segunda-feira, 3 de março de 2014

Acordo da Versace com Blackstone avalia italiana em €1 bi


Blackstone tomará uma fatia de 20% na companhia italiana de moda

AFP/ Gabriel Bouys
Desfile da Versace
Desfile da Versace: Versace disse que a família do fundador Gianni Versace permanecerá no "coração" da companhia

Milão - A italiana Versace fechou um acordo com a Blackstone nesta quinta-feira que verá a empresa norte-americana de private equity tomar uma fatia de 20 por cento na companhia, em negócio que avalia a empresa de moda em 1 bilhão de euros (1,37 bilhão de dólares).

A Blackstone fará um aporte de 150 milhões de euros de capital novo na Versace e também comprará 60 milhões de euros em ações da holding da família, a GIVI Holding, disse a empresa de moda.

A Versace disse que a família do fundador Gianni Versace permanecerá no "coração" da companhia.

A irmã Donatella, o irmão Santo e a sobrinha Allegra detiveram o controle integral da companhia desde o assassinato de Gianni em 1997, com fatias de 20, 30 e 50 por cento, respectivamente.

A marca reverteu anos de prejuízo para retornar ao lucro em 2011, uma recuperação que muitos atribuem em parte ao presidente-executivo Gian Giacomo Ferraris, um veterano da indústria de luxo que assumiu o comando em 2009.

Analistas e observadores da indústria de luxo disseram que a marca precisa ser rejuvenescida.

A Versace disse que espera ver um crescimento de 18 por cento em sua receita de 2013, para quase 480 milhões de euros, enquanto o lucro principal deve aumentar em mais de 50 por cento, para ao menos 69 milhões de euros. Os resultados são esperados para o final de março.

Estácio busca alvos para aquisições no setor de educação

 

 

Rede busca novas aquisições para diversificar seus negócios além da oferta de cursos universitários

Christiana Sciaudone e Cristiane Lucchesi, da
Divulgação
Sala de aula
Sala de aula: Estácio quer reduzir sua dependência em relação aos financiamentos estudantis do governo

São Paulo - A rede de ensino Estácio Participaçõesque está comprando a universidade Uniseb, busca alvos para aquisições para diversificar seus negócios além da oferta de cursos universitários e para reduzir a dependência em relação aos financiamentos estudantis do governo.

O CEO Rogerio Melzi disse que está mirando empresas fornecedoras de treinamentos corporativos e educação continuada, um setor que também está atraindo o interesse de fundos de private-equity como KKR Co. e Carlyle Group LP. Esses setores não têm acesso aos subsídios federais que vêm sustentando as empresas universitárias com fins lucrativos desde 2010.

“Ao operar em um setor regulado pelo governo, você nunca sabe o que pode acontecer, principalmente em um país como o Brasil, onde as autoridades interferem no dia a dia das empresas mais do que gostaríamos”, disse Melzi, em entrevista, no Rio de Janeiro. “As políticas mudam. Há uma mão que te controla e pode mudar as regras rapidamente”.

Após flexibilizar os termos dos empréstimos em um esforço para incentivar os estudantes a irem à universidade, o governo está estudando reduções nos gastos com saúde pública e educação neste ano em um momento em que as finanças públicas estão em dificuldades, segundo dois funcionários do governo que pediram para não serem identificados porque as negociações não são públicas. A presidente Dilma Roussef cortará R$ 44 bilhões (US$ 18,7 bilhões) do orçamento de 2014 porque as dívidas mais altas estão colocando o Brasil sob risco de um rebaixamento da classificação de crédito antes das eleições presidenciais, em outubro.

As ações da Estácio, que tem sede no Rio de Janeiro, subiram 33 por cento, para R$ 21,51, nos 12 meses até ontem, contra um ganho de 69 por cento da Kroton Educacional SA e uma queda de 3 por cento da Anhanguera Educacional Participações SA.


KKR, Carlyle


A KKR, a empresa de aquisições fundada por George R. Roberts e Henry R. Kravis, a Carlyle Group e a Apax Partners LLP estão tentando comprar uma participação controladora da Abril Educação SA, que opera cursinhos preparatórios e escolas de idiomas, segundo duas fontes familiares ao assunto, que pediram para não serem identificadas porque as negociações são privadas.

Como parte de sua expansão para novos negócios, a Estácio anunciou no mês passado uma parceria de R$ 30 milhões com o Grupo Contax para treinar seus 4.000 funcionários em marketing e gestão. A empresa também está buscando investir em cursos de pós-graduação e aulas preparatórias para empregos no setor público.

“Todas elas são iniciativas que estão nos planejamentos de médio e longo prazos da empresa”, disse Melzi, em entrevista, em 21 de fevereiro. “Não espero que nenhum desses projetos dê retorno em 2014 ou 2015. Talvez comecem a dar em 2016”.
Empréstimos estudantis


A Estácio está sendo negociada a 25 vezes a estimativa do lucro de 2014, assim como a Kroton, contra 29 vezes da Anhanguera, segundo dados compilados pela Bloomberg. O retorno da ação da Estácio foi de 19 por cento no terceiro trimestre de 2013, contra 18 por cento da Kroton e 6 por cento da Anhanguera.

Cerca de 28 por cento dos estudantes presenciais da Estácio usaram o empréstimo estudantil do governo, conhecido como Fies, no terceiro trimestre de 2013, contra 52 por cento da Kroton e 36 por cento da Anhanguera, segundo arquivos regulatórios. A Kroton e a Anhanguera preferiram não comentar.

O governo ainda “é um parceiro para as empresas de educação”, disse Guilherme Moura Brasil, analista da Fator Corretora SA, em entrevista por telefone, de São Paulo. “O Fies é importante para todas as empresas”.

De qualquer maneira, a Estácio não está aproveitando as chances oferecidas pelo governo. A empresa sempre foi conservadora, com a mais baixa penetração de estudantes com Fies, disse por telefone Bruno Giardino, analista do Banco Santander em São Paulo, que mantém uma recomendação de “compra” para a Estácio.

“Aqueles que mostram um maior crescimento dos estudantes com Fies podem se favorecer mais, mas isso não significa que a Estácio não esteja crescendo”, disse Giardino.

PF pede investigação contra ministro do Trabalho Manoel Dias


Segundo o Estadão, inquérito concluiu que há indícios da participação de Dias em esquema para empregar militantes do PDT como funcionários “fantasmas”

Marcelo Camargo/Agência Brasil
Manoel Dias (PDT): o ministro do trabalho pode ser investigado por participar de esquema de fraude em contratação de funcionários

Manoel Dias (PDT): o ministro do Trabalho pode ser investigado por participar de esquema de fraude em contratação de funcionários

São Paulo – Conclusão de inquérito feito pela Polícia Federal aponta indícios da participação do ministro do Trabalho, Manoel Dias, em esquema para empregar militantes do seu partido, o PDT, como funcionários "fantasmas". A informação é de reportagem publicada nesta segunda-feira pelo jornal O Estado de S. Paulo.

A PF pediu a abertura de investigação pelo Supremo Tribunal Federal (STF) contra o ministro. Em resposta ao jornal, Manoel Dias nega encolvimento nas irregularidades e diz não temer a abertura de um inquérito: "Nunca me envolvi em corrupção", disse. Ele atribuiu as acusações de um ex-dirigente do partido a "fogo amigo".

O ex-presidente do diretório estadual do PDT em Santa Catarina, John Sievers, afirmou que recebia salário mensal da Agência de Desenvolvimento Regional do Vale do Rio Tijucas e Itajaí Mirim (ADRVale), ONG comandada por pedetistas. Na prática, porém, Sievers disse que prestava, em 2008, serviços à Universidade Leonel Brizola, braço do partido para formação política da militância.

"Quem me passou (as orientações) foi o Manoel (Dias). Meu salário foi pago através da ADRVale", afirmou Sievers ao Estadão.

O ex-dirigente entregou à Polícia Federal extratos bancários com valores pagos pela ADRVale que variam de R$ 800 a R$ 1.335, entre fevereiro e outubro de 2008. Outros pedetistas também afirmaram que constavam da folha de pagamentos da instituição, sem nunca ter trabalhado para ela.

De acordo com a PF, apesar de questionado, Manoel Dias sonegou informações do convênio e não enviou dados sobre a análise da prestação de contas da Pasta.

Como o ministro possui foro privilegiado, caberá à Justiça Federal em Santa Catarina decidir se envia ou não o caso ao Supremo Tribunal Federal, única instituição que pode incluir Dias como investigado no caso.

Etanol é vantajoso se custa até 80% da gasolina, diz empresa


A novidade é polêmica e diverge do padrão divulgado pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro)

Sabrina Craide, da
Marcos Santos/USP Imagens
 etanol, gasolina e diesel
Bomba de combustível: estudo foi feito com base nos dados do dia a dia de 410 mil veículos que são gerenciados pela Ecofrotas

Brasília - Quando vai abastecer seu carro flex, a maioria dos motoristas faz as contas para ver qual o combustível mais vantajoso. Para isso, uma antiga fórmula é aplicada: divide-se o preço do álcool pelo da gasolina e se o resultado for menor que 0,70, significa que o preço do etanol é inferior a 70% do preço do combustível concorrente e vale a pena optar pelo álcool.

Mas esse cálculo está sendo questionado por um estudo que aponta que vale a pena abastecer com etanol quando ele custar até 80% do preço da gasolina.

A novidade é polêmica e diverge do padrão divulgado pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro). O estudo foi feito com base nos dados do dia a dia de 410 mil veículos que são gerenciados pela Ecofrotas, que presta serviço de gerenciamento, abastecimento e manutenção de frotas em todo o país.

A novidade apareceu quando a empresa se deparou com informações que apontavam para um melhor desempenho do etanol, ao analisar seu banco de dados. 

“Começarmos a perceber que a relação entre etanol e gasolina tinha uma variação muito grande em relação àquela perspectiva do 70%/30% e começamos a perceber que se equiparava muito mais a 80%/20%”, explica a gerente de Sustentabilidade da Ecofrotas, Amanda Kardosh.

Para verificar a tese, a Ecofrotas contratou uma consultoria para analisar os dados e, por meio de análise estatística, a gerente disse que ficou comprovada a hipótese de que o etanol apresentava um rendimento médio equivalente a 79,52% do desempenho da gasolina. Ela explica que a relação que se conhece hoje, de 70%, leva em conta o poder calorífico do etanol em relação à gasolina. 

Mas, segundo o estudo da Ecofrotas, outras características do etanol devem ser levados em conta, como a proporção ar e combustível no motor e a octanagem, que é a capacidade de um combustível resistir a altas temperaturas sem entrar em combustão.

Além disso, ela argumenta que fatores do dia a dia influenciam no desempenho dos dois combustíveis, o que aponta para um resultado mais realista.

“Normalmente, os estudos são feitos em laboratório, com um mesmo motorista, em um mesmo cenário, com o mesmo modelo. No nosso caso, analisamos um período de 31 meses e, além da diversidade de modelos, temos uma diversidade imensa de motoristas, de comportamentos ao dirigir, de geografia”, diz.

Na avaliação do engenheiro Fábio Real, do Inmetro, no entanto, em um veículo flex, a autonomia do etanol em relação à autonomia da gasolina vai de 69% a 72%, dependendo do motor.

“Essa é uma média, tem veículos que são mais eficientes com etanol, outros com gasolina, mas não foge muito disso não”, aponta.

O engenheiro alerta que os testes feitos sob condição padrão são mais confiáveis, pois quando os dados são colhidos com o veículo rodando na cidade, vários fatores influenciam nos resultados, como temperatura, pressão atmosférica, se está parando muito no trânsito, as condições da cidade, se tem mais morros ou se é mais plana, e até a forma como o motorista conduz.

“Se você pisa um pouco mais no acelerador, o veículo gasta mais, porque entende que está precisando de mais potência. Já quando a pessoa anda de forma mais macia, tende a ser mais econômica”, diz. Outra questão que impacta nos resultados é a qualidade do combustível.

Segundo o engenheiro, o ideal é o consumidor verificar a eficiência de cada carro e o seu perfil, se anda mais na cidade ou na estrada. Desde 2005, o Inmetro acompanha testes das montadoras de veículos para classificar os carros de acordo com a sua eficiência energética.

Atualmente, 36 marcas e 496 modelos e versões de veículos recebem um selo de classificação do Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular.

Além do selo, os consumidores podem consultar dados de todos os tipos de carros, como consumo de álcool ou gasolina na estrada e na cidade e emissões de poluentes.

“Os dados da tabela representam uma média de consumo para o brasileiro, em condições padrão e com combustível padronizado”, explica. Até 2017, todos os modelos de veículos comercializados no Brasil devem estar incluídos no programa do Inmetro.

A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) divulga todas as semanas um levantamento de preços de combustíveis feito em mais de 8,6 mil postos de todo o país. Na semana passada (entre 16 e 22 de fevereiro), o preço médio da gasolina alcançou R$ 2,95 e o do etanol R$ 2,11, o que corresponde a 71,5% do preço da gasolina.

Petrobras formaliza entrada para exploração na Bolívia


Estatal assinou com YPFB contrato para exploração na busca de hidrocarbonetos na área de Cedro

Pedro Lobo/Bloomberg News
Tanques da Petrobras na refinaria da companhia em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro

Tanques da Petrobras: companhia está presente, com contratos de exploração, nos campos bolivianos de Colpa e Caranda, Río Hondo, San Alberto, San Antonio, Monteagudo e área Ingre

La Paz - A Petrobras assinou com a estatal boliviana YPFB o contrato de serviços pelo qual a companhia petrolífera brasileira explorará na busca de hidrocarbonetos na área de Cedro, localizada no leste do país andino.

O presidente da Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB), Carlos Villegas, e o titular da Petrobras Bolívia, Erick Portela, assinaram nas últimas horas o protocolo que abre passagem ao início de atividades no citado bloco, segundo um comunicado da YPFB.

'Nos próximos dias a companhia petrolífera brasileira apresentará seu programa de trabalho e orçamento a YPFB', indicou a nota, que destaca que o investimento da Petrobras 'fortalece o plano intensivo de exploração' da companhia petrolífera boliviana.

A área de Cedro se encontra em uma zona de exploração tradicional do departamento de Santa Cruz e tem uma superfície total de 99.775 hectares.

A Petrobras está presente, com contratos de exploração, nos campos bolivianos de Colpa e Caranda, Río Hondo, San Alberto, San Antonio, Monteagudo e área Ingre.

O governo boliviano decretou em 2006 a nacionalização dos hidrocarbonetos no país, onde operam uma dúzia de transnacionais, que atendem ao mercado interno e fornecem gás natural ao Brasil e à Argentina.

Tinsa compra 70% de consultoria imobiliária Prime Yield


A taxadora espanhola Tinsa anunciou que comprou 70% da empresa de consultoria imobiliária brasileira Prime Yield

Imovelweb/Divulgação
Prédios e casas em São Paulo

Prédios e casas: operação impulsionará a atividade da companhia em um mercado que conta com um grande volume de investidores espanhóis, segundo comunicado

Madri - A taxadora espanhola Tinsa anunciou nesta segunda-feira que comprou 70% da empresa de consultoria imobiliária brasileira Prime Yield, o que representa o início de suas operações no Brasil e reforça a presença na América Latina.

A operação, que não teve o valor informado, "impulsionará a atividade da companhia em um mercado que conta com um grande volume de investidores espanhóis", conforme explicou a taxadora em comunicado.

"O mercado brasileiro oferece neste momento grandes oportunidades no setor residencial. Atualmente, o país está vivendo os anos do boom imobiliário de forma muito interessante", disse o executivo-chefe da Tinsa, Joaquín Mongé Royo.

A Tinsa, que começou sua internacionalização em 1999 na Europa, iniciou atividades na América Latina em 2000 com uma filial na Argentina.

Atualmente, conta com escritórios na França e em Portugal, Argentina, Chile, México, Peru, Colômbia e Brasil. 

O negócio na América Latina já representa mais de 20% do total da companhia.

A educação ou a Petrobrás?

 
ANTÔNIO CABRERA - O Estado de S.Paulo
 
"Se a Petrobrás é eficiente,
ela não precisa ser estatal.
Se não é eficiente, ela
não merece ser estatal."


Durante a vida, num processo democrático, você será criticado de duas maneiras: pelo que faz ou pelo que deixa de fazer. Se é para receber crítica, então que esta apareça pela contribuição que desejo fazer ao meu país. Não há mais nenhuma justificativa plausível para o Brasil manter uma empresa pública como a Petrobrás. Explico.

Em primeiro lugar, quero reafirmar categoricamente que o petróleo é nosso. Já a Petrobrás, com essa política do governo de controlar os preços dos combustíveis de acordo com sua conveniência político-eleitoral, transformou-se num buraco negro de dinheiro público. Essa desastrada política de intervencionismo, pois a Petrobrás é a única empresa no mundo que vai ao mercado para comprar por 100 e vender por 90, causou nos últimos anos uma perda de mais de R$ 200 bilhões no preço de suas ações em bolsa. Em qualquer país sério não passaria em branco uma destruição dessa magnitude da riqueza pública. O resultado, fugindo da esterilidade da confrontação ideológica, é que o Brasil se tornou o único país do mundo que prefere importar gasolina e diesel a importar capitais para produzi-lo. 

Reforçando, a verdade inconveniente é que o petróleo é um negócio extremamente arriscado e caro que não deve envolver dinheiro do povo (vide Eike Batista), mas, sim, auferir benefícios pela arrecadação de impostos, o que não ocorre com a contribuinte Petrobrás. Aliás, segundo a Cambridge Energy Research Associates, o Brasil deixa de ganhar em impostos cerca de US$ 1,5 bilhão a US$ 3 bilhões por não aplicar à Petrobrás uma política fiscal para a produção de petróleo e gás natural similar à dos EUA, da Grã-Bretanha ou da Noruega. Mas, ao tempo que isenta a Petrobrás, concomitantemente tributa qualquer doação destinada à educação e é o único país do mundo que tributa a mensalidade escolar.

Não bastasse isso, nossa tão propalada autossuficiência em petróleo sempre foi volumétrica e nunca monetária: exportamos petróleo bruto (mais barato) e importamos derivados (mais caros). Para minimizar esses prejuízos a fatura ficou ainda mais salgada quando, em 2011, um burocrata de prancheta decidiu manter artificialmente o preço da gasolina na bomba e, posteriormente, diminuir e eliminar a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) da gasolina. Pura ironia, os recursos da Cide deveriam ter sido aplicados em "infraestrutura de transporte" (não vi ninguém reclamando disso nas passeatas pelo aumento das passagens de ônibus em São Paulo) e "programas ambientais para reduzir os efeitos da poluição causada pelo uso de combustíveis". 

Traduzindo, como o etanol continua recolhendo a Cide, o Brasil é o único país do mundo que tributa um combustível limpo e desonera um combustível fóssil e poluente (e também não vi ninguém pedindo "veta gasolina"). Mas não para aí, pois, enquanto livra a gasolina da Cide, neste retorno às aulas os pais estão pagando em média de impostos mais de 47% nas canetas e mais de 43% nas borrachas de seus filhos. Educação é prioridade?

Enquanto ninguém faz contas de quanto será esta conta que imoralmente estamos deixando para as gerações futuras, nos EUA os avanços nas técnicas de perfuração horizontal e fratura hidráulica vêm permitindo explorar reservas de gás antes inacessíveis, a custo economicamente viável e gerando uma nova revolução industrial, oferecendo às indústrias norte-americanas um custo de energia imbatível. Mas "notícia, se a boa corre, a ruim avoa", o México vem de privatizar seu setor de petróleo e energia: continua sendo propriedade do governo mexicano, mas companhias privadas poderão explorá-lo sozinhas. Com um custo de exploração em águas profundas menor que o do Brasil e tendo uma logística imbatível, eis que é vizinho do maior consumidor do planeta, o risco do País não é ser explorado pelos capitalistas de plantão, mas ser completamente ignorado. Se na nata do bolo apenas um consórcio apareceu no leilão de Libra, e agora? A resposta é que o governo vai perfurar poços de petróleo sozinho, mas não vai perfurar as barreiras educacionais do último Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), em que nossos alunos estacionaram nas derradeiras posições.

Em segundo lugar, nunca antes neste país um setor tão vibrante do agronegócio foi moído em bagaços como o sucroenergético. Na última safra mais de 70 usinas fecharam ou estão em recuperação judicial e 60 podem vir a fazê-lo nos próximos 24 meses, com multinacionais deixando o País e grupos nacionais atolados em dívidas. O que se exigiu dos biocombustíveis em dois anos nunca se exigiu do petróleo. Embora seja um setor que emprega mais de 1 milhão de pessoas (incluindo indiretas) e ancorado numa movimentação financeira que supera US$ 86 bilhões/ano, do corte da cana até o abastecimento do automóvel, o etanol passa por uma longa cadeia produtiva que, de acordo com estudo da Embrapa Agrobiologia, pode chegar a ser 80% menos poluente do que os procedimentos que levam a gasolina aos postos de combustível. Mas a mão pesada do Estado no preço da gasolina resultou em que somente 23% dos brasileiros com carros flex utilizaram etanol este ano - em 2009 foram 66% -, com todos esses benefícios ambientais jogados na lata do lixo. Com inúmeras vantagens da natureza a nosso favor, não suplicamos privilégios do governo, mas não suportamos o subsídio estatal à gasolina.

Por fim, neste país rico de recursos e pobre de decisões, recorro a Demóstenes: "Há pessoas que creem embaraçar aquele que sobe à tribuna perguntando-lhe: então, que fazer? A essas dou a resposta que me parece a mais equânime e veraz: não fazer o que estais fazendo atualmente". A educação brasileira agradece.

FOI MINISTRO DA AGRICULTURA
E REFORMA AGRÁRIA E
SECRETÁRIO DA AGRICULTURA DO ESTADO DE SÃO PAULO