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Investidores chineses observam painel com preços de ações
São Paulo - Enquanto a economia chinesa desacelera e o governo corre para sustentá-la, a bolsa de valores da China dobra de tamanho.
Nesta quarta-feira, o governo chinês anunciou que irá intensificar os investimentos em setores importantes para sustentar a economia do país.
Entre as ações, está previso o aumento no investimento para transformar
favelas e casas dilapidadas. A infraestrutura de eletricidade rural e
as instalações de armazanamento de grãos também serão beneficiadas.
Os investimentos vem como resposta a desaceleração do crescimento do
país. No primeiro trimestre deste ano, o Produto Interno Bruto (PIB) da China aumentou 7% na comparação com o mesmo período de 2014. Foi o pior ritmo de crescimento desde 2009.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê que o país cresça apenas 6,8% neste ano. Já o Banco Mundial espera um crescimento ligeiramente maior, de 7,1%.
A projeção para a economia chinesa não é boa, mas os investidores da
bolsa de Xangai parecem ignorar a situação. De setembro do ano passado
até agora, a bolsa chinesa subiu 113,5%.
Para o economista André Perfeito, a bolha é resultado de uma série de
incentivos de crédito para estimular a economia. "O governo permitiu,
por exemplo, que pessoas físicas abrissem mais de uma conta em
corretoras para poder investir na bolsa", explica Perfeito. "Esse
excesso de crédito migrou pra o mercado acionário, mas não está
necessariamente migrando para a economia", completa.
Alimentada por um número sem precedentes de investidores inexperientes,
a capitalização da bolsa de Xangai triplicou no ano passado, chegando
aos 9,8 trilhões de dólares.
Quando?
Para os analistas, a pergunta não é mais se o mercado de ações chinês
vive uma bolha ou não. A questão agora é quando ela vai explodir.
Segundo o banco Bocom International Holdings, a bolha pode estourar já
nos próximos seis meses, antes do final do ano. Para chegar a esta
conclusão, a instituição citou uma análise de bolhas globais de mais de
800 anos que mostra que a velocidade de ganhos na China se assemelha a
picos do mercado anteriores.
Em entrevista à Bloomberg,
Hao Hong, o estrategista chefe para a China do Bocom International
afirmou que antes de começar a cair, a bolsa chinesa deve alcançar os
6.100 pontos.
"Existe sim um processo que não é sustentável. É um processo perigoso e
deve estourar até o final do ano", concorda André Perfeito.
No dia 12 de junho, sexta-feira passada, a bolsa de Xangai atingiu a
máxima de sete anos, aos 5.166,35 pontos. Desde então, caiu 7,37% para
4.967 pontos.
Segundo André Perfeito, embora essa queda repentina seja um sinal da
volatilidade dos investidores chineses, ela não é reflexo de alguma ação
do governo para controlar a bolha.
"Está para começar uma temporada muito forte de IPOs na China.
Tradicionalmente, os papéis performam muito bem nos dias das emissões.
Então, os investidores estão vendendo suas ações no mercado secundário
para comprar no primário nos IPOs", explica o economista.
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