Bloomberg
Grãos de café: ogística e armazenagem, principais problemas para os
produtores de soja, café e açúcar no Brasil, são uma das áreas de
interesse
Nova York/Genebra/São Paulo - O
BTG Pactual,
o maior banco de investimentos independente da América Latina, está
fazendo um movimento ousado para atuar nos mercados globais de
commodities, enquanto outros bancos deixam o setor, apostando que poderá
evitar as pressões regulatórias que vêm afetando os rivais.
Mesmo que os legisladores e reguladores dos Estados Unidos reforcem o
controle de gigantes de Wall Street sobre suas operações físicas de
commodities, o banco privado sob comando do bilionário brasileiro André
Esteves tem dado continuidade ao seu plano de expansão de 300 milhões de
dólares ou mais que vem surpreendendo o setor.
Desde a contratação do ex-presidente-executivo do Grupo Noble Ricardo
Leiman para liderar a unidade, o BTG recrutou quase uma dúzia de
operadores, gerentes e analistas em Londres, Genebra e Nova York para
cobrir tudo no setor, desde frete de grãos até gás natural, de acordo
com "headhunters" e uma fonte familiarizada com os planos.
Ozeias Silva de Oliveira, sediado em São Paulo, que dirigia a mesa de
grãos da Noble, também está numa posição importante e será acompanhado
por vários altos funcionários de sua antiga empresa.
O projeto em construção é parte de um esforço ousado para combinar as
bem conceituadas equipes de pesquisa sobre commodities do BTG com
capacidade de negociação, disse a fonte.
Logística e armazenagem, os principais problemas para os produtores de
soja, café e açúcar no Brasil, são outra área de interesse, disse a
fonte. O banco espera gastar mais de 300 milhões de dólares para
construir o negócio, segundo duas fontes familiarizadas com a estratégia
do banco.
Representantes do BTG em São Paulo declinaram pedidos para comentar sobre os planos do banco.
A onda de contratações do BTG se destaca em uma indústria que tem visto
desgaste dos grandes bancos nos últimos anos, uma tendência que ameaça
levar os políticos e reguladores dos EUA a submeterem as operações de
commodities dos bancos a pressões sem precedentes.
Sofrendo críticas ao seu negócio de armazenagem e acusado de manipular o
mercado de energia, o JP Morgan Chase & Co anunciou na sexta-feira
que estava vendendo seu negócio de commodities no físico, que incluía
armazéns para metais, usinas de energia e estocagem para petróleo e gás.
Na terça-feira, o banco pagou 410 milhões dólares para encerrar uma
disputa com os reguladores de energia.
O Morgan Stanley e o Goldman Sachs também estão em risco se o Federal
Reserve, o banco central norte-americano, decidir ser mais exigente ao
permitir que os bancos participem dos mercados de commodities.
Mas o BTG, como uma série de outros bancos estrangeiros, inclusive o
Macquarie Group com sede em Sydney, não está sujeito à supervisão do
Fed, por não operar bancos comerciais nos EUA, potencialmente
permitindo-lhe beneficiar-se daquilo que pode ser o maior remanejamento
de agentes financeiros em uma década.
"Do ponto de vista regulamentar eles podem tentar se tornar como o
Macquarie, um representante de banco estrangeiro. Há uma brecha ai",
disse Pedro Henry, consultor sênior do Commodity Search Partners, em
Nova York.
O BTG está focado no crescimento orgânico por ora, disse uma das
fontes. Mas o banco poderia ter várias opções se decidir ir às compras:
além de o JP Morgan, a tradings de energia Hetco e a norte-americana
Gavilon estão à venda, enquanto o Morgan Stanley tem avaliando uma
possível venda de seu braço de commodities desde o ano passado.
O BTG Pactual, formado em 2009, quando o Bank and Trading Group
adquiriu o UBS Pactual, está se expandindo para outras áreas como parte
de um esforço mais amplo para diversificar sua base de receitas, que é,
atualmente, impulsionada principalmente por transações no mercado de
dívida e de ações, bem como consultoria de fusões e aquisições.