quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Submetido a metas em empresas, advogado já é cobrado como executivo





A necessidade de os profissionais do Direito buscarem cada vez mais conhecimento sobre o negócio que defendem transformou advogados em verdadeiros executivos jurídicos. Hoje, o advogado precisa conhecer sobre finanças, contabilidade e gestão de pessoas. E mais: tem metas de resultado pelas quais é cobrado tanto quanto os gestores.

O debate foi travado na maior feira jurídica da América Latina, a Fenalaw 2014, que acontece em São Paulo.

“O advogado de escritório que presta serviço para um departamento jurídico de empresa precisa entender como essa estrutura funciona”, afirmou Thiago Tagliaferro Lopes, superintendente jurídico da Rodobens. Ele participou do painel “Novas Configurações do Departamento Jurídico” ao lado do diretor-jurídico na Netshoes, Flávio Franco (foto ao lado), e o diretor tributário da Telefónica/Vivo, Vasco Gruber Franco (foto abaixo).


A avaliação é a mesma de Ricardo Zangirolami , vice-presidente da Hewlett-Packard para América Latina e Canadá. Ele afirma que os departamentos jurídicos estão cada vez mais integrados ao negócio e fazem parte dos processos de decisão. “Isso vai demandar cada vez mais do profissional um perfil de advogado e executivo”, disse no primeiro dia do evento, nesta quarta-feira (15/10).

Além disso, o papel do advogado na empresa deixou de ser apenas um apoio para se tornar suporte efetivo de todas as áreas. Lopes aponta para a necessidade de criação de um comitê de contingência que permita a discussão sobre todas as demandas e passivos financeiros que a empresa seria obrigada a pagar decorrente de ações judiciais ou processos administrativos.

Mesmo com as novas funções que assumiu no negócio, o profissional continua tendo de se preocupar com os riscos jurídicos existentes. “É preciso alinhar com o departamento financeiro quais são os próximos casos que vão gerar algum tipo de impacto em resultado ou em caixa. Essa antecipação do problema evita surpresas”, diz Lopes.

Além do papel de “especialista em negócios”, o vice-presidente jurídico da Mastercard, Paulo Pinotti (foto), aponta outros desafios para quem trabalha com departamento jurídico. O primeiro deles é o equilíbrio entre a questão orçamentária e a demanda. “O que temos na parte de contencioso não existe com essa magnitude em outro país. A gente tem de fazer cada vez mais com menos”, disse. O segundo diz respeito à melhor maneira de um profissional com formação jurídica gerenciar pessoas e as diferentes expectativas dos membros da equipe.



Avaliação


Outro ponto no processo de modernização da atividade jurídica é a criação de indicadores e métricas de desempenho. Segundo Lopes, os resultados do advogado passaram a ser acompanhados mais de perto.

“Hoje, o advogado tem meta, assim como o departamento comercial tem meta de vendas, o financeiro tem meta de despesas. Os executivos jurídicos estão cada vez mais envoltos nesse mundo de negócio”, afirmou.
Os métodos de avaliação, entretanto, não são consenso entre os profissionais. Para Zangirolami, o desafio em uma equipe é equilibrar pessoas que tenham alto desempenho com quem tem grande potencial de desenvolvimento.

Já Pinotti acha muito difícil estabelecer métricas objetivas para se avaliar o trabalho de um advogado, que tem uma natureza de trabalho diferente dos outros profissionais. Para ele outros fatores como “avaliação do cliente e capacidade de entrega para o trabalho” também devem pesar.

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Fábricas de motos cortam mil vagas em 2014, diz Abraciclo


Quadro de funcionários das associadas à Abraciclo caiu de 19 mil para 18 mil durante os nove primeiros meses de 2014

Gustavo Porto, do
Paulo Fridman/Bloomberg
Operários trabalham na produção de motos na linha de montagem da fábrica da Honda, em Manaus
Operários trabalham na linha de montagem de motos: baixa nas vendas levaram a cerca de mil demissões em 2014

Ribeirão Preto - A queda superior a 10% nas vendas de motocicletas em 2014 sobre 2013 levou montadoras do setor a um processo de "demissões silenciosas", segundo o presidente da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo), Marcos Fermanian.

"São demissões que ocorreram ao longo do ano, com não-reposição de funcionários que deixaram as fábricas no polo de Manaus (AM)", explicou. 

Segundo ele, o quadro de funcionários das associadas à Abraciclo caiu de 19 mil para 18 mil durante os nove primeiros meses de 2014.

Sem a recuperação esperada para o setor após a Copa do Mundo e a manutenção das vendas diárias abaixo do limite de 6 mil unidades, fábricas de motocicletas iniciaram ainda um processo de paradas de produção em determinados dias da semana, já que as férias coletivas das montadoras foram dadas em junho. "Foi preciso reduzir ritmo diário e fazer esse ajuste fora de tempo", afirmou Fermanian.

Nesta terça-feira, 7, a Abraciclo revisou para baixo, pela segunda vez, as estimativas de produção e vendas de motocicletas em 2014 ante 2013. 

A entidade prevê uma produção de 1,55 milhão de unidades no fechamento do ano - ante uma estimativa anterior de 1,625 milhão de motocicletas, feita em junho -, queda de 7,4% ante a produção de 1,67 milhão de veículos em 2013. 

As vendas no varejo devem atingir 1,44 milhão de motocicletas, uma baixa de 5% ante o 1,5 milhão de unidades comercializadas em 2013.

Segundo Fermanian, além do crédito ainda restrito ao financiamento de motocicletas de baixa cilindrada, o cenário conta com as condições macroeconômicas negativas e a desconfiança do consumidor.

"Essa desconfiança inibe até mesmo os que conseguem crédito, mas não o tomam por conta de um temor em relação ao futuro", disse.

Para o último trimestre do ano a expectativa é de ligeira melhora nas vendas, com a retomada do nível de vendas diárias em 6 mil unidades em outubro e novembro e um aquecimento ainda mais forte, mesmo que historicamente normal, em dezembro.


Desempenho positivo


Na contramão do cenário negativo, as vendas de motos de alta cilindrada seguem em crescimento este ano e o segmento deve encerrar 2014 com 60 mil unidades vendidas, ante 50 mil em 2013, um aumento de 20%. 

Já as vendas de scooters, motos com uso praticamente restrito aos centros urbanos, devem avançar mais de 30% entre os períodos, de 30 mil para 40 mil unidades.

Zeinal Bava pede demissão de presidência da Oi


Executivo renunciou ao cargo de presidente da companhia

Luciana Bruno, da
Divulgação/Department of Image and Communication of Portugal Telecom
O atual CEO da Oi e da PT Portugal, Zeinal Bava
Zeinal Bava: renunciou ao cargo de presidente da Oi

Rio de Janeiro - O presidente-executivo da Oi, Zeinal Bava, renunciou ao cargo nesta terça-feira, informou a companhia, ampliando as especulações no mercado sobre o futuro da fusão da operadora de telecomunicações brasileira com a Portugal Telecom.

As funções de Bava serão assumidas temporariamente pelo atual diretor de Finanças e de Relações com Investidores, Bayard Gontijo, informou a companhia. Ele ficará no cargo até que o Conselho de Administração indique outro executivo para o posto.

Eleito diversas vezes o melhor CEO do setor de telecomunicações na Europa após presidir a Portugal Telecom, Bava assumiu a Oi em junho de 2013 com objetivo de liderar a fusão com a empresa portuguesa, negócio apontado como necessário para melhorar a posição financeira da operadora brasileira e dar mais fôlego frente à concorrência no mercado brasileiro.

No entanto, o calote de uma dívida de quase 1 bilhão de euros da Rioforte, holding do Grupo Espírito Santo, que é o principal sócio da Portugal Telecom, ameaçou a união luso-brasileira em julho.

Na ocasião, os controladores da Oi, que faziam parte do Conselho da Portugal Telecom, pediram para sair do órgão, alegando que não tinham sido informados da dívida pelos sócios portugueses antes de a informação ter sido divulgada pela imprensa.

Para garantir a fusão, a Portugal Telecom teve que reduzir sua fatia na CorpCo, empresa a ser criada após a conclusão do processo de união.

Para analistas, desde então as relações entre os controladores das duas empresas se complicaram.
"Bava era uma força muito grande nessa fusão", disse Ari Lopes, analista para América Latina da consultoria de telecomunicações Ovum. "O ponto agora é saber quem vai entrar no lugar, se é algum executivo da Portugal Telecom. (Caso contrário), pode ser uma pista de que essa fusão está desandando", disse.

"A saída de Bava também é ruim por ser o terceiro presidente a sair em cerca de quatro anos. Essa mudança constante atrapalha a gestão da empresa, falta à Oi estabilidade para resolver seus problemas", acrescentou Lopes.


Altice


Na segunda-feira, em mais um sinal de marcha ré no processo de fusão entre Oi e Portugal Telecom, uma fonte disse à Reuters que a francesa Altice, do bilionário Patrick Drahi, pretende adquirir os ativos portugueses da Oi.
Mais cedo nesta terça-feira, a Oi, que tinha uma dívida de 46 bilhões de reais ao fim do primeiro semestre, afirmou que poderá vender ativos não estratégicos e participações em empresas controladas, mas que "até a presente data" não havia decisão sobre possível venda de ativos em Portugal.
Para analistas, uma venda dos ativos portugueses, que são os ativos da Portugal Telecom, significaria o cancelamento da fusão entre as duas companhias. Paralelamente, há conversas relacionadas a eventual fusão entre TIM Participações e Oi no Brasil.
Na sexta-feira, uma fonte com conhecimento do assunto disse à Reuters que a TIM contratou o banco de investimento do Bradesco para analisar uma oferta para compra da Oi.
As conversas ocorrem depois de a Oi ter contratado o BTG Pactual em setembro para analisar uma possível oferta conjunta com a América Móvil pela TIM .
Texto atualizado às 22h19min do mesmo dia para adicionar mais informações.

Candidata para diplomacia da UE quer melhorar relação com AL


Ministra italiana ressaltou a importância das relações entre a União Europeia e a América Latina

Laurent Dubrule/ Reuters
Federica Mogherini, ministra das Relações Exteriores da Itália

Federica Mogherini: "às vezes o que falta é um pouco mais de investimento político, tanto de nossa parte como dos países da América Latina"

Bruxelas - A candidata ao posto de chefe da diplomacia da União Europeia (UE), a italiana Federica Mogherini, pediu nesta segunda-feira o aumento do envolvimento político para "explorar todo o potencial" da relação com os países da América Latina e do Caribe.

Mogherini, que enfrentará o escrutínio da Eurocâmara para avaliar sua idoneidade para fazer parte da próxima Comissão Europeia, que previsivelmente começará a trabalhar em novembro, ressaltou perante os eurodeputados que a relação com a América Latina e o Caribe pode ser "ainda mais fundamental".

A ainda ministra das Relações Exteriores da Itália ressaltou que a Europa tem com esses países uma base e uma história conjuntas e estruturas parecidas, e assegurou que "nos compreendemos bem".

"Às vezes o que falta é um pouco mais de investimento político, tanto de nossa parte como dos países da América Latina, para conseguir que assim se explore todo seu potencial", declarou perante os eurodeputados.

Mogherini considerou que esta ideia é "válida para o Mercosul e outras organizações regionais" no subcontinente, após ser perguntada por um eurodeputado pelo bloqueio das negociações de um acordo de associação com o bloco composto por Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Venezuela (este último ainda não incluído nessas conversas).

"Cada organização é distinta, mas é fundamental trabalhar com mais energia", opinou.
Mogherini deixou claro que "relançar nossa capacidade de colaborar com estes países pode ser estratégico para todo o continente".

AT&T busca mais negócios na América Latina após aquisição


A empresa precisa adquirir mais ativos ao sul da fronteira se estiver falando sério a respeito de impulsionar o crescimento fora dos EUA

Scott Moritz, da
Wikimedia Commons
DirecTV
DirecTV: a aquisição da DirecTV dará à AT&T assinantes de TV por satélite na América Latina, particularmente no México e no Brasil

Nova York - Mesmo depois de comprar a DirecTV e seus 18 milhões de assinantes na América Latina, a AT&T Inc. está à procura de mais aquisições na região, que está crescendo 10 vezes mais rapidamente que os EUA.

A aquisição de US$ 48,5 bilhões -- que está próxima de ser concluída, depois que os acionistas da DirecTV votaram a favor -- dará à AT&T assinantes de TV por satélite na América Latina, particularmente no México e no Brasil.

O acordo marcará a primeira incursão da AT&T fora dos EUA em mais de uma década, expansão que é crucial para impulsionar o crescimento em um momento em que o setor doméstico de telefonia sem fio se torna mais saturado, segundo a Fitch Ratings.

A chave para competir nesses novos mercados pode ser oferecer aos clientes não apenas TV por satélite, mas também serviço de telefonia celular e acesso a banda larga em países como o México, onde menos da metade dos lares pagam por TV ou internet.

A AT&T precisa adquirir mais ativos ao sul da fronteira se estiver falando sério a respeito de impulsionar o crescimento fora dos EUA, disse Jonathan Chaplin, analista da New Street Research.

“A DirecTV tem um produto grande e competitivo na América Latina, mas eles precisarão de recursos de banda larga”, disse Chaplin. A empresa vem testando o acesso à internet sem fio em um momento em que poderá fazer mais sentido comprar redes maiores de linha fixa que já possuem assinantes de banda larga, disse ele.
Nos EUA, a AT&T tem opções limitadas para expandir seus serviços de telefonia e de TV. Novos produtos, como o de segurança residencial e a venda de serviço sem fio para conectar carros à internet, ainda estão nas fases iniciais. A receita da companhia deverá subir entre 1 por cento e 2,5 por cento ao ano nos próximos quatro anos, segundo estimativas de analistas compiladas pela Bloomberg.


América Móvil


John Stankey, diretor de estratégia da AT&T, disse que o México -- onde uma nova lei reformulou o setor de telecomunicações para promover a concorrência -- está pronto para os investimentos.

A AT&T, que tem sede em Dallas, está entre as empresas que a América Móvil SAB contactou para a compra de US$ 17,5 bilhões em negócios mexicanos de telefonia celular e linha fixa, disseram fontes com conhecimento do assunto no mês passado.

Stankey se reuniu com os órgãos reguladores mexicanos das telecomunicações em setembro para discutir o mercado e as novas leis criadas para estimular os investimentos.

A América Móvil, de Carlos Slim, disse que o comprador precisa ser novo no mercado mexicano para criar uma maior concorrência. Quando perguntado pela Bloomberg TV, ontem, se a América Móvil estava próxima de um acordo com a AT&T, o bilionário preferiu não comentar.


Outros acordos


Quando perguntado em uma conferência de investidores, no mês passado, se o acordo da DirecTV impedia outras fusões e aquisições, Stankey disse que o balanço da empresa lhe dá flexibilidade financeira para tirar vantagem das oportunidades, mesmo se o momento não é perfeito.

No México, a DirecTV possui 41 por cento da Sky Mexico, o serviço de TV por satélite que tem como sócio majoritário o Grupo Televisa SAB. E no Brasil, a AT&T ficará com a participação de 93 por cento da DirecTV na Sky Brasil, que tem cerca de 5,6 milhões de clientes.

O maior prêmio da AT&T poderá ser o Brasil, disse Amy Yong, analista da Macquarie Securities USA Inc. A DirecTV lançou as bases do serviço de TV por satélite no país. Agora, a AT&T pode basicamente aproveitar essa estrutura e adicionar produtos como o serviço residencial sem fio, abrindo caminho para conectar casas em regiões que não têm linhas de telefone, disse ela.

“A penetração da TV paga ainda é bastante baixa no Brasil. A DirecTV estava apenas deixando seu apetite crescer”, disse Yong, em entrevista por telefone. “Agrupar com o serviço sem fio ajudará, uma vez que o negócio de TV seja parte da AT&T.”

Moody's pressiona próximo presidente a mudar curso econômico


A agência de classificação de risco destacou ainda que há pouca clareza sobre as políticas dos dois candidatos, mas que daqui para a frente isso deve mudar

Walter Brandimarte e Camila Moreira, da
Elza Fiúza/Agência Brasil
Urna eletrônica
Urna: Dilma Rousseff enfrentará Aécio Neves nas urnas no próximo dia 26


Rio de Janeiro/São Paulo - A agência de classificação de risco Moody's elevou a pressão nesta quarta-feira sobre quem quer que vença as eleições presidenciais no Brasil para que mude o curso da política econômica, alertando que "mais do mesmo" terá impacto negativo sobre o rating de crédito do país.

"O principal desafio do próximo governo será suavizar as preocupações dos investidores ao garantir que o 'status quo' não será mantido", informou a Moody's em nota encabeçada pelo analista de crédito soberano da Moody's Mauro Leos.

Depois de um primeiro turno marcado por reviravoltas, a presidente Dilma Rousseff (PT) enfrentará Aécio Neves (PSDB) nas urnas no próximo dia 26, uma disputa que promete ser bastante acirrada.

"A posição de crédito do país vai depender não de quem será eleito presidente, mas do sucesso da políticas do próximo governo em reverter a deterioração que tem sido observada nas métricas econômicas, fiscal e de dívida", completou a agência.

Na nota, a Moody's destacou ainda que há pouca clareza sobre as políticas dos dois candidatos, mas que daqui para a frente isso deve mudar. 

Para a agência, Dilma deve enfatizar crescimento e programas sociais, enquanto Aécio tende a focar mais em estabilidade macroeconômica e necessidade de reformas.

A próxima administração, para a Moody's, terá que atuar em um ambiente de limitada flexibilidade fiscal, uma vez que em sua opinião o espaço de manobra financeira que permitiu conter o impacto do crescimento econômico fraco sobre as contas fiscais está basicamente esgotado.

A agência de classificação de risco revisou no mês passado sua perspectiva para a classificação Baa2 do Brasil para negativa, ante estável, dizendo que a classificação pode ser rebaixada caso veja indícios de que o próximo governo não vai apertar a política fiscal e se o crescimento econômico permanecer entre 1 e 2 por cento.

O Brasil entrou em recessão no primeiro semestre, com forte retração nos investimentos e na indústria.

Contra sovietização, militares da reserva apoiam Aécio


Documento do Clube Militar classifica a gestão do PT nos últimos 12 anos como "uma página negra de nossa história"

Dado Galdieri/Bloomberg
Aécio Neves (PSDB)
Aécio Neves, candidato do PSDB: militares da reserva declararam apoio ao tucano


São Paulo - O Clube Militar, que reúne militares da reserva e defende a ditadura militar que comandou o país entre 1964 e 1985, manifestou nesta quarta-feira apoio a Aécio Neves na disputa do segundo turno à presidência, por considerar que haverá um "aprofundamento do socialismo" se a presidente Dilma Rousseff for reeleita.

O grupo de militares da reserva indicou em comunicado que Aécio "é uma esperança concreta de por fim à era petista", no poder desde a vitória de Lula, em 2002.

O Clube Militar argumenta que o senador, ex-governador de Minas Gerais, possui "as credenciais necessárias para interromper o projeto de poder representado pelo PT, em marcha acelerada para a sovietização do país".

O documento classifica a gestão do PT nos últimos 12 anos como "uma página negra de nossa história".
Antes do primeiro turno, realizado no último domingo, quando Dilma foi a mais votada com 41,59% dos votos, e Aécio ficou em segundo com 33,55%, a entidade tinha manifestado publicamente seu apoio à Marina Silva (PSB), por considerá-la "a menos pior" para derrotar Dilma, que foi presa e torturada durante a ditadura militar.

Marina ficou em terceiro na disputa, com 21,32% dos votos.
Uma das iniciativas do governo Dilma mais criticadas pelo Clube Militar é a Comissão da Verdade, criada em 2012 para investigar os crimes da ditadura militar e cujo relatório final será apresentado no fim deste ano.

Segundo o comunicado, uma eventual vitória de Aécio "afasta a preocupação de vivermos no limbo de uma possível mudança de regime que nos colocaria à margem da democracia".

A Lei de Anistia de 1979, ratificada em 2010 pelo Supremo Tribunal Federal, impede a abertura de processos contra agentes públicos que violaram os direitos humanos durante a ditadura.