. A unidade irlandesa paga royalties ao Google no paraíso fiscal de Bermudas pelo uso da propriedade intelectual da própria empresa.

O esquema do Google é, acima de tudo, um sintoma de falhas no sistema tributário americano. Scott Hodge, presidente da Tax Foundation, um grupo de pesquisas apartidário em Washington, diz que esse tipo de "ginástica de planejamento tributário" é "a resposta que poderíamos esperar quando as empresas são sujeitas a um sistema tributário hermético e defasado".

Além de praticar a maior alíquota tributária no mundo industrializado, os EUA são cada vez mais atípicos pelo fato de tributar os lucros das empresas em todo o mundo. Para reduzir esses inconvenientes para suas empresas que concorrem no exterior, os EUA permitem que elas adiem o recolhimento de impostos a ser pagos nos EUA sobre lucros no exterior até que estes sejam repatriados.

Desde 1997, Washington tornou o sistema tributário mais favorável às empresas, aprovando uma legislação referida como "check-the-box" (que permite a empresas não incorporadas a escolher se desejam ser tributadas como sociedades anônimas ou companhias limitadas), o que abriu novas oportunidades para alocar lucros em paraísos fiscais sem ter de investir em operações efetivas lá. As empresas passaram a ter novo incentivo para migrar de lucros tributáveis de países onde os impostos são altos, por meio de pagamentos de juros ou royalties, reduzindo as alíquotas tributárias médias aplicáveis a empresas americanas no exterior.

Na Europa, os problemas são agravados pelas regras antidiscriminação consagradas no Tratado de Roma, de 1957, que têm dificultado o policiamento de fronteiras tributárias nacionais. "As atuais regras no mercado único permitem que as empresas estruturem esquemas com tais jurisdições através do Estado membro de reação mais débil, isso não apenas corrói as bases tributárias dos Estados membros como também coloca em risco as condições de justa concorrência entre as empresas", diz o novo relatório da Comissão Europeia sobre planejamento tributário agressivo.

Economias emergentes, em especial potências como o Brasil, a China e a Índia, também estão sentindo as consequências. Em matéria de tributação internacional as normas existentes protegem apenas os interesses dos países desenvolvidos, disse o governo indiano na ONU em março de 2012, num sinal de frustração diante da capacidade das multinacionais de desviarem lucros por meio de royalties e taxas de administração e de depositá-los em países mais tributariamente amistosos. "Os países do Bric estão dizendo: vocês estão saqueando nossos mercados", diz o executivo de uma multinacional.

Pequim está cada vez mais resistente a esforços no sentido de que suas companhias sejam caracterizadas como fabricantes "sob contrato" (terceirizados) que operam a baixas margens de lucro, argumentando que sua própria competência técnica, infraestrutura e enorme população implicam que um valor substancial é criado na China e deveria ser tributável no país. O Brasil rejeitou abordagens convencionais para a determinação do volume de impostos a ser pago por multinacionais, em favor de um esquema mais simples e mais rígido que assume margens fixas de lucro generalizadas para todo um setor de atividade econômica.

Diante de demandas conflitantes, o frágil consenso internacional sobre a alocação dos lucros das multinacionais corre o risco de um colapso. Ressaltando os perigos da não colaboração dos governos na formulação de reformas, a OCDE adverte: "As consequências podem ser prejudiciais em termos de maiores possibilidades de desalinhamentos, mais descordos, maior incerteza para as empresas, uma briga pela posição de ser o primeiro (país) a "agarrar" o lucro tributável recorrendo a supostas medidas antiabuso ou uma nivelação por baixo em matéria de impostos de renda sobre grandes empresas".

Não há receita mágica para resolver a questão da migração dos lucros, adverte a OCDE. Mas a organização está cada vez mais confiante em mudanças técnicas que tornarão o sistema mais robusto. As novas diretrizes sobre ativos intangíveis defendidas pela OCDE faria com que as empresas parassem de transferir lucros para companhias de fachada em paraísos fiscais, mas não impediriam a transferência de propriedade intelectual e outros intangíveis para um país com baixos impostos, caso as empresas tenham operações comerciais efetivas lá.

A OCDE provavelmente também proporá uma ofensiva contra a exploração de arbitragem - diferenças entre códigos tributários de diferentes países -recomendando aos governos que se recusem a conceder deduções tributárias sobre rendas que serão não tributadas em outra jurisdição. Reformas nas regras que afetam as empresas de comércio eletrônico também estão sob consideração. Propostas similares estão sendo defendidas pela Comissão Europeia.

Alguns fatores já estão operando a favor dos governos: cobranças da opinião pública e de investidores por maior transparência, crescente consciência e renovada percepção dos riscos do planejamento tributário extremado para a reputação das empresas e a capacidade recém-adquirida de transpor as barreira de sigilo das empresas registradas em paraísos fiscais.

Mas tentativas de reforma baterão de frente contra poderosa oposição. As forças da competição tributária - inclusive a tentação de apoderar-se de lucros mais móveis, como os derivados de propriedade intelectual, continuam a ser significativas. Apesar da intensificação da retórica, os governos devem avançar com cautela, por temer um esfriamento dos investimentos devido à repressão contra a evasão tributária.

No Reino Unido, por exemplo, ao mesmo tempo em que lidera os esforços internacionais para colaborar em reformas, o ministro das Finanças George Osborne está, neste ano, lançando uma "caixa de patentes", oferecendo uma alíquota tributária reduzida sobre lucros derivados de certos tipos de propriedade intelectual e um regime semelhante aos aplicáveis a veículos financeiros em paraísos fiscais, para melhorar a capacidade do Reino Unido de atrair sedes de empresas.

A erradicação da evasão pode, paradoxalmente, intensificar uma concorrência entre países baseada em alíquotas tributárias. James Hines, da Universidade de Michigan, diz que os paraísos fiscais "desempenham um papel importante como válvulas de pressão", permitindo que grandes países cobrem impostos mais altos de empresas nacionais, sem afastar investidores internacionais ou desencadear "guerras tributárias".

As alíquotas de impostos nos países industrializados já foram reduzidas em quase 50%, para menos de 30%, desde a década de 1980, numa tendência que não mostra sinais de chegar ao fim. A pressão deverá se intensificar, caso os EUA entrem na briga. O Fundo Monetário Internacional acredita que uma reforma substancial no imposto de renda nos EUA poderá provocar uma reação de competição tributária por outros países.

Tendo em vista que os governos em todo o mundo estão tentando controlar seus déficits, eles brigarão para defender receitas tributárias oriundas do setor privado e que têm se mantido amplamente estáveis em 8% a 10% do total nos últimos 50 anos. Uma alternativa provável seria obter uma receita bem maior originada de impostos sobre o consumo, o que só faria crescer a desigualdade da distribuição de renda.
A partir de meados dos anos 1980, os governos vêm tornando mais amistoso o sistema tributário ao qual as empresas estão submetidas", diz Owens. "Agora é hora de retribuir".

(tradução Sérgio Blum)

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Governo quer atrair investidor estrangeiro para logística

Viagens serão realizadas para capitais da Europa, Estados Unidos e Ásia a fim de convencer estrangeiros a investir nas obras de infraestrutura

Germano Lüders / EXAME
Porto de Santos

Porto de Santos: investimento no setor portuário anunciado pelo governo no ano passado será de R$ 54,2 bilhões
Brasília - O governo prepara uma série de viagens internacionais para promover a viabilidade de obras de infraestrutura em logística e atrair recursos estrangeiros para investir em portos, aeroportos, rodovias e ferrovias, disseram à Reuters duas fontes do governo nesta quinta-feira.

O calendário está sendo montado pela Secretaria de Comunicação (Secom), Itamaraty e Casa Civil, e a previsão inicial é que as apresentações, que serão coordenadas pelo presidente da Empresa de Planejamento e Logística (EPL), Bernardo Figueiredo, ocorram em capitais Europeias, nos Estados Unidos e Ásia.

O tour pelo exterior irá explorar o fato de o Brasil ser sede nos próximos anos de importantes eventos mundiais, como a Copa das Confederações, neste ano, Copa do Mundo de 2014 e Olimpíadas de 2016.
No ano passado, o governo lançou programas de investimento para portos (54,2 bilhões), aeroportos (18,7 bi), estradas e ferrovias (133 bi).

Em novembro, em visita à Europa, a presidente Dilma Rousseff aproveitou a viagem para "vender" a empresários estrangeiros os planos de concessões de rodovias, ferrovias e do trem-bala.
Na Espanha, para atrair investidores, ela afirmou que o Brasil oferece "ambiente econômico favorável" às empresas.