sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

O telefonema da madrugada que salvou o acordo da Opep

Foram meses de encontros, impasses e negociações sobre a produção de petróleo, mas, no fim das contas, um telefonema às duas da manhã encerrou a questão




Após meses de encontros realizados em locais como Doha e Moscou, foi um telefonema às duas da manhã entre dois dos homens mais poderosos do mercado mundial de petróleo que finalmente acabou com o impasse.

Na véspera da reunião da Organização dos Países Exportadores de Petróleo, marcada para 30 de novembro, a probabilidade de acordo para reduzir a oferta e o excedente global não era das melhores.

Seus integrantes continuavam sem concordar sobre quanto deveriam cortar. Eles haviam sido obrigados a cancelar negociações para pedir a colaboração de fornecedores não participantes do bloco, como Rússia e Brasil.

Mas nas primeiras horas de 29 de novembro, o ministro da Energia da Arábia Saudita, Khalid Al-Falih, e sua contraparte na Rússia, Alexander Novak, tiveram uma conversa.

Novak prometeu que seu país estava disposto não só a congelar a produção, como insistia há muito tempo, mas também a reduzir a oferta, contribuindo com metade do corte total que a Opep solicitava a concorrentes ao redor do mundo, de acordo com autoridades envolvidas diretamente nas negociações.

Em troca, Al-Falih tinha de pressionar os integrantes da organização a submeter no dia seguinte números contundentes de limites à própria produção.

Al-Falih cumpriu a palavra. Ao redor de 17 horas em Viena do dia 30 de novembro, a Opep anunciou que iria diminuir a produção pela primeira vez desde 2008, em 1,2 milhão de barris por dia.

Além disso, seus representantes declararam orgulhosamente que Rússia e outros produtores de fora do grupo cortariam 600.000 barris diários por conta própria.

A cotação disparou mais de 15 por cento e ultrapassou US$ 50. O barril do tipo Brent atingiu o maior preço em mais de um ano.

“Após algumas tentativas fracassadas, a Opep finalmente conseguiu entregar”, disse Olivier Jakob, diretor-gerente da consultoria Petromatrix, em Zug, na Suíça.

 

Caminho longo


O caminho até aquela conversa crucial foi longo e tortuoso, segundo autoridades que pediram anonimato porque descreveram detalhes confidenciais sobre como o clube de produtores chegou ao primeiro corte de produção em quase uma década.

Em abril, um acordo entre a Opep e a Rússia para congelar a produção ruiu no dia marcado para a  assinatura. A Arábia Saudita inesperadamente insistiu que o rival Irã precisava se juntar ao acordo.

O excedente de oferta persistente segurou a cotação abaixo de US$ 50 e prejudicou as economias de países produtores em todo o mundo.

Os esforços foram retomados em setembro. No dia 28 daquele mês, na Argélia, os ministros da Opep decidiram que o grupo reduziria a produção total, mas que os detalhes sobre quanto cada integrante assumiria seriam acertados até a reunião que aconteceria dois meses depois.

As infinitas discussões técnicas nas semanas seguintes foram insuficientes para resolver as diferenças entre eles.

O prazo final de 30 de novembro se aproximava e essas diferenças pareciam irreconciliáveis. Em 25 de novembro, outro colapso parecia iminente: Al-Falih alertou que estava disposto a abandonar as negociações que aconteceriam apenas três dias depois.

Após um empurrãozinho diplomático do ministro da Argélia, Nourredine Bourtarfa, que viajou a Teerã e Moscou, os representantes tomaram café da manhã juntos em 30 de novembro, antes da reunião formal.

O encontro ministerial demorou mais de cinco horas. Quando Al-Falih surgiu do lado de fora da sala, os assistentes se perguntaram o que significava a aparição súbita do homem que havia dito que jogaria a toalha.

Mas ele já havia conversado com Moscou na madrugada. Al-Falih queria algo para enganar a fome enquanto as negociações prosseguiam.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Dólar sobe mais de 2,5% e bate R$ 3,47


Em novembro, moeda norte-americana acumulou valorização de 6,18% - a maior alta desde setembro do ano passado




São Paulo – O dólar começou o mês de dezembro em alta, influenciado pela pressão do cenário político interno e pela disparada dos juros dos títulos do Tesouro norte-americano.

Pouco depois das 15h, a moeda norte-americana subia 2,66%, em relação ao real, e era cotada a R$ 3,47775.

Em novembro, o dólar valorizou 6,18%. Um aumento dessa magnitude não acontecia desde setembro de 2015.

 

Dezembro


Até o final do ano, alguns eventos devem influenciar a trajetória do dólar. Um deles é a reunião do Federal Reserve (o banco central dos Estados Unidos), que definirá o futuro dos juros por lá.

Caso a taxa norte-americana seja elevada, a tendência é que haja um fluxo de recursos investidos em países emergentes, como o Brasil, em direção à maior economia mundial.


STF julga denúncia contra Renan Calheiros; assista


Ministros vão decidir se o peemedebista vai virar réu no STF por crimes de peculato, falsidade ideológica e uso de documento falso



São Paulo – O Supremo Tribunal Federal (STF) vota na tarde desta quinta-feira (1º) uma denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) em 2013 contra o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). O relator do processo é o ministro Edson Fachin.

Se a denúncia for aceita, o peemedebista irá a julgamento pelos crimes de peculato, falsidade ideológica e uso de documento falso.

A sessão foi suspensa pela presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, às 15h58 e deve ser retomada por volta das 16h30 desta tarde para que comece a votação dos ministros.

A investigação contra o presidente do Senado começou em 2007, mas só em 2013 a denúncia foi oferecida pela PGR ao Supremo. Nesse caso, Renan é acusado de receber propina da construtora Mendes Júnior para apresentar emendas que beneficiariam a empreiteira.

Em troca, despesas pessoais da jornalista Monica Veloso, com quem mantinha relacionamento extraconjugal e teve uma filha, teriam sido pagas pela empresa, entre elas a pensão a alimentícia da menina.

O peemedebista também é acusado de ter adulterado documentos para justificar os pagamentos. A defesa de Renan nega as acusações.

Em rota de colisão com Judiciário

 

Recentemente o peemedebista tem tomado decisões que confrontam o Judiciário e têm causado polêmicas.

Ontem ele tentou fazer uma manobra no Senado para votar em regime de urgência o texto que desfigurou o pacote de anticorrupção.

O texto, aprovado pela Câmara na madrugada de quarta (30), prevê que juízes e membros do Ministério Público possam responder por crimes de abuso de autoridade, caso atuem segundo motivação político-partidária ou concedam entrevistas sobre processos pendentes de julgamento.

Entidades de magistrados e do Ministério Público se mostraram contra o texto, alegando que ele é uma ameaça à independência do Judiciário e à Lava Jato.

O presidente do Senado discute ainda, nesta quinta, o projeto de lei sobre abuso de autoridade, de sua autoria, com o juiz federal Sérgio Moro. O projeto endurece as punições aplicadas a juízes, promotores e delegados, por exemplo, que vierem a cometer algum tipo de abuso.

Os magistrados e promotores também repudiaram o projeto. Moro chegou a enviar ofício ao Senado argumentando que a medida pode ser interpretada como uma tentativa de barrar a Lava Jato. Vale lembrar que Calheiros também é investigado na operação.


Assista à sessão do STF ao vivo:

 https://www.youtube.com/watch?v=koIoneQfg5E


PF deflagra nova fase da Zelotes e mira Itaú e BankBoston


A Zelotes investiga suspeitas de manipulação em julgamentos no tribunal da Receita Federal, o Carf

Logo do Itaú refletindo prédios na entrada de uma agência do banco na Avenida Paulista, em São Paulo


A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira nova fase da operação Zelotes, que investiga suspeitas de manipulação de julgamentos no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), tendo entre os alvos os bancos Itaú e BankBoston.

“Esta nova etapa da operação aponta a existência, entre os anos de 2006 e 2015, de conluio entre um conselheiro do Carf e uma instituição financeira. O esquema criminoso envolvia escritórios de advocacia e empresas de consultoria”, disse a PF em comunicado.

A nota da Polícia Federal não identifica a instituição financeira citada, mas uma fonte com conhecimento das investigações disse que os bancos Itaú e BankBoston estão entre os alvos dos mandados judiciais em execução nesta quinta-feira.

Procurado, o Itaú não estava disponível de imediato. Não foi possível contactar um representante do BankBoston.

Segundo comunicado da PF, “houve sucesso na manipulação de processos administrativos fiscais em ao menos três ocasiões” como resultado da atuação irregular do conselheiro do Carf, órgão vinculado ao Ministério da Fazenda.

Cerca de cem policiais federais participam da nova fase da operação, que visa o cumprimento de 34 mandados judiciais, sendo 21 de busca e apreensão e 13 de condução coercitiva, nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Pernambuco.

A Zelotes foi deflagrada em março de 2015 com o objetivo de desarticular organizações criminosas que atuavam junto ao Carf, causando prejuízo aos cofres públicos com a manipulação de julgamentos no órgão que é responsável por julgar recursos contra decisões da Receita Federal.

Posteriormente, a operação também passou a investigar suposto pagamento de propina para a edição de medidas provisórias.

A operação já levou o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, a virar réu em uma ação que tramita na Justiça Federal do Distrito Federal.

“Brasil precisará ampliar base florestal”, alerta Walter Lídio






Presidente da CMPC prevê alta da demanda por celulose em 2017

Da Redação
 Walter Lídio Nunes, presidente da Celulose Riograndense
redacao@amanha.com.br



Para o próximo ano, Walter Lídio Nunes (foto), CEO da CMPC Celulose Riograndense, prevê um crescimento da demanda por celulose, especialmente na China e na Índia. “O Brasil tem uma grande vantagem em comparação com outros países: tem excelente clima, solo e tecnologia para a produção de celulose. E como há uma demanda forte e crescente pela sustentabilidade, temos a grande oportunidade de nos destacar nesse setor”, avaliou nesta quarta-feira (30) no tradicional encontro anual com os profissionais da comunicação, em Porto Alegre. 

No entanto, Nunes avalia que, enquanto vigorar o parecer da Advocacia Geral da União que restringe a aquisição de terras brasileiras por empresas com capital estrangeiro, o Brasil ficará limitado na produção de celulose. “Comparativamente a outros países, temos muito poucas florestas plantadas. E se não ampliarmos a nossa base florestal, faltará madeira para atender à demanda mundial”, prevê Nunes que, recentemente, concedeu entrevista ao portal AMANHÃ sobre o assunto (leia mais detalhes aqui). No país, existem 7,8 milhões de hectares de florestas comerciais. A China tem 80 milhões de hectares.

Nunes também destacou o fato de a Linha 2 da empresa, inaugurada em maio do ano passado, já ter alcançado, em 2016, a capacidade plena de produção projetada de 1,3 milhão de toneladas anuais de celulose. “Junto com os investimentos que fizemos na modernização da Linha 1 e em outras melhorias, que somam R$ 200 milhões, e os aprimoramentos em infraestruturas para a logística de transporte de cargas, especialmente no modal hidroviário, devemos atingir, em 2017, uma produção total de 1,8 milhão de toneladas de celulose de fibra curta branqueada em ambas as linhas de produção”, calcula. O executivo recordou que a companhia também investiu cerca de R$ 20 milhões na revitalização e operacionalização do Porto de Pelotas, o que permitiu o início do transporte de madeira vinda da Metade Sul para Guaíba e de celulose para exportação de Guaíba até o porto de Rio Grande. 



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Mais do que reunião de geeks, Comic Con se firma como um negócio

 

 

Evento deve reunir entre 180.000 e 200.000 pessoas em uma área de 150.000 metros no centro de exposições São Paulo Expo






Para aqueles que não estão dispostos a passar o dia andando com roupas pretas invocando a voz rouca de Darth Vader, ou com o corpo inteiro pintado de verde para criar um Hulk não tão incrível assim, a Comic Con Experience, que acontece a partir desta quinta-feira em São Paulo, pode parecer apenas uma estranha reunião de geeks com obsessões por quadrinhos e filmes de ficção científica. Mas os quatro dias de evento têm se mostrado um negócio cada dia mais promissor para a indústria do entretenimento no país.

A Comic Con deve reunir entre 180.000 e 200.000 pessoas em uma área de 150.000 metros no centro de exposições São Paulo Expo. Com um público desse tamanho, a Comic Con é a oportunidade ideal para estúdios, quadrinistas e marcas promoverem seus produtos. Este ano, entre os 150 expositores da feira, estarão os famosos estúdios americanos Warner, Disney, Sony e Universal, o canal HBO e o serviço de streaming de vídeos Netflix. Para atrair o público, esses expositores promovem palestras com a participação de atores como Natalie Dormer (Game of Thrones e Jogos Vorazes), Neil Patrick Harris (How I met your Mother), Vin Diesel (Triplo X e Velozes e Furiosos) e Milla Jovovich (Resident Evil).

O evento também conta com um espaço para os quadrinhos. No espaço Artists’ Alley, mais de 460 artistas lançam e vendem suas HQs durante os quatro dias. Nomes consagrados do mundo dos quadrinhos também marcam presença com palestras e autógrafos. Entre eles estão o americano Frank Miller (autor de Batman: O cavaleiro das Trevas), o escocês Frank Quitely (de HQs como Novos X-Men e Batman & Robin) e o americano Arthur Adams (co-criador de histórias com ícones como Batman, Superman, Homem-Aranha, X-Men, Hulk e Godzilla).

A Comic Con também atrai um público disposto a comprar roupas e acessórios e produtos colecionáveis de super heróis. “No ano passado tivemos um espaço de 50 metros quadrados no evento e ficamos impressionados. Nunca tínhamos vendido tantas camisetas em um único dia. Assim que o evento terminou, já fechamos o contrato para participar este ano”, diz Filipe Rossetti da fabricante de camisetas Piticas.

Inspirado na tradicional Comic Con de San Diego, na Califórnia, o evento no Brasil em sua terceira edição já está entre os três maiores do mundo – juntamente com San Diego e Nova York. O sucesso brasileiro, os organizadores do evento, está no fato deles serem geeks assumidos que há anos frequentam Comic Cons organizadas no exterior. “Os eventos que existiam no Brasil até então eram nichados, ou sobre quadrinhos ou sobre filmes. A gente viu que dava pra unir consumo e público”, diz Ivan Costa, um dos sócios do evento brasileiro.

Os sete sócios do evento do Brasil vêm de três companhias: o site de cultura pop Omelete, a agência de quadrinistas Chiaroscuro Studios (da qual Costa faz parte) e a distribuidora de produtos colecionáveis PiziiToys. “Nós criamos a Comic Con que nós gostaríamos de participar”, diz Marcelo Forlani, um dos criadores do Omelete.

O rápido desenvolvimento da Comic Con no Brasil também está ligado ao fato de no país a indústria do entretenimento faturar quase 36 bilhões de dólares no país ( mais de 118 bi de reais), segundo a consultoria PWC. Os filmes hollywoodianos têm no Brasil uma de suas maiores bilheterias. Este ano, por exemplo, nos filmes Batman vs Superman e Capitão América: Guerra Civil, o Brasil esteve entre os cinco maiores países em faturamento. De acordo com estudo da PWC, o mercado aqui deve crescer mais do que no restante do mundo entre 2016 e 2020 – 6,4% ao ano até 2020, chegando a 48,7 bilhões de dólares.


Comic Cons pelo mundo


Índia, Filipinas e até a Romênia estão na lista de locais onde hoje existem eventos que carregam o nome Comic Con. Este ano, até o Vale do Silício teve sua primeira edição, criada pelo co-fundador da Apple Steve Wozniak, em San Jose, na California.

O primeiro encontro com o nome aconteceu entre um grupo de fãs e profissionais de quadrinhos em 1968 em um hotel em Birmingham, na Inglaterra. Alguns anos depois o formato chegou a San Diego e reuniu, em sua primeira edição, pouco mais de 300 pessoas. Hoje, há pelo menos 50 edições espalhadas pelo mundo que carregam o nome. Apesar disso, nenhum desses eventos é afiliado da Comic-Con de San Diego, realizada na cidade há 42 anos. A edição de San Diego detém os direitos da marca Comic-Com, com hífen. Já o nome Comic Con sem hífen é de domínio público e qualquer um pode usá-lo.

A maioria difere do evento em San Diego em um ponto principal: enquanto o evento original permanece sendo organizado por um pequeno grupo sem fins lucrativos, os demais têm receitas milionárias. O caso mais famoso é do grupo ReedPOP, responsável pela Comic Con de Nova York, Déli, Bangalore, Viena e Paris. Apenas com estes eventos, a companhia tem um faturamento estimado de 50 milhões de dólares por ano.

Apesar de não ter fins lucrativos, o evento de San Diego gera um impacto econômico de 150 milhões de dólares na cidade. Em média, cada um dos 130.000 participantes anuais gasta 600 dólares apenas no evento, totalizando 78 milhões de dólares.

“O evento se tornou tão grande que não tem mais para onde crescer em San Diego. Os hotéis ficam sempre lotados, os ingressos acabam em minutos. Estúdios e empresas realizam eventos gratuitos e paralelos à Comic Con pela cidade e muita gente que não consegue o ingresso vem para aproveitar essas outras atividades”, diz Rob Salkowitz, autor do livro Comic-Con and the Business of Pop Culture.

Originalmente um evento para fãs de quadrinhos, a Comic Con começou a angariar mais fãs no início dos anos 2000, quando Hollywood iniciou a grande produção de filmes baseados em quadrinhos, como o X-Men e Homem Aranha.

Hoje, a indústria dos quadrinhos vive seu melhor momento em 20 anos — as vendas físicas e digitais passaram de 1 bilhão de dólares no ano passado, crescendo 31% desde 2011. A popularidade das HQs ainda é alimentada pelo sucesso das adaptações para o cinema. Entre os títulos lançados este ano, Capitão América: Guerra Civil teve uma bilheteria de mais de 1,15 bilhões de dólares; Batman vs Superman arrecadou 873 milhões de dólares e Esquadrão Suicida teve receita de 746 milhões de dólares.

A dependência de todo um mercado em torno desses filmes levanta dúvidas sobre até onde sua expansão é sustentável. “Essa dependência [dos filmes] existe há quase 20 anos. Temos uma nova geração de consumidores vindo e os filmes parecem estar perdendo a qualidade em roteiro, são cópias atrás de cópias de uma mesma história. Se isso continuar, as pessoas vão parar de acompanhá-los”, diz Salkowitz.

“O mercado dos quadrinhos está mais forte do que nunca. Mas se os filmes falharem, alguns grandes eventos falharão em fazer o dinheiro que esperam. Não será possível atrair 150.000 pessoas por ano para uma Comic Con”, completa.

Qualquer sinal de que os filmes hollywoodianos já não tem a mesma eficiência em atrair o público afetaria em cheio a Comic Con brasileira, que tem como uma de suas atrações principais os atores americanos. “O mercado brasileiro ficou muito tempo só consumindo o que vinha de fora, faltava um incentivo para a produção. Isso aos poucos está mudando, prova disso é a série brasileira 3%, que estreou no Netflix”, diz Forlani, do site Omelete.

Para tentar fomentar o mercado nacional, a Comic Con realiza uma conferência nos dias 30 de novembro e 1 de dezembro. Com o nome CCXP Unlock o evento para 150 pessoas tem palestras sobre empreendedorismo no mercado de entretenimento com, por exemplo, produtores da Warner Bros, da série Supernatural e do filme 300. “A Comic Con ajudou a nos entender mais o potencial do mercado, quem é o nosso público. O CCXP Unlock quer ajudar a profissionalizar mais o mercado”, diz Ivan Costa.

Empolgados com o sucesso da Comic Con em São Paulo, os organizadores vão realizar em abril de 2017 uma edição do evento em Recife. “Será um teste. Estamos olhando vários mercados interessantes na América Latina”, diz Costa.



Boticário atira para todos os lados e acerta crescimento


O sucesso vem da diversidade de atuação do grupo, que está na venda direta, comércio eletrônico e lojas multimarcas




São Paulo – O Grupo Boticário está atirando para todos os lados. Acertando alvos bem diferentes entre si, a empresa de beleza conseguiu crescer, mesmo em um ano de queda no consumo e no varejo.

Segundo Artur Grynbaum, presidente do grupo, o ano foi difícil e instável, mas o grupo irá crescer um dígito em 2016 – o resultado consolidado será divulgado apenas no ano que vem. “Vamos sim crescer e apresentar resultados positivos”, disse.

Para ele, esse sucesso vem da diversidade de atuação do grupo. A empresa abriu mais de 70 lojas no ano, contra 50 inicialmente previstas. Hoje, são 4.000 pontos de venda das 4 marcas do grupo, espalhados em 8 países. Dessas, 3.700 lojas são da O Boticário.

Além de milhares de lojas, o grupo também atua com venda direta, comércio eletrônico, quiosques e lojas multimarcas. As quatro marcas, O Boticário, Quem Disse, Berenice?, Eudora e The Beauty Box também atingem públicos distintos e oferecem produtos para todos os gostos e bolsos.

“Queremos ter a oferta completa”, afirmou ele. Afinal, ninguém consome apenas uma marca ou em apenas um canal, disse.

O grupo se tornou esse camaleão de negócios apenas nos últimos anos. A Eudora foi lançada em 2011 e, no ano seguinte, surgiram a Quem Disse Berenice? e a multimarcas The Beauty Box.

“Lançamos 3 marcas e investimos na estrutura com rapidez para dar fluidez a nossa estratégia”, afirmou Grynbaum.

O plano deu certo. Com 6,9% do mercado em 2010, chegou a 10,9% em 2015. De 2010 a 2016, o número de funcionários se multiplicou por 5 e hoje são mais de 7.000 colaboradores. No ano passado, o faturamento foi de R$ 10 bilhões.


Expansão e estabilidade


A base para o crescimento acelerado do grupo de cosméticos foi a expansão de sua infraestrutura. Em 4 anos, a companhia investiu R$ 4 bilhões, com a construção de centros de distribuição, pesquisa e desenvolvimento e de uma nova fábrica em Camaçari, Bahia. A planta recebeu em 2016 a certificação LEED de sustentabilidade.

No mesmo local, a companhia inaugurou este ano um centro de formação em estética, voltado para mulheres da região que queiram aumentar a renda e atuar como esteticistas ou maquiadoras. Serão 240 mulheres formadas todo ano.

Depois dessa rápida expansão, a empresa precisou sentar e analisar cada uma de suas operações.
“Sabíamos que precisávamos expandir rapidamente e depois fazer a lição de casa”, afirmou o presidente.

Nos últimos dois anos, o grupo focou na melhora da eficiência, com corte de estruturas e processos duplicados. Por isso, em 2016, os investimentos foram de R$ 250 milhões, número que deve se repetir em 2017.


Em todos os lugares


Um dos exemplos de que a diversidade tem sido o trunfo do grupo é a The Beauty Box. Criado em 2012 como loja multimarca, o braço de negócios lançou recentemente sua própria marca.

A Produtinhos da Beauty é vendida em 52 lojas da empresa e em mais de 150 farmácias e drogarias, além de 6 quiosques nas lojas C&A.

A Eudora é outra marca que já nasceu multicanal. Além do método tradicional, em que a representante faz o pedido pela internet, a Eudora também oferece lojas voltadas à venda direta, chamadas Espaço Representante. Assim, o tempo de entrega e o custo logístico da companhia são menores.

Outra vantagem é a facilidade para a revendedora. “A representante muitas vezes tem dificuldade em gerir o seu estoque e esse modelo elimina esse problema. É uma vantagem competitiva”, afirmou Daniel Knopfholz, diretor da Eudora.

A marca, que já tinha 20 pontos de venda para representantes, inaugurou mais 20 este ano, além de 15 quiosques voltados ao consumidor final. Em 2016, a sua equipe dobrou para 700 funcionários e o faturamento atingiu R$ 350 milhões.

Para 2017, o plano é voltar a investir em lojas para o consumidor final. Quando a Eudora surgiu, há 5 anos, ela decidiu tentar um pouco de tudo, para ver onde teria mais sucesso. A venda direta acabou se mostrando seu canal mais forte. Das quatro lojas físicas que ela tinha, apenas uma, em Belo Horizonte, MG, se manteve de pé.

“Os nossos pontos de venda não eram os melhores. Com a evolução da marca, agora sabemos o que nosso público quer e podemos voltar a expandir esse modelo”, afirmou Knopfholz.

A sua concorrente Natura, que também operava apenas por venda direta, abriu as primeiras 10 lojas esse ano , além de começar a vender a linha Sou em farmácias.

Para Knopfholz, a ida para as lojas físicas é mais fácil para a Eudora. “Já nascemos multicanal e sabemos como montar estrutura tanto para venda direta quanto para lojas físicas ou comércio eletrônico. Adaptar um modelo de vendas para outro canal é mais difícil”, disse.


Diversas equipes, um só grupo


Com a expansão acelerada, muitas pontas ficaram soltas, tanto nas operações quanto nas equipes de cada marca. Por isso, além de integrar estruturas, outro cuidado da companhia neste ano foi unir as equipes de todas as marcas.

As contratações de pessoas passaram a ser feitas pelo grupo e não mais por uma marca específica, o que dá liberdade aos funcionários para circular entre as áreas. Os cargos e salários também se unificaram e agora são os mesmos entre os vários negócios.

Para garantir que todas as equipes estivessem com os mesmos objetivos em mente, o departamento de recursos humanos criou o projeto Check Up do Coração.

O presidente do grupo, Artur Grynbaum, e o fundador, Miguel Krigsner, visitaram todas as fábricas, centros de distribuição e escritórios para discutir os rumos da companhia com os funcionários.

Segundo Lia Azevedo, diretora de RH e Sustentabilidade do Grupo, era importante que todos sentissem que fazem parte do mesmo grupo para avançar na mesma direção. Mesmo que, no caso do O Boticário, as direções sejam tão diversas.