terça-feira, 4 de agosto de 2015

Palestras colocariam Lula no radar da Lava Jato, diz jornal




Wilson Dias/AGÊNCIA BRASIL
 
O presidente Lula, durante café da manhã com jornalistas
 
 
 
 
São Paulo - Depois da prisão preventiva do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, o próximo a entrar no radar da  Operação Lava Jato pode ser o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A informação é do jornal Valor Econômico.

De acordo com uma pessoa ligada à Jusitiça Federal de Curitiba, o ex-presidente ainda não está sendo investigado, mas algumas suspeitas o colocaram no radar da força-tarefa.  "Ele [Lula] recebeu valores daquelas empresas investigadas. No exercício do mandato dele não há nenhum indício de que tenha recebido. Mas depois que ele saiu do cargo, recebeu aqueles valores referentes a palestras pelo Instituto [Lula], que têm de ser pensados", disse ao jornal.

Por “empresas investigadas” entende-se que são as empreiteiras investigadas na Lava Jato, cujos diretores estão envolvidos com o processo criminal por corrupção e lavagem de dinheiro desviado de contratos com a Petrobras.
A priori, Lula recebeu remunerações por suas palestras. Informações do laudo pericial da Polícia Federal dizem que o ex-presidente teria recebido 1,5 milhão de reais da Camargo Corrêa, em três pagamentos. 

Sabe-se também que a Odebrecht contratou discurso de Lula em eventos da empresa. Nenhum dos delatores,  contudo, disse que os pagamentos recebidos por Lula foram propina. 
Procurado pelo jornal, o Instituto Lula justifica a legalidade das palestras ao afirmar que foram eventos públicos e que os pagamentos estão registrados e declarados à Receita Federal.

"Esse boato anônimo não corresponde nem à verdade nem à declaração dada pelo procurador Carlos Fernando Lima [que atua na Lava-Jato] em entrevista ao jornal O Globo, no dia 26 de junho, onde ele diz: 'sabemos que o ex-presidente faz palestras efetivamente'", afirma em nota.

A Camargo Corrêa disse que a contribuição ao Instituto Lula foi registrada equivocadamente em 2012 como 'bônus eleitoral' na contabilidade analisada pela Polícia Federal, mas tratava-se de “apoio institucional” e contratação de palestras.

5 pautas-bomba que ameaçam o governo neste mês


Pedro França/Agência Senado
 
Congresso Nacional
 
 
 
 
São Paulo – O fim do recesso parlamentar trouxe para a presidente Dilma Rousseff novos motivos de preocupação – além do conflito com o presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) que se arrasta desde julho, quando ele anunciou o rompimento formal com o governo. 

O temor atual é a aprovação das chamadas “pautas-bombas”, projetos que criam despesas e colocam em risco o ajuste fiscal idealizado no governo como uma forma de melhorar as contas públicas.

No dia a dia do brasileiro, a piora na economia pode significar mais impostos e o aumento nos preços de alugueis e dos produtos nas prateleiras dos supermercados.
Apesar de Cunha ter diminuído o tom e afirmado que “se preocupa com a situação econômica” e que “não há pauta-bomba” na Câmara, Dilma mobilizou partidos aliados para que os projetos não passem nas votações.

“Não quero que votem como carneirinhos, mas como uma base corajosa, em nome do Brasil", teria dito Dilma em jantar, segundo relatos de deputados e senadores.

Veja quais são as tais pautas-bombas que preocupam a presidente e que podem estourar nas próximas semanas:

1 - Correção do FGTS

Primeira das bombas na lista de votações na Câmara, o projeto eleva de 3% para 6% ao ano o índice de correção dos depósitos no Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). 
O governo alega que, se a correção for aprovada, deverá afetar programas habitacionais custeados com recursos do fundo e obras de saneamento básico.
 
2 - Reajustes dos servidores do Judiciário

A Câmara pode derrubar o veto de Dilma Rousseff ao aumento salarial para o Judiciário. A estimativa é o que o impacto no orçamento seja de 1,5 bilhão de reais só neste ano.
 
3 - Fator previdenciário

Outro veto de Dilma que pode ser derrubado na Câmara nas próximas semanas é o relativo à emenda que muda o cálculo do fator previdenciário.

Na avaliação do governo, se o Congresso derrubar o veto, os gastos com Previdência aumentarão em 3,2 trilhões de reais até 2060.
 
4 - Correção de aposentadorias pelo salário mínimo

Criada na Câmara, a emenda que estende aos aposentados a regra do reajuste do salário mínimo voltará a Casa após Dilma vetar a proposta.

A estimativa é que os gastos do governo aumentem cerca de 9 bilhões ao ano com a derrubada do veto.
 
5 - PEC dos Advogados da União

A aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que equipara o salário dos advogados da União a 90% dos ganhos do ministro do STF é outro dos projeto indesejado pelo governo. 
 
Mais dores de cabeça

Além das pautas-bombas, outra dor de cabeça que o governo deverá ter, ainda em agosto, é a instalação de novas CPIs na Câmara que podem desgastar a imagem da presidente. 

Uma delas irá investigar supostas irregularidades em contratos firmados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) nos últimos anos. Outra irá apurar fraudes na gestão dos fundos das estatais. 

Na pauta dessa semana da Casa, também está prevista a aprovação das contas dos ex-presidentes dos ex-presidentes Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva.

A medida é vista como uma forma de Cunha eliminar as pendências para que a Câmara tenha condições de apreciar as contas da presidente Dilma Rousseff, que devem ser avaliadas também neste mês pelo Tribunal de Contas da União (TCU).

A desaprovação das contas públicas é uma parte do caminho para que um eventual pedido de impeachment de Dilma seja aceito. 

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Nova lei de migração



O Projeto de Lei nº 288, de 2013, que institui a Lei de Migração, foi aprovado no Senado Federal em 2 de julho de 2015. O documento foi encaminhado à Câmara dos Deputados, para dar prosseguimento ao processo legislativo.

O Projeto prevê normas gerais sobra a estada de estrangeiros no Brasil, estabelecendo as diretrizes de proteção ao emigrante brasileiro. O senador Aloysio Nunes Ferreira justificou a sua proposta na necessidade de se conferir tratamento humanitário ao imigrante.

O início da tramitação junto ao Congresso Nacional corresponde ao período em que houve um grande aumento do fluxo migratório para o Brasil, especialmente de haitianos. Na época, o governo do Acre decretou situação de emergência nos municípios de Epitaciolândia e Brasileia, tendo sido necessário o estabelecimento de um abrigo emergencial para imigrantes naquela localidade.

O Projeto é dividido em sete títulos:

·       No Título I, encontramos os princípios que deverão informar a aplicação das normas sobre a entrada e a permanência do imigrante no Brasil, além das regras gerais sobre a política migratória nacional. 
 
·       No Título II, são estabelecidas as regras gerais sobre concessão de vistos.
·       No Título III, estão disciplinadas as regras gerais sobre repatriação, deportação e expulsão.
·       No Título IV, são reguladas as várias modalidades de naturalização.
·       No Título V, a parte mais inovadora do projeto, criam-se normas relacionadas à proteção do emigrante brasileiro, ou seja, do brasileiro que se encontra no exterior. Caso aprovada, a proposição irá alterar a lei nº 8.213, para permitir que o brasileiro que exerça suas atividades profissionais no exterior possa contribuir retroativamente para a Previdência Social. Dessa maneira, o período em que tiver exercido trabalho fora do Brasil poderá ser computado no tempo de contribuição do segurado.  Além disso, no mesmo título encontramos normas sobre o sequestro de menores, os direitos dos tripulantes de embarcações ou armadoras estrangeiras que operem em território nacional e o direito ao sepultamento digno do brasileiro que se encontra fora do País.
·       No Título VI, é tipificado o crime de tráfico internacional de pessoas relacionados com a migração, e são propostas sanções administrativas aplicáveis ao descumprimento da lei proposta.
·       O Título VII traz as disposições finais e a proposta de alteração da lei nº8.213.
 
O que muda, na prática, com relação à concessão de vistos de trabalho e de investidor estrangeiro?

O procedimento para a concessão de vistos de trabalho e de investidor estrangeiro continuará sendo regulado por resoluções normativas emitidas pelo Ministério do Trabalho e Emprego.

É o que dispõe o Art. 9º da proposição:

Art. 9º Regulamento disporá sobre:
I – os requisitos de concessão do visto, bem como de sua simplificação, inclusive por reciprocidade;
II - prazo de validade dos vistos e sua forma de contagem;
III - prazo máximo para a primeira entrada e para a estada do imigrante e visitante no país;
IV - hipóteses e condições de dispensa recíproca ou unilateral de vistos, taxas e emolumentos por seu processamento;
V - solicitação e emissão dos vistos por meio eletrônico.

Parágrafo único. A simplificação e a dispensa recíproca de visto ou de cobrança de taxas e emolumentos consulares por seu processamento poderão ser definidas por comunicação diplomática.

Isso quer dizer que, na prática, o Projeto não apresenta mudanças substanciais relacionadas com o procedimento de concessão de vistos, ou mesmo com relação aos requisitos que devem ser cumpridos para a concessão do visto.

No projeto original, previa-se uma modalidade simplificada de visto temporário de trabalho, que seria válido pelo prazo de até um ano, prorrogável pelo prazo de vigência do contrato de trabalho ou da prestação de serviços.

Art. 10. O visto temporário poderá ser concedido a estrangeiros que se encontrem nas seguintes situações:
(...)
§ 3º O visto temporário de trabalho poderá ser concedido ao estrangeiro, com ou sem vínculo empregatício no Brasil, pelo prazo de até um ano, prorrogável pelo tempo de duração de seu contrato de trabalho ou da prestação de seus serviços.

Essa previsão foi excluída do texto final. A competência para estabelecer os vistos, requerimentos e procedimentos, dessa forma, continua sendo do Ministério do Trabalho e Emprego.

sexta-feira, 31 de julho de 2015

Em crise, consumidor troca carro por roupa, diz Renner






Germano Lüders / VOCÊ RH
Loja da Renner
A Renner quer atrair consumidores que deixam de comprar um carro ou um eletrodoméstico para comprar uma roupa
 
 
 
São Paulo - A crise econômica não abalou os resultados da Renner, que apresentou lucro de 158,2 milhões de reais no segundo trimestre, avanço de 33,5% em relação ao mesmo período do ano passado. Pelo contrário, tem ajudado a varejista a negociar os aluguéis e com seus fornecedores, além de atrair mais consumidores.

Com a situação econômica instável, a empresa espera captar mais clientes que estão em busca de economizar seus gastos. “Há clientes que estão migrando de um consumo de roupas de preços mais elevados para a Renner”, afirmou José Galló, presidente da companhia.

Para ele, a Renner também atrai consumidores que deixam de comprar um carro ou um eletrodoméstico para comprar uma roupa. “O consumidor não vai deixar de comprar”, mesmo em ano de crise, afirmou.
Com a situação econômica instável, a Renner tem conseguido negociar aluguéis de suas lojas em shopping, tanto em lojas novas quanto nas já existentes, das marcas Camicado e Youcom. “Em lojas novas, estamos conseguindo negociações melhores”, disse o presidente.

Para se proteger do impacto das variações cambiais, todas as operações de 2015 até o primeiro semestre de 2016 estão com uma taxa cambial fixa e travada.

“Os preços do algodão e tecidos sintéticos também caíram, efeitos que ajudam a mitigar a alta do dólar”, afirmou Laurence Gomes, CFO e diretor de Relações com Investidores.

Além disso, a empresa ampliou o seu escritório na China, para ampliar os seus fornecedores no exterior. Com um volume maior de compras feitas no exterior, a companhia consegue ter mais força para negociar os preços. 

No caso de fornecedores locais, “o mercado doméstico mais fraco pode ajudar também a flexibilizar o custo de produtos nacionais”, afirmou o executivo.

Operadora Abertis prepara aquisições nas Américas




shansekala/Thinkstock
 
Estrada
Estrada: companhia disse que está estudando a aquisição de oito estradas
 
Da REUTERS


Madri - A operadora espanhola de estradas Abertis disse nesta quarta-feira que usou parte do caixa obtido com a listagem de sua unidade de telecomunicações Cellnex para fazer baixa contábil de ativos e que agora está se preparando para novos acordos e aquisições.

A companhia disse que está estudando a aquisição de oito estradas na Espanha, Itália, Chile, Brasil, Estados Unidos e Porto Rico por um valor total de até 9 bilhões de euros.

A empresa, que ganhou 2,7 bilhões de euros com a listagem da divisão, aprovou uma provisão de 769 milhões de euros relacionada à rodovia espanhola AP-7 após o governo do país entrar com recurso contra um acordo de 2006 para compensar a Abertis pela queda no tráfego.
Tendo reduzido a dívida, a companhia disse que agora vai impulsionar as ações em tesouraria usando 963 milhões de euros para recomprar 6,5 por cento de suas próprias ações a 15,70 euros cada, acrescentando que está pronta para usar o montante em potenciais acordos corporativos.

A companhia sediada em Barcelona teve lucro líquido de 1,68 bilhão de euros, ante 308 milhões no mesmo período do ano passado. Excluindo efeitos não recorrentes, o lucro líquido subiu 5 por cento na comparação anual.

Crise e caso Petrobras afetam fusões na América Latina


Paulo Whitaker/Reuters
 
 
Logotipo da Petrobras visto em refinaria em Cubatão
Logotipo da Petrobras visto em refinaria em Cubatão
 
Da EFE


São Paulo - A crise política no Brasil e o gigantesco escândalo de corrupção na Petrobras afetam o processo de fusões e aquisições de empresas na América Latina, segundo um estudo divulgado nesta quinta-feira em São Paulo.

O relatório da empresa de consultoria Intralinks sobre tendências e previsões para níveis de atividades futuras em fusões e aquisições prevê um recorde global em 2015, com um crescimento de 8% no segundo semestre e de 11% para este ano, ambos em comparação com os mesmos períodos de 2014.

Na América Latina, apesar de um incremento após uma inatividade desde o final de 2013, o crescimento de fusões e aquisições em fase inicial foi de 0,5% no primeiro semestre deste ano e as previsões não dão sinais de avanço em curto prazo.
"Por ser a principal economia da região, o Brasil afeta substancialmente os resultados da América Latina", comentou Claudio Yamashita, diretor-geral da Intralinks Brasil.

Yashimata apontou que a América Latina "já sofre com os preços baixos das matérias-primas e a alta cotação do dólar e as atuais crises econômica e política brasileiras, somadas ao escândalo de Petrobras, só servem para agravar o descrédito e impactar as atividades de fusões e aquisições".

O Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê que o crescimento econômico na América Latina não deve passar de 1% em 2015 e dar sinais de recuperação em 2016, com exceções em países como Chile, México e Peru, que superam a média na região.

A região no mundo com maior crescimento de fusões e aquisições em 2015, segundo o estudo, será a da Ásia-Pacífico com um avanço de 16%, seguida da América do Norte, Europa, Oriente Médio e África, todas com 10% de aumento. 

Petrobras recupera R$ 139 milhões desviados por corrupção


Ueslei Marcelino/Reuters
 
 
Ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa

Do dinheiro devolvido hoje, R$ 70 milhões foram entregues pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa
 
Da EFE


Rio de Janeiro - A Petrobras recebeu de volta nesta sexta-feira R$ 139 milhões que fazem parte dos cerca de R$ 6,2 bilhões desviados da empresa pela rede de corrupção que atuava na estatal há pelo menos uma década.

O dinheiro foi entregue pelo Ministério Público, responsável pela repatriação dos recursos desviados, após os acordos aos quais chegou com dois dos acusados para que devolvessem a fortuna e colaborassem nas investigações em troca de reduções de suas futuras penas.

Os recursos recuperados foram devolvidos à Petrobras em cerimônia realizada na sede da empresa, no Rio de Janeiro, na qual participaram o presidente da companhia petrolífera, Aldemir Bendine, e o procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
"Este é um ato simbólico para reverter esse cenário negativo e permitir que tenhamos novamente orgulho. O que fizeram foi, além de saquear barbaramente os recursos da empresa, retirar o orgulho que a sociedade brasileira sentia pela estatal", afirmou Janot.

Do dinheiro devolvido hoje, R$ 70 milhões foram entregues pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, um dos principais envolvidos no escândalo.

Os outros R$ 69 milhões foram repatriados de contas na Suíça abertas por Pedro Barusco, que durante muitos anos foi gerente de serviços da estatal.

Esta foi a segunda ocasião em que o Ministério Público entregou à Petrobras parte dos recursos recuperados.

No último mês de maio a empresa recebeu R$ 157 milhões entregues por acusados que admitiram sua responsabilidade e concordaram devolver o que foi desviado.

Bendine disse hoje que tem esperanças que a Petrobras recupere todos os recursos desviados, que, segundo os próprios cálculos da empresa, chegam a R$ 6,2 bilhões.

O presidente da estatal também anunciou novas medidas para reforçar os controles internos, garantir a transparência das contas da companhia petrolífera e evitar novos casos de desvios.

Entre as medidas anunciadas se destaca a que impede que decisões importantes sejam adotadas individualmente e as condiciona à aprovação de um colegiado.

A Petrobras também decidiu dar maior autonomia aos órgãos internos de investigação para que possam receber denúncias dos funcionários e determinou que todos seus prestadores de serviços e abastecedores se comprometam com seu código de ética.

Atualmente há 32 empresas proibidas de participar de licitações da estatal, incluindo várias das grandes construtoras do país, que poderão reverter esse veto quando se comprometerem com as medidas de transparência da Petrobras.

Tais empresas são investigadas justamente por participar da rede de corrupção que desviava recursos da estatal.