Notas de dólar
O dólar subia frente ao real nesta sexta-feira, recuperando perdas de mais cedo, conforme a aversão ao risco nos mercados de câmbio antes da eleição presidencial dos Estados Unidos e temores com o cenário fiscal brasileiro superavam a influência de dados do mercado de trabalho norte-americano.
Às 11h11, o dólar à vista subia 0,52%, a 5,8114 reais na venda. Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha alta de 0,14%, a 5,816 reais na venda.
A moeda norte-americana mostrava grande volatilidade no Brasil, mudando de direção mais de uma vez, à medida que agentes financeiros digeriam o conjunto de fatores externos e domésticos que influenciavam o mercado local.
Dados de emprego nos EUA
Após abrir a sessão em alta, o dólar chegou a perder momentaneamente ante o real após a divulgação de um relatório de emprego mais fraco do que o esperado nos EUA, o que derrubou os rendimentos dos Treasuries e consolidou apostas de cortes na taxa de juros do Federal Reserve.
O Departamento de Trabalho dos EUA informou que os empregadores do país criaram 12.000 postos de trabalho em outubro, de 223.000 no mês anterior, em dado afetado por furacões recentes e greves trabalhistas, particularmente a paralisação na Boeing. Economistas consultados pela Reuters projetavam a criação de 113.000 vagas.
Apesar do relatório também mostrar que a taxa de desemprego nos EUA se manteve em 4,1% no mês, os mercados reagiam com a percepção de um mercado de trabalho mais enfraquecido, em uma reversão do que vinha se projetando nas sessões anteriores.
Operadores passaram a precificar quase completamente, com 98% de chance, um corte de 25 pontos-base nos juros pelo Fed na próxima semana. Antes dos dados, a probabilidade estava em 89%.
Na esteira desse movimento no exterior, o dólar atingiu a mínima da sessão logo após os dados, a 5,7629 reais (-0,33%), às 9h55.
Mas a valorização do real não conseguiu se sustentar. Segundo analistas ouvidos pela Reuters, os principais motivos para a permanência do dólar em patamares tão altos no Brasil são a preocupação dos investidores com a cena fiscal e a aproximação da eleição presidencial dos EUA.
“Com a eleição norte-americana na reta final e sem qualquer perspectiva para o plano de contingenciamento de gastos do governo brasileiro, parece não haver um único motivo para que o dólar volte a cair”, disse Eduardo Moutinho, analista de mercados do Ebury Bank.
Incertezas domésticas
Em relação à questão fiscal, as preocupações do mercado poderiam ser melhor observadas na curva de juros brasileira, com as opções de vencimento de prazo mais longo subindo de forma acentuada, após terem recuado mais cedo acompanhando a queda nos rendimentos dos Treasuries.
Investidores aguardam o anúncio de prometidas medidas de contenção de gastos pelo governo visando garantir a sustentação do arcabouço fiscal.
Sobre a disputa pela Casa Branca, os mercados de apostas têm se inclinado para uma vitória do ex-presidente Donald Trump, cujas promessas econômicas são consideradas inflacionárias, o que poderia manter os juros altos nos EUA e, consequentemente, valorizar o dólar.
“Os mercados estão se preparando para uma vitória republicana na Casa Branca e no Congresso, o que inegavelmente apoiaria o dólar… Vale ressaltar a possibilidade de atraso na contagem de votos. Esse seria, sem dúvidas, o pior dos cenários para as moedas emergentes, gerando incerteza e mais volatilidade”, afirmou Moutinho.
Minutos depois de atingir a mínima da sessão no Brasil, o dólar ultrapassou a marca de 5,80 reais, o que já havia feito no início das negociações, marcando a primeira vez que a divisa dos EUA passa essa marca durante a sessão desde 5 de agosto.
O índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — subia 0,11%, a 103,990.
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