sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Redes de Negócios: o exército de Esparta contra Golias




União é o caminho para os pequenos varejistas sobreviverem às grandes multinacionais

Reprodução

Não é de hoje que a História narra épicas batalhas entre dois lados desproporcionais. Muito além do bem e do mal, do certo e errado, justo ou desleal; a guerra entre o grande forte e o pequeno fraco sempre fascinou a humanidade. Assim foi com o conto bíblico de Davi e Golias, a mitologia da guerra de Esparta contra o Império Persa em 300, americanos e vietnamitas… Não faltam exemplos !

Porém, no mundo dos negócios, esta disputa nem sempre foi tão romântica. Mesmo antes do início do capitalismo moderno, organizações maiores sempre sobrepujaram as menores. Não é nem preciso ser um expert em Administração para entender os motivos. Regra geral, quanto maior a sua operação, mais vantagem competitiva se pode obter da chamada economia de escala. Este principio é valido para todas as áreas da gestão da empresa: das compras à logística, da gestão de pessoas ao marketing. Resumindo, quanto maior a operação, menores custos proporcionais e muito maior a sua competitividade.

Nesse contexto, a grande preocupação das micro e pequenas empresas do varejo sempre foi como competir contra as grandes corporações que a cada dia se tornam mais globais. Conglomerados do varejo que se expandem em todas as direções! Verticalmente, comprando outros integrantes da cadeia como fornecedores e até bancos de crédito e financeiras; e, horizontalmente, em uma feroz corrida aos novos mercados consumidores, comprando empresas concorrentes menores ou fundindo-se com outras corporações de igual tamanho e poder.

Um exemplo bem expressivo desse quadro é o segmento de revenda de material de construção. Com a tendência cada vez maior ao autosserviço no varejo, o setor vem se renovando e expandindo de forma frenética nos últimos anos, tornando-se uma das áreas mais atrativas para novos investimentos no varejo mundial. Atualmente, podem-se encontrar no mercado não somente os grandes grupos que surgiram do crescimento natural de pequenas empresas do setor, mas também os novos grupos que já nasceram grandes e orientados à escala, oriundos de outros segmentos, como o varejo supermercadista.

Conglomerados como o francês Adeo, detentor de pelo menos 5 grandes cadeias de revendas segmentadas de material de construção, entre elas a Leroi Merlin, que está em franco crescimento no Brasil, é um bom exemplo. Outro sinal do fortalecimento desse setor foi a recente aliança estratégica entre o mega grupo chileno Falabella, detentor da cadeia latino-americana de revenda de material de construção Sodimac, com uma das maiores cadeias paulista de home centers: o Grupo Dicico. E o que acontecera então com o tradicional depósito de bairro de material de construção?

O mais dramático é que podemos achar exemplos emblemáticos em quase todos os segmentos do varejo tradicional! Óticas? Luxotica italiana! Fast Food? Mac Donalds, Pizza Hut …. Padarias, autopeças, papelaria, floricultura… até serviços funerários já chegaram ao nível global de expansão, podem acreditar! Será realmente o fim do pequeno? Da loja tradicional de bairro? É possível competir com os gigantes e sobreviver?

A resposta sem medo de errar é sim! E a solução não é somente uma luz no final do túnel. Pelo contrário. O que estamos vivenciando hoje é uma revolução que está mudando radicalmente as bases de competição entre grandes e pequenos. E, ironicamente, a solução veio exatamente de forma contrária à estratégia das grandes corporações. Com as mudanças da percepção de consumo da sociedade, a máxima da globalização mudou de “Pense global e aja local” para “Pense global e seja local”.

Cada vez mais, as pessoas valorizam as raízes das marcas e empresas e consumidores prestigiam produtos, sejam bens ou serviços, locais. Com isso, a lógica atual entre as multinacionais é “dividir para aumentar”. Ou seja, continuam seu ritmo de crescimento, mas agora comprando empresas e marcas locais e mantendo-as ativas, quase que como concorrentes diretas de suas marcas principais. Assim é o caso da Coca-Cola, que atualmente possui mais de 500 marcas locais pelo mundo.

O refrigerante Jesus, líder de vendas no Maranhão e a famosa Inca Cola, fenômeno de vendas no Peru desde sua criação, são ambas pertencentes à global The Coca-Cola company group. E é exatamente na lógica inversa dos grandes que vem ganhando força no mundo o conceito de Redes de Negócios, onde pequenas empresas locais do mesmo segmento se unem para ganhar poder. Aqui, o principio é “Somando para Sobreviver”.

O conceito


O conceito de redes é muitas vezes erroneamente confundido com as “antigas” cooperativas, que carregavam todo o romantismo, quase utópico, dos movimentos comunistas e socialistas. As redes de negócios têm antes de tudo fins financeiros, visam o lucro. O conceito gira basicamente em torno de três princípios: economia de escala, gestão profissional, ganho e manutenção de competitividade. A ideia é simples: pequenas empresas do mesmo segmento compartilhando atividades comuns a todas, como compras, marketing, gestão de pessoal, boas práticas empresariais, entre outras, em prol de vantagens competitivas compartilhadas.


Atualmente, podemos encontrar no Brasil redes de negócios em quase todos os segmentos do varejo. A rede Âncora de revendas de autopeças se tornou um exemplo a ser seguido. Eles estão presentes em quase todos os estados da União e constituem hoje uma das maiores redes do Brasil, com mais de 800 lojas associadas e com uma previsão de ultrapassar 1.000 lojas em 2013.

Para você que é micro ou pequeno empresário do varejo, independente do seu setor, não se iluda. O caminho da sobrevivência e de uma maior competitividade é esse. Rede de Negócios com seus “vizinhos”, porque os seus verdadeiros concorrentes, os globais, estão chegando. E ainda pior: vindo de mercados em recessão como os da Europa e ávidos a conquistar novos consumidores. No caso, os seus.


Unam-se, fortaleçam-se e estejam prontos, mais fortes do que nunca, para a batalha que esta por vir!

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Petroleiras buscam infraestrutura na 12ª rodada

De um total de 240 blocos ofertados na 12ª rodada de licitações, 72 foram arrematados, dos quais 70 deles nas bacias do Paraná

Sabrina Lorenzi e Jeb Blount, da
Ricardo Moraes/Reuters
Presidente da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Magda Chambriard, fala durante entrevista coletiva no Rio de Janeiro
Presidente da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Magda Chambriard, fala durante entrevista coletiva no Rio de Janeiro

Rio de Janeiro - O governo brasileiro conseguiu licitar nesta quinta-feira praticamente apenas blocos exploratórios de gás localizados em bacias que contam com infraestrutura e próximas de centros consumidores, mostrando a preocupação das empresas em escoar o gás que eventualmente encontrarem nas áreas.

De um total de 240 blocos ofertados na 12a rodada de licitações, 72 foram arrematados, dos quais 70 deles nas bacias do Paraná, que abrange os Estados do Paraná, Mato Grosso do Sul e São Paulo; de Sergipe-Alagoas; e do Recôncavo, na Bahia.

O resultado surpreendeu pela grande procura por blocos nas três bacias, mas também confirmou expectativas pessimistas com a fraca demanda por áreas localizadas em regiões mais isoladas e de novas fronteiras, afirmaram especialistas, executivos e autoridades do setor.

"Foi uma rodada para semear a cultura do gás", afirmou Magda Chambriard, diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP), que é responsável pelos leilões.

O arremate de cerca de 30 por cento dos blocos oferecidos na 12a Rodada ficou abaixo do resultado alcançado na 10a Rodada, quando também foram licitados apenas blocos exploratórios em terra. Na 10a Rodada, foram arrematados cerca de 41 por cento dos blocos ofertados. Por outro lado, o governo arrecadou bem em bônus no leilão desta quinta.


Bônus


O diretor da ANP Florival Carvalho avaliou que o valor arrecadado com bônus surpreendeu a reguladora.
No total, a agência garantiu arrecadação de 165,2 milhões de reais, sendo que 120,2 milhões de reais serão pagos apenas pela Petrobras, segundo cálculos da Reuters.

Levando em conta apenas os blocos arrematados, o bônus a ser pago foi 8,5 vezes superior ao bônus mínimo exigido pelo governo.

Na 10a Rodada, o governo arrecadou 89 milhões de reais em bônus de assinatura, mas os investimentos previstos chegaram a 611 milhões de reais, acima do investimento mínimo previsto no leilão desta quinta-feira, de 503 milhões de reais. 

Paraná Surpreende
A Bacia do Paraná, apesar de apresentar um elevado risco exploratório, foi a que mais despertou interesse, com 16 áreas arrematadas das 19 oferecidas pela ANP.

"Se olharmos para a bacia do Paraná, que ainda é um desafio do ponto de vista geológico, vemos que está bem perto dos mercados ... E em Sergipe-Alagoas há infraestrutura", afirmou o presidente do Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP) João Carlos de Luca.

Também houve boa procura por blocos das bacias do Sergipe-Alagoas e do Recôncavo, ao contrário do que aconteceu com as áreas ofertadas nas bacias do São Francisco e Parecis, que não tiveram nenhum bloco arrematado.

As bacias do Parnaíba e de Acre-Madre de Dios tiveram apenas um bloco adquirido em cada uma.


Petrobras Domina


A Petrobras foi, de longe -- e como sempre --, a petroleira que mais arrematou blocos, com 49 áreas.
Empresas como a panamenha Trayectoria, a colombiana Alvopetro e as brasileiras Ouro Preto e Petra Energia se destacaram pela quantidade de blocos que arremataram ou levaram em parceria com outras companhias.

"Escolhemos ficar onde já existe infraestrutura, perto de estradas e com facilidade para entregar óleo e gás", afirmou o empresário Rodolfo Landim, acionista da Ouro Preto. A empresa participou de um consórcio liderado pela Petrobras que levou ao menos seis concessões na bacia do Recôncavo.

Amplamente conhecida pela indústria e considerada o berço da exploração de petróleo, a bacia do Recôncavo também atraiu a panamenha Trayectoria, que arrematou 6 áreas na região. Outros quatro blocos foram arrematados pela empresa na bacia de Sergipe-Alagoas, conhecida pela boa infraestrutura.

O diretor superintendente da Alvopetro, Carlos Eduardo Freitas, avalia que a infraestrutura foi fator determinante no leilão. A empresa arrematou quatro blocos também no Recôncavo.

A falta de infraestrutura atrapalhou o leilão de áreas nas outras quatro bacias que contaram com poucas ou nenhuma oferta, como já haviam alertado especialistas e executivos ouvidos pela Reuters.

A baixa demanda já era esperada, sobretudo nas áreas de nova fronteira, onde o risco exploratório é bastante elevado.

No caso da bacia de São Francisco, a experiência fracassada de algumas empresas que devolveram blocos na área pode tê-las afugentado. No Parecis --no Mato Grosso e Rondônia--, a distância do mercado consumidor também pode ter atrapalhado, como disse um representante do Ministério de Minas e Energia.

"O leilão foi positivo, com uma disputa grande que surpreendeu na bacia do Paraná e nenhuma disputa que nos frustrou na bacia do Parecis", afirmou o secretário de Petróleo e Gás do Ministério de Minas e Energia, Marco Antonio Almeida, após o certame. "Não sabemos se as empresas ficaram desinteressadas pelos dados geológicos ou se estão entendendo que a região fica distante do mercado consumidor", disse.

Outra preocupação que pode ter pesado na falta de apetite por bacias de novas fronteiras e com vocação para a exploração de gás não-convencional, como a do São Francisco, é a falta de regulamentação e a preocupação ambiental de órgãos do próprio governo com o método de exploração, afirmou um especialista do setor que participou do evento e que pediu para não ter sua identidade revelada.

O Brasil não possui estudos geológicos suficientes que permitam uma avaliação segura para a exploração de gás não- convencional, concluiu um parecer elaborado por membros do Ibama, Ministério do Meio Ambiente e ICMBio, órgão que trata das reservas ambientais brasileiras.

Classe B lidera gasto com carro no Brasil


Classe B é responsável por 52% do consumo total relacionado a carro particular no país, que deve atingir R$ 277 bilhões este ano

Getty Images
Compra de carro
Carro novo: classe B lidera gasto com automóvel no país

São Paulo - Os brasileiros devem gastar R$ 277 bilhões até o fim do ano na compra de automóveis novos ou usados, peças, acessórios, serviços, manutenção e combustível. O valor está 6% acima do registrado em 2012.

Os dados foram divulgados hoje pela Pyxis Consumo, ferramenta de dimensionamento de mercado do IBOPE Inteligência.

A classe B lidera com 52% do consumo total, o equivalente a R$ 143 bilhões. Em seguida vem a classe C, com R$ 66 bilhões.

A região com maior participação é a Sudeste, responsável por 51% do consumo total do país. O segundo maior potencial é o da região Sul: R$ 31 bilhões.

Em seguida vem a região Nordeste, responsável por R$ 41 bilhões - o equivalente a 15% do total nacional e um aumento de 7% em relação ao ano passado.

A região Centro Oeste também deve registrar o mesmo crescimento no ano, levando seu total para R$ 26 bilhões. A região Norte é a que menos gasta com essa questão.

Se o gasto fosse dividido por cada brasileiro, a média seria de R$ 1.691,70 de gasto no ano: R$ 1.048,33 para aquisição, R$ 426,40 para combustível e R$ 216,97 para serviços e manutenção. 

Black Friday terá imóveis com desconto de até R$ 770 mil


Empresas como RealtON e Camargo Corrêa Desenvolvimento Imobiliário oferecem descontos de até 38% nesta sexta; MRV já promove campanha desde o início da semana

Divulgação/RealtON
Apartamento vendido com desconto na Black Friday no bairro do Butantã, São Paulo
Apartamento vendido com desconto em São Paulo: há ofertas de imóveis de todos os padrões, prontos e em construção

São Paulo - Até mesmo os imóveis entraram na onda da Black Friday, e os descontos, segundo as empresas participantes, chegam a 770 mil reais.

O outlet online de imóveis RealtON, empresa especializada em vender imóveis com desconto, promete cortes de até 29% nesta sexta-feira, a partir da meia-noite. Segundo o presidente executivo da empresa, Rogério Santos, haverá descontos de até 770 mil reais.

A prática não é estranha à RealtON, que participa da sua segunda Black Friday. O site é especializado em vender imóveis "encalhados" das incorporadoras, como aqueles poucos que não são vendidos na planta e permanecem vazios quando o empreendimento é concluído.

Por enquanto, o site da RealtON permite apenas a visualização de uma seleção de imóveis, como uma cobertura de quarto dormitórios no bairro do Ipiranga, em São Paulo, que passou de 2.747.000 de reais para 1.976.500 de reais, um desconto de 28% ou 770.500 reais. A partir de meia-noite, os interessados poderão acessar um hotsite especialmente dedicado à Black Friday

Há imóveis de todos os padrões e tamanhos, como um apartamento no Butantã, em São Paulo, com 64 metros quadrados e dois dormitórios, que passou de 387.300 reais para 316.037 reais, um desconto de 18%.

A RealtON disponibilizará imóveis na planta, prontos e semiprontos, nos bairros paulistanos do Brooklin, Pompéia, Ipiranga, Tatuapé e Vila Guilherme, além de unidades nas cidades paulistas de Jundiaí e Campinas.


Construtoras também oferecem descontos


As construtoras também aderiram às promoções. A Camargo Corrêa Desenvolvimento Imobiliário (CCDI), por exemplo, oferece até 38% de desconto para empreendimentos localizados na cidade de São Paulo (nos bairros de Morumbi e Interlagos), e no município de Taboão da Serra, na Grande São Paulo. A maioria dos imóveis já foi entregue.

A construtora participa do evento pela primeira vez. Os descontos vão de 73 mil a 375 mil reais, e as ofertas podem ser conferidas no site da CCDI.

Já a MRV Engenharia optou por oferecer descontos durante toda esta semana, e as promoções vão durar até este sábado. A campanha "Black Week MRV" ocorre em todos os plantões de venda da construtora no país e oferece mais de 100 empreendimentos em promoção em 50 cidades.

Os descontos vão de 2 mil a 32 mil reais, com destaque para os imóveis que estão prontos para morar, oferecendo os maiores cortes. As ofertas podem ser vistas no site da empresa.

Bicicleta paga mais imposto do que carro

 


 

Embora tenha crescido no país o discurso pró-bicicleta, pelas vantagens ambientais, na saúde da população e para desafogar o trânsito, o governo tributa mais as "magrelas" que os carros, beneficiados por incentivos fiscais, que podem ser prorrogados até 2014.

Segundo estudo elaborado pela Tendências Consultoria para a Associação Brasileira do Setor de Bicicletas (Aliança Bike), o imposto que incide sobre as bicicletas no país é de 40,5% em média, contra 32% dos tributos no preço final dos carros, de acordo com levantamento da Consultoria IHS Automotive no Brasil.

A falta de incentivo fica claro na comparação do IPI: a alíquota do tributo federal é de 3,5% para carros populares, contra 10% para as bicicletas produzidas fora da Zona Franca de Manaus (ZFM, onde há isenção, mas que produz apenas 21% do total do país).

Com isso, o Brasil tem umas das bicicletas mais caras do mundo. Uma bike comum, aro 26 e 21 marchas, vendida em média a R$ 400 no Brasil, é cerca de 54% mais cara que uma similar nos Estados Unidos, onde sai por R$ 259, segundo pesquisas em sites de compras. A bicicleta dobrável, ideal para uso de forma integrada ao transporte público, custa R$ 640 no Brasil, contra R$ 477 na Alemanha. - Com todos os benefícios da bicicleta me parece descabido este elevado grau de impostos. A população tem se conscientizado, algumas cidades estão criando infraestrutura de ciclovias e ciclofaixas, mas falta, ainda, a questão tributária - afirmou Marcelo Maciel, presidente da Aliança Bike, que reúne 53 empresas do setor.

Venda pode subir 14% com preço baixo
Segundo o estudo, em média, uma bicicleta que sai de uma fábrica brasileira tem seu preço elevado em 68,2% devido aos impostos, levando em conta o mix de produção do Brasil, uma vez que a produção de Manaus, 21% do total, tem menos impostos. Levando em conta apenas o preço de uma bicicleta fabricada no resto do país, os tributos elevam em 80,3% seu preço, ou seja, nestes casos, uma parcela de 44,5% do preço final das bikes é tributos.

Para Daniel Guth, consultor da Associação de Ciclistas Urbanos da Cidade de São Paulo (Ciclocidade), a tributação e seu impacto no preços é fundamental para estimular o uso das bicicletas no país. Segundo ele, do total de bicicletas vendidas no Brasil, 50% são destinadas ao transporte, 37% vão para as crianças, 17% usadas para lazer e 1% para corrida: - Temos dados que mostram que 30% das pessoas que usam bicicletas no país têm renda de até R$ 600. E uma bicicleta não sai por menos de R$ 500, então o fator preço pesa muito.

Segundo a economista Carla Rossi, da Tendências, uma redução de 10% do preço pode gerar aumento imediato de 14% nas vendas no Brasil. Ela estima que, por causa do preço, o mercado das bikes, de cinco milhões de unidades em 2011, chegará a 5,9 milhões em 2018, enquanto que o potencial, com um preço mais justo, seria de 9,3 milhões de unidades.

- E uma redução nos impostos poderia auxiliar até na formalização do setor, com cerca de 40% das 235 fabricantes do país informais, de pequeno tamanho.

Quem não quer entrar na informalidade acaba se transformando em importador. É o caso da RioSouth, empresa carioca que planejava fabricar bicicletas elétricas em solo fluminense. Mas os sócios da empresa fizeram as contas e viram que suas bicicletas, que hoje custam de R$ 3 mil a R$ 4 mil - no caso da elétrica dobrável - sairiam 30% mais caras: - Teríamos o imposto de importação de peças, pois motores e baterias não são feitos no país, e o elevado custo da mão de obra. Não conseguiríamos incentivos, pois somos pequenos. No fim, decidimos fazer o design das bicicletas e fabricá-las na China - disse Felipe Tolomei, sócio da empresa. - E esse preço ainda é alto por causa de impostos, muitos consumidores acabam optando por comprar uma scooter, que sai a partir de R$ 4 mil.

Everton Francatto, diretor comercial da Verden Bikes, fábrica que produz cerca de 40 mil bicicletas por ano no interior paulista, menciona outro exemplo de substituição: - A nossa maior preocupação é justamente nas bicicletas infantis, que custam cerca de R$ 300. Nessa faixa temos uma forte concorrência com o eletrônico. Hoje o sonho de Natal das crianças não é mais a bike, é um tablet, e isso gera problemas de saúde para esta geração.
Fonte: Henrique Gomes Batista / Nice de Paula OG




Concentração perdida com uso de tecnologia 'pode ser recuperada'



Chineses com seus tablets e smartphones em Pequim, em foto de arquivo (AP)

Nosso apego aos aparelhos tecnológicos nos torna mais distraídos de outras tarefas, diz pesquisador

Você já se distraiu de uma tarefa para checar seu perfil nas redes sociais? Ou perdeu uma conversa na mesa do restaurante porque estava respondendo mensagens no smartphone?

Para Larry Rosen, professor da Universidade Estadual da Califórnia e pesquisador da chamada "psicologia da tecnologia", você não está sozinho: a capacidade média de concentração dos participantes de suas pesquisas é de apenas 3 a 5 minutos. Depois disso, eles se distraem, sem conseguir terminar seus estudos ou trabalhos.
O problema tende a se acentuar à medida que nos tornamos cada vez mais inseparáveis de tablets e smartphones - e as consequências podem ser ruins para nossa capacidade de ler, aprender e executar tarefas.

"Se ficamos trocando de tarefa, nunca passamos tempo o bastante para nos aprofundarmos em nenhuma delas. Três minutos certamente não bastam para estudar", diz Rosen, autor de livros sobre o impacto social da tecnologia. Sua próxima obra, em conjunto com um neurocientista, se chamará justamente The Distracted Mind (A Mente Distraída, em tradução livre). 

Em entrevista à BBC Brasil, ele sugere técnicas simples para "reprogramar" o cérebro a reconquistar essa habilidade de prestar atenção.

E, no caso de adolescentes, não adianta vetar a tecnologia - mas sim estimulá-la em horas certas. Confira:

BBC Brasil - Nossa capacidade de concentração está diminuindo?

Larry Rosen - Certamente está cada vez menor, e em diversos níveis. Pesquisas mostram que nossa concentração média é de 3 a 5 minutos antes que acabemos nos distraindo, no estudo ou no trabalho. A maioria dessas distrações são tecnológicas – alertas de mensagem, e-mails etc.
Culturalmente, seguimos essa tendência. Até TV mudou. Em programas de TV dos anos 1980 e 1990, o tempo de cada cena era muito maior do que é nos programas atuais, que se adaptaram à nossa atenção mais curta. Revistas também fazem reportagens cada vez mais curtas.

BBC Brasil - Isso é um problema?

Rosen - Se ficamos trocando de tarefa, nunca passamos tempo o bastante para nos aprofundarmos em nenhuma, e tudo fica superficial. Três minutos certamente não bastam para estudar, por exemplo.
O segundo problema é que, terminada a distração, não voltamos imediatamente à tarefa que interrompemos. Precisamos de um tempo para lembrar onde estávamos. No caso de um livro, temos de reler alguns parágrafos, realocar nosso cérebro.
"Não é um vício – se fosse, teríamos sensação de prazer ao checar nosso celular. E a maioria de nós não estamos obtendo prazer, estamos apenas tentando reduzir a ansiedade e a sensação de não sabermos se estamos perdendo algo (uma mensagem ou informação)"
Em uma pesquisa com estudantes universitários, tiramos seus telefones, os dividimos em três grupos - de uso leve, moderado e extremo - e medimos sua ansiedade.

Os usuários leves tiveram pouca alteração em seus níveis de ansiedade; os moderados rapidamente ficaram ansiosos, até que esses níveis caíram. Mas as pessoas que usavam muito seus smartphones ficavam mais e mais ansiosas. E neste último grupo estavam justamente as crianças e os jovens adultos. Temos de ensiná-los a evitar essa ansiedade.

BBC Brasil - Será um reflexo disso o fato de as pessoas lerem pouco ou não terminarem muitas leituras?

Rosen - Muitas pessoas já não conseguem mais ler integralmente, elas passam o olho. Percebo isso como professor: ao mandar um e-mail aos alunos, que respondem com dúvidas. Mas essas dúvidas estavam respondidas no e-mail original. Daí eles dizem, 'desculpe, eu só li as primeiras linhas'.
Tudo fica mais superficial, mas também mais estressante. Quanto mais trocamos de tarefas, mais damos para o nosso cérebro monitorar.

BBC Brasil - Alguns estudos mostram que isso afeta o desempenho de estudantes e profissionais. Há exagero?

Rosen - Em outra pesquisa, assisti a estudantes durante seus estudos. Pedíamos que eles estudassem matérias importantes, para ver como se concentravam. E vimos que eles só conseguiam manter sua atenção por uma média de 3 minutos.

O interessante é que os que conseguiam se concentrar mais tinham notas melhores na escola, e não apenas naquela matéria que estavam estudando. Ou seja, se concentrar melhora o desempenho, na escola, no trabalho e até nos relacionamentos pessoais.
Larry Rosen
Larry Rosen estuda a 'psicologia da tecnologia'

BBC Brasil - Como recuperamos esse poder de concentração?

Rosen - É possível aprender técnicas simples para aumentar a capacidade de focar e não se distrair.
Imaginemos, por exemplo, a hora do jantar de uma família comum. Hoje em dia, todos jantam tendo seus celulares consigo. A sugestão é, no início do jantar, que todos possam checar seus celulares por um ou dois minutos. Mas depois têm de silenciá-los e virar seu visor para baixo, para não ver as mensagens chegando.

Após 15 minutos marcados no relógio, todos recebem permissão para checar o telefone novamente, por um minuto. À medida que a família se acostuma com isso, aumenta-se gradualmente esse período de 15 para 20 e 30 minutos.

E assim cria-se tempo para conversas familiares ininterruptas por 30 minutos, seguido de um minuto para checar o celular. É uma forma de treinar o cérebro a não se distrair, e isso é essencial.
BBC Brasil - É uma reprogramação do cérebro?
Rosen - Você está reprogramando a parte química envolvida no estresse do seu cérebro.
Porque o que começamos a ver é: se impedimos as pessoas de checarem seus celulares ou dispositivos tecnológicos, elas ficam ansiosas, (o que produz) alterações químicas.

BBC Brasil - É como um vício?
Rosen - O engraçado é que não é um vício – se fosse, teríamos sensação de prazer ao checar nosso celular. 

E a maioria não está obtendo prazer, apenas tentando reduzir a ansiedade e a sensação de não saber se está perdendo algo (na internet ou nas redes sociais).

BBC Brasil - O que podem fazer os professores que querem recuperar a atenção de seus alunos?

Rosen - Em geral, eles terão de usar a própria tecnologia, seja permitindo que os alunos usem seus próprios dispositivos ou trazendo dispositivos à aula. 

Por exemplo, com vídeos curtos, que costumam atrair os estudantes. Aqui nos EUA, algumas escolas particulares também têm usado mais tecnologias, como iPads e Apple TV, na sala de aula. Isso certamente torna a educação mais atraente.
"Se você veta o uso da tecnologia, os estudantes vão ficar o tempo todo pensando no que estão deixando de ver (no celular), nos comentários que a sua foto no Instagram estará recebendo. E, assim, não vão prestar atenção na aula de qualquer maneira"
Em escolas que proíbem os aparelhos móveis, os estudantes os levam escondidos e ficam trocando mensagens debaixo da carteira. É melhor, então, que os professores os deixem checar em determinados momentos – por exemplo, a cada meia hora por um ou dois minutos.

Se você veta o uso da tecnologia, os estudantes vão ficar o tempo todo pensando no que estão deixando de ver (no celular), nos comentários que a sua foto no Instagram estará recebendo. E, assim, não vão prestar atenção na aula de qualquer maneira.

BBC Brasil - Você vê alguma vantagem no fato de estarmos fazendo diversas tarefas ao mesmo tempo?

Rosen - Em geral, não – a tentativa de fazer muita coisa junta impacta seus relacionamentos. Se você tenta falar com seu marido ou mulher à noite e cada um está vidrado em seu celular, que conversa vai ter?
Se você está com seus amigos num restaurante, mas fica no celular, que interação fará com eles?
E fico pensando como será quando as pessoas começarem a usar o Google Glass - você vai achar que (seu amigo) está olhando para você, mas ele estará, na verdade, olhando para o que estiver aparecendo nos óculos.

BBC Brasil - Mas tem gente que pode ter uma performance melhor nesse novo ambiente de estímulo constante?

Rosen - Pesquisas mostram que uma parcela bem pequena das pessoas é capaz de funcionar bem nesse tipo de ambiente. Não vi pesquisas de longo prazo a respeito disso, mas imagino que isso seja algo estressante. E no longo prazo isso não é bom para o corpo. 

BBC Brasil - As pessoas conseguem definir regras para si mesmas, limitando o próprio uso da tecnologia?

Rosen - Eu costumava enlouquecer com meu feed no Twitter, até decidir checá-lo uma vez só por dia.
Uma das regras que recomendo é: tire seu celular ou notebook do quarto uma hora antes de ir dormir e não se permita checá-los até o dia seguinte.

Hoje, nossos estudos mostram que a maioria dos adolescentes e jovens adultos dorme ao lado dos seus telefones e acorda no meio da noite para checá-los. Isso é péssimo para o seu cérebro, que precisa de blocos longos e consistentes de sono. E também prejudica o aprendizado.

Acho que isso ainda vai piorar, até que as pessoas percebam o efeito negativo sobre sua saúde. E daí começarão a pensar: será que eu realmente preciso checar meu feed de Twitter 20 vezes por dia? Será que realmente preciso estar em sete redes sociais diferentes?

Mas no momento estamos tão empolgados com a tecnologia que somos como crianças em uma loja de doces: queremos experimentar tudo.

Estrangeiros na Copa podem causar mutação no vírus da dengue


Revista científica alerta estrangeiros e brasileiros sobre risco de surto de dengue em 2014. Sanitarista afirma que turistas podem trazer novas variações da doença

James Gathany/Wikimedia Commons
Mosquito Aedes Aegypti, transmissor da dengue

Aedes Aegypti, mosquito transmissor da dengue: Fortaleza, Natal e Salvador têm, historicamente, picos de dengue justamente no período da Copa

São Paulo - Um artigo publicado na consagrada revista científica Nature alerta brasileiros e estrangeiros para o perigo de um surto de dengue durante o período da Copa do Mundo no Brasil, no próximo ano.

"Aqueles que estiverem no Brasil terão mais do que se preocupar que o preparo de seus melhores goladores: a dengue pode ser um problema significativo em alguns dos locais do torneio", avisa o sanitarista Simon Hay, da Universidade de Oxford, no texto “A febre do futebol pode ser uma dose de dengue”, em tradução livre, publicado ontem.

Segundo o especialista, o alerta tem duas frentes: vale tanto para os cerca de 500 mil estrangeiros  - desinformados - que devem aterrisar por aqui, como para os brasileiros, que poderão vir a conhecer novas variações dos vírus surgidas dos contatos com quem vem de fora.

Hay alerta que três das 12 cidades-sede dos jogos podem sofrer com a dengue durante o período e que medidas preventivas precisam ser tomadas. As cidades que preocupam são Fortaleza (CE), Natal (RN) e Salvador (BA), todas no Nordeste do país.

Segundo o sanitarista, o percentual de casos de dengue registrados entre 2001 e 2013, nos meses de junho e julho (quando ocorrerá a Copa) é de 9.9% em Fortaleza, 13,5% em Natal, e 10,1% em Salvador - os mais altos do país neste período. 

Hay diz que, apesar dos brasileiros já conviverem com a dengue e saberem como se prevenir, a doença é particularmente desconhecida para os europeus.

E os visitantes podem introduzir novos genótipos de dengue aos quais os brasileiros tem imunidade baixa, assim como a união de grandes populações não imunes pode impulsionar a transmissão em caso de surto.
“Isto significa que a Fifa, as autoridades brasileiras e os patrocinadores da Copa do Mundo devem usar sua influência e experiência para comunicar aos visitantes o risco e as medidas de proteção que devem ser tomadas”, diz.


Pesquisa


Ele diz que apesar de ser difícil prever como a doença se comportará em 2014, usando os dados dos anos anteriores é possível fazer projeções.

"Para as áreas no em torno de nove estádios da Copa, os dados mostram que a principal temporada de dengue terá passado antes da Copa do Mundo, que será realizada em junho e julho. Infelizmente, o risco permanecerá alto durante os meses do torneio no Nordeste do país", afirma Simon Hay.

Ele recomenda que as autoridades brasileiras implementem um controle agressivo de vetores em abril e maio, particularmente em torno dos estádios, para diminuir o número de mosquitos transmissores da dengue.