Atuação:
Consultoria multidisciplinar, onde desenvolvemos trabalhos nas seguintes áreas: fusão e aquisição e internacionalização de empresas, tributária, linhas de crédito nacionais e internacionais, inclusive para as áreas culturais e políticas públicas.
Helena Chagas, ministra-chefe da
Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, criticou o
PT em sua carta de demissão.
A legenda cobrava da profissional mais
verbas aos blogs e revistas que defendem o governo. Este desgaste
pressionou Dilma Rousseff a fritar a funcionária, que defendia a
concessão de verbos por “mídia técnica”.
Na visão dos petistas mais radicais, a
prestação de contas sobre os atos do governo (tratada por eles como
oportunidade de fazer propaganda eleitoral) deveria ser realizada na
internet, porque ela teria maior alcance que as redes de TV.
Os números de audiência, claro, apontam o inverso.
SÃO PAULO - A
atividade da indústria brasileira continuou a se expandir em janeiro,
puxada pelo aumento de novas encomendas, que exibiu o ritmo mais rápido
em 11 meses, de acordo com o HSBC. O Índice de Gerentes de Compras (PMI,
na sigla em inglês) do setor, calculado pela instituição, subiu para
50,8 pontos no mês passado, de 50,5 em dezembro, feitos os ajustes
sazonais.
O indicador mede a atividade da indústria levando em conta itens como
produção, emprego, encomendas e preços, a partir de informações
levantadas entre cerca de 400 companhias. Leituras acima de 50 indicam
expansão e, abaixo, contração da atividade.
Apesar do aumento das novas encomendas, a taxa de aumento da produção
foi a menor desde setembro de 2013. Os negócios de exportação ficaram
estáveis em relação a dezembro.
E a despeito do aumento da produção e dos pedidos, a indústria
brasileira reduziu o número de empregados em janeiro, pelo décimo mês
consecutivo. De acordo com o HSBC, os participantes do levantamento
observaram que se por um lado há um cenário econômico incerto, por outro
há falta de mão de obra qualificada, o que não incentiva a contratação.
Pelo oitavo mês consecutivo, o segmento de bens de consumo foi o que
apresentou melhor desempenho em janeiro, com aumento da produção,
encomendas e emprego. As condições de negócios também melhoraram em bens
intermediários, mas se deterioraram em bens de capital.
Na tentativa de reduzir os custos de gerenciamento de estoques, os
industriais brasileiros reduziram o volume de mercadorias armazenadas
tanto na pré quanto na pós-produção.
Do ponto de vista da inflação houve diferentes cenários. Enquanto o
índice de preços de bens finais desacelerou para o menor nível desde
julho de 2012, a inflação de custos voltou a acelerar em janeiro, depois
de ter se reduzido ao seu menor nível em sete meses em dezembro.
Ministros terão de decidir sobre correção de planos econômicos, biografias e doações de empresas
Gustavo GantoisDireto de Brasília
Em
uma cerimônia rápida, que durou pouco mais de cinco minutos, o
presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa,
deu início nesta segunda-feira ao ano judiciário de 2014. A exemplo do
que defendeu em seu discurso de posse, no fim de 2012, Barbosa voltou a
enfatizar que o tribunal deve priorizar casos de repercussão geral,
aqueles nos quais a decisão do Supremo é aplicada por outros tribunais.
“É importante dar prioridade à primeira
instância, fortalecendo os juizados especiais. Em 2014, o Supremo
Tribunal Federal continuará a envidar esforços para dar solução célere e
definitiva a litígios”, disse Barbosa.
O presidente do STF ainda destacou que em 2013 os
processos com repercussão geral reconhecida foram destaque nos
julgamentos do STF. Ao todo, 46 temas tiveram decisão final da Corte,
com impacto em, pelo menos, 116 mil processos que estavam sobrestados em
15 tribunais. Entre esses casos estão julgamentos que envolvem matérias
tributárias referentes a ICMS, Pis/Cofins, Simples e o que determinou a
correção de diferenças monetárias decorrentes da conversão da moeda de
Cruzeiro Real para a URV (Unidade Real de Valor).
Nesta quarta-feira, será realizada a
primeira sessão de julgamentos do ano. Na pauta está uma ação que pode
definir o futuro de 11 mil servidores do Acre que foram contratados sem
concurso entre 1988 e 1994. O julgamento começou em maio do ano passado,
quando o Supremo decidiu que a contratação sem concurso foi ilegal. O
debate sobre como ficará a situação dos servidores foi interrompido e
poderá ser retomado nesta semana.
Na sessão de quinta-feira há previsão de
definição sobre a ação penal contra o senador Lindbergh Farias (PT-RJ).
Ele é acusado de não ter enviado dados solicitados pelo Ministério
Público em uma investigação. A denúncia é de 2010 e se refere ao período
em que o parlamentar era prefeito de Nova Iguaçu, município do Rio de
Janeiro. O senador pediu absolvição sumária, enquanto a Procuradoria
Geral da República opinou pela continuidade do processo. A decisão final
será do plenário.
Também a partir desta semana, o ministro
Teori Zavascki poderá liberar o voto-vista no julgamento sobre a
proibição de doações de empresas privadas para as campanhas políticas no
Supremo. No dia 12 de dezembro, o julgamento foi suspenso pelo pedido
de vista de Zavascki. O placar está em 4 votos a favor do fim das
doações. Faltam os votos de sete ministros.
O STF também terá que decidir se os
bancos devem indenizar os poupadores que tiveram perdas no rendimento de
cadernetas de poupança por causa de planos econômicos Cruzado (1986),
Bresser (1998), Verão (1989), Collor 1 (1990) e Collor 2 (1991). O
julgamento começou em novembro, mas ficou decidido que os votos devem
ser proferidos em fevereiro.
As decisões de diversas instâncias da
Justiça que têm impedido a publicação de biografias também será definida
pelo plenário da Corte. A relatora é a ministra Carmen Lúcia. Na ação, a
Associação Nacional dos Editores de Livros (Anel) questiona a
constitucionalidade dos artigos 20 e 21 do Código Civil. A associação
argumenta que a norma contraria a liberdade de expressão e de informação
e pede que o Supremo declare que não é preciso autorização do
biografado para a publicação dos livros.
Na pauta penal, a Corte deverá decidir se
condena os envolvidos no processo do mensalão mineiro, caso que apura
desvios de dinheiro público durante a campanha a reeleição do então
governador de Minas Gerais e hoje deputado federal Eduardo Azeredo
(PSDB-MG), em 1998. Azeredo e o senador Clésio Andrade (PMDB-MG)
respondem às acusações no STF por terem foro privilegiado. O relator das
ações penais é o ministro Luís Roberto Barroso. Os demais acusados são
processados na primeira instância da Justiça Federal em Minas Gerais.
O Supremo também julgará os embargos
infringentes da Ação Penal 470, o processo do mensalão, que faltam ser
apreciados. A decisão que for tomada poderá levar mais condenados para a
prisão ou diminuir a pena dos que já foram presos.
A poucos meses da
Copa do Mundo, um alerta acionado pelo tabloide britânico Daily Mirror,
em novembro de 2013, ecoou no país anfitrião do evento esportivo mais
popular do mundo, chamando a atenção das autoridades para um dos maiores
problemas do Brasil: a prostituição infantil. O correspondente do
tabloide no Brasil, Matt Roper, entrevistou meninas de 12 a 16 anos que
estão se prostituindo no entorno do palco de abertura da Copa, a Arena
Corinthians, em São Paulo. Os clientes são os trabalhadores que chegaram
de todas as partes do país para a construção do estádio. Autoridades
temem que o turismo sexual ganhe grandes proporções nas cidades sede da
Copa, como sempre acontece durante a realização dos mega eventos, e já
articulam medidas para evitar que indústria do sexo seja o legado amargo
do torneio mundial.
O psicólogo e membro do Conselho Regional de
Psicologia do Rio de Janeiro, Saulo Oliveira, avalia que, atualmente, o
tema prostituição infantil ganhou relevância com a proximidade da Copa
do Mundo, mais um motivo para o governo investir em estruturas que
garantam a integridade dessa população vitimada. Para ele, deve haver
uma maior adequação da rede de proteção à criança no combate de crimes
dessa natureza. Ele citou a resolução 113, de 19 de abril de 2006, do
Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda),
que define os parâmetros para a institucionalização e fortalecimento do
sistema de garantia dos direitos do menor, atribuindo funções e deveres
aos órgãos sociais e autoridades que atuam neste setor. "As políticas
públicas existem, apontando os eixos para a promoção e controle dos
direitos dos menores, mas os atores envolvidos nesse processo não têm
uma pratica organizada e, consequentemente, não cumprem bem os seus
papeis e além disso interferem na atuação de outras entidades. Ou seja,
há necessidade de uma articulação entre as instituições de proteção,
para evitar crimes como este denunciado pelo Mirror. O governo precisa
intervir e cobrar uma postura adequada dos órgãos e que eles cumpram as
suas funções", esclareceu Saulo.
O
mecanismo citado por Saulo inclui o trabalho dos Conselhos Tutelares,
das delegacias especializadas, dos Conselhos de Saúde e até da própria
família, além de outras instituições que atuam nessa área. Ele diz que a
comunicação entre esses órgãos deve ser harmônica para que o direito da
criança seja garantido. "Em primeiro lugar, podemos observar uma
precarização de um órgão que é responsável pela fiscalização, que é o
Conselho Tutelar. Os dados e denúncias que chegam nos conselhos tinham
que ser investigados a partir de um procedimento padrão estabelecido,
numa comunicação perfeita. Mas isso ainda não acontece e as falhas são
constantes", contou Saulo.
No aspecto clínico, Saulo analisa que
as meninas submetidas à prostituição precocemente, sofrem sérias
consequências psicológicas. Elas ainda estão em fase de desenvolvimento e
as experiências sexuais podem trazer uma visão deturpada sobre o seu
próprio corpo. "É uma dupla violência, a física e a social, pela omissão
das políticas públicas constituídas, mas não praticadas. E nem as
famílias têm condições de ajudar nesse processo, porque os pais dessas
meninas também foram vítimas, a vida toda, dessa omissão social.
Forma-se um ciclo vicioso", avalia o psicólogo.
A deputada Liliam
Sá (PROS/RJ) chegou às meninas do Itaquerão através da CPI da Exploração
Sexual de Crianças e Adolescente, trabalho em que ela é relatora e
atende a diversos estados nacionais. Segundo a deputada, a comissão fez
uma diligência em São Paulo para apurar as denúncias e se reuniu com o
prefeito Fernando Haddad (PT), com o Vice-Presidente do Tribunal de
Justiça do Estado, José Gaspar Gonzaga Franceschini, e com a Secretária
de Estado da Justiça e de Defesa da Cidadania, Eloísa de Sousa Arruda,
para pedir providências e o aumento do policiamento e fiscalização nas
proximidades do estádio. "Foi proposta, pelo Haddad, a criação de uma
força tarefa de vários órgãos e entidades para intensificar a
fiscalização e reprimir a exploração de menores em todas as regiões da
cidade, inclusive no Itaquerão", contou Liliam Sá.
No ano passado,
a CPI organizou um Seminário com as cidades sedes da Copa do Mundo,
para a assinatura do Pacto Nacional pelo Enfrentamento à Exploração
Sexual de Crianças e Adolescentes, um compromisso público que orienta as
12 cidades sedes da Copa do Mundo, no desenvolvimento de ações e
políticas públicas para prevenção e enfrentamento à exploração sexual de
crianças e adolescentes no contexto dos grandes eventos. A deputada
afirma que apenas os estados de Belo Horizonte, Salvador, Curitiba,
Distrito Federal e Porto Alegre enviaram seus representantes ao
Seminário. De acordo com Liliam Sá, o tráfico internacional de pessoas
foi outro tema debatido durante a diligência na capital paulista,
principalmente de mulheres do Congo e da Somália, com voos que chegam
no Aeroporto Internacional de Guarulhos, numa redes de exploração
sexual.
"Enquanto não tivermos leis mais duras para os pedófilos e
clientes que alimentam redes de exploração sexual infanto-juvenil,
continuaremos vendo a impunidade e a inércia das policias e dos
governos. A CPI tem discutido a legislação atual e estamos estudando um
modo de endurecer as penas para esses crimes. Não podemos aceitar que lá
fora o Brasil seja conhecido como o país que facilita sexo com
crianças, oferecendo-as em pacotes para predadores de sexo e infância.
Temos que dar um basta nessa vergonha internacional", destacou a
deputada.
O olhar de Matt Roper sobre o Brasil
Matt
Roper não é brasileiro, mas conhece a realidade nua e crua do Brasil.
Ele chegou ao país à trabalho, há 15 anos, gostou tanto do clima e do
povo que resolveu não mais voltar para sua terra natal. Casou com uma
brasileira e fundou a Ong Meninadança, sediada num amplo sítio na
pequena cidade de Juatuba, região metropolitana de Belo Horizonte. A
entidade trata de meninas que se envolvem com prostituição e consumo de
drogas.
Matt contou ao Jornal do Brasil a sua
experiência ao entrevistar as meninas no entorno da Arena Corinthians.
Ele disse que há meninas "mergulhadas" nas drogas, principalmente no
crack, e as pessoas que vão "paga-las" não têm noção do crime que estão
cometendo. "Eu não tenho certeza do que pode acontecer durante a Copa do
Mundo. Não sei se a prostituição infantil vai explodir nos estados onde
os jogos serão disputados, mas estou apostando num aumento sim. Nas
outras Copas aconteceu o mesmo em outros países", disse o jornalista.
O
cenário no entorno do Itaquerão, na opinião de Matt, já serve como
alerta para as autoridades brasileiras. Outro fato grave divulgado na
reportagem de Matt diz respeito a atuação de quadrilhas internacionais,
que estão se organizando para agir durante a Copa, em diversos pontos do
país. "Através da minha atuação como ativista, tive acesso a relatórios
de agências, informando que alguns clãs mafiosos internacionais estão
planejando uma onda de prostituição infantil organizada em torno dos
estádios", contou ele.
Ao conversar com as meninas que residem em
favelas próximas ao Itaquerão e seus familiares, Matt observou que os
grupos criminosas estão agindo nestes locais, estimulando o consumo de
drogas e a prostituição. Algumas famílias chegam a vender as suas
crianças para os "clientes". Ele descreve também, na sua reportagem, o
ambiente destas favelas - "são locais sem eletricidade, sem água e com
esgoto à céu aberto". Depois ele conta como acontece o contato com os
homens que vão à procura de sexo - "as crianças são direcionadas por
eles a motéis ou quartos perto do estádio gigante". E ainda faz uma
observação importante: "o negócio ilegal ocorre aos olhos da polícia,
guardas de segurança e os moradores da capital financeira do Brasil".
Vista de Londres: 85% das compras de imóveis de alto padrão em 2012 foram feitas por estrangeiros, diz entidade
São Paulo – Uma organização da sociedade civil britânica publicará, na
próxima segunda-feira, um documento com uma proposta para dificultar a
compra de imóveis no Reino Unido por pessoas que residam fora da União Europeia. A informação é do jornal britânico The Guardian.
Segundo o jornal, a organização Civitas defenderá, em documento, um
esquema restritivo à compra de imóveis por estrangeiros, similar ao da
Austrália.
A entidade acredita que o governo tem permitido a estrangeiros
endinheirados enriquecer ainda mais à custa de um boom imobiliário no
Reino Unido, diz o jornal.
Isso tem feito com que milhões de cidadãos britânicos não consigam comprar casas para morar, em razão dos altos preços, continua a publicação.
Segundo o Guardian, na Austrália os não residentes e pessoas com vistos
de curta duração que quiserem comprar imóveis devem comprovar que seus
investimentos no mercado imobiliário do país aumentarão o estoque de
imóveis local.
A proposta da organização Civitas, diz o jornal, é que nenhum imóvel
pronto possa ser vendido a alguém residente fora da União Europeia, e
que imóveis novos só possam ser adquiridos por esses investidores se o
investimento levar à construção de mais imóveis.
Ainda de acordo com o Guardian, a proposta da entidade mira nos
oligarcas russos e nos investidores endinheirados de países como China,
Malásia e Singapura.
Estrangeiros detêm os melhores imóveis
O Guardian chama atenção para as estatísticas presentes no documento,
intitulado “Finding Shelter” (“Encontrando abrigo”, em uma tradução
livre).
Os números mostram que 85% das compras de imóveis de alto padrão de
Londres em 2012 foram feitas com dinheiro estrangeiro, diz o jornal.
A publicação acrescenta ainda que quase sete bilhões de libras em
dinheiro vindo do exterior foram gastas em residências de alto padrão em
Londres, enquanto apenas 20% desse valor foi gasto por cidadãos
britânicos.
“Dois terços das casas compradas por pessoas de fora do país não foram
adquiridas para a ocupação do proprietário, mas como investimentos”, diz
o texto.
O documento da organização Civitas, diz o Guardian, defende que o
problema não diz respeito apenas às propriedades de luxo, mas também a
imóveis novos e mais baratos.
De acordo com a entidade, apenas 27% dos imóveis novos na área central
de Londres teriam sido comprados por cidadãos britânicos, enquanto que
mais da metade foi vendida para investidores de Singapura, Hong Kong,
China, Malásia e Rússia.
O documento acrescenta, segundo o jornal, que esse tipo de investimento
estrangeiro também está distorcendo as prioridades do mercado de
construção civil, uma vez que as construtoras se sentem atraídas pelos
empreendimentos de alto padrão, deixando de lado o déficit de imóveis em
faixas de preço mais baixas.
O real teve, ontem, a
segunda melhor performance entre as moedas de economias emergentes,
atrás apenas do rand sul-africano. O dólar fechou em queda de 0,90% a R$
2,4150. No fluxo positivo de US$ 2,7 bilhões (ingresso de recursos
externos) da semana passada havia não só operações comerciais, mas
também "real money" de grandes investidores estrangeiros. Esses são dois
indicadores que, embora pontuais, animaram os gestores da política
econômica nos últimos dias. Há pelo menos três dias o Brasil está fora
do centro da crise que pune os emergentes, salientam os economistas
oficiais.
O governo brasileiro está empenhado em tomar cuidados para não dar um
"tiro no pé" nesse momento de turbulências externas. Exemplo de "tiro
no pé" seria anunciar uma meta fiscal frouxa agora ou, ainda, comemorar
uma taxa de inflação de 6% ao ano. Tenta, também, lançar âncoras para o
futuro - indicando expansão dos investimentos e foco no aumento da
produtividade - para descongelar 2014.
Esse será um ano difícil, seja por causa das eleições que acabam
gerando volatilidades, seja pelas turbulências causadas pela mudança nas
condições monetárias globais após cinco anos de grande liquidez. Uma
forma de contornar essas dificuldades é acenar com um futuro promissor.
Indicadores recentes animam gestores da política econômica
Não há uma crise nas economias emergentes, na avaliação do governo
brasileiro. Nem a situação dada pelo cenário internacional é de fim de
festa para esses países, pois lá é que estão as oportunidades de
crescimento no médio prazo. O que há é uma transição comandada por
mudança de preços relativos.
"É hora do vamos ver e é preciso muita perícia para mostrar nossas
qualidades e diferenças", disse uma autoridade. Para manejar essa
transição com o menor custo possível será necessária a ajuda de uma
política fiscal sólida, crível, que pode afastar o risco de um
rebaixamento do grau de investimento do país pelas agências de rating.
A meta de superávit primário para este ano será anunciada até o dia
20 de fevereiro, segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega. O que se
discute é o tamanho exato do compromisso fiscal - 2% do PIB ou, talvez,
algo um pouquinho menor. Sobre isso Mantega não quis falar. Para a
gestão da política monetária, quanto maior for a contribuição das contas
públicas, melhor.
Não basta, no entanto, anunciar a meta. O Ministério da Fazenda vai
ter que explicá-la de forma convincente e sem tergiversações. É
aconselhável, também, evitar tomar medidas com sinais ruins, como foi a
elevação do IOF sobre gastos em viagens internacionais no fim de 2013.
O governo está preocupado não só em dar a direção da política fiscal,
mas em como anunciá-la e defende-la para que não caia rapidamente em
descrédito.
Após falar pela primeira vez para a elite das finanças do mundo, em
Davos (Suíça), na semana passada, a avaliação que se faz no Palácio do
Planalto é de que o discurso da presidente Dilma Rousseff naquele fórum
foi positivo. Esse foi o retorno que autoridades brasileiras tiveram do
presidente do Fórum Econômico Mundial, Klaus Schwab, esta semana.
Não é confortável, no entanto, estar entre os "cinco frágeis" mais
uma vez listados na edição de ontem da "The Economist", ao lado da
Turquia, África do Sul, Índia e Indonésia.
Uma boa meta fiscal é fundamental para o país navegar sem grandes
sobressaltos, mas não é suficiente para funcionar como "bala de prata",
sobretudo nos momentos de estresse nos mercados internacionais. A
Noruega, por exemplo, tem dívida líquida negativa como proporção do PIB,
não tem qualquer problema fiscal, mas a coroa norueguesa está perdendo
valor frente ao dólar de forma rápida, citou ontem uma fonte. Há outras
questões em jogo e, no caso da Noruega, a desvalorização está muito
provavelmente ligada ao petróleo. Ontem a moeda teve desvalorização de
1,32%.
Para os momentos de estresse, o que conta mais é o poder de fogo das reservas cambiais.
O governo parece agora convencido, porém, de que o rigor fiscal é um
sinal importante para readquirir credibilidade junto aos agentes
econômicos, melhorar as expectativas e desafogar a política monetária.
O conceito que rege a questão fiscal e que inspirou o discurso da
presidente em Davos é o da "contração fiscal expansionista", ou seja:
uma meta de superávit primário contracionista, capaz de reduzir a dívida
pública líquida como proporção do PIB, agora, pode melhorar tanto o
humor dos agentes econômicos internos e externos e restabelecer a
confiança que, ao final das contas, ela representará expansão da demanda
e do crescimento econômico no futuro próximo.
O real teve uma desvalorização nominal de mais de 55% de julho de
2011 até agora. A expectativa do governo é que neste ano os efeitos do
câmbio associado a um maior crescimento das economias avançadas se
materializem num reforço das contas do balanço de pagamentos. Conta,
para isso, com a expectativa de crescimento do comércio mundial de 2,7%
em 2013 para 4,5% estimados para 2014. Com uma meta fiscal sólida e um
déficit em conta corrente do balanço de pagamentos estável, o governo
acredita que atravessará essa transição que, ao final, será positiva,
porque representa a normalização das economias avançadas após uma crise
de longa duração.
A inflação caiu cerca de um ponto percentual do pico de 6,7% em junho
de 2013 para cá e o Banco Central elevou os juros em 325 pontos-base
desde abril. Para este ano, não há uma meta informal explícita do BC,
como havia no ano passado, quando a autoridade monetária se comprometeu
com um IPCA menor do que os 5,84% de 2012 mas não conseguiu entrega-la. O
IPCA de 2013 foi de 5,91%. Há, para 2014, apenas a meta formal de 4,5%.
Crescimento mais ou menos igual ao do ano passado, de pouco mais de
2%; uma inflação que indique convergência para a meta ainda que não este
ano; e o auxílio da política fiscal à política monetária para dosar o
aumento dos juros são três elementos que vão orientar a política
econômica do último ano do mandato de Dilma Rousseff.
Claudia Safatle é diretora adjunta de Redação e escreve às sextas-feiras E-mail: claudia.safatle@valor.com.br
SÃO PAULO - A
Bolívia terá que pagar compensação de US$ 41 milhões para a empresa de
energia inglesa Rurelec pela expropriação de seus ativos no país em maio
de 2010. De acordo com o comunicado da empresa, um tribunal arbitral
internacional com assento legal em Haia concluiu que a expropriação foi
ilegal.
O tribunal determinou que o país pague indenização de US$ 35,5
milhões (equivalente a 21,6 milhões de libras), mais juros diários de
5,6% até o dia do pagamento. Além disso, serão pagos mais US$ 5,5
milhões na forma de dividendos declarados, mas que não foram pagos,
antes da nacionalização da usina Guaracachi, na qual a Rurelec tinha
50,01% de participação.
No comunicado, a companhia destaca que o valor de indenização
estipulado é maior que os 20,5 milhões de libras pagos para adquirir o
controle acionário da Guaracachi. O jornal britânico “Financial Times”
lembra, porém, que o pedido feito pela companhia ao tribunal em 2012 era
de cerca de US$ 142 milhões.
A ordem judicial expedida neste sábado pela corte internacional dá
esperança a outras empresas que também buscam pagamentos do governo
andino. O país enfrenta custos de até US$ 1,87 bilhão em disputas sobre
investimentos, incluindo a Rurelec, de acordo com informações da
assessoria do procurador-geral da Bolívia, informa o FT.
Esta é a primeira sentença concedida por um
tribunal arbitral internacional contra a Bolívia, segundo a Rurelec. A
nacionalização de ativos foi uma constante depois que Evo Morales chegou
ao poder do país, em janeiro de 2006, levando à mão do Estado uma série
de indústrias em sua busca pela redistribuição de riquezas.