- País está na 56ª posição, contra 48ª no levantamento anterior, e foi ultrapassado por países como México, Costa Rica, África do Sul e até Portugal
RIO – O Brasil perdeu oito posições no ranking global de
competitividade, segundo o Relatório Global de Competitividade do Fórum
Econômico Mundial. Na edição de 2013/2014 do ranking, o país aparece na
56ª posição entre 148 nações, contra a 48ª posição em 2012. Na prática, o
país voltou para a colocação que exibia em 2009 e foi ultrapassado por
países como México (55º agora, contra 53º em 2012), Costa Rica (que
subiu da 57ª para a 54ª posição), África do Sul (que subiu da 53ª para a
52ª posição)e Portugal, que apesar da crise europeia caiu menos que o
Brasil, da 49ª para a 51ª posição.
De acordo com Carlos Arruda,
professor da Fundação Dom Cabral que coordena a pesquisa no Brasil,
feita em parceria com o Movimento Brasil Competitivo (MBC), o resultado
brasileiro é decorrente da deterioração das condições macroeconômicas —
com aumento da inflação, baixo crescimento, alta do endividamento bruto e
déficit externo —, falta de avanços significativos nos investimentos em
infraestrutura e na simplificação dos marcos regulatórios e
tributários. De acordo com ele, o desempenho do país não está condizente
com o esperado por uma grande nação emergente:
— O Brasil ainda
tem potencial de um Brics (grupo de nações emergentes formado por
Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul), mas se comporta muito
mais como uma nação do Mercosul — afirmou o professor, lembrando que
todos os demais parceiros do bloco comercial do continente caíram no
ranking neste ano: Uruguai (de 83º para 86º), Argentina (de 94º para
104º), Paraguai (de 116º para 119º) e Venezuela (de 126º para 134º,
entre os 20 últimos da lista global).
O professor acredita que a
situação do Brasil não é animadora. Ele acredita que a tendência é o
país continuar perdendo posições no ranking global no próximo ano, ainda
mais porque, lembra, 2014 é um ano eleitoral, o que dificulta reformas
estruturais. Para Arruda, a chance do Brasil melhorar no levantamento –
feito com base em dados estatísticos, expectativas e entrevistas com
empresários – é manter o forte crescimento apresentado no segundo
trimestre do ano (1,5% sobre os primeiros três meses do ano), algo mais
difícil de ocorrer, e deslanchar investimentos em infraestrutura e
petróleo, algo que ainda está em promessas.
Dos cinco países dos
BRICs, a China (29ª) continua liderando o grupo, seguida pela África do
Sul (53ª), Brasil (56ª), Índia (60ª) e Rússia (64ª). Nos BRICs, somente a
Rússia melhorou sua posição no ranking, subindo três colocações. O
Brasil teve a queda mais brusca, enquanto África do Sul e Índia caíram
uma posição e a China manteve a mesma colocação de 2012.
— Em uma
comparação com as demais economias incluídas nos chamados BRICS, o
Brasil apresenta o maior declínio nos fatores macroeconômicos. A China
continua muito bem na 10ª posição, e a Rússia vem acumulando ganhos
consecutivos chegando à 19ª posição; apenas Índia (110º) e África do Sul
(95º) seguem em trajetória de queda similar ao Brasil — avaliou o
professor.
Pelo quinto ano consecutivo, a Suíça lidera a lista das
economias mais competitivas, seguida por Cingapura, Finlândia, Alemanha
e Estados Unidos. Todos os 10 países que estão liderando o ranking
deste ano já estavam entre os “top ten” de 2012, apenas havendo algumas
trocas de posições, como os estados Unidos pulando da sétima para a
quinta posição e a Alemanha saltando da sexta para a quarta posição.
Entre os países que mais subiram no ranking está a Indonésia, que passou
da 50ª posição para a 38ª, e o Equador, que passou da 86ª posição em
2012 para a 71ª posição.
Na América Latina, os resultados mostram
uma estagnação geral no desempenho da competitividade. O Chile (34ª)
continua na liderança do ranking regional à frente do Panamá (40ª),
Costa Rica (54ª) e México (55ª) – esses países permaneceram
relativamente estáveis em relação à edição de 2012. A Argentina foi o
país do hemisfério sul que teve a maior queda, 10 posições, ocupando a
104ª colocação; a Venezuela caiu para a posição 134. Segundo o
professor, estes dois países apresentam um quadro crítico em seus
fatores institucionais, macroeconômicos e, no caso da Argentina, uma
queda significativa nas condições do país para gerar inovação e
sustentar um ambiente de negócios sofisticado.