Henry Romero/Reuters
Presidente Dilma Rousseff: apesar de criticar delatores, a presidente
afirmou que a Justiça, o Ministério Público e a Polícia Federal devem
investigar as acusações
Cláudia Trevisan e Altamiro Silva Jr., do Estadão Conteúdo
Nova York - A presidente Dilma Rousseff disse nesta segunda-feira, 29, que a contribuição de R$ 7,5 milhões da empreiteira UTC para sua campanha foi registrada e realizada de maneira legal.
"Eu não respeito delator. Até porque eu estive presa na ditadura e sei o
que é que é. Tentaram me transformar em uma delatora", afirmou a
presidente em Nova York, em suas primeiras declarações públicas desde a
divulgação da delação premiada do dono da empresa, Ricardo Pessoa.
Dilma ressaltou que a empresa também fez doações a seu adversário no
segundo turno da eleição presidencial, Aécio Neves, em valores
semelhantes aos recebidos por sua campanha. "Eu não aceito e jamais
aceitarei que insinuem sobre mim ou a minha campanha qualquer irregularidade. Primeiro porque não houve. Segundo, se insinuam, alguns têm interesses políticos."
O terceiro motivo apresentado pela presidente para refutar as acusações
foi o fato de ser mineira e ter crescido com lições sobre a
Inconfidência Mineira. "E há um personagem que a gente não gosta, porque
as professoras nos ensinam a não gostar dele. E ele se chama Joaquim
Silvério dos Reis, o delator. Eu não respeito delator", observou,
mencionando o homem que traiu os inconfidentes.
Apesar de criticar delatores, a presidente afirmou que a Justiça, o
Ministério Público e a Polícia Federal devem investigar as acusações.
"Tudo, sem exceção", ressaltou.
A presidente disse que tomará medidas contra Pessoa caso ele faça
acusações contra ela. Quanto aos ministros mencionados na delação, Dilma
afirmou que cabe a eles decidir o que fazer. Pessoa fez referência ao
chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e ao secretário de Comunicação
Social, Edinho Silva, que foi Tesoureiro da campanha de Dilma à
reeleição.
Petrobras
A Petrobras não tem uma participação muito grande no pré-sal, afirmou a
presidente Dilma Rousseff em uma entrevista coletiva nesta
segunda-feira após encerrar um seminário em Nova York onde apresentou
projetos de infraestrutura no Brasil.
A presidente Dilma afirmou que a Petrobras é uma boa parceira, porque
quando os preços do petróleo estão mais baixos, os investidores e as
empresas procuram diminuir o risco.
"Elas reduzem o risco selecionando os melhores projetos e selecionando
parceiros que têm conhecimento do que fazem", disse a presidente,
citando que a empresa brasileira ganhou o "Oscar do petróleo" na feira
OTC, em Huston, este ano, principal encontro do setor de energia do
mundo.
"Acredito que a Petrobras em exploração em lâminas d'água de sete mil
metros é uma empresa bastante atraente como parceira", ressaltou Dilma.
"A companhia conhece a bacia sedimentar brasileira e conhece o pré-sal
porque descobriu o pré-sal."
Dilma ressaltou que em um momento de baixo preço do petróleo é
importante investir onde se sabe que tem a commodity, onde há um produto
de qualidade, o que diminui o risco. "Também é importante investir onde
há regras claras, onde se respeita contratos, que não tem risco
geopolítico".
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