O executivo-chefe da companhia suíça Acron AG, Kai Bender, informou que concordou em pagar R$ 225 milhões pelo hotel
Rio de Janeiro - Três meses após Eike Batista
ter admitido que colocou o Hotel Glória à venda, um candidato se
declarou publicamente interessado no empreendimento, que é um ícone do
Rio de Janeiro.
A uma agência de notícias internacional, o executivo-chefe da companhia
suíça Acron AG, Kai Bender, informou que negocia a compra do hotel, há
dois anos, e que concordou em pagar R$ 225 milhões por ele. Segundo ele,
o acordo será fechado nos próximos dois meses. A REX, empresa do grupo
EBX que atua na área imobiliária, não quis comentar o assunto.
O Glória foi adquirido por Eike em 2008 e há três anos o empresário
assinou contrato de financiamento com o Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que aprovou o empréstimo de
R$ 190,6 milhões, dentro do programa de incentivo a investimentos à rede
hoteleira para a Copa de 2014 (ProCopa). Em novembro de 2012, o banco
liberou R$ 50 milhões para a obra.
O projeto de Eike é um retrofit (técnica de reforma que preserva a
fachada, mas moderniza todo o interior) audacioso, que chegou a ser
criticado por causa da descaracterização do imóvel. A reforma teve seu
pico de obras em 2010, e foi orçada em R$ 350 milhões. A obra está
atrasada e dificilmente ficará pronta a tempo da Copa. Quando
intensificou a diversificação de seus negócios, Eike usou o prédio como
um símbolo e disse que, com ele, devolveria o glamour ao Rio de Janeiro.
Outro símbolo da excentricidade de Eike, o barco Pink Fleet também
entrou no processo de liquidação de ativos do grupo. A ideia de ganhar
dinheiro com eventos corporativos a bordo do navio na Baía de Guanabara
não deslanchou. A embarcação, inaugurada como atração turística carioca
em 2007, vinha dando prejuízo a Eike Batista.
O empresário tentou vender o barco e chegou a propor sua doação à
Marinha para se livrar dos custos de manutenção - estimados em cerca de
R$ 300 mil por mês -, mas as tentativas não vingaram. Há cerca de um
mês, o Pink Fleet deixou a Marina da Glória, onde ficava ancorado, em
direção ao estaleiro Cassinú, em São Gonçalo (RJ). O objetivo é
desmanchar o navio e vender suas peças. A EBX preferiu não comentar.
A Acron, que negocia a compra do Hotel Glória, é especializada em
investimentos imobiliários. Tem sede em Zurique, na Suíça, e
subsidiárias na Alemanha, nos EUA e em Luxemburgo. No ano passado,
iniciou investimentos em São Paulo, com foco em imóveis para
investidores suíços e alemães.
Cinco estrelas. Os rumores sobre a venda do Glória começaram em junho,
quando as obras de modernização foram paralisadas após três anos de
intervenções no prédio, inaugurado em 1922. À época, o preço estimado
para venda era de R$ 300 milhões - considerado acima do mercado e pouco
atraente para as bandeiras hoteleiras.
O hotel foi comprado em 2008 por R$ 80 milhões. Marco na arquitetura
art déco do Rio e um dos mais luxuosos do País, o hotel estava
abandonado desde 2000, quando fechou. Ele foi construído para ser o
primeiro hotel cinco estrelas brasileiro, encomendado pelo então
presidente da República Epitácio Pessoa para receber autoridades nas
comemorações do centenário da Independência do Brasil.
O projeto original era do arquiteto francês Joseph Gire, o mesmo do
Copacabana Palace, com quem rivalizava em luxo e hóspedes célebres. Para
a renovação do prédio, a promessa dos arquitetos era preservar a
fachada e reconstruir todo o interior com a técnica de retrofit.
O projeto foi elaborado pelo arquiteto Hamilton Casé e decorado pelo
americano Jeffrey Beers. A previsão inicial era inaugurar o
empreendimento no primeiro semestre de 2014. Após atrasos e paralisações
na obra, entretanto, a empresa deixou de prever a data de reabertura do
hotel. As informações são do jornal O
Estado de S. Paulo.
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