quinta-feira, 18 de junho de 2015

Indústria de SP demite 17 mil em maio, diz Fiesp


thinkstock
Trabalhador na indústria
Dos 22 setores da indústria no Estado, 18 demitiram, só 2 contrataram e outros 2 permaneceram estáveis ante abril
 
Gustavo Porto, do Estadão Conteúdo


Ribeirão Preto - A indústria paulista demitiu 17 mil trabalhadores em maio, acumula saldo negativo de 35 mil cortes em 2015 e de 181 mil demissões em 12 meses, informou nesta quinta-feira, 18, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

Com os dados, a entidade estima que as demissões somem 150 mil este ano, uma queda de 6% no nível de emprego na comparação anual, recorde desde que a série histórica de dados foi iniciada, em 2005.

"É a maior perda de empregos absolutos, superando até mesmo a queda ocorrida no ano da crise (2009)", informou o diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depecon) da Fiesp, Paulo Francini, se referindo ao saldo negativo de empregos de 110 mil, registrado em 2009.
Dos 22 setores da indústria no Estado, 18 demitiram, só 2 contrataram e outros 2 permaneceram estáveis ante abril.

Com as demissões em maio, o nível de emprego da indústria paulista caiu 0,86% ante abril de 2015, na série com ajuste sazonal. Na mesma base de comparação, o Índice de Nível de Emprego recuou 0,70% na série sem ajuste sazonal.

Ao comparar maio de 2015 com o mesmo mês do ano passado, o nível de emprego recuou 6,86% na indústria paulista. Segundo Francini, o resultado é "muito ruim, e no segundo semestre há de aprofundar a crise na indústria de transformação e na economia brasileira".

O Depecon estima que a economia deve encolher 1,7% no País em 2015, com viés de baixa. Ainda segundo o economista, o ajuste fiscal, como está sendo conduzido pelo governo, não consegue conviver com taxa de crescimento econômico.
 

Setores


Em crise, a indústria automotiva (veículos automotores, reboques e carrocerias) continuou como a que mais cortou empregos no mês passado no Estado, com 4.307 demissões, seguida pela de produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos, com 3.202 cortes, e pela indústria de máquinas e equipamentos, com 1.789.

Assim como em abril, a indústria de produtos alimentícios foi a que a mais contratou, com 2.276 empregados, seguida pela de coque, derivados de petróleo e biocombustíveis, com 259 empregos.

Os setores que mais contrataram puxaram o nível de emprego em regiões produtoras de alimentos e biocombustíveis.

A liderança ficou com a indústria de Santa Bárbara d'Oeste, com aumento de 2,65% no nível de emprego em maio ante abril, impulsionado pelos segmentos de produtos alimentícios (48,36%) e de produtos têxteis (1,80%).

Matão e Sertãozinho, puxados pela indústria alimentícia (processadora de laranja e cana), avançaram, 1,35% e 1,33%, respectivamente, em maio ante abril.

Em contrapartida, a região de Osasco, registrou queda 2% no nível de emprego em maio, puxada pelos cortes na indústria automotiva e de autopeças; a de Bauru recuou 1,93%; e a de Santo André, 1,85%.

Ao todo, das 36 regiões apuradas pela Fiesp 26 sofreram queda no emprego, 8 anotaram alta e duas ficaram estáveis.


Seara pode adquirirar capital social da Anhambi Alimentos



Divulgação/EXAME
JBS compra Seara Brasil
Seara: a companhia de processamento e distribuição de alimentos recebeu autorização do Cade para adquirir a Ahambi, que comercializa carne de frango


Brasília - A Superintendência Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou, sem restrições, a aquisição pela Seara Alimentos da integralidade do capital social da Anhambi Alimentos Norte.

O despacho com a aprovação da operação está publicado no Diário Oficial da União (DOU) nesta terça-feira, 16.

A Seara é uma companhia de alimentos com atividades nos segmentos de processamento e distribuição de produtos de proteína de aves e suína com atuação nos segmentos de carne in natura, processada e industrializada para clientes no Brasil e no exterior, além da distribuição de outros produtos alimentícios e outros subprodutos do abate.
A Anhambi atua nas atividades de abate de frango, produção de ração para frango de corte para uso cativo e comercialização de carne de frango in natura.

Dona da Saks comprará rede alemã Kaufhof por 2,8 bi de euros


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Loja da Saks na Quinta Avenida, em Nova York, nos Estados Unidos
Loja da Saks na Quinta Avenida, em Nova York, nos Estados Unidos
 
Da REUTERS


Dusseldorf - A Hudson's Bay está comprando a rede de lojas de departamento líder da Alemanha, a Kaufhof, da Metro por 2,8 bilhões de euros, dando à proprietária da Saks uma base a partir da qual crescer na Europa.

O acordo vem à medida que lojas de departamento começam a passar por uma revitalização com investimentos em comércio eletrônico paralelamente a lojas físicas reformuladas.

A Hudson's Bay, cujas ações chegaram a subir 13,4 por cento, disse que venderá ao menos 40 dos imóveis de propriedade total ou parcial da Kaufhof para sua joint venture imobiliária com a Simon Property Group por ao menos 2,4 bilhões de euros.
A companhia disse que espera financiar o acordo com a Kaufhof a partir das vendas dos imóveis.
A Hudson Bay disse que não pretende emitir ações e espera contrair pouca dívida adicional.

As 120 lojas da Kaufhof ocupam localizações proeminentes na maioria das principais cidades, empregando 21.500 funcionários e e registrando 3,1 bilhões de euros em vendas. A empresa também opera 16 lojas na Bélgica.

A Hudson's Bay, fundada em 1670, é a companhia mais antiga em operação ininterrupta na América do Norte.

Abril Educação fecha acordo para comprar negócios da Saraiva



Marcel Salim/EXAME.com
 
IPO da Abril Educação
Abril Educação: não estão incluídos na transação os negócios de varejo do grupo Saraiva
Da REUTERS


São Paulo - A Abril Educação informou nesta quinta-feira que firmou acordo com a Saraiva para aquisição de todos os negócios de educação básica, técnica e superior do grupo Saraiva, englobados na Saraiva Educação, por 725 milhões de reais.

O negócio consiste na aquisição pela Editora Ática, subsidiária da Abril Educação, de 100 por cento das cotas da Saraiva Educação detidas pela Saraiva, o que inclui também os selos "Editora Saraiva", "Editora Érica", "Sistema de Ensino Ético" e "Sistema de Ensino Agora".

Não estão incluídos na transação os negócios de varejo do grupo Saraiva.
O preço está sujeito a ajustes em razão do endividamento líquido da Saraiva Educação, disse a Abril Educação. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) pro forma ajustado dos negócios de educação da Saraiva em 2014 foi de aproximadamente 156,46 milhões de reais.

Além da aprovação regulatória, a operação está sujeita a ratificação pela assembleia geral de acionistas da Abril Educação.

O controle da Abril Educação foi assumido pela Thunnus Participações, sociedade detida por fundos de investimentos geridos pela Tarpon Investimentos, mais cedo neste ano, com a saída da família Civita do bloco.

Ásia-Pacífico deve passar Am. do Norte como região mais rica




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3º China
Fogos de artifício na cidade de Beijing, na China
 

São Paulo - A Ásia-Pacífico (excluindo Japão) já ultrapassou a Europa e deve superar a América do Norte como região mais rica do mundo até 2019.

A previsão é de um relatório da consultoria Boston Consulting Group lançado nesta semana, que estima a riqueza privada financeira total do mundo em US$ 164 trilhões em 2014, crescimento de 12% em um ano. 

"O crescimento da riqueza privada continuou na maior parte dos mercados em 2014, mas com taxas significativamente diferentes. Uma forte dinâmica 'mundo velho versus mundo novo' foi observada, com o chamado mundo novo crescendo em um ritmo muito mais rápido", diz o texto.
O estoque de riqueza na América do Norte cresceu 6% em 2014 e atingiu US$ 51 trilhões. A previsão é que o crescimento siga a uma taxa composta de 4,2% anuais até atingir US$ 62,5 trilhões em 2019.

Já na região da Ásia-Pacífico (excluindo Japão), o crescimento foi de impressionantes 27% em 2013 e 29% em 2014, atingindo US$ 47 trilhões. Com taxa composta de 9,7% anuais, o número chega a US$ 75,1 trilhões em 2019.

Em 2012, um gráfico da consultoria McKinsey já mostrava o pólo de gravidade da economia global caminhando (ou melhor, voltando) para o centro da Ásia. 

A riqueza na Europa Ocidental cresceu a 7% em 2014, mas ficou em US$ 40 trilhões e já perdeu o segundo lugar. A Europa Oriental cresceu bem mais (19%), puxada principalmente pela Rússia, mas segue como região menos rica (US$ 3 trilhões).

  Riqueza total (2014) Riqueza total (2019)
América do Norte US$ 50,8 tri US$ 62,5 tri
Ásia-Pacífico (sem Japão) US$ 47,3 tri US$ 75,1 tri
Europa Ocidental US$ 39,6 tri US$ 49 tri
Japão US$ 14,3 tri US$ 15,5 tri
África e Oriente Médio US$ 5,7 tri US$ 8,8 tri
América Latina US$ 3,7 tri US$ 6,6 tri
Europa Oriental US$ 2,9 tri US$ 4,6 tri
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  Proporção da riqueza (2014) Proporção da riqueza (2019)
América do Norte 31% 28%
Ásia-Pacífico (sem Japão) 29% 34%
Europa Ocidental 24% 22%
Japão 9% 7%
África e Oriente Médio 3% 4%
América Latina 2% 3%
Europa Oriental 2% 2%

Na América Latina, o crescimento foi de 10% em 2014, mesma taxa do Brasil, maior mercado de riqueza privada da região. A riqueza privada chegou a US$ 1 trilhão no país e US$ 4 trilhões na região. 
"A expansão da riqueza privada no Brasil foi principalmente através da melhor performance de títulos (+12%) em um país onde 46% da riqueza privada está em títulos", diz o texto.
A América Latina também foi a única região do mundo onde a maior parte do aumento da riqueza privada veio de ativos novos do que de retorno de ativos existentes.
O relatório do BCG também mostra uma concentração de riqueza mundial cada vez maior nos indivíduos que detém mais de US$ 100 milhões em ativos. Este deve ser o segmento que vai mais crescer até 2019, tanto em membros quanto em riqueza total.

Quando a bolha chinesa vai estourar?



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Investidores chineses observam painel com preços de ações
Investidores chineses observam painel com preços de ações
 
 
 
São Paulo - Enquanto a economia chinesa desacelera e o governo corre para sustentá-la, a bolsa de valores da China dobra de tamanho.

Nesta quarta-feira, o governo chinês anunciou que irá intensificar os investimentos em setores importantes para sustentar a economia do país. Entre as ações, está previso o aumento no investimento para transformar favelas e casas dilapidadas. A infraestrutura de eletricidade rural e as instalações de armazanamento de grãos também serão beneficiadas.

Os investimentos vem como resposta a desaceleração do crescimento do país. No primeiro trimestre deste ano, o Produto Interno Bruto (PIB) da China aumentou 7% na comparação com o mesmo período de 2014. Foi o pior ritmo de crescimento desde 2009.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê que o país cresça apenas 6,8% neste ano. Já o Banco Mundial espera um crescimento ligeiramente maior, de 7,1%

A projeção para a economia chinesa não é boa, mas os investidores da bolsa de Xangai parecem ignorar a situação. De setembro do ano passado até agora, a bolsa chinesa subiu 113,5%.

Para o economista André Perfeito, a bolha é resultado de uma série de incentivos de crédito para estimular a economia. "O governo permitiu, por exemplo, que pessoas físicas abrissem mais de uma conta em corretoras para poder investir na bolsa", explica Perfeito. "Esse excesso de crédito migrou pra o mercado acionário, mas não está necessariamente migrando para a economia", completa.

Alimentada por um número sem precedentes de investidores inexperientes, a capitalização da bolsa de Xangai triplicou no ano passado, chegando aos 9,8 trilhões de dólares. 
 

Quando?


Para os analistas, a pergunta não é mais se o mercado de ações chinês vive uma bolha ou não. A questão agora é quando ela vai explodir.

Segundo o banco Bocom International Holdings, a bolha pode estourar já nos próximos seis meses, antes do final do ano. Para chegar a esta conclusão, a instituição citou uma análise de bolhas globais de mais de 800 anos que mostra que a velocidade de ganhos na China se assemelha a picos do mercado anteriores. 

Em entrevista à Bloomberg, Hao Hong, o estrategista chefe para a China do Bocom International afirmou que antes de começar a cair, a bolsa chinesa deve alcançar os 6.100 pontos.

"Existe sim um processo que não é sustentável. É um processo perigoso e deve estourar até o final do ano", concorda André Perfeito.

No dia 12 de junho, sexta-feira passada, a bolsa de Xangai atingiu a máxima de sete anos, aos 5.166,35 pontos. Desde então, caiu 7,37% para 4.967 pontos. 

Segundo André Perfeito, embora essa queda repentina seja um sinal da volatilidade dos investidores chineses, ela não é reflexo de alguma ação do governo para controlar a bolha.

"Está para começar uma temporada muito forte de IPOs na China. Tradicionalmente, os papéis performam muito bem nos dias das emissões. Então, os investidores estão vendendo suas ações no mercado secundário para comprar no primário nos IPOs", explica o economista.


Em Habeas Data, Supremo garante a contribuinte direito a dados da Receita






O Habeas Data pode ser usado pelos contribuintes para ter acesso a dados sobre a arrecadação tributária estatal. Foi o que decidiu nesta quarta-feira (17/6), por unanimidade, o Plenário do Supremo Tribunal Federal ao julgar Recurso Extraordinário apresentado por uma empresa que impetrou, na Justiça Federal em Santa Catarina, um Habeas Data para ter acesso a informações a seu respeito junto à Receita Federal. Ela pedia dados do Sistema de Conta Corrente de Pessoa Jurídica (Siconr), da Receita.

A decisão teve repercussão geral reconhecida. Fixou-se a seguinte tese: "Habeas data é a garantia constitucional adequada para obtenção, pelo cidadão, de dados concernentes ao pagamento de tributos constantes dos sistemas informatizados de apoio à arrecadação dos órgãos de arreia fazendária dos entes estatais".

A decisão do tribunal de origem foi de que o Siconr é um "cadastro de uso privativo" do Fisco, "o que retira o enquadramento do direito invocado ao Habeas Data".

O Supremo seguiu o voto do ministro Luiz Fux, relator. Ele afirmou que o contribuinte tem direito de saber o que se encontra em bancos de dados públicos a seu respeito. De acordo com Fux, os sistemas de apoio à arrecadação usados pelas fazendas públicas não estão envolvidos pelo sigilo fiscal.

Este foi o primeiro caso em que o ministro Luiz Edson Fachin, empossado na última terça-feira (16/6), votou. O ministro Marco Aurélio, que nesta quarta foi homenageado por seus 25 anos de Supremo, ressaltou que este foi o primeiro Habeas Data que julgou em Plenário.


Amiga da corte
 

A Ordem dos Advogados do Brasil participou do caso como amicus curiae. Em memorial enviado aos ministros, a entidade afirmou que a Receita viola o direito constitucional de as pessoas terem acesso a dados de seu interesse ao disponibilizar apenas informações relativas a débitos tributários, mas não a eventuais créditos ou pagamentos feitos que não estejam alocados a débitos. O documento é assinado pelo presidente do Conselho Federal, Marcus Vinícius Furtado Coêlho, pelo procurador especial tributário da OAB, Luiz Gustavo Bichara, e pelo advogado Owaldo Pinheiro Ribeiro Júnior.

“Com efeito, é notório que diversos pagamentos efetuados pelos contribuintes ficam sem vinculação a um débito específico. É dizer: muito embora tenha havido o pagamento de um tributo, o mesmo não é processado no sistema, constando o débito em aberto ad aeternum, inclusive servindo de motivo para que seja negada a indispensável certidão negativa para os contribuintes”, diz o memorial.

De acordo com os advogados, é inadmissível que o Fisco e o Judiciário se recusem a fornecer informações sob a alegação de sigilo fiscal, uma vez que esse princípio não pode ser invocado contra dados do próprio contribuinte. E essa recusa acaba prejudicando-o, apontam:

“A demora da Receita Federal do Brasil em fazer a consolidação de pagamentos realizados nos programas de parcelamentos (Refis e suas reaberturas, Paes, Paex etc.) é outro grave exemplo que prejudica o contribuinte, na medida em que, enquanto não há consolidação, necessita com frequência da via judicial para obter sua Certidão Negativa de Débitos, assoberbando o Poder Judiciário, inobstante o fato de ter cumprido todos os requisitos da legislação tributária”.

Para fundamentar seu argumento, o Conselho Federal da Ordem destacou que a Lei de Acesso à Informação (Lei 12.527/2012) estabeleceu que os órgãos públicos devem observar a publicidade como preceito geral. A entidade também citou a recente decisão do Supremo que privilegiou o direito à informação ao liberar as biografias não autorizadas.

Quanto à via adequada para o contribuinte requerer acesso aos seus dados, os advogados apontaram o Habeas Data, instrumento que, de acordo com voto do ministro Celso de Mello, “envolve um dos aspectos mais expressivos da tutela jurídica dos direitos da personalidade”.


Clique aqui para ler o memorial.
RE 673.707