O
seminário internacional “BRICS: Challenges and Opportunities” teve como
objetivo discutir o futuro, a diversidade e a integração das economias
dos membros do BRICs; a estratégia geopolítica da China; as
oportunidades para o Brasil; além dos desafios de crescimento do bloco.
Nos
dias 9 e 10 de junho, o Centro FGV Crescimento e Desenvolvimento
promoveu o primeiro seminário internacional “BRICS: Challenges and
Opportunities”, com objetivo de discutir o futuro, a diversidade e a
integração das economias dos membros do grupo (Brasil, Rússia, Índia,
China e África do Sul); a estratégia geopolítica da China; as
oportunidades para o Brasil; além dos desafios de crescimento do bloco.
Na abertura do evento, estavam presentes Carlos Ivan Simonsen Leal,
presidente da FGV; Rubens Penha Cysne, diretor da FGV/EPGE - Escola
Brasileira de Economia e Finanças; e Pedro Cavalcanti Ferreira, diretor
do FGV Crescimento e Desenvolvimento e professor da FGV/EPGE.
Pedro Cavalcanti ratificou a importância do Centro, que foi criado
para fomentar o crescimento de pesquisas a fim de encontrar respostas às
muitas questões a serem estudadas. “Nosso objetivo é entender os
motivos que levam alguns países a serem ricos, outros a serem deixados
para trás, entender os milagres de crescimento, entre outros temas”,
disse. Na sequência, o presidente da FGV destacou alguns pontos
importantes para se discutir sobre BRICs, entre os quais estavam o que
este conjunto realmente significa em termos econômicos e geopolíticos.
O seminário, ministrado em inglês, contou com um painel apresentado
por João Victor Issler e Roberto Castello Branco, diretores do FGV
Crescimento e Desenvolvimento, sobre semelhanças e diferenças entre os
BRICs, destacando a coincidência do ciclo econômico destes países.
Segundo Castello Branco, apesar de ter o crescimento fortemente
desacelerado desde 2011, o grupo BRICs é formado por economias
importantes, que representam 29% do Produto Interno Bruto (PIB) global e
têm grande potencial de crescimento, com destaque para a China. "A
China está desenvolvendo ativamente iniciativas para ganhar poder
global, tanto no mundo das finanças quanto politicamente, e desafiar a
liderança dos Estados Unidos. Esses países se organizaram num grupo
formal. O resultado disso ainda não sabemos: se [o grupo] é apenas uma
peça do tabuleiro de xadrez ou se é realmente um mecanismo que vai
estimular maior integração econômica entre esses países e ganhos reais",
destacou.
Castello Branco também ressaltou que os países têm várias
características comuns de economias emergentes, embora tenham diferenças
de experiência com a economia de mercado e a estrutura econômica. "O
Brasil se parece mais com uma economia madura, desenvolvida, com muito
consumo, serviços e um país urbano, em contraste com a China, que é mais
investimento e menos consumo, mais indústria e menos serviço. A Índia é
a mesma coisa. O Brasil é uma economia fechada para o comércio
internacional, enquanto os outros são abertos, o que sugere ser uma
fonte importante de baixa produtividade no Brasil. Falta disposição e
competição", afirmou.
Em seguida, houve um debate sobre BRICs e a geopolítica, com a
participação de Jonathan Fenby, da consultoria britânica Trusted Souces;
Octavio Amorim Neto, professor da Escola Brasileira de Administração
Pública e de Empresas (FGV/EBAPE); e Oliver Stuenkel, coordenador da
Escola de Ciências Sociais da Fundação Getulio Vargas (FGV/CPDOC) e do
Instituto Global Public Policy, instituição de pesquisa com sede em
Berlim. Recentemente, Stuenkel lançou o livro sobre o tema, o “The BRICS
and the Future of Global Order”, que oferece uma referência histórica
definitiva. A obra faz narrativa cronológica e relato analítico sobre o
conceito BRICs desde sua a origem, em 2001, até o agrupamento político
atual. Além disso, analisa o que a ascensão dessas potências significa
para o futuro da ordem global.
No segundo dia, Murilo Ferreira, CEO da Vale, e Mauricio Mesquista,
do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), falaram sobre a
relação econômica entre China e América Latina. Apesar de apresentar
dados que comprovam a queda de crescimento do PIB chinês ao longo dos
últimos anos – subindo apenas 7% no primeiro semestre de 2015 – Murilo
Ferreira se mostrou otimista quanto ao futuro do parceiro. O presidente
da Vale afirma que o governo chinês está agindo prontamente para apoiar o
mercado doméstico e criar demanda para seus produtos e serviços fora do
país.
Os painéis seguintes foram sobre a Índia e a África do Sul, com Eswar
Prasad, da Cornell University, e Jean-François Brun, da Université
d’Auvergn, ambos pesquisadores associados ao FGV Crescimento e
Desenvolvimento. O seminário foi encerrado com um painel sobre os
desafios de crescimento da China, com Yang Yao, da Universidade de
Pequim, e Fernando Veloso, do Instituto Brasileiro de Economia
(FGV/IBRE).
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