segunda-feira, 15 de junho de 2015

BRICs ainda apresentam grande potencial econômico apesar de crescimento desacelerado nos últimos anos

O seminário internacional “BRICS: Challenges and Opportunities” teve como objetivo discutir o futuro, a diversidade e a integração das economias dos membros do BRICs; a estratégia geopolítica da China; as oportunidades para o Brasil; além dos desafios de crescimento do bloco.
Nos dias 9 e 10 de junho, o Centro FGV Crescimento e Desenvolvimento promoveu o primeiro seminário internacional “BRICS: Challenges and Opportunities”, com objetivo de discutir o futuro, a diversidade e a integração das economias dos membros do grupo (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul); a estratégia geopolítica da China; as oportunidades para o Brasil; além dos desafios de crescimento do bloco. Na abertura do evento, estavam presentes Carlos Ivan Simonsen Leal, presidente da FGV; Rubens Penha Cysne, diretor da FGV/EPGE - Escola Brasileira de Economia e Finanças; e Pedro Cavalcanti Ferreira, diretor do FGV Crescimento e Desenvolvimento e professor da FGV/EPGE.

Pedro Cavalcanti ratificou a importância do Centro, que foi criado para fomentar o crescimento de pesquisas a fim de encontrar respostas às muitas questões a serem estudadas. “Nosso objetivo é entender os motivos que levam alguns países a serem ricos, outros a serem deixados para trás, entender os milagres de crescimento, entre outros temas”, disse. Na sequência, o presidente da FGV destacou alguns pontos importantes para se discutir sobre BRICs, entre os quais estavam o que este conjunto realmente significa em termos econômicos e geopolíticos.

O seminário, ministrado em inglês, contou com um painel apresentado por João Victor Issler e Roberto Castello Branco, diretores do FGV Crescimento e Desenvolvimento, sobre semelhanças e diferenças entre os BRICs, destacando a coincidência do ciclo econômico destes países.  Segundo Castello Branco, apesar de ter o crescimento fortemente desacelerado desde 2011, o grupo BRICs é formado por economias importantes, que representam 29% do Produto Interno Bruto (PIB) global e têm grande potencial de crescimento, com destaque para a China. "A China está desenvolvendo ativamente iniciativas para ganhar poder global, tanto no mundo das finanças quanto politicamente, e desafiar a liderança dos Estados Unidos. Esses países se organizaram num grupo formal. O resultado disso ainda não sabemos: se [o grupo] é apenas uma peça do tabuleiro de xadrez ou se é realmente um mecanismo que vai estimular maior integração econômica entre esses países e ganhos reais", destacou.

Castello Branco também ressaltou que os países têm várias características comuns de economias emergentes, embora tenham diferenças de experiência com a economia de mercado e a estrutura econômica. "O Brasil se parece mais com uma economia madura, desenvolvida, com muito consumo, serviços e um país urbano, em contraste com a China, que é mais investimento e menos consumo, mais indústria e menos serviço. A Índia é a mesma coisa. O Brasil é uma economia fechada para o comércio internacional, enquanto os outros são abertos, o que sugere ser uma fonte importante de baixa produtividade no Brasil. Falta disposição e competição", afirmou.

Em seguida, houve um debate sobre BRICs e a geopolítica, com a participação de Jonathan Fenby, da consultoria britânica Trusted Souces; Octavio Amorim Neto, professor da Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas (FGV/EBAPE); e Oliver Stuenkel, coordenador da Escola de Ciências Sociais da Fundação Getulio Vargas (FGV/CPDOC)  e do Instituto Global Public Policy, instituição de pesquisa com sede em Berlim. Recentemente, Stuenkel lançou o livro sobre o tema, o “The BRICS and the Future of Global Order”, que oferece uma referência histórica definitiva.  A obra  faz narrativa cronológica e relato analítico sobre o conceito BRICs desde sua a origem, em 2001, até o agrupamento político atual. Além disso, analisa o que a ascensão dessas potências significa para o futuro da ordem global.

No segundo dia, Murilo Ferreira, CEO da Vale, e Mauricio Mesquista, do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), falaram sobre a relação econômica entre China e América Latina.  Apesar de apresentar dados que comprovam a queda de crescimento do PIB chinês ao longo dos últimos anos – subindo apenas 7% no primeiro semestre de 2015 – Murilo Ferreira se mostrou otimista quanto ao futuro do parceiro. O presidente da Vale afirma que o governo chinês está agindo prontamente para apoiar o mercado doméstico e criar demanda para seus produtos e serviços fora do país.

Os painéis seguintes foram sobre a Índia e a África do Sul, com Eswar Prasad, da Cornell University, e Jean-François Brun, da Université d’Auvergn, ambos pesquisadores associados ao FGV Crescimento e Desenvolvimento. O seminário foi encerrado com um painel sobre os desafios de crescimento da China, com Yang Yao, da Universidade de Pequim, e Fernando Veloso, do Instituto Brasileiro de Economia (FGV/IBRE).

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