terça-feira, 14 de março de 2017

Vinci, Zurich e Fraport fazem ofertas para leilão de aeroportos

Fontes afirmaram que o leilão dos aeroportos de Salvador, Fortaleza, Porto Alegre e Florianópolis não deve contar com grupos nacionais interessados




Rio de Janeiro – O leilão dos aeroportos de Salvador, Fortaleza, Porto Alegre e Florianópolis marcado para quinta-feira será disputado por ao menos três grupos europeus que entregaram suas ofertas na véspera, informaram duas fontes do governo com conhecimento do assunto.

A francesa Vinci Airports, a suíça Zurich e a alemã Fraport entregaram documentação para a disputa pelos terminais, que não deve contar com grupos nacionais interessados, afirmaram as fontes sob condição de anonimato.

Segundo os interlocutores, há ainda dúvidas se um quarto grupo, a alemã AviAlliance vai mesmo participar do leilão. Representantes da companhia estiveram na BM&FBovespa na segunda-feira para entregar oferta.

“O fato é que haverá disputa”, disse uma das fontes.

O leilão marcará o primeiro teste importante do interesse de investidores de longo prazo no Brasil do governo do presidente Michel Temer e acontece em meio a dificuldades financeiras de grandes empreiteiras nacionais envolvidas na operação Lava Jato e que anteriormente chegaram a vencer disputas por grandes terminais do país, como o do Galeão, no Rio de Janeiro.

Segundo os termos dos editais, o pagamento inicial das outorgas dos quatro terminais (25 por cento à vista sem considerar o ágio) será de 754 milhões de reais, e o valor estimado a ser arrecadado com o pagamento das contribuições fixas anuais, ao longo da concessão, será de 3,01 bilhões.

Os concessionários também deverão pagar anualmente a contribuição variável de 5 por cento das receitas obtidas em cada aeroporto, com arrecadação prevista de 2,451 bilhões de reais. Os investimentos são estimados em 6,613 bilhões.

“Isso é bom para não acontecer o que houve na última rodada: grandes ágios, mas aeroportos em má situação financeira”, disse uma das fontes, referindo-se às concessões dos aeroportos do Galeão e de Confins (MG).

Em novembro de 2013, consórcio formado pela Odebrecht e a operadora de aeroportos Changi, de Cingapura, obteve a concessão do aeroporto do Galeão, ofertando cerca de 19 bilhões de reais, quase quatro vezes acima que o lance mínimo definido pelo governo.

Já o aeroporto de Confins (MG), na região metropolitana de Belo Horizonte, foi arrematado pelo consórcio liderado pela CCR, com lance final de 1,82 bilhão de reais, ágio de 66 por cento.

Sobre a disputa pelos terminais que vão a leilão na quinta-feira, a segunda fonte afirmou que aposta em mais interesse em Fortaleza. “Por ser mais perto da Europa, vai ter mais concorrência que os demais. Tem mais demanda”, disse a fonte.

A oferta inicial no leilão deverá ser de 31 milhões de reais para o aeroporto de Porto Alegre, de 310 milhões para Salvador, de 53 milhões para Florianópolis e de 360 milhões para Fortaleza.

A concessão de Porto Alegre será de 25 anos (prorrogável por mais cinco anos), e os demais serão de 30 anos (prorrogáveis por mais cinco anos).

Entre os principais investimentos que deverão ser realizados pelos futuros operadores estão a ampliação dos terminais de passageiros (exceto o de Florianópolis, que terá um novo terminal), dos pátios de aeronaves e das pistas de pouso e decolagem.

Também estão previstos o aumento do número de pontes de embarque, ampliação dos estacionamentos de veículos.

No final de 2016, segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), os quatro terminais respondiam por 11,6 por cento dos passageiros, 12,6 por cento das cargas e 8,6 por cento das aeronaves do tráfego aéreo brasileiro.

Na véspera, uma das maiores empresas de concessões logísticas do Brasil, CCR, afirmou que deixou de participar do leilão por entender que as premissas usadas pelo governo para a modelagem dos editais não permitem a viabilidade dos projetos. Segundo o diretor de novos negócios da CCR, Leonardo Vianna, o principal motivo para a empresa ter ficado de fora do leilão dos terminais de Salvador, Porto Alegre, Fortaleza e Florianópolis foi “o problema da demanda”.

“Na hora que a gente simula a demanda (de passageiros) projetada com os estudos apresentados pelo governo a defasagem é muito grande”, disse Vianna, acrescentando que no caso de Salvador a diferença chegava a cerca de 20 por cento.



Lula diz que é “vítima quase de um massacre”

 

"O senhor não sabe como é acordar todos os dias com medo de a imprensa estar na porta da sua casa achando que você vai ser preso", afirmou o petista

 




O ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva relatou nesta terça-feira, 14, em depoimento à Justiça Federal, a pressão causada pelo assédio da imprensa diante da possibilidade de sua prisão.

“O senhor não sabe como é acordar todos os dias com medo de a imprensa estar na porta da sua casa achando que você vai ser preso”, afirmou o petista ao juiz federal Ricardo Augusto Soares Leite, da 10ª Vara Federal.

O interrogatório de Lula começou por volta das 10h10. Esta é a primeira vez que o ex-presidente é questionado em juízo como réu em ação penal relacionada à Operação Lava Jato. O petista é acusado de ser o mandante da tentativa de compra do silêncio do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró.

Segundo Lula, todos os dias são publicadas notícias de que ele será citado em novas delações premiadas, o que gera apreensão. “Nos últimos anos tenho sido vítima quase de um massacre”, lamentou.

Veja o vídeo completo com o depoimento do ex-presidente:

https://www.youtube.com/watch?v=3Rv4CiTaNgM



segunda-feira, 13 de março de 2017

O verdadeiro legado de Lula – Editorial O Estado de S.Paulo Política



No mesmo dia em que tomou conhecimento do escabroso volume de dinheiro sujo usado pela Odebrecht para, no dizer do ministro Herman Benjamin, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), “apropriar-se do poder público”, o País foi apresentado ao resultado negativo do Produto Interno Bruto (PIB) de 2016. Poderiam ser dois dados estanques que apenas por uma infeliz coincidência vieram à luz ao mesmo tempo. Mas não são. Está-se diante do mais eloquente painel do desastre que representou o governo do ex-presidente Lula da Silva, um tétrico quadro dos males infligidos aos brasileiros pelo lulopetismo.
 
É este o verdadeiro legado de Lula – a pior recessão econômica desde 1948, quando o PIB passou a ser calculado pelo IBGE, e uma rede de corrupção sem precedentes, cuja voracidade por dinheiro público parece não ter deixado incólume sequer uma fresta do Estado Democrático de Direito.

Em depoimento prestado ao TSE no processo que apura o abuso de poder econômico da chapa Dilma-Temer na última eleição presidencial, Hilberto Mascarenhas Filho, ex-executivo da Odebrecht, afirmou que entre 2006 e 2014 a empreiteira destinou US$ 3,4 bilhões – mais de R$ 10 bilhões – para o financiamento de campanhas eleitorais por meio de caixa 2 e para o pagamento de propinas, no Brasil e no exterior, como contrapartida ao favorecimento dos negócios da empresa por agentes públicos.

Igualmente grave foi a divulgação da queda de 3,6% do Produto Interno Bruto no ano passado, embora este resultado já fosse previsto pelo mercado. Em 2015, a retração da atividade econômica havia sido ainda mais expressiva – 3,8% –, de modo que os dois últimos anos representaram um encolhimento de 7,2% da economia brasileira. Considerando o crescimento da população no período, em média, os brasileiros ficaram 11% mais pobres no último biênio.

Alguns analistas atribuem parte da responsabilidade pelo resultado negativo de 2016 ao presidente Michel Temer, tendo-se em vista que em maio do ano passado ele assumiu o governo após a aceitação, pelo Senado, da abertura do processo de impeachment contra a ex-presidente Dilma Rousseff. É caso de desinformação, uma absoluta ignorância da dimensão do dano causado às contas públicas por seus antecessores, ou simplesmente malícia. Aqueles que não deixam a catarata ideológica obnubilar a clareza dos números não têm maiores dificuldades em responsabilizar os que, de fato, devem ser responsabilizados. A profunda crise econômica por que passa o País é resultado direto da mais nociva combinação de atributos que pode se esperar em um governante: inépcia e má-fé.

Lula é corresponsável pelos crimes cometidos por Dilma Rousseff, que, com justiça, lhe custaram o cargo. Mais do que uma escolha, Dilma foi uma imposição de Lula ao PT como a candidata do partido nas eleições de 2010. Jactava-se Lula de ser capaz de “eleger até um poste”. De fato, elegeu um, que tombou deixando um rastro de destruição.

Estivesse verdadeiramente imbuído do espírito público que anima os estadistas que escrevem as melhores páginas da História, Lula poderia ter conduzido o País na direção daquilo que por muito tempo não passou de sonho. Nenhum governante antes dele reuniu apoio popular, apoio congressual – hoje se sabe a que preço –, habilidade política e uma conjuntura internacional favorável, tanto do ponto de vista macroeconômico como pessoal. O simbolismo de sua ascensão ao poder era, a priori, um fator de boa vontade e simpatia. Todavia, apresentado aos caminhos históricos que poderia trilhar, Lula optou pelo próprio amesquinhamento, para garantir para si, sua família e apaniguados uma vida materialmente confortável.

Cada vez mais enredado na teia da Operação Lava Jato, Lula apressa-se em lançar sua candidatura à Presidência em 2018. Como lhe falta a substância da defesa jurídica bem fundamentada – tão fortes são os indícios de crimes cometidos por ele apurados até aqui –, resta-lhe o discurso político como derradeiro recurso.

Se condenado em segunda instância, Lula ficará inelegível pela Lei da Ficha Limpa. Mas se o tempo da Justiça não for o tempo da próxima eleição, que a retidão dos brasileiros genuinamente comprometidos com a construção de um País melhor seja implacável no julgamento das urnas.

 (O Estado de S.Paulo, 13/3/17)

Açúcar: Cumprindo a profecia – Por Arnaldo Luiz Corrêa

Açúcar: Cumprindo a profecia – Por Arnaldo Luiz Corrêa


O contrato futuro de açúcar em NY fechou a sexta-feira negociado a 18.28 centavos de dólar por libra-peso para o vencimento maio/2017, uma queda de 124 pontos (28 dólares por tonelada) em comparação ao fechamento da semana anterior depois de ter beliscado a mínima de 17.96 centavos de dólar por libra-peso, o nível de negociação mais baixo desde dezembro passado.

Quem nos acompanha constatou que NY acabou buscando o nível de preço que prevíramos aqui havia algumas semanas. Cumpriu-se a nossa profecia. Brincadeiras à parte, insistentemente batemos na tecla acerca da dissociação entre a perspectiva exageradamente altista alimentada pela enorme posição comprada dos fundos e a realidade nua e crua dos descontos negociados no mercado físico. E, insistimos também, que as usinas devessem fixar seus preços em reais por tonelada, pois eles não estariam disponíveis por muito tempo. O que nos surpreende é a velocidade com a qual o mercado mergulhou de cabeça abaixo dos 18 centavos de dólar por libra-peso. Desde o pico de 23.90 centavos de dólar por libra-peso negociado em outubro passado, o mercado despencou 25%.

Depois desse tombo, olhando o histórico de preços dos últimos anos e a sazonalidade do açúcar, é difícil não aceitar o fato de que veremos preços ainda mais baixos em centavos de dólar por libra-peso de abril a junho deste ano. Pelo menos foi isso que aconteceu em 71% das vezes nos últimos dezessete anos. A menos que algo extraordinário aconteça: clima, quebra?

Os números, sempre de difícil digestão, que vem da Índia trazem enorme volatilidade ao mercado e assim continuarão por muito tempo. O argumento principal é a dificuldade, por parte da maioria dos traders, em acessar os números daquele país. Despejam-se dados ao vento como se fossem axiomas intocáveis e a não validação óbvia dessas previsões injeta mais volatilidade aos preços (a volatilidade das opções subiu esta semana).

Se no Centro-Sul, com apenas 80 mil fornecedores de cana, temos dificuldade de encontrar um consenso sobre o volume de cana a ser esmagado no Centro-Sul para a 2017/2018, como acreditar ser possível obter consenso do volume a ser produzido num país como a Índia, com seus 35 milhões de fornecedores (alguns acham que é mais de 50 milhões), supostamente com muito mais dificuldade de mastigar esses números? Pois é.

Quem acertou em cheio nesse mercado foram aqueles que aproveitaram os elevados preços em reais por tonelada extremamente remuneradores e não dormiram no ponto, nem leram a cartilha de ninguém. Fizeram o básico e ganharam dinheiro. Em commodities, são raríssimas as ocasiões em que se vê o preço internacional negociar acima de 50% do custo de produção da origem por um extenso período de tempo.

Em 2016, o preço médio do açúcar de exportação VHP foi de R$ 1,437 por tonelada FOB Santos.

Nos últimos doze meses apurados até o final de janeiro deste ano, o mercado esteve acima dos R$ 1,500 por tonelada em 41% dos fechamentos diários. E em 67% das vezes, acima dos R$ 1,400 por tonelada. O fechamento desta sexta apura R$ 1,319 por tonelada. É ainda um preço bem remunerador. Por isso, quando comparado com o etanol que negocia na bacia das almas, é natural que vejamos mais cana direcionada para a produção de açúcar em 2017/2018 e eventualmente uma maior pressão nos preços possa ocorrer.

Existe chance de os preços no período abril-junho atingirem 16-17 centavos de dólar por libra-peso? Absolutamente, sim. No entanto, para que isso não ocorra, alguns fatores baixistas teriam de ser eliminados tais como a safra no Centro-Sul maior do que 600 milhões de toneladas de cana, o petróleo abaixo de 50 dólares por barril, o aumento dos juros americanos que pressionam os ativos de risco. Está fácil ser altista, não é mesmo?

Comenta-se que empresas do setor acreditando que o mercado futuro de açúcar continuaria sua exuberante trajetória de alta, fizeram operações de balcão (sempre elas) estruturadas para se enforcarem logo adiante.

Coisas do tipo garantir fixação de venda a 20 centavos de dólar por libra-peso, mas caso o mercado caia para 17, fica comprado em 20 centavos de dólar por libra-peso, e outras “preciosidades”.

Mais inacreditável ainda é que essas coisas ainda continuam acontecendo. E é nessa hora, em que a água começa a baixar, que descobrimos quem estava pelado dentro da piscina. Nada contra os derivativos nem seus provedores, mas as empresas que fazem uso desse instrumento têm obrigação de conhecer os efeitos colaterais. Tomam remédio de tarja preta como se tivessem consumindo aspirina. E a história se repete. Ano passado empresas sólidas, no mercado de grãos, faturando acima de R$ 1 bilhão, se afundaram em operações mal estruturadas. Fazer derivativos sem conhecer as gregas é o mesmo que atravessar a Avenida Paulista às cinco da tarde com uma venda nos olhos.

Anote na sua agenda: o XXVIII Curso Intensivo de Futuros, Opções e Derivativos – Commodities Agrícolas (em português) da Archer Consulting, vai ocorrer dias 19 (terça), 20 (quarta) e 21 (quinta) de setembro de 2017, das 09 às 17 horas, em São Paulo-SP, no Hotel Paulista Wall Street (Arnaldo Luiz Corrêa é diretor da Archer Consulting - Assessoria em Mercados de Futuros, Opções e Derivativos Ltda.)


Walmart aposta em hipermercados e quer investir R$ 1 bi no Brasil


Walmart faz uma aposta contracíclica no mercado brasileiro e quer abrir mais megalojas, mesmo quando os clientes têm buscado lojas menores e mais baratas

 



São Paulo – Diante de vendas desanimadoras no quinto maior mercado consumidor do mundo, o Walmart está fazendo uma aposta às avessas no Brasil, com investimentos pesados para reformular suas grandes lojas de estilo americano, mesmo num momento em que os clientes cada vez mais procuram opções menores e mais baratas, segundo o jornal The Wall Street Journal.

O Walmart tem planos de gastar R$ 1 bilhão (cerca de US$ 320 milhões) ao longo de três anos para reformar seus hipermercados no Brasil, basicamente mantendo uma estratégia que vem implementando no País há duas décadas.

As vendas líquidas da rede no mercado brasileiro têm sido fracas nos últimos anos em relação às de outras operações internacionais, com queda de 4,1% no período de três meses encerrado em 31 de janeiro, ante ganhos de 8,9% no México e na América Central e de 5,4% na China.

“Desde que chegou ao Brasil, o Walmart tem tido dificuldade de se integrar ao mercado”, comentou Flávio Tayra, professor da USP especializado em varejo de produtos alimentícios. “(O Walmart) ocupa um espaço modesto aqui, em vista do potencial que possui”.

Como nos EUA, as grandes lojas do Walmart no Brasil vendem de tudo, de bananas a pneus para automóveis. Esse formato era popular entre os brasileiros no período de hiperinflação dos anos 1980 e do início de década de 1990, quando os preços subiam em ritmo estratosférico.

Assim que recebiam salários, os clientes corriam aos hipermercados para garantir seus estoques de mantimentos antes que os preços avançassem mais.

Hoje, porém, essa forma de fazer compras perdeu o apelo. O trânsito enlouquecedor das cidades em expansão torna mais difícil chegar aos supermercados. Com isso, pequenas lojas de bairro atraem um número crescente de brasileiros.

Além disso, um formato mais recente, conhecido como “atacarejo”, ganha cada vez mais popularidade. Lojas com aparência de armazéns voltadas originalmente para pequenas empresas, muitas das quais pertencem ao francês Carrefour e ao Grupo Pão de Açúcar – controlado pelo também francês Casino – vêm atraindo famílias que buscam mantimentos em grande volume e a preços menores. Desde 2015, quando o Brasil afundou na pior recessão de sua história, o atacarejo vem ganhando espaço.

Indo contra a tendência, o Walmart redobrou o foco em hipermercados, investindo em duas redes regionais – Hiper Bompreço e BIG – que foram adquiridas na primeira década do século 21. As lojas de ambas passarão a adotar o nome Walmart e serão reformuladas.

Para alguns analistas, a estratégia do Walmart é equivocada. “Focar num formato que está claramente perdendo participação de mercado e já não é mais muito atraente para os brasileiros não parece ser apropriado,” avaliou Bruna Pezzin, analista da corretora XP Investimentos.

O Walmart não revela seu desempenho financeiro no Brasil e se recusa a dizer se lucra no País. Executivos da rede americana reconhecem, porém, que o Brasil tem sido um constante ponto fraco em sua rede mundial, que é formada por cerca de 11.700 lojas. A subsidiária brasileira já trocou de executivo-chefe quatro vezes desde 2008. E no começo do ano passado, o Walmart anunciou o fechamento de 60 lojas no Brasil.


Fonte: Dow Jones Newswires.

Odebrecht e Petrobras têm, juntas, um rolo de dificílima solução


As duas empresas mais afetadas pela Lava-Jato controlam uma gigante petroquímica, a Braskem. Uma quer vender sua fatia, a outra quer participar do processo

 






São Paulo — É impressionante a lista de empresas que tiveram a reputação arrasada pela Operação Lava-Jato. A maioria seguiu mais ou menos o mesmo script depois de ser pega: assinou acordos de leniência, pagou multas, afastou os executivos investigados e anunciou que reforçaria a equipe de controles internos. A petroquímica Braskem fez tudo isso nos dois últimos anos, assim que alguns de seus executivos foram citados em delações premiadas como integrantes de um esquema de corrupção destinado a favorecer a companhia em contratos com a Petrobras e na obtenção de benefícios fiscais.

Falta, no entanto, a resolução de um problema crucial: quem vai comandar a empresa daqui para a frente? A Braskem é controlada por duas das companhias mais enroladas na Lava-Jato, a Petrobras e a Odebrecht.

 A primeira já anunciou que quer vender sua participação na petroquímica, um passo importante para ajudar a reduzir sua dívida colossal. Mas, antes, precisa negociar as condições da venda com a Odebrecht — um acordo complexo que tem motivado uma disputa entre os sócios.

A Petrobras, de acordo com executivos próximos à negociação entre os sócios, quer mudar as regras do acordo de acionistas antes de achar um comprador para sua participação na Braskem — a estatal tem 36% do capital da petroquímica, o equivalente a 9 bilhões de reais. O objetivo é dar mais poderes a quem vier a comprar sua participação, tornando o negócio mais atraente para os potenciais interessados. Hoje, a Petrobras tem uma influência limitada na gestão da Braskem: ela pode vetar decisões estratégicas — como a aquisição de uma nova empresa — e indica quatro dos 11 membros do conselho de administração.

A maioria das cadeiras do conselho e seu presidente foram escolhidos pela Odebrecht, que é também quem escolhe o presidente executivo e, assim, toca a Braskem no dia a dia. Para a Petrobras, isso limita a escolha de compradores a quem topar sentar no banco do passageiro. EXAME apurou que a Odebrecht concorda em ceder mais direitos a um novo sócio — a companhia contratou a consultoria EY para fazer uma reestruturação interna e transformar o grupo num investidor, em vez de ser gestor das empresas em que investe.

Mas quer discutir os novos termos ao mesmo tempo que trata da renovação do contrato de fornecimento de nafta pela Petrobras (a nafta é um derivado do petróleo e a principal matéria-prima da cadeia petroquímica no Brasil). O contrato atual vence em 2018 e, na avaliação da Odebrecht, ninguém vai se interessar em comprar uma participação relevante na Braskem sem saber quais serão as condições de longo prazo para o fornecimento de nafta depois que a Petrobras deixar o bloco de controle. Além disso, a Odebrecht quer discutir os dois pontos com os interessados em comprar a fatia da Petrobras, e não apenas com a estatal. Já a Petrobras sinaliza que quer se concentrar em vender quanto antes sua participação na Braskem e deixar para discutir o novo contrato mais tarde.

Desconto na bolsa

 

Enquanto não chegam a um acordo, os sócios seguem buscando um comprador para a parte da Petrobras. O que pode ajudar a atrair interessados é o fato de a Braskem ser negociada na Bovespa com um desconto médio de 45% em relação ao valor de mercado de suas principais concorrentes internacionais, entre elas Dow, Basf, Sumitomo, Alpex e Lanxess, segundo cálculos dos analistas do Bank of America. Em parte, o desconto se deve à recessão brasileira e ao fato de concorrentes na América do Norte terem acesso a matérias-primas mais baratas vindas da indústria de gás de xisto. Mas, para Fernando Musa, presidente da Braskem, o desconto pode diminuir se a empresa se tornar mais eficiente.

“Há espaço para melhorar nossa logística e nossos processos”, diz ele, que assumiu o comando da petroquímica em maio, depois de uma carreira de seis anos na empresa (ele era responsável pelas operações da empresa nos Estados Unidos e na Europa). “Outra frente que pode valorizar as ações é nosso projeto de expansão, via aquisições e construções de fábricas aqui e no exterior.” Uma dessas fábricas é uma unidade de produção de polipropileno, que a empresa já anunciou que pretende construir no estado americano do Texas. “Obviamente, se houver uma mudança no controle, o novo acionista virá com sua visão e expectativas de negócio e nós vamos ter de incorporá-las. Mas, enquanto isso não acontece, seguimos na mesma estratégia”, diz Musa.

Quem tem 9 bilhões de reais na manga para comprar uma participação minoritária da Braskem? Banqueiros e executivos do setor de petróleo apostam em petroquímicas e fundos soberanos do Oriente Médio. No caso dos fundos, o objetivo seria pagar barato para fazer um investimento que pode trazer bons retornos no longo prazo. A Braskem reduziu o risco de ter problemas em suas operações no exterior ao fazer um acordo de leniência e outro com autoridades no Brasil, nos Estados Unidos e na Suíça, em que se comprometeu a pagar uma multa de 3,1 bilhões de reais. Parte desses recursos pode, inclusive, ir para a Petrobras se o Ministério Público assim decidir.

Outra vantagem para os possíveis interessados é o fato de a empresa distribuir dividendos generosos aos acionistas — em 2016, foram 2 bilhões de reais. Para as grandes petroquímicas do Oriente Médio, que não têm presença na América Latina, uma sociedade com a Braskem pode ser uma porta de entrada para esse mercado. No caso de uma empresa que já atue na região, poderá haver uma sobreposição de negócios e a necessidade de tomar medidas para adequar a operação para não ter de concorrer com ela mesma se virar sócia da Braskem. A Braskem é a maior petroquímica da América Latina e passou a ter 70% do mercado brasileiro. Odebrecht e Petrobras não deram entrevista.

Na parte operacional, os resultados da Braskem foram um alívio. As receitas cresceram e a produção de petroquímicos básicos chegou a 8,5 milhões de toneladas em 2016, um recorde. A geração de caixa aumentou 23%, para 11,5 bilhões de reais, outro recorde. A empresa teve prejuízo de 768 milhões de reais em razão da multa de 3,1 bilhões de reais. Metade do valor da multa foi paga em 2016 e o restante será parcelado em seis anos, mas a quantia foi integralmente provisionada no balanço do ano passado (sem essa provisão, a companhia teria tido lucro de 2,3 bilhões de reais).

Com o bom desempenho, as ações subiram. A alta foi de 190% desde que a empresa foi citada nas delações da Lava-Jato no início de 2015 — no mesmo período, o Ibovespa subiu 36%. São indícios de que, se seus donos saírem do enrosco em que se meteram, a Braskem poderá funcionar como uma empresa normal — e que consiga dar retorno a seus milhares de acionistas.

Um Facebook de LEDs garante economia na Klabin





O sistema, desenvolvido no Sul, pode promover ganhos de eficiência energética de até 80%
 Um Facebook de LEDs garante economia na Klabin


Por Marcos Graciani
graciani@amanha.com.br

A bilionária planta da Klabin (foto) inaugurada no final de junho de 2016, em Ortigueira (PR), tem tecnologia de ponta não apenas no chão de fábrica. A unidade, que recebeu investimento de R$ 8,5 bilhões, conta com um sistema de gestão inteligente de iluminação, que desbancou ninguém menos que a holandesa Philips. A concorrência foi vencida pela HDA, de Nova Petrópolis (RS), que utilizou o software criado pela Micromos, de Porto Alegre.

O projeto, que foi financiado pelo fundo Tecnova RS, utiliza a comunicação entre as lâmpadas através de uma rede wi-fi. “É como se fosse um Facebook de LEDs”, compara Willyan Hasenkamp, professor da Escola Politécnica da Unisinos e um dos sócios da Micromos. “Cada luminária tem seu grupo de amigas em um determinado raio de distância. Uma delas pode “postar na sua página”, por assim dizer, que o sol se pôs totalmente – informação que será lida pelas demais, e estas se acenderão”, explica.

O sistema, que já está operando integralmente desde o final de outubro, pode promover ganhos de eficiência energética de até 80% e reduzir os custos de manutenção em cerca de 40% na unidade paranaense. Outra vantagem do software, em processo de patente, é sua expansão para outros segmentos de negócios, como o agrícola. “Ele poderá medir o índice de umidade ou de nutrientes do solo, ou mesmo o volume de chuva. Tudo com respostas em tempo real”, prevê Hasenkamp.


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