quarta-feira, 3 de junho de 2015

Você já levou um soco na cara?



Para alcançar coisas incríveis nos negócios vai precisar errar muito, levar chacotas, críticas, perder, ou seja, levar algumas boas bordoadas

iStock


Esse é um dos grandes medos do ser humano: levar um murro na fuça. Grande parte das pessoas passa a maior parte da vida, ou até ela inteira, sem levar nenhum e imagina que é algo terrível. Mas, não sei se você viu o filme Hollingans, em que o personagem principal, um aluno todo certinho que nunca tinha feito nada errado, quando toma o seu primeiro soco na vida, fala: "Nossa, acabei de descobrir que meu rosto não é de vidro". Ele descobriu, assim, ser mais forte do que pensava.

Deixe-me introduzir até com uma história pessoal: aos 20 e poucos anos comecei a fazer boxe e também era novo na carreira de consultor e palestrante. Eu comecei a fazer os treinos particulares e depois tive que ir para uma academia. Quando estava lá, eu deixei claro para minha treinadora que não queria lutar, pois poderia levar um soco no rosto e se ficasse roxo isso iria aparecer na consultoria que tivesse que dar. Vamos falar a verdade, eu estava com medo, frouxo e arranjei um desculpinha para "fugir”da real.

Fiz boxe, parei, voltei e quando estava em outra cidade morando, em mais uma volta ao boxe nessa nova academia, resolvi me aventurar e tomei meus primeiros socos. Não senti dor, pois o corpo estava quente, na verdade fiquei apenas irritado por ter errado e permitido alguém me acertar. O que notei foi que a prática do esporte ficou mais divertida e comecei a entender mais também.

Há alguns meses, mudei de lugar e entrei em uma nova academia e comecei a praticar luta livre – ou seja, agora vale socos e chutes. Logo de início já me atrevi a fazer as lutas com meus colegas de treino e comecei a aprender super rápido o esporte e aproveitar bem mais. Foi nesses dias que me veio esse insight sobre inovação, ousadia, carreiras e empreendedorismo. Tinha pouca gente no treino, e quase todos no final disseram que não podiam ficar para a luta, alegando as mais esfarrapadas desculpas, como eu fazia. Ficou eu e um cara de 1,93 e mais de 100 kg, ou seja, o cara é 20 cm maior que eu e 20 Kg mais pesado. Eu olhei para ele, o chamei para encerrar com uma luta e ele aceitou.

A luta foi super boa, levei algumas bordoadas e acertei outras fortes também. Sinceramente, se eu fosse juiz poderia ter dito que foi empate a luta ou que qualquer um de nós poderia ter ganho. Foi equilibrada. Fiquei feliz, pois pratiquei com alguém com extrema vantagem sobre mim e encarei aquela como uma oportunidade de encontrar uma forma de diversificar e ser mais ousado, mas foi quando voltei e olhei no espelho que tomei aquele choque e veio um grande aprendizado na minha vida – o meu olho estava com um super roxo, o primeiro de respeito, não por um tombo, mas por uma luta boa, e meu lábio estava cortado.

Eu olhei para aquilo e me senti vivo. Pensei o quanto eu tinha ousado golpes diferentes para tentar compensar o aspecto de estar em desvantagem física, o quanto ter levado algumas porradas foram indícios de que eu tentei e botei a cara para bater. Se tivesse que fazer um vídeo ou uma palestra, aqueles eram sinais de alguém que praticava um esporte e tinha uma grande lição para contar: uma pessoa que notou que para aprender e evoluir é preciso tomar vários socos na cara. E quanto mais você toma, mais aprende sobre melhorar e, principalmente, ganha a coragem de saber que somos mais resistentes e fortes do que geralmente pensamos.

E isso não é praticamente o que precisamos para a nossa vida e no empreendedorismo? Para alcançar coisas incríveis nos negócios vai precisar errar muito, levar chacotas, críticas, perder, ou seja, levar algumas boas bordoadas. Mas, só realmente nessa luta que você vai poder chegar a algum lugar. Ficar escondendo seu rostinho como um dia fiz, não fará você conhecer essa realidade que, neste caso, é a de ser um empreendedor. Não adianta se esquivar das críticas e ler como ninguém, mas não vir para o ringue da vida, colocar aquilo que acredita no mundo, apanhar, se levantar e ir novamente. Por incrível que pareça, estou mais forte e espero que mais esperto.

Pode até parecer doido isso, mas notar que posso levar socos e chutes fortes, que os machucados vão sarar e isso me tornar mais forte e apto a encarar os próximos desafios foi uma das maiores lições de empreendedorismo e carreira que já tive.

Portanto, sugiro que você aja, não esconda a cara da vida, pois quem não entra na luta é a plateia e você não quer ficar vendo apenas a sua vida passar. Levar um soco não é tão ruim e certamente é muito, mas muito melhor do que não saber lutar.

Uma vez, vendo uma entrevista do Anderson Silva, ele falou que mais importante do que saber bater era saber apanhar. Acredito que isso tenha muito a ver com nossas carreiras e o empreendedorismo, pois "são as quedas e os socos que você leva, os melhores aprendizados para se manter em pé e caminhar com mais destreza”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário