A firmeza do Banco Central na regulação e na supervisão e monitoramento do sistema, que já é bastante sólido, ajuda a prevenir, suportar e resolver eventuais crises bancárias nacionais e internacionais e proteger os depositantes, a economia e o país dos efeitos potencialmente destrutivos destes eventos. A afirmação foi feita nesta terça-feira pelo presidente da Febraban, Isaac Sidney, durante a abertura pela manhã da Febraban GRISC.
Portanto, de acordo com ele, é preciso, de modo permanente, preservar os fundamentos e características de um setor bancário resiliente. “Temos de combater os focos de fragilidades e evitar importar crises de fora do sistema, mas que tem potencial elevado de desestabilização”, disse.
O Brasil, segundo o presidente da Febraban, com todos os problemas estruturais por que já passou, manteve um sistema bancário de alto nível e uma excelência regulatória nos melhores padrões internacionais. “Por isso, seguimos numa agenda regulatória intensa. Eu diria: uma agenda muito pesada e penosa, que visa aumentar a resiliência e possibilitar o melhor funcionamento do sistema. Mas todos os segmentos da nossa indústria precisam remar na mesma direção de um sistema financeiro sólido e sem vulnerabilidades.”
Objetivo central
O presidente da Febraban destacou que o objetivo central da regulação bancária é assegurar a solidez e o bom funcionamento da indústria financeira, com robustez e estabilidade financeira. O setor bancário, de acordo com Sidney, não pode falhar e precisa manter e aprimorar sempre sua eficiência e, sobretudo, garantir permanentemente sua credibilidade.
“A conclusão inafastável a que chegamos dessas duas afirmações é que uma boa gestão de riscos se faz com regras rigorosas, com normas transparentes e isonômicas e com uma supervisão atuante e preventiva. Com isso, temos os pilares fundamentais para assegurar a resiliência de qualquer setor bancário”, disse o presidente da Febraban.
Segundo ele, é certo que o sistema bancário brasileiro é um exemplo para o mundo, seja pela força e qualidade da sua regulação e fiscalização, seja pelo empenho, pelo compromisso e pela capacidade técnica dos bancos brasileiros e de seus dirigentes.
“Vivemos um ambiente de intensas discussões por parte dos reguladores internacionais, creio que o mais relevante período desde a publicação do pacote final de Basileia 3, em 2017. Estamos mergulhados em diversas consultas e revisões normativas promovidas pelo Comitê de Basileia, tudo isso na esteira de eventos bancários críticos ocorridos nos EUA e Europa e das transformações observadas no cenário financeiro internacional”, afirmou Sidney.
De acordo com ele, desde então o que tem sido visto é que os riscos tradicionais, após a crise financeira internacional de 2008, ganharam novas vertentes e nuances que não podem ser ignoradas.
“O setor bancário global passa por uma grande transformação tecnológica, que traz novos padrões de comportamento e velocidade por parte dos agentes e adiciona novos ativos e players relevantes ao mercado. Precisamos admitir que, nesse ambiente, no Brasil e lá fora, emergem riscos ainda não totalmente mapeados e que precisam ser abarcados pelo arcabouço regulatório”, alertou o presidente da Febraban, acrescentando que isso leva a concluir que o trabalho da regulação nunca termina. “Tem sempre algo a ser aprimorado”.
“Menciono, apenas para citar alguns riscos, os provenientes da prestação de serviços por terceiros relevantes, os riscos oriundos do crescimento e da negociação de ativos virtuais (criptoativos) e riscos originados na fronteira ou fora do perímetro regulatório da indústria financeira”, disse.
Sidney disse também que se faz necessário mencionar que cresce em todas as geografias a preocupação com o aumento da resiliência operacional dos bancos e o tratamento dos riscos advindos de eventos climáticos.
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