segunda-feira, 6 de julho de 2015

Corrida para abocanhar escolas coloca Kroton contra KKR


Germano Lüders/EXAME
 
Sala de aula da Kroton
Sala de aula da Kroton: Kroton e um punhado de bilionários apostam que as matrículas em escolas privadas continuarão fortes mesmo com a retração econômica
Christiana Sciaudone e Denyse Godoy, da Bloomberg


São Paulo - A administradora de universidades Kroton Educacional SA está estudando entrar na briga pelas lucrativas escolas privadas de Ensino Fundamental e Médio do Brasil. A empresa vai enfrentar uma forte concorrência.

A Kroton se junta, assim, ao fundo de private equity KKR Co. e a um punhado de bilionários que apostam que as matrículas em escolas privadas continuarão fortes mesmo com a retração econômica.

Para a Kroton, o segmento é uma nova área de crescimento depois que o governo da presidente Dilma Rousseff reduziu o financiamento barato para estudantes universitários, derrubando as ações da Kroton e colocando um fim a seus três anos de reinado como ação de maior retorno no Brasil.
Enquanto o financiamento estudantil é afetado pelas medidas do governo para reforçar suas contas fiscais, os investidores dizem que as famílias, pressionadas pela desaceleração econômica, desistirão de jantar fora e de viajar ao exterior, mas não voltarão a colocar os filhos em escolas públicas.

O aumento do número de matrículas em escolas privadas é um legado duramente conquistado na década de expansão econômica que impulsionou quase 45 milhões de pessoas à classe média.

“Tudo indica que sim, estaremos interessados nesse negócio, e vamos querer ser um player relevante no setor”, disse o CEO da Kroton, Rodrigo Galindo, em 30 de junho, em entrevista no escritório da Bloomberg em São Paulo, acrescentando que a decisão final será tomada no mês que vem.

“A ideia é comprar as melhores escolas em uma determinada cidade e usar essa marca para crescer organicamente em outros bairros e nas cidades vizinhas”.

Financiamentos estudantis


No ano passado, a Kroton se tornou a maior empresa educacional listada em Bolsa do mundo com a aquisição da Anhanguera, sua maior rival.

A Kroton, que tem sede em Belo Horizonte, aproveitou a onda da primeira geração de estudantes universitários custeados pelo programa de financiamento estudantil do governo, conhecido como Fies, que oferecia taxas de 3,4 por cento.

Nos três anos em que a Kroton liderou o índice acionário Ibovespa, o valor de suas ações se multiplicou por sete.

Tudo isso mudou neste ano. O Ministério da Educação do Brasil surpreendeu os mercados e provocou a queda das ações da empresa no último dia de negociação de 2014, quando publicou novas regras que limitaram o acesso aos financiamentos estudantis e alteraram os prazos de pagamento às faculdades.

De lá para cá, a pasta ampliou ainda mais as restrições, o que significa que apenas 37 por cento dos futuros estudantes da Kroton, aproximadamente, estariam qualificados para o financiamento. Cerca de 56 por cento do corpo discente atual da empresa utiliza financiamento do Fies, disse Galindo.

O Ministério da Educação não respondeu a um telefonema e um e-mail em busca de comentário.

“O Fies foi o grande impulso para essas empresas e para suas ações, mas elas não deveriam ter achado que o programa seria eternamente daquele jeito”, disse Danilo de Júlio, analista da Concórdia Corretora, que classifica a ação com o equivalente a hold (manter).

“É positivo que a empresa esteja procurando novos negócios, mas vai levar um tempo até que as escolas de Ensinos Fundamental e Médio representem uma parte significativa de sua receita”.

Em 2014, a Cognita Schools, da KKR, comprou parte de uma escola do Rio de Janeiro dois anos depois de adquirir uma instituição em São Paulo, onde os colégios mais caros cobram mais de US$ 25.000 por ano.

O bilionário Júlio Bozano disse, em uma reportagem em dezembro, que levantaria R$ 800 milhões (US$ 254 milhões) para um fundo de educação.

E o bilionário Jorge Paulo Lemann é o investidor principal da Gera Capital Venture, um fundo focado em educação que, no ano passado, buscava investir em escolas de ensinos Fundamental e Médio, segundo uma fonte com conhecimento do assunto.

A KKR, a Cognita, a Gera e o fundo de investimento de Bozano não retornaram imediatamente os pedidos de comentário.

Indústria automotiva eliminou 7,6 mil vagas no 1º semestre




zdravkovic/Thinkstock
 
Trabalhador da indústria
Apenas o segmento de autoveículos registrou retração de 0,8% no número de empregados em junho na comparação mensal, ao encerrar o mês com 120.142 funcionários
 
Igor Gadelha, do Estadão Conteúdo

São Paulo - A indústria automobilística brasileira eliminou 7,6 mil vagas no primeiro semestre deste ano, divulgou nesta segunda-feira, 6, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). 

Só em junho, foram cortados 1,271 mil postos de trabalho. Após as recentes medidas de ajuste da produção à baixa demanda, o setor encerrou o sexto mês de 2015 com 136.929 empregados, 0,9% a menos do que em maio e 9,6% inferior ao contingente de trabalhadores de junho do ano passado.

Apenas o segmento de autoveículos registrou retração de 0,8% no número de empregados em junho na comparação mensal, ao encerrar o mês com 120.142 funcionários. Em relação a junho do ano passado, a queda foi ainda maior, de 8%.
Já o segmento de máquinas agrícolas teve recuo de 1,9% no número de empregados em junho ante maio e tombo de 19,6% na variação anual, ao somar 16.787 funcionários.

Segundo o presidente da Anfavea, Luiz Moan, a indústria automobilística brasileira tem, nesta segunda-feira, 36,9 mil metalúrgicos afastados. Ele calcula que essa quantidade equivale a quase 27% do efetivo total do setor até maio (138,2 mil trabalhadores).

O número leva em conta os trabalhadores afastados por férias individuais e coletivas, lay-off (suspensão temporária dos contratos de trabalho), licença remunerada, dentre outras medidas de corte de produção adotadas tanto por montadoras de veículos quanto por fábricas de máquinas agrícolas e rodoviárias.

Moan ressaltou que as empresas devem adotar medidas de corte de produção para ajustar estoques pelo menos até agosto deste ano.

Em junho, o estoque total de veículos nos pátios das concessionárias e das montadoras era suficiente para 47 dias de vendas, ante 51 dias em maio.

Dilma está tranquila sobre pedidos de impeachment, diz Temer




REUTERS/Ueslei Marcelino
 
 
A presidente Dilma Rousseff e o vice Michel Temer
A presidente Dilma Rousseff e o vice Michel Temer: ele disse que vai permanecer na articulação política 

Maria Carolina Marcello, da REUTERS


Brasília - O governo se mobilizou nesta segunda-feira para desmontar a tese de crise e de um eventual impeachment da presidente Dilma Rousseff e aproveitou também para minimizar rumores de um desembarque do vice-presidente Michel Temer da articulação política. 

Em entrevista coletiva após cerca de três horas de reunião com Dilma e representantes de partidos que compõem a base, Temer afirmou que a presidente não está preocupada com as movimentações da oposição sobre o impeachment. 

O vice apontou a possibilidade de um impedimento como "algo impensável", assim como fizeram os demais integrantes da coordenação.
"Em primeiro lugar, vocês sabem que a presidente está inteiramente tranquila em relação a isso", disse a jornalistas. Segundo Temer, não há crise política, uma vez que o governo obteve o apoio do Congresso Nacional para aprovar, a duras penas, as prioritárias medidas do ajuste fiscal. O vice-presidente afirmou ainda que a questão econômica está sendo "ajustada". 
"Não podemos ter a esta altura, quando o país tem uma grande repercussão internacional, nós não podemos ter uma tese (impeachment) dessa natureza sendo patrocinada por vários setores, nós temos que ter tranquilidade institucional", defendeu o vice. 
O governo vem passando por um período de baixa popularidade, impulsionada pelo fraco desempenho da economia e por denúncias de corrupção na Petrobras. 
Soma-se ao cenário uma relação já desgastada com o Congresso Nacional e com o seu maior aliado, o PMDB, partido que é presidido por Temer.


Diga que fico


Temer afirmou ainda que permanece na articulação política, estando designado pela presidente para ocupar o cargo ou não. Durante a entrevista, ele recebeu o apoio público dos demais ministros presentes na coletiva --Aldo Rebelo (Ciência e Tecnologia), Gilberto Kassab (Cidades)-- e ainda do líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS). 

Essa especulação se vou deixar a articulação política ou não, eu acho um pouco fora de prumo", disse o vice a jornalistas. "O que se espera do vice é que ajude na articulação política." Para Temer, a atuação da oposição pelo impeachment da presidente é "fruto do momento democrático que vivemos". 

Ele disse ainda que a oposição ajuda o governo ao criticar e fiscalizar. Ele negou, no entanto, acreditar que lideranças do PMDB --como os presidentes da Câmara, Eduardo Cunha (RJ) e Renan Calheiros (AL)-- estariam envolvidos na discussão sobre um eventual afastamento de Dilma. 

"Eu não creio que eles estejam dispostos a isso... não levariam adiante essa hipótese", disse. Também respondeu comentários de Cunha, feitos na semana passada, de que estaria sendo "sabotado por parte do PT" e por isso deveria deixar a articulação política do governo.

"Não há sabotagem nenhuma, há naturais dificuldades", afirmou o vice, referindo-se aos trâmites administrativos e burocráticos para a liberação de recursos de emendas parlamentares e para a indicação de nomes para cargos do terceiro escalão do governo.

quarta-feira, 1 de julho de 2015

Engie anuncia compra da Solairedirect por 200 mi de euros


sxc.hu
Energia solar
Energia solar: a aquisição aumentará a capacidade instalada em parques solares da Engie na França para 383 megawatts (MW) 

 
Paris - O grupo francês de energia e gás Engie anunciou nesta quarta-feira a aquisição de 95 por cento da desenvolvedora e operadora de instalações solares Solairedirect por cerca de 200 milhões de euros, o que fará da empresa a líder em energia solar na França e ainda agregará a seu portfolio projetos no exterior.

A Engie, antes conhecida como GSF Suez, disse que a compra foi feita por meio de um aumento de capital de 130 milhões de euros na Solairedirect e que a atual administração manterá uma fatia de 5 por cento na empresa.

"Energia solar não é um mercado de nicho subsidiado, é uma fonte crucial para o sistema elétrico do futuro, portanto nós apostamos em energia solar competitiva", disse a vice-presidente-executiva da Engie, Isabelle Kocher.

Segundo a Engie, com um custo de entre 60 e 90 dólares por killowatt-hora, a energia solar já é mais barata que eólicas construídas em alto mar e usinas nucleares de nova geração.

A aquisição aumentará a capacidade instalada em parques solares da Engie na França para 383 megawatts (MW). A Solairedirect possui ainda um portfólio de 4.500 MW em projetos em países que incluem África do Sul, Índia, Chile, Estados Unidos, México e Tailândia.

Alstom fecha contrato de 100 milhões de euros com Eletrosul


Chris Ratcliffe/Bloomberg
Alstom
A Alstom assinalou em comunicado que se encarregará da construção de dois novos postos elétricos e da extensão de seis já existentes
 
Da EFE

Paris - O grupo industrial francês Alstom anunciou nesta quarta-feira que fechou um contrato de 100 milhões de euros com a Eletrosul para a integração de parques eólicos do Rio Grande do Sul à rede elétrica nacional.

A Alstom assinalou em comunicado que se encarregará da construção de dois novos postos elétricos e da extensão de seis já existentes. O projeto deve entrar em operação comercial em março de 2018.

"Esse projeto abre caminho para uma melhor integração das energias renováveis no Brasil. Permitirá ao país planejar melhor sua capacidade energética eólica para os próximos seis anos, tendo um papel determinante para reforçar o sistema elétrico brasileiro", acrescentou o grupo francês na nota.

Para o vice-presidente da Alstom na América Latina, Sérgio Gomes, o sul do Brasil "dispõe de um potencial eólico considerável que a Alstom vai ser capaz de explorar em breve para diversificar o mix energético e fornecer eletricidade a mais de 30 milhões de pessoas".

A Alstom, presente no país há 60 anos, detalhou que os equipamentos e o software deste novo acordo serão elaborados nas fábricas da empresa em Canoas (RS) e Itajubá (MG).

Crowdfunding é criado para ajudar Grécia a pagar dívida


REUTERS/Yannis Behrakis
Manifestação em frente ao Parlamento da Grécia pede a permanência do país na zona do euro
Pesquisas de opinião mostram que a maioria da população grega é favorável à permanência do país na zona do euro

São Paulo - O Fundo Monetário Internacional (FMIconfirmou na noite desta terça-feira que não recebeu da Grécia a parcela de pagamento de empréstimo que vencia ontem.

Com isso, a Grécia se tornou o primeiro país desenvolvido da história a dar um calote na instituição, e o primeiro a fazer isso desde o Zimbábue em 2001.

Tsipras ofereceu novas concessões ao resto da Europa para tentar fechar um acordo, mas não recuou do referendo marcado para domingo sobre a possibilidade de resgate. 3 vencedores do prêmio Nobel declararam recentemente como votariam.
Enquanto isso, uma campanha virtual tenta levantar recursos para o país através do crowdfunding, sistema de financiamento coletivo com contribuições de muitas pessoas em troca de pequenas recompensas. Se a meta não for alcançada, o dinheiro é devolvido. 

Neste caso, quem quiser pode comprar um cartão postal do primeiro-ministro Alex Tsipras (€ 3), um queijo feta com salada de oliva (€ 6), uma garrafa da bebida local ouzo (€ 10), uma garrafa de vinho grego (€ 25), uma cesta de comidas gregas (€ 160) ou um feriado de uma semana em Atenas para 2 pessoas (€ 5.000).

A ideia é que cada um dos 500 milhões de europeus precisaria contribuir com pouco mais de 3 euros para chegar no € 1,6 bilhão necessário para essa rodada do resgate. Até a tarde desta quarta-feira, € 995 mil haviam sido levantados por 58 mil pessoas.
 

Criador


Por trás da iniciativa está Thomas Feeney, um inglês de York com 29 anos que trabalha em uma loja de sapatos em Londres. Em artigo no jornal britânico The Guardian publicado hoje, ele explicou sua motivação:

"Eu estava farto da hesitação dos nossos políticos. Toda vez que uma solução para resgatar a Grécia é adiada, é uma chance para os políticos posarem e mostrarem seu poder enquanto o efeito real cai sobre o povo grego".

A página no site Indie GoGo (que chegou a cair temporariamente pelo movimento) deixa claro: isso não é uma brincadeira. Ainda assim, deve acabar funcionando mais como protesto do que como possibilidade concreta de tirar a Grécia do buraco.

"É uma reação ao bullying do povo grego por políticos europeus, mas poderia ser facilmente sobre políticos britânicos e seu bullying nas pessoas do Norte da Inglaterra, Escócia e País de Gales. Quero que as pessoas da Europa percebam que existe uma outra opção à austeridade, apesar do que dizem David Cameron e Angela Merkel".

A lista de contribuições até a madrugada desta quarta-feira era liderada por alemães, britânicos e austríacos, de acordo com um post na conta de Twitter de Feeney:


Empreendedores têm menor confiança já registrada, diz Insper



Wavebreakmedia Ltd/Thinkstock
Homem preocupado
Preocupação: a pesquisa teve como base entrevistas telefônicas com 1280 pequenos e médios empresários 

São Paulo - A confiança dos empreendedores brasileiros no terceiro trimestre de 2015 é a menor de toda a série histórica, segundo estudo feito pelo Insper e com apoio do Santander. O resultado do Índice de Confiança do Empresário de Pequenos e Médios Negócios no Brasil (IC-PMN) foi divulgado nesta quarta-feira.

O índice registrou 57,4 pontos, um recuo de 0,5% em comparação com o mesmo período do ano passado. O antigo pior nível de confiança havia sido registrado no segundo trimestre de 2009, com 58,8 pontos.

Gino Olivares, professor de economia do Insper, afirma que o resultado veio dentro das expectativas. "Dado que o desempenho da economia foi ruim no primeiro trimestre e parece que será ainda pior no segundo, temos uma tendência de estabilidade, infelizmente, em um patamar baixo", afirma.
Para a próxima leitura, que será sobre as expectativas do quarto trimestre, o professor espera uma estabilidade do resultado ou uma recuperação que "parece ser ainda remota ou muito discreta". 
O recuo visto no IC-PMN foi puxado principalmente pelo setor industrial, que marcou 54,7 pontos no nível de confiança registrado pelo Insper, sendo também o menor da série histórica. No trimestre anterior, a confiança era de 58,9 pontos.

O comércio cravou 58 pontos, sendo que o setor já havia alcançado seu menor valor do IC-PMN com as expectativas para o segundo trimestre de 2015. O setor de serviços registrou 57,8 pontos para este terceiro trimestre, sendo que havia registrado 58,4 pontos no segundo.

Segundo Olivares, há sinais mais claros de estabilização no comércio do que na indústria, por enquanto. "O comércio chegou ao seu fundo do poço, esperamos, antes da indústria. Ele sinaliza que já pode estar em recuperação no terceiro trimestre, enquanto a indústria avisa que espera piores resultados", diz Olivares.

Olhando o índice por regiões, o Centro-Oeste (0,9%) e o Sudeste (1,4%) contribuíram com análises positivas sobre o terceiro trimestre. Houve retração nas expectativas econômicas das regiões Norte (-1,0%), Sul (-3,1%) e Nordeste (-3,2%), o que fez o IC-PMN encerrar com desaceleração. As porcentagens comparam a expectativa para o terceiro trimestre de 2015 sobre a expectativa com o trimestre imediatamente anterior.

Para os empreendedores brasileiros, o principal impacto da inflação em seu negócio é de diminuir o lucro, com 48,5% das respostas. Veja, a seguir, o gráfico com a porcentagem de todas as respostas:


Número de respostas (em porcentagem)Qual o principal impacto da inflação em seu negócio?Diminui o lucroAumenta o preço devendaImpedeinvestimentosEvita contratação defuncionáriosNão afeta o meunegócio0102030405060Fonte:
Os dados para elaborar o IC-PMN foram obtidos por meio de entrevistas telefônicas com 1280 pequenos e médios empresários da indústria, do comércio e de serviços, de todo o país. A margem de erro do índice é de 1,4% para mais ou para menos, com um nível de confiança de 95%.