segunda-feira, 20 de março de 2017

UE suspenderá empresas envolvidas no escândalo de carne no Brasil


Decisão é reflexo de uma investigação da PF que apontou fraudes na fiscalização sanitária, com pagamento de propina para emissão de certificados

 




Bruxelas – A Comissão Europeia disse nesta segunda-feira que está monitorando as importações de carne do Brasil e que todas as empresas envolvidas em um escândalo de carne terão acesso negado ao mercado da União Europeia.

A Polícia Federal lançou na sexta-feira uma operação para desarticular uma organização criminosa envolvendo fiscais agropecuários e cerca de 40 empresas, incluindo as gigantes BRF e JBS.

A investigação apontou fraudes na fiscalização sanitária em diversos frigoríficos. Em alguns casos, houve pagamento de propina para liberação de mercadorias adulteradas e estragadas.

“A Comissão garantirá que quaisquer dos estabelecimentos implicados na fraude sejam suspensos de exportar para a UE”, disse um porta-voz da Comissão Europeia em coletiva de imprensa regular.

A Comissão acrescentou que o escândalo da carne não terá qualquer impacto nas negociações em curso entre a União Europeia e o Mercosul, no qual os dois lados esperam chegar a acordos sobre livre comércio.


Carne Fraca: BRF cai na Bolsa com suspensão de importações


A União Europeia e a Coreia do Sul afirmaram que empresas que estão envolvidas na Operação Carne Fraca terão importações suspensas




São Paulo – As ações da BRF caíam nesta segunda-feira (20) na Bolsa com o mercado repercutindo as notícias de que a União Europeia, o Ministério da Agricultura da Coreia do Sul, a China e o Chile irão suspender temporariamente a venda de carne e frango do Brasil.

Por volta das 12h, os papéis ordinários da BRF recuavam quase 2%, cotados na casa dos 36 reais. Já as ações da JBS começaram o dia em queda de mais de 9%, mas foram ganhando fôlego e viraram para alta. Também por volta das 12h, os papéis subiam 1,6%, negociados a 10,89 reais.

A Comissão Europeia afirmou que está monitorando as vendas de carne de todas as empresas envolvidas na Operação Carne Fraca, deflagrada na última sexta-feira, pela Polícia Federal. Disse ainda que as importações serão suspensas.

“A Comissão garantirá que quaisquer dos estabelecimentos implicados na fraude sejam suspensos de exportar para a UE”, disse um porta-voz da Comissão Europeia em coletiva de imprensa regular. Operação Carne Fraca: os frigoríficos e empresas citados pela PF

Já o Ministério da Agricultura da Coreia do Sul afirmou que irá banir especificamente os produtos da BRF e que intensificará a fiscalização de carne de frango importada do Brasil, exigindo que os fornecedores enviem um certificado de saúde emitido pelo governo brasileiro.

A China informou que os embarques de carnes programados para lá foram suspensos pelo período de uma semana. O Chile informou que irá barrar temporariamente os produtos brasileiros, mas não especificou a duração da sanção.


Na Bolsa


As ações da BRF e da JBS foram fortemente impactadas na Bolsa com a Operação Carne Fraca. Na sexta-feira, as ações da BRF fecharam em queda de 7,25%, enquanto a JBS fechou em baixa de 10,58%.

A dona da Friboi perdeu 3,456 bilhões de reais em valor de mercado em um único dia. A BRF ficou 2,31 bilhões de reais menos valiosa.


Esclarecimentos


No sábado, a BRF divulgou uma nota com esclarecimentos sobre a operação da Polícia Federal.

A empresa explicou que a produção de carne de frango e peru na cidade goiana de Mineiros, fechada pelo Ministério da Agricultura após a operação, responde por menos de 5% o da produção da companhia. Ressaltou que a fábrica interditada tem três certificações internacionais e “está habilitada para exportar para os mais exigentes mercados do mundo.”

A BRF negou que há papelão em seus produtos. Disse que houve um grande mal entendido na interpretação do áudio capturado pela Polícia Federal, já que o funcionário estava se referindo às embalagens do produto e não ao seu conteúdo.

Em relação as acusações de corrupções, disse que não compactua com práticas ilícitas e refuta categoricamente qualquer insinuação em contrário.

“Ao ser informada da operação da PF, a companhia tomou imediatamente as medidas necessárias para a apuração dos fatos. Essa apuração será realizada de maneira independente e caso seja verificado qualquer ato incompatível com a legislação vigente, a BRF tomará as medidas cabíveis e com o rigor necessário. A BRF não tolera qualquer desvio de seu manual da transparência e da legislação brasileira e dos países em que atua.”

Por fim, negou que comercializou “carne podre” e explicou que as menções a produtos fora de especificação, no âmbito da operação Carne Fraca, dizem respeito a outras empresas.


O que diz a JBS


A JBS também se posicionou afirmando que não tolera qualquer desvio de qualidade nos seus processos industriais.

Em comunicado divulgado ressaltou que as fábrica são anualmente auditadas por missões sanitárias internacionais e por clientes. Disse ainda que no despacho da Justiça Federal não há qualquer menção a irregularidades sanitárias ou à qualidade dos produtos da JBS e de suas marcas.

“Os lamentáveis casos citados na imprensa sobre produtos adulterados não envolvem nenhuma das marcas da JBS. Nenhuma planta da JBS foi interditada pelas autoridades.”


sexta-feira, 17 de março de 2017

O que a imprensa internacional está falando da Carne Fraca


Veículos como o Wall Street Journal, Financial Times e El País publicaram matérias sobre a operação brasileira

 



São Paulo – A imprensa internacional repercutiu a deflagração da Operação Carne Fraca nesta sexta-feira, pela Polícia Federal, com foco no combate à corrupção de agentes públicos federais e crimes contra a saúde pública, que colocou sob os holofotes grandes empresas do setor, como a JBS e a BRF.

De acordo com o jornal argentino Clarín, com informações da AFP, a operação chamada em espanhol de “carne débil”, representa um “escândalo no Brasil” que desmantelou uma “gigante rede de carne adulterada para exportação”.

A publicação ainda destacou que as ações de grupos como JBS – dona das marcas Big Frango e Seara Alimentos – e a BRF – dona da Sadia e Perdigão, registraram fortes perdas na Bolsa de São Paulo.

O jornal catalão La Vanguardia destacou que a Polícia Federal desmantelou “uma gigantes organização criminosa que envolvia várias das maiores produtoras de carnes do país, que subornava agentes sanitários para poder vender carne adulterada, imprópria para o consumo e até vencida”.

A matéria do Wall Street Journal sobre a operação repercutiu a informação de que ao menos um executivo da JBS é alvo da investigação e que 1.100 policiais de sete estados brasileiros trabalham na ação.

O Financial Times destacou que as principais empresas do setor de carne do Brasil “mergulharam em uma massiva investigação de fraude”.

“As ações das principais empresas do setor no Brasil, incluindo a maior companhia de proteína do mundo, a JBS, baseada em São Paulo, despencaram após a polícia anunciar uma investigação de corrupção contra as empresas”, segundo matéria do FT.

O jornal britânico ainda repercutiu que autoridades do ministério de Agricultura e Pesca em três estados brasileiros teriam agido para proteger os grupos e seus parceiros comerciais.

O espanhol El Pais, em sua versão em português, destacou a informação de que o atual ministro da Justiça, Osmar Serraglio, foi citado em uma conversa grampeada pelas autoridades da operação.

“A notícia de que mais um ministro de Michel Temer se vê envolvido em um escândalo de corrupção pode complicar a estratégia do Planalto de não falar sobre os aliados implicados em investigações”, segundo a publicação.

Multinacional é condenada em caso trabalhista mesmo sem ser parte da ação


Resultado de imagem para fotos de advogados no forum trabalhista



Mesmo sem ser parte no processo, uma multinacional do ramo de eletrônicos foi obrigada pela Justiça a manter pagamentos de um contrato de aluguel de galpões, em Manaus, para que os débitos de ações trabalhistas contra a companhia de locação fossem quitados.

O caso foi julgado pela Subseção II Especializada em Dissídios Individuais (SDI-2), do Tribunal Superior do Trabalho, que negou provimento a recurso ordinário em mandado de segurança da multinacional e manteve o bloqueio de R$ 3,4 milhões de suas contas.

A multinacional sustentou que o ato do juízo da 3ª Vara do Trabalho de Manaus que determinou o bloqueio integral dos valores referentes ao pagamento dos aluguéis violou direito líquido e certo, uma vez que não é parte na ação trabalhista ajuizada pelo Sindicato dos Metalúrgicos de Manaus (AM) contra a empresa nacional.

A ministra Delaíde Miranda Arantes, relatora do recurso, no entanto, manteve a decisão, observando que o mandado de segurança foi impetrado fora do prazo de 120 dias, previsto no artigo 23 da Lei do Mandado de Segurança (Lei 12.016/2009). A ministra assinalou também que, nos termos do artigo 5ª da mesma lei, não se concede mandado de segurança contra decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo (no caso, embargos de terceiro e agravo de petição)

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Mandado de Segurança


O Sindicato dos Metalúrgicos ajuizou reclamação trabalhista contra a empresa nacional requerendo o pagamento de salários atrasados e a quitação das verbas rescisórias de diversos trabalhadores. O juízo da 3ª Vara do Trabalho de Manaus proferiu sentença favorável aos empregados e determinou a execução de mais de R$ 18,5 milhões de reais da empresa.

A multinacional, que não é parte na ação trabalhista, mas mantinha contrato de locação com a empresa local, foi notificada para fazer mensalmente o depósito judicial dos aluguéis, estimado em R$ 200 mil por mês, para a quitação dos débitos trabalhistas da locadora.

A fabricante de eletroeletrônicos chegou a efetuar o depósito por cinco meses, mas cessou os pagamentos informando que o contrato de aluguel se encerraria. Uma das trabalhadoras, porém, informou ao juízo que as empresas renovaram informalmente o contrato, omitindo esse fato do Poder Judiciário.

O juízo, então, ao analisar as provas apresentadas, concluiu que a multinacional continuou usando as instalações da empresa local e determinou o bloqueio integral de R$ 3,4 milhões, referente aos aluguéis que deixaram de ser depositados judicialmente.

Com o bloqueio de suas contas, a multinacional impetrou mandado de segurança no Tribunal Regional do Trabalho da 11ª Região (AM), que não acolheu o pedido por considerar que a multinacional, mesmo sem fazer parte da ação originária, descumpriu ordem judicial.

Com informações da Assessoria de Imprensa do TST. 

 http://www.conjur.com.br/2017-mar-14/multinacional-condenada-mesmo-parte-acao-trabalhista
Processo 250-51.2013.5.11.0000

Distribuidores da Brasil Kirin dizem temer aquisição da Heineken


Para a Federação Brasileira das Associações dos Distribuidores Brasil Kirin, a transação pode colocar sua atividade em risco

 






São Paulo – Além dos concorrentes Ambev e Grupo Petrópolis, a Federação Brasileira das Associações dos Distribuidores Brasil Kirin, (Febradisk) enviou ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) pedido para ingressar como interessada no processo de aquisição da Brasil Kirin pela Heineken.

Os distribuidores dizem temer que a transação coloque sua atividade em risco.

A Febradisk afirma que os contratos com a Brasil Kirin obrigavam a exclusividade e citam análises avaliando que o novo controlador poderia dispensar a rede de distribuição.

“A exclusividade gerou uma especialização por parte dos distribuidores nesse mercado, evidenciando as dificuldades que estes distribuidores exclusivos enfrentarão para se restabelecerem economicamente após a operação caso não sejam estabelecidas salvaguardas”, conclui o documento da Febradisk.


Fiat pode ser negociada por fabricante chinesa GAC


Fontes italianas e brasileiras sugerem que a negociação já está em curso, incluindo visitas de delegações ao país


Notícias que chegam de diferentes lugares dão conta de que a FCA (Fiat Chryslers Automobiles, conglomerado que inclui as marcas Fiat, Chrysler, Jeep, Dodge, Alfa Romeo, Lancia e Iveco, entre outras) estaria negociando suas operações com a fabricante chinesa GAC (Guangzhou Automotive Group China).

A primeira informação nesse sentido surgiu em maio do ano passado, quando o jornal italiano Il Giornale de Milão, afirmou que o grupo chinês teria planos de fazer uma oferta pelo controle da empresa ítalo-americana. A GAC já é sócia da FCA, produzindo os modelos Jeep Cherokee e Renegade, na China. E, segundo o jornal, a GAC teria interesse em estreitar os laços com a parceira ocidental.

No Brasil, o assunto esquentou esta semana em razão de informações que chegaram à redação de Quatro Rodas vindas de diferentes fontes.

“Há dez dias, uma delegação de chineses está visitando a fábrica, andando pelos departamentos e participando de reuniões”, disse um funcionário que não quer se identificar.

“Terceirizados foram informados que os contratos existentes serão cancelados e renegociados com os chineses que compraram parte da fábrica”, afirmou o empregado de um fornecedor. As fontes não conseguem confirmar se as negociações seriam de compra, fusão ou parceria e nem se isso ocorreria a nível mundial ou regional.

Oficialmente, o diretor de comunicação da FCA, Marco Antônio Lage afirma que a empresa no Brasil desconhece qualquer movimentação nesse sentido e que nega que exista alguma delegação chinesa visitando a fábrica de Betim. Segundo ele, “esse tipo de negociação, se houvesse, seria tratado com todo sigilo nos níveis mais altos do Grupo, na Europa”.

Para o diretor da consultoria KMPG, Ricardo Bacellar, esse tipo de notícias será cada vez mais comum, pois atualmente a indústria automobilística passa por um processo de busca de sinergias, assim como já ocorreu com os bancos, nos anos de 1990, e com as empresas de telefonia, nos 2000, no Brasil.

O SUV GS4, um dos lançamentos recentes da GAC Motors
O SUV GS4, um dos lançamentos recentes da GAC Motors (Reprodução/Internet) (Reprodução da web)


No caso particular da indústria automobilística, ele lembra que recentemente houve a compra da Opel pela PSA e que a própria FCA é fruto da união da Fiat com a Chrysler.

De acordo com Bacellar, as empresas procuram parcerias por diferentes razões: seja para ganhar eficiência operacional com a expansão dos volumes produzidos; pelo aumento da eficiência financeira com a racionalização de departamentos como o de RH; o crescimento do poder de negociação do departamento de compras; e para entrar em novos mercados ampliando penetração dos produtos em novas regiões.

No caso específico da FCA e dos chineses, um casamento poderia gerar bons frutos para as duas partes uma vez que a FCA poderia aumentar sua presença no mercado chinês (o maior do mundo), enquanto a GAC entraria no Brasil, um mercado que, apesar da crise, ainda é considerado um dos mais relevantes do planeta.

A FCA também é uma oportunidade para os chineses ganharem uma porte de entrada para os Estados Unidos, o segundo maior mercado depois da China. Se essa união vai acontecer, só o tempo vai dizer. Mas como diz o ditado popular, onde há fumaça há fogo. A espera pode ser breve.[

Este conteúdo foi originalmente publicado no site da Quatro Rodas.

Alvo da Carne Fraca lavava dinheiro em franquia do Subway, diz PF

 

Chefe da regional de Londrina recebia propina para ajudar as empresas fiscalizadas e, segundo a PF, usava franquia do Subway para lavar dinheiro

 

Copo do Subway


São Paulo – Juarez José de Santana é chefe da Unidade Técnica Regional de Agricultura de Londrina, no Paraná, e alvo de mandado de prisão preventiva na operação Carne Fraca, da Polícia Federal.

Segundo o relatório da da PF, Juarez é dono de uma franquia do Subway, que está em nome de familiares e é usada para lavar dinheiro do esquema de corrupção.

EXAME.com entrou em contato com o Subway e aguarda resposta da empresa.
Formalmente, a franquia está em nome das filhas de Juarez, mas, segundo a PF, uma delas mora em São Paulo e a outra, em Guiné-Bissau.

A PF acusa Juarez de chefiar uma organização criminosa instalada na Regional de Londrina. Os grampos telefônicos registram que ele marcou encontros, organizou a coleta de propinas e solicitou produtos alimentícios e armazenamento às empresas.

Em ligações interceptadas, Juarez combina encontros com outros denunciados na própria franquia, para, segundo a PF, tratar de propinas e assuntos ilegais longe dos escritórios do governo.

A Polícia Federal também afirma que ele supervisionou a redação da defesa de uma empresa autuada por irregularidades sanitárias.

Operação Carne Fraca

 

A maior operação da Polícia Federal foi deflagrada hoje para investigar fraudes em regionais do Ministério da Agricultura.

Mais de 1.100 policiais foram mobilizados em seis estados (Paraná, São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Goiás) e no Distrito Federal.

Segundo a PF, as empresas investigadas (entre elas, a BRF e a JBS) usavam carnes podres com ácido ascórbico para disfarçar o gosto, frango com papelão, pedaçoes de cabeça no recheio de linguiças e reembalavam produtos vencidos.