quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Enquanto outros deixam commodities, BTG mergulha no setor


Banco está fazendo um movimento ousado para atuar nos mercados de commodities, apostando que poderá evitar as pressões regulatórias que vêm afetando rivais

Jeanine Prezioso, Guillermo Parra-Bernal e Emma Farge, da
Bloomberg
Grãos de café
Grãos de café: ogística e armazenagem, principais problemas para os produtores de soja, café e açúcar no Brasil, são uma das áreas de interesse

Nova York/Genebra/São Paulo - O BTG Pactual, o maior banco de investimentos independente da América Latina, está fazendo um movimento ousado para atuar nos mercados globais de commodities, enquanto outros bancos deixam o setor, apostando que poderá evitar as pressões regulatórias que vêm afetando os rivais.

Mesmo que os legisladores e reguladores dos Estados Unidos reforcem o controle de gigantes de Wall Street sobre suas operações físicas de commodities, o banco privado sob comando do bilionário brasileiro André Esteves tem dado continuidade ao seu plano de expansão de 300 milhões de dólares ou mais que vem surpreendendo o setor.

Desde a contratação do ex-presidente-executivo do Grupo Noble Ricardo Leiman para liderar a unidade, o BTG recrutou quase uma dúzia de operadores, gerentes e analistas em Londres, Genebra e Nova York para cobrir tudo no setor, desde frete de grãos até gás natural, de acordo com "headhunters" e uma fonte familiarizada com os planos.

Ozeias Silva de Oliveira, sediado em São Paulo, que dirigia a mesa de grãos da Noble, também está numa posição importante e será acompanhado por vários altos funcionários de sua antiga empresa.

O projeto em construção é parte de um esforço ousado para combinar as bem conceituadas equipes de pesquisa sobre commodities do BTG com capacidade de negociação, disse a fonte.

Logística e armazenagem, os principais problemas para os produtores de soja, café e açúcar no Brasil, são outra área de interesse, disse a fonte. O banco espera gastar mais de 300 milhões de dólares para construir o negócio, segundo duas fontes familiarizadas com a estratégia do banco.

Representantes do BTG em São Paulo declinaram pedidos para comentar sobre os planos do banco.

A onda de contratações do BTG se destaca em uma indústria que tem visto desgaste dos grandes bancos nos últimos anos, uma tendência que ameaça levar os políticos e reguladores dos EUA a submeterem as operações de commodities dos bancos a pressões sem precedentes.

Sofrendo críticas ao seu negócio de armazenagem e acusado de manipular o mercado de energia, o JP Morgan Chase & Co anunciou na sexta-feira que estava vendendo seu negócio de commodities no físico, que incluía armazéns para metais, usinas de energia e estocagem para petróleo e gás. Na terça-feira, o banco pagou 410 milhões dólares para encerrar uma disputa com os reguladores de energia.

O Morgan Stanley e o Goldman Sachs também estão em risco se o Federal Reserve, o banco central norte-americano, decidir ser mais exigente ao permitir que os bancos participem dos mercados de commodities.

Mas o BTG, como uma série de outros bancos estrangeiros, inclusive o Macquarie Group com sede em Sydney, não está sujeito à supervisão do Fed, por não operar bancos comerciais nos EUA, potencialmente permitindo-lhe beneficiar-se daquilo que pode ser o maior remanejamento de agentes financeiros em uma década.

"Do ponto de vista regulamentar eles podem tentar se tornar como o Macquarie, um representante de banco estrangeiro. Há uma brecha ai", disse Pedro Henry, consultor sênior do Commodity Search Partners, em Nova York.

O BTG está focado no crescimento orgânico por ora, disse uma das fontes. Mas o banco poderia ter várias opções se decidir ir às compras: além de o JP Morgan, a tradings de energia Hetco e a norte-americana Gavilon estão à venda, enquanto o Morgan Stanley tem avaliando uma possível venda de seu braço de commodities desde o ano passado.

O BTG Pactual, formado em 2009, quando o Bank and Trading Group adquiriu o UBS Pactual, está se expandindo para outras áreas como parte de um esforço mais amplo para diversificar sua base de receitas, que é, atualmente, impulsionada principalmente por transações no mercado de dívida e de ações, bem como consultoria de fusões e aquisições.

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