Germano Lüders / EXAME
Oliveira, da Asapp, e Busarello, da Tecnisa: inovação com agilidade
Filipe Serrano, de Revista EXAME
São Paulo - Os cerca de 300 corretores da incorporadora Tecnisa, em São
Paulo, passaram anos enchendo seus carros com catálogos dos imóveis à
venda — o que geralmente resultava em bagunça, papéis amassados e perda
de tempo. Essa era a regra até que, neste ano, a empresa passou a
oferecer um aplicativo que permite acessar uma cópia digital de todos os
catálogos em tablets e smartphones.
A solução não era, obviamente, complexa. Mas o que chamou a atenção no
caso da Tecnisa foi a rapidez. Da decisão de resolver o problema à
implantação total, foram menos de dois meses. Isso porque a
incorporadora recorreu à startup Asapp, com sede na capital paulista, que já tinha um serviço na medida para esse tipo de demanda.
Assim como a Tecnisa, outras grandes empresas têm buscado startups para
resolver seus problemas — e também repensar parte de seus negócios. A
lista inclui os bancos Bradesco e Itaú, as fabricantes de bebidas
Coca-Cola e Pernod Ricard e a fabricante de cosméticos Natura.
O objetivo de todas elas é o mesmo: aproximar-se da nova geração de empreendedores
digitais e aproveitar as ideias que eles têm a oferecer. “As startups
trabalham com eficiência e custo menor. É importante estar perto delas
para incorporar essa cultura e aprender a inovar”, diz Erica Jannini,
superintendente de canais digitais do Itaú.
Os grandes conglomerados têm vários caminhos para encontrar as startups
mais indicadas. Um deles é interno. Monta-se um escritório para
hospedá-las, como o Itaú, em parceria com o fundo Redpoint e.ventures,
fará em São Paulo a partir de setembro.
Outras empresas de grande porte escolhem estratégias mais pontuais.
Organizam os chamados hackathons, encontros de programadores que recebem
um desafio e, muitas vezes, viram a noite atrás de uma solução. Ou
promovem concursos — caminho seguido pelo Bradesco.
No segundo semestre de 2014, o banco recebeu projetos de inovação de
550 startups. No começo deste ano, selecionou os oito melhores e nos
próximos meses deverá escolher os vencedores. As startups que entregarem
produtos inovadores serão contratadas como as mais novas fornecedoras
do banco.
“Mesclamos a experiência de uma grande empresa com a ousadia
de uma startup”, diz Fernando Freitas, gerente executivo do Bradesco
para a área.
Entre as grandes empresas há ainda as que terceirizam a seleção —
contratam consultores para escolher os empreendedores digitais mais
indicados a suas necessidades. Foi a agência de marketing A.Senses que
apresentou os fundadores da startup Boozebox, de São Paulo, aos
executivos da Pernod Ricard no começo do ano.
A Boozebox tinha desenvolvido uma máquina de coquetéis no estilo de uma
chopeira. “A solução estava alinhada com nossa estratégia. Investimos
num piloto para, mais tarde, darmos uma maior escala a esse projeto”,
afirma André Limaverde, gerente de marketing em pontos de venda da
Pernod Ricard.
Para as grandes empresas não existe uma estratégia de aproximação
ideal. Elas escolhem a mais adequada a cada projeto. O que talvez seja o
ponto em comum é a tendência de evitar apostas. Em geral, as grandes
empresas procuram startups que tenham encontrado uma solução funcional.
Entre as startups, também há algumas preferências quando o assunto é
associar-se a uma empresa de grande porte.
“O mais importante não é o dinheiro, não é o espaço físico e não é a
mentoria. É o acesso ao mercado”, afirma o administrador Marcelo
Nakagawa, professor de empreendedorismo da escola de negócios Insper. Em
resumo, o foco dos empreendedores digitais costuma ser menos o “start” e
mais o “up”.
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