sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Caixa e Correios terão que fazer aporte extra em fundos de pensão


Por Thais Folego | De São Paulo
Claudio Belli/Valor"Não há que se preocupar quanto a isso, a Funcef está sólida", afirma Carlos Caser, presidente da fundação
 
Pelo menos 50% do déficit da indústria de fundos de pensão brasileira vem de planos de previdência de empresas estatais. Ou seja, parte da conta pode sobrar para os cofres públicos justamente no momento em que o governo precisa conter gastos. A Caixa Econômica Federal deve começar a fazer aportes extras em um de seus planos em breve e os Correios terão que aumentar as contribuições adicionais que já faz desde 2013.

Os fundos de pensão que estão no negativo têm um déficit de R$ 27,6 bilhões, segundo os últimos dados da Previc, de junho deste ano. Só as fundações dos funcionários da Caixa (Funcef), da Petrobras (Petros), do BNDES (Fapes) e dos Correios (Postalis) têm, juntas, planos que somam déficits de R$ 14,6 bilhões, segundo levantamento do Valor sobre os últimos dados disponíveis das entidades.

Pelas regras dos fundos de pensão, resultados deficitários devem ser equacionados de forma paritária entre empresas e participantes. Ou seja: meio a meio. E, claro, isso tem preocupado os funcionários, especialmente quem já está aposentado e terá seu benefício reduzido.

A regra do setor determina que planos que tenham déficit igual ou inferior a 10% de seu patrimônio por três anos consecutivos devem apresentar um plano de resolução do passivo no ano subsequente - quando participantes e patrocinadora precisam colocar mais dinheiro no plano. Se o déficit for superior a 10%, deve ser resolvido no exercício do ano seguinte.

O cenário, pelo menos no curto prazo, não deve melhorar. A Abrapp, associação que reúne os fundos de pensão, estima que, na média, as fundações não atinjam suas metas de rentabilidade este ano, ficando abaixo dela em 1,5 ponto percentual. A meta de 2014 é de em torno de 12%, equivalente a IPCA mais 5,5%.

A associação destaca que há uma diferença entre o déficit conjuntural e o estrutural. "A maioria das entidades que se encontra no total de R$ 27 bilhões apresenta déficit conjuntural provocado eminentemente pela combinação, em 2013, da queda na taxa de juros básicos que levou a normativo que obrigou as fundações a redução de suas taxas atuariais, com a precificação dos títulos públicos federais", disse a Abrapp em nota, destacando que há outro grupo de fundações que registram superávit de R$ 35 bilhões - a maior parte da Previ, que tem saldo positivo de R$ 25 bilhões.

Em 2013, a rentabilidade dos fundos de pensão foi de 3,28%, ante meta de 11,63%. "Resultado bem diferente do histórico. No acumulado de 2005 a junho de 2014 a rentabilidade do setor é 243% e a meta, de 186%", ressaltou a associação. A Abrapp lembra que a nova regra de mensuração do ativo e do passivo, que agora considera o prazo médio do fluxo de pagamento dos benefícios de cada entidade, vai modificar parte dos números de déficit e superávit.

A Funcef, terceiro maior fundo de pensão do país, vai elaborar, em 2015, o plano de equacionamento do déficit de seu maior plano, o que exigirá contribuições extras. A fundação não bate a meta de rentabilidade desde 2011. Mas naquele ano o superávit do ano anterior cobriu o resultado negativo. O déficit, de R$ 4,9 bilhões até setembro, equivale a 11% dos ativos do plano, de R$ 46,7 bilhões. Neste ano, o retorno médio dos ativos investidos está em 5,7% até setembro, ante meta de retorno de 8,9%.

Em eventos com participantes, o presidente da Funcef, Carlos Caser, disse que o desempenho da fundação segue impactado pelo baixo retorno dos investimentos em renda variável - a fundação tem 30% dos ativos em ações. Ele afirma, porém, que a fundação tem capacidade para honrar os compromissos com os participantes, tanto no momento como no futuro. "Não há que se preocupar quanto a isso, a Funcef está sólida", disse.

Procurada, a Funcef disse que vai se pronunciar depois que tiver os números de 2014 fechados.

Já a fundação dos Correios, a maior do país em número de participantes, tem saldo negativo de R$ 2,7 bilhões até setembro. Como o valor equivale a mais de 50% dos ativos do plano, de R$ 5,1 bilhões, a fundação terá que equacioná-lo já no próximo ano. Tanto os Correios quanto os funcionários já fazem aportes adicionais ao plano de benefício definido, o maior da fundação, desde o ano passado para cobrir o resultado negativo de R$ 985 milhões de 2012 e 2011.

Procurado, o Postalis informou que "haverá, sim, aumento da contribuição no próximo ano e os estudos atuariais estão sendo elaborados para finalização do novo plano de equacionamento".

Já nos casos de Petros e Fapes não será necessário, por ora, fazer aportes extras. Segunda maior fundação do país, a Petros apresentou déficit de R$ 2,3 bilhões em 2013, valor que subiu para R$ 5,5 bilhões até setembro deste ano. Já a Fapes vai apresentar déficit pela primeira vez neste ano. O saldo negativo da fundação do BNDES era de R$ 1,3 bilhão até novembro.

Em nota, a Petros explica que o surgimento do déficit no ano passado ocorreu por vários fatores, entre eles o mau desempenho da bolsa de valores e dos títulos de renda fixa, "o que afetou todo o segmento de previdência complementar". A fundação ainda cita a mudança da tábua de mortalidade de seu principal plano, o que aumentou os compromissos em cerca de R$ 1,054 bilhão.

"A Petros já estuda medidas para reversão do déficit, o que vai depender das mudanças no cenário econômico, da aprovação das políticas de investimentos da fundação para o próximo quinquênio e da relação [entre] risco, retorno e liquidez de cada investimento disponível no mercado", informou a Petros.

O fundo de pensão lembra que uma das medidas é a que altera a regra de cálculo da meta de rentabilidade dos ativos das fundações, "que é importante para evitar que os fundos registrem déficits irreais devido à volatilidade da taxa básica de juros". A Petros está analisando os impactos da nova regras sobre os seus números.

A Fapes informou que os resultados recentes "refletem a conjuntura da economia e a volatilidade do mercado observadas no ano, fatos que caracterizam como conjuntural o resultado deficitário que vier a ser apresentado". A fundação diz que "no próximo exercício, caso a conjuntura econômica apresente um desempenho positivo, como se espera, este resultado deficitário poderá ser parcial ou integralmente revertido".

Galderma, da Nestlé, compra Moderm no Brasil


Galderma/N.Oundjian
Produtos da Galderma sendo manipulados
Galderma: empresa farmacêutica da Nestlé comprou a Moderm no Brasil
São Paulo - A Galderma, farmacêutica de produtos dermatológicos da Nestlé, comprou a Moderm, do setor de dermocosméticos, no Brasil.

Segundo comunicado, a aquisição é parte da estratégia da Galderma de explorar um novo mercado e ampliar sua atuação em regiões e novos consumidores.

A ideia é que a Moderm continue como marca independente e planos de negócio separados dos da Galderma.

"Estamos confiantes, pois o mercado brasileiro é aberto às novidades que atendam às exigências dos cuidados com a pele”, disse José Roberto Ferraz, gerente geral da Galderma no país.

Segundo o executivo, o Brasil representa uma boa parcela do mercado mundial de dermatologia e ocupa a segunda posição em vendas no ranking da Galderma, "números que esperamos incrementar com a Moderm”, disse.

Moderm, criada em 2012, está presente em cerca de 1.000 pontos de venda em São Paulo, Rio de Janeiro, Goiás, Pará e Paraná. O objetivo é que a marca chegue a 20.000 estabelecimentos comerciais.

A Galderma, criada a partir de uma parceria entre Nestlé e L’Oréal, em 1981, está presente em 70 países é líder mundial no segmento. No Brasil, a companhia atua há quase 20 anos.

No início do ano, a Nestlé pagou 3,6 bilhões de dólares para assumir o controle completo da Galderma.
A companhia passou a ser parte da divisão Nestlé Skin Health, que reúne marcas que vão desde medicamentos vendidos somente com receita a sabonetes e demais produtos de higiene pessoal.

Carga tributária atinge 35,95% do PIB em 2013


Divulgação/Facebook
Impostômetro
Impostômetro: o Brasil ficou na 13ª posição entre os países com maior carga tributária da OCDE 

Anne Warth, do Estadão Conteúdo
 
Brasília - A carga tributária brasileira chegou a 35,95% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2013, ante 35,86% no ano anterior, segundo a Receita Federal. Trata-se do maior patamar na proporção do PIB da série histórica, iniciada em 2004. 

No ano passado, o PIB brasileiro atingiu R$ 4,844 trilhões, enquanto a arrecadação tributária bruta somou R$ 1,741 bilhões. Em 2013, a União foi responsável por 68,92% da arrecadação; os Estados, por 25,29%; e os municípios, por 5,79%.

A Receita Federal divulgou também dados comparativos sobre a arrecadação brasileira em relação a outros países. Nesse caso, os dados são de 2012, mas confirmam a alta carga tributária que incide no País.
O Brasil ficou na 13ª posição entre os países com maior carga tributária da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

O primeiro lugar ficou com a Dinamarca, que registrou uma carga tributária da ordem de 48% do PIB, seguida por França (45,3%); Itália (44,4%); Suécia (44,3%); Finlândia (44,1%); Áustria (43,2%); Noruega (42,2%); Hungria (38,9%); Luxemburgo (37,8%); Alemanha (37,6%); Eslovênia (37,4%); e Islândia (37,2%).

Entre os países da América Latina, a carga tributária é a 2ª maior, atrás apenas da Argentina, com 37,3% do PIB. Sem considerar os programas de parcelamento de dívidas tributárias (Refis), a carga tributária atingiu 35,18% do PIB em 2013, um pouco menos que os 35,27% verificados no ano anterior.

5 ações simples para ser um profissional disputado em 2015


Getty Images
leilão
Profissional disputado: no ano que vem, mercado deve valorizar quem se adapta rapidamente a mudanças 

São Paulo - A chegada de 2015 pode ser uma ótima oportunidade para preparar uma nova fase na sua profissão. Só não vale transformar objetivos reais em “resoluções” abstratas.

O alerta é de Alexandre Slivnik, autor do livro “O Poder da Atitude” (Editora Gente, 2012). “Muita gente usa o ano novo como uma desculpa para adiar decisões. É como a velha história da dieta, que só começa na segunda-feira”, afirma.

Segundo ele, é importante estabelecer prazos para cada meta. “Traga para a esfera prática pelo menos o primeiro passo. Pense nas pessoas que você precisa acionar, cursos que precisa fazer, e estabeleça datas-limite”, diz Slivnik.

Para garantir o seu sucesso, também é importante prestar atenção à realidade do mercado de trabalho em 2015 - um ano de “cinto apertado” para a maior parte das empresas em função da economia.

Ceder ao pessimismo, no entanto, não é uma boa ideia, segundo Rodrigo Soares, diretor da consultoria Hays. Para ele, momentos críticos sempre geram oportunidades para quem sabe aproveitá-los.

“Há dois tipos de profissionais: os que fazem parte do problema e os que fazem parte da solução. O ano que vem deve premiar quem estiver no segundo grupo”, afirma Soares.

A seguir, veja alguns conselhos para se destacar no mercado no ano que chega:

1. Abrace os problemas
Para Slivnik, assumir os problemas que se apresentarem - mesmo que sejam alheios - é essencial para se destacar. “As empresas não vão querer aqueles que ficarem se lamentando pelas dificuldades de 2015 ou culpando variáveis externas por tudo que der errado”, diz Soares. Resiliência continuará sendo uma palavra de ordem para o mercado. 

2. Tenha humildade para aprender
“O ano que vem obrigará as empresas a ter equipes mais enxutas, o que levará muita gente a acumular funções”, diz Soares. Nesse contexto, a versatilidade e a abertura para aprender atividades novas serão muito valorizadas.

3. Esteja pronto para mudanças 
Diante de uma crise interna, mais de 49% das empresas querem funcionários com alta capacidade de adaptação, segundo um recente estudo da Hays. “O mercado vai precisar de pessoas prontas para se adequar a transformações rápidas, sem perder o ritmo da produção”, diz Soares.

4. Descubra a causa da sua empresa
Independentemente do seu departamento ou função, é preciso mostrar que você se considera parte do todo. Daí a importância de saber qual é a missão do seu empregador, e incorporá-la ao seu dia a dia. “As empresas devem valorizar mais quem se prova comprometido com a sua causa”, diz Slivnik.

5. Invista como nunca em relacionamento
Soares afirma que ter boas habilidades de relacionamento interpessoal sempre foi e continuará sendo importante em 2015. “É essencial se dar bem com colegas e chefes, e entender que ninguém consegue superar dificuldades sozinho”, diz ele.

A teoria do caos e o trio Levi, Barbosa e Tombini


Neste artigo, o consultor Telmo Schoeler diverge da crença de que uma nova equipe econômica signifique uma mudança na condução da economia. E alerta para um provável aumento do número de processos de recuperação judicial de empresas


22-teoria-do-caosNuma rotina anual, protagonistas da governança empresarial – acionistas, conselheiros e executivos – estão diante do desafio de desenhar estratégias e movimentos táticos para o ano novo. O que o Brasil ativo, empreendedor, operante e real há pouco tempo enxergava era um 2015 muito difícil, mas ponto de partida para um cenário modificado com recuperação do desenvolvimento, do crescimento, dos investimentos, da competitividade, tudo apenas possível a partir de um novo modelo e foco de governo e de gestão pública.

O resultado das urnas, dando continuidade ao mandato dos partidos no poder, não permite antever esta necessária mudança de modelo e rumo. A própria previsão do novo governo de um crescimento de 0.8% do PIB, embora pífio em si e em termos relativos a quem é relevante no mundo, é otimista. Os fatos apontam para zero ou menos. Imaginar que as mesmas lideranças que conduziram a “empresa Brasil” ao caos vão conseguir tirá-la daí é tão utópico quanto acreditar que os gestores que levaram uma organização à falência serão capazes de promover o milagre de sua recuperação.

Por isso, é de se esperar a continuidade de um modelo estatizante, antagônico e antipático à atividade empresarial e privada, com uma visão antiga e ultrapassada do mundo. Por decorrência deverá haver a manutenção de inchada estrutura do Estado, portanto, sem perspectivas de redução da carga tributária, com todas as ineficiências, distorções e falta de investimentos que oneram o custo Brasil, que impedem nossa competitividade e nos rebaixaram para a 57ª posição mundial de produtividade, com custos 30% maiores do que os países desenvolvidos.

Por isso, nossa capacidade competitiva em exportações continuará em queda, ao lado de um mercado interno cada vez mais restrito pela estagnação econômica, exaustão de renda e impossibilidade de aumentar o endividamento da população. Nada diferente do que já vem o correndo e que é perceptível na performance negativa da indústria automobilística, têxtil, imobiliária, de móveis, motos, varejo... tudo. O Brasil está derretendo como jamais o vi nos meus 50 anos de vida executiva e consultiva. Realmente, como disse uma certa figura, “nunca antes na história deste país”... estivemos tão generalizadamente mal.

A carência de investimentos públicos (por falta de recursos do governo) e privados (por dúvidas, riscos, falta de perspectivas e desânimo), manterá a oferta de produtos limitada, gerando inflação, com os nefastos efeitos de corrosão de renda e obrigação de subir juros. A baixa geração de empregos contribuirá para o aumento da inadimplência – empresarial e pessoal – retroalimentando o ciclo vicioso da estagnação. Um coquetel explosivo, especialmente para as empresas endividadas, o que redundará em aumento dos processos de recuperação judicial.

Os otimistas acreditam que a nomeação do trio econômico Levi - Barbosa - Tombini é uma sinalização positiva de mudanças, tanto pela formação acadêmica dos três quanto especialmente pelas ligações e posições já ocupadas pelo primeiro. Os realistas sabem que há de se esperar para ver a autonomia e ouvidos que a presidente dará a eles, lembrando que uma andorinha só – ou mesmo três – não faz verão.
A flexibilização das regras de meta fiscal agora patrocinada pelo governo é uma demonstração de que não devemos esperar mudanças nos absurdos de governança praticados atualmente. Por isso, as mudanças salvadoras são possíveis (pela teoria do caos), mas improváveis. Quem sabe milagres ocorram, embora os últimos remontem a cerca de 2000 anos e seu autor tenha morrido crucificado. Decisoriamente, só nos resta dar um tiro no escuro e rezar para que tenha os efeitos desejados, porque não podemos parar.


Telmo Schoeler é fundador e Presidente da Strategos – Consultoria Empresarial.

Dificuldade para inovar é a grande barreira da empresa familiar


Estudo da PwC mostra que famílias empresárias precisam abrir mão de certas tradições para se manterem competitivas no mercado

Da Redação


1-home1-1912A sétima edição da pesquisa “Empresa familiar: o desafio da governança” realizada pela consultoria PwC em 40 países, revelou que as empresas familiares brasileiras , apesar de todas as dificuldades econômicas do país, têm perspectivas otimistas em relação ao seu desempenho nos próximos cinco anos. Cerca de 76% das 121 entrevistadas preveem um crescimento contínuo durante o período. A maioria delas (79%), registrou crescimento nos últimos 12 meses - um índice, inclusive, acima da média global constatada pelo mesmo estudo, que foi de 65%.

Mas para manter o fôlego e crescer, as empresas familiares no Brasil vão ter que lidar com questões tradicionalmente delicadas para elas. Um dos principais desafios elencados pelos entrevistados é a necessidade de constante inovação. Assim como na edição da pesquisa de 2012, 71% das empresas acreditam que este é um fator fundamental para se manterem competitivas no mercado. “Provavelmente, o apelo decorrente do acelerado ritmo de transformações que estamos vivendo e da chegada das novas gerações mais identificadas com novos modelos, métodos e tecnologias é que está despertando atenção para a importância de inovar”, afirma Fábio Abreu, sócio da PwC Brasil.

No entanto, os analistas da PwC observam que, na prática, as empresas familiares, em todo o mundo, continuam apresentando resistência a mudanças. Elas possuem dificuldade de repensar suas atividades ou reestruturar o modelo de negócio. Nas empresas que estão sob o comando da terceira e quarta gerações, a aversão ao risco é ainda maior. Com a responsabilidade de manter o sucesso do negócio, os sucessores preferem estratégias mais seguras e tradicionais a empreender e inovar. Também mostram maior resistência à entrada de executivos de fora da à família.

A sucessão e a profissionalização da gestão são outros aspectos que a empresa familiar precisa administrar para garantir uma trajetória ascendente. Na pesquisa da PwC, somente 11% das brasileiras relataram ter um plano de sucessão bem estruturado. Para Abreu, o percentual reflete a falta de um planejamento de longo prazo. “Este tipo de prática [planejamento] faz com que a empresa esteja preparada para o futuro, seja ele qual for”, atenta. Na opinião de Mary Nicoliello, diretora da PwC Brasil e especialista em empresas familiares, para que o negócio perdure por muitas gerações, é importante que os membros da família participem do plano de desenvolvimento do negócio como um todo. “As futuras gerações de gestores e líderes das empresas familiares devem ser contempladas com um plano de carreira desde cedo, para que se sintam parte importante da empresa, não só da família. Assim, a chance de o herdeiro se interessar pelo negócio e, posteriormente, querer assumir a gestão são muito maiores”, analisa Mary.

No caso da profissionalização, 46% das empresas brasileiras admitiram a necessidade de iniciar o processo. As mais novas são as que demonstram maior interesse. Porém, em seu relatório, a PwC identifica que falta aos negócios familiares a percepção de que a profissionalização não se resume somente à contratação de gestores de fora. “Trata-se de conferir à administração familiar processos, estrutura e disciplina para que consiga inovar, diversificar-se de modo mais eficiente, exportar mais e crescer rapidamente. Em resumo, alcançar os seus objetivos principais: assegurar um futuro no longo prazo e melhorar a lucratividade”, aponta a análise da consultoria.

Para ter acesso ao estudo completo, clique aqui. 

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

De fabricante de cestos a dona do Ibope, quem é a WPP


Simon Dawson/Bloomberg
Martin Sorrell, da WPP
Martin Sorrell, da WPP: Ser a líder mundial é um objetivo constante da história do grupo, que começou como fabricante de cestos de metal e virou multinacional de comunicação
São Paulo - A Kantar Media, braço do grupo WPP responsável por gestão de informação, anunciou ontem, 17, que adquiriu o controle do Ibope Media. Assim, a empresa britânica se posiciona como líder em medição de audiência de televisão. 

O Ibope Media, comprado da família Montenegro, está presente em 16 países, com 3.500 funcionários. O grupo britânico já tinha participação de 44% na brasileira desde 1997, segundo comunicado.

O grupo amplia sua presença na América Latina para brigar contra sua rival o instituto alemão GfK. Em 2013, o instituto assinou uma carta de intenções com as emissoras SBT, Record, RedeTV! e Band para medir a audiência a partir de 2015. 

Nos últimos meses, o Kantar Media adquiriu as empresas Data Republic, Precise e a unidade de áudio da Civolution, com o objetivo de se tornar líder em pesquisa. Aquisições estão no cerne do crescimento do grupo WPP desde sua criação. 


De fabricante de cestos a líder global


A história da companhia começou em mercado completamente diferente. A Wire and Plastic Products foi criada no Reino Unido em 1971, para produzir objetos de cestas de metal. Em 1985, Martin Sorrell, seu atual presidente, entrou em cena,  ao comprar uma participação de 30% por US$ 676 mil. 

O objetivo de Sorrell nunca foi fabricar cestas, ainda que esse setor ainda esteja ativo no grupo até hoje. Ele estava apenas buscando uma empresa pequena, já listada na bolsa, para transformá-la em uma multinacional de serviços de marketing.

A empresa foi renomeada para WPP Group e dois anos depois Sorrell se tornou diretor executivo. Com uma série de aquisições, começou a reunir oportunidades em comunicação e marketing.

Apenas dois anos depois de ter sido adquirida por Sorrell, a WPP passou a fazer aquisições milionárias. Em 1987, comprou o J. Walter Thompson Group por US$ 566 milhões, já iniciando sua atuação no setor de dados e pesquisa de mercado.

Em 1988, o grupo foi listado na Bolsa de Nova York e, no ano seguinte, realizou uma das maiores aquisições do setor de marketing em 1989, ao comprar o gurpo Ogilvy por US$ 864 milhões. 

As empresas de pesquisa Millward Brown, brasileira, e Research International também entram para o grupo, além de outro gigante, o Young & Rubicam Group.

Em rápida expansão, adquiriu dezenas de empresas nos anos seguintes. Formou aliança com a Asatsu-DK Inc, a terceira maior agência de publicidade do Japão e passa a fazer parte da lista FTSE 100 Index, da Bolsa de Londres.

Entrou no mercado chinês, coreano e taiwanês e, mais recentemente, na Rússia. Investiu em agências inovadoras para conteúdo digital, como a AKQA, e em mercados emergentes.

Já são mais de 350 empresas combinadas pelo grupo. Agora, o seu objetivo é se fortalecer na América Latina.

Mundialmente, sua concorrente é o grupo Publicis Omnicom, a fusão das empresas francesa e norte-americana. Com a aliança, o grupo ultrapassou a WPP, se tornando líder do mercado com uma gigante de US$ 35 bilhões.