Divulgação/Vale
Vale: em 2013, a companhia acumulou um lucro líquido de US$ 584 milhões, ante um lucro de US$ 5,454 bilhões em 2012
São Paulo - Depois de um ano, a
Vale voltou a apresentar
prejuízo
trimestral, agora devido à adesão ao Refis no fim do ano passado, o que
trouxe um forte baque aos números da companhia. Nesta quarta-feira, 26,
a mineradora brasileira reportou um prejuízo líquido de US$ 6,451
bilhões no quarto trimestre.
Essa perda significa um aumento de 146,7% em relação àquela vista no
mesmo trimestre de 2012, que marcou o primeiro prejuízo trimestral da
Vale em 10 anos. Já no terceiro trimestre do ano passado a Vale
apresentou um lucro líquido de US$ 3,5 bilhões. Em 2013, a companhia
acumulou um lucro líquido de US$ 584 milhões, ante um lucro de US$ 5,454
bilhões em 2012.
No último trimestre do ano passado a Vale aderiu ao Refis, o programa
de refinanciamento de dívidas tributárias do governo federal, e desde lá
deixou claro ao mercado que o lucro seria fortemente impactado com essa
decisão, que colocou fim a um peso sobre a empresa.
Com o acordo, a empresa terá de desembolsar, ao todo, R$ 22,325
bilhões, sendo R$ 5,965 bilhões que foram pagos à vista no fim de
novembro e mais R$ 16,360 bilhões em 179 parcelas mensais, corrigidas
pela taxa básica de juros, a Selic.
Apesar de grande parte do valor ser pago a prazo, a empresa informou na
ocasião que o impacto da dívida em seu lucro apurado em 2013 seria de
R$ 20,725 bilhões. Ainda na oportunidade a companhia explicou que os
pagamentos seriam feitos com caixa próprio, sem a necessidade de tomar
novas dívidas.
A receita operacional líquida, por sua vez, alcançou US$ 13,406
bilhões, aumento de 9,4% na relação anual e de 5,7% na trimestral. No
ano o Ebitda foi de US$ 22,679 bilhões, alta de 18,3%. No mesmo
intervalo a receita cresceu 0,75%, para US$ 48,050 bilhões.
Embora a Vale tenha adotado desde o primeiro trimestre do ano passado o
padrão contábil IFRS e abandonando, assim, o USGAAP, grande parte do
mercado segue acompanhando os números da mineradora a partir de seus
dados em dólar.
Além da adesão ao Refis e o seu consequente forte desembolso, o ano de
2013 também foi marcado pela continuidade do programa de
desinvestimentos, no qual a Vale vendeu ativos fora de seu negócio
principal.
Ao longo do ano a companhia acumulou mais de US$ 6 bilhões em venda de
ativos, como, por exemplo, a Log-in, a norueguesa fabricante de alumínio
Norsk Hydro e uma fatia da VLI.
As vendas foram bem recebidas pelo mercado já que, para o entendimento
dos analistas, o ganho com as vendas ajudaria a empresa a financiar o
seu maior projeto, o Serra Sul, no Pará, orçado em US$ 20 bilhões e que
adicionará 90 milhões de toneladas à sua capacidade.
Esse é o maior projeto da Vale em curso, que acrescentará maiores
volumes a partir de 2016, quando a companhia contará com um minério de
baixo custo e de ótima qualidade.
Para 2014, o mercado aguarda novos desinvestimentos, assim como a busca
de parceiros estratégicos para alguns projetos. Entre os projetos onde
são esperados anúncios para este ano estão o corredor Nacala e os
projetos de fertilizantes.
No caso do corredor logístico na África, a Vale chegou a afirmar que
deverá anunciar até o fim do primeiro semestre deste ano a venda da
metade da sua fatia de 70% de Nacala. Outro projeto que pode sair, de
vez, do guarda-chuva da mineradora e o de potássio no Rio Colorado, na
Argentina.