quarta-feira, 29 de março de 2017

Eletrobras pagará R$434 mi a ações preferenciais A e B


A estatal fechou 2016 com lucro líquido de 3,4 bilhões de reais, no primeiro ano sem prejuízos desde 2011

 



São Paulo – A estatal Eletrobras pagará uma remuneração mínima estatutária de 434 milhões de reais aos detentores de ações preferenciais da companhia das classes “A” e “B” referente aos resultados de 2016, segundo apresentação da companhia nesta quarta-feira.

A estatal fechou 2016 com lucro líquido de 3,4 bilhões de reais, no primeiro ano sem prejuízos desde 2011.

Como este mercadinho virou uma das maiores redes do país


Em 20 anos, um filho de lavradores transformou um mercadinho de Belo Horizonte — o BH — numa das maiores redes de varejo do país

 





São Paulo — As crises econômicas atingem as empresas de forma diferente. As companhias muito endividadas costumam se enrolar ainda mais; algumas conseguem mudar rapidamente para se adaptar ao novo cenário e perder menos dinheiro; e existem as que crescem ocupando o espaço de concorrentes que faliram. A recessão atual no Brasil tem um pouco de tudo isso. Mas é bem mais raro encontrar empresas que estavam indo bem antes da crise e continuam apresentando bons resultados sem mudar praticamente nada — especialmente no combalido setor varejista.

É por isso que uma rede mineira de supermercados, o BH, vem chamando tanta atenção de concorrentes e investidores. Fundado em 1996 por Pedro Oliveira, um ex-carregador de caixas em supermercados de Belo Horizonte, o BH fatura 5 bilhões de reais, tem 16 000 funcionários e 172 lojas. O plano, agora, é comprar o principal competidor no estado, a rede DMA, e tornar-se a quinta maior rede nacional, logo depois dos chilenos do Cencosud (hoje, o BH ocupa a sétima posição). “Se vem alguém falar de crise, eu peço para sair da sala”, diz seu Pedro, como é chamado pelos funcionários.

Dezenas de redes regionais de supermercados surgidas nas últimas décadas no Brasil se tornaram empresas relevantes do varejo brasileiro. É o caso do Zaffari, quinta maior rede nacional, e do grupo Irmãos Muffato, do Paraná, que é a sexta. Muitas acabaram sendo compradas — caso do Bompreço, no Nordeste, que foi adquirido pelo americano Walmart em 2010, e do Sendas, no Rio de Janeiro, comprado pelo Pão de Açúcar em 2011. O modelo de negócios do BH, porém, é diferente dos demais.

Como surgiu bem depois dos concorrentes — grande parte dos varejistas nacionais tem mais de 40 anos — e após a chegada ao país da maioria dos grupos estrangeiros, o BH decidiu crescer pelas beiradas, abrindo lojas onde havia poucos competidores. Escolheu como alvo a periferia de Belo Horizonte e, em seguida, pequenas cidades no interior de Minas Gerais — sempre vendendo produtos de marcas mais baratas. 

Assim, foi beneficiado pelo aumento do poder aquisitivo das classes C e D de 1996 para cá.

Nesses locais, a competição é com pequenos mercadinhos, e a vantagem do BH é ter escala para negociar melhor com os fornecedores. Além disso, as lojas são espaçosas e iluminadas, ao contrário do que acontece na maioria dos mercadinhos. “A presença em locais com poucos concorrentes permitiu criar um vínculo com o público. O BH faz mudanças em suas lojas para se adequar melhor ao perfil de cada região”, afirma Claudio Felisoni, diretor do Ibevar, instituto especializado em varejo.

Mais recentemente, a crise acabou dando uma ajudinha. Consumidores espremidos pelo aumento da inflação  e do desemprego passaram a comprar nos atacarejos, como são chamadas as lojas que vendem produtos em grandes quantidades por preços baixos no varejo. Por ser uma rede popular, o BH compete com os atacarejos. “Alguns produtos podem ser mais caros no BH em comparação com as grandes redes, mas ele atrai os consumidores pela comodidade, já que há mais lojas nos bairros menos atendidos”, diz Flávio Boan, sócio da consultoria Falconi. Além disso, não é preciso comprar 10 quilos de açúcar ou 50 rolos de papel higiênico para conseguir preços melhores do que nos supermercados (como acontece nos atacarejos).

Ao detectar que mesmo consumidores de alta renda estavam comprando marcas mais baratas, a empresa vai abrir neste ano sua primeira loja num bairro nobre de Belo Horizonte. Além disso, comprou a rede Atacarejo (antiga ViaBrasil) por 78 milhões de reais e transformou suas lojas em filiais de varejo tradicional. 

O faturamento do BH aumentou, em média, 22% ao ano de 2011 a 2015 (último dado disponível), enquanto o setor cresceu 10%. Além disso, de acordo com o fundador, a empresa não tem dívidas e mantém cerca de 200 milhões de reais em caixa.

Filho de lavradores que moravam em Paineiras, a 250 quilômetros de Belo Horizonte, Oliveira decidiu sair de casa aos 18 anos para trabalhar em Belo Horizonte. Havia estudado até o 8o ano do ensino fundamental e, de cara, foi trabalhar em supermercados — primeiro como encarregado do depósito, depois como carregador, repositor e vendedor. Em alguns anos, virou gerente e, em seguida, supervisor de vendas do atacadista Ferreirão. Em 1996, quando tinha 40 anos e algum dinheiro guardado, ele decidiu usar as economias para abrir uma mercearia em um bairro da periferia de Santa Luzia, cidade próxima a Belo Horizonte.

Usou o lucro para ampliar a loja e, em seguida, para abrir filiais em bairros e cidades vizinhas. Em 2004, vendeu cerca de 40% da empresa para dois sócios e, com os recursos, inaugurou mais lojas e comprou mercadinhos que iam mal. “Meus amigos diziam que não ia dar certo vender na periferia e minha mulher queria que eu desistisse. Mas eu não levo em consideração o que os outros pensam”, diz Oliveira. Seus dois filhos trabalham na companhia — um como diretor comercial e outro como diretor de operações. Os gerentes são todos amigos de Oliveira e estão no BH há mais de dez anos. Todos os dias depois do almoço os amigos passam cerca de 1 hora jogando baralho em uma sala no 1o andar da sede da empresa, em Contagem.

A aposta é de 300 reais por pessoa. Aos poucos, Oliveira foi se tornando uma espécie de celebridade em Minas Gerais. Volta e meia, pega seu jatinho para comer galinha caipira na fazenda do cantor sertanejo Gustavo Lima, em João Pinheiro, a 340 quilômetros de Belo Horizonte. Torcedor fanático do Cruzeiro, já chegou até a pagar os salários atrasados dos jogadores. Mas, além do Cruzeiro, o BH patrocina o rival Atlético Mineiro e também o time de futebol de Montes Claros. “Não posso desagradar aos clientes”, diz.

O problema do BH é a baixa margem de rentabilidade. Para conseguir crescer e manter os preços baixos, a empresa lucra menos do que a maioria das grandes redes de supermercados. O indicador que mede o faturamento por metro quadrado de loja, um dos mais monitorados pelos varejistas, foi de 2% em 2015, um dos piores do setor — o índice do Zaffari, por exemplo, é de 5,7%; e o do Pão de Açúcar, 4,9% (o Walmart está pior, com 1,3%). Escala pode ajudar a resolver o problema, já que aumenta o poder de negociação com os fornecedores e ajuda a diluir os custos fixos. Por dentro do assunto: Walmart tenta rever tropeços no Brasil

Por isso, entre os planos de Oliveira está o de juntar-se a seu principal concorrente no estado, o grupo DMA, dono da marca EPA, que fatura 2,6 bilhões de reais e tem pouco mais de 100 lojas em Minas Gerais e no Espírito Santo. Ele negocia há anos com Walter Santana, que já é dono de 40% do BH e, além disso, é um dos maiores acionistas do grupo DMA. “Uma hora esse negócio sai”, diz Oliveira. Segundo o empresário, Carrefour, Walmart e fundos de private equity já tentaram comprar o BH, mas ele não quer vender (procurados, Carrefour e Walmart não deram entrevista). Também não quer sair de seu estado de origem, pelo menos por enquanto. Para o rei da periferia, Minas já é o bastante.


Elon Musk cria empresa para transferir pensamentos para máquinas


Longe da ficção científica por enquanto, companhia de bilionário da tecnologia pode ajudar a melhorar capacidade cognitiva humana

 





São Paulo – Neuralink Corp, este é o nome da nova empresa do bilionário Elon Musk, CEO da montadora Tesla e da empresa de foguetes SpaceX.
Musk tem uma meta ousada em sua nova empreitada: conectar o cérebro de seres humanos a máquinas. 

Com isso, poderíamos nos comunicar com eletrônicos sem precisar interagir com uma interface.

Esse laço neural envolve a utilização de eletrodos implantados no cérebro para que possamos transferir nossos pensamentos para um computador ou vice-versa.

Segundo reportagem do Wall Street Journal – a primeira a ligar Elon Musk com a Neuralink –, isso pode permitir que os humanos atinjam um novo nível de sofisticação cognitiva.
O bilionário já disse no passado que a fusão com máquinas é a única coisa que impediria os humanos de virar futuros escravos da inteligência artificial que está em desenvolvimento atualmente.
“Não gosto da ideia de ser um gato de estimação, mas qual é a solução? Acredito que uma das soluções seria adicionar uma camada de inteligência artificial a nós. Uma terceira camada digital que funcione bem e de maneira simbiótica”, declarou Musk.
A Neuralink ainda está em um estágio embrionário de desenvolvimento e não tem presença pública ou detalhamento do que já conseguiu realizar. A empresa foi fundada em julho de 2015 e agora ganha evidência com a reportagem do WSJ que a liga ao bilionário Musk.

Competição


Segundo o The Verge, uma companhia do Vale do Silício chamada Kernel já financia uma pesquisa em uma universidade da Califórnia para melhorar a capacidade cognitiva humana. Veja: Crie novas experiências para seus consumidores com a tecnologia cognitiva. Patrocinado

A ideia é reverter efeitos neurodegenerativos de doenças, além de tornar nossos cérebros melhores com implantes eletrônicos. O fundador da empresa, Bryan Johnson, também confirmou ao site o envolvimento de Musk com a Neuralink.

O Business Insider lembra que o Facebook também explora uma tecnologia semelhante com sua divisão de hardware. Chamada Building 8, ela desenvolve uma tecnologia não invasiva para permitir que as pessoas se comuniquem com eletrônicos.


Amazon dá nova resposta a Doria e encerra batalha com prefeito


A nova ação da Amazon é uma alternativa à provocação do prefeito sobre como colaborar "efetivamente" com a cidade



São Paulo – A “batalha” entre a Amazon e o prefeito de São Paulo, João Doria, ganhou agora um possível final.

Depois de aproveitar a polêmica dos muros cinzas da cidade para divulgar o seu leitor digital Kindle  e de receber como resposta uma provocação do próprio prefeito , a Amazon revidou com uma ação que vai agradar amantes da leitura.

Por meio de um vídeo divulgado ontem em sua página oficial no Facebook, a marca anunciou a disponibilização gratuita de livros digitais de seu acervo. A resposta é uma alternativa à sugestão de Doria, que convocou a Amazon a doar livros e computadores a instituições públicas da cidade. Saiba mais: Kabum "fura" Amazon e oferece doações pedidas por João Doria

Ao todo foram disponibilizados 36 títulos, que variam de ficções científicas a literatura brasileira. O download é limitado a um livro por cadastro e os arquivos poderão ser lidos pelo Kindle ou por smartphones.

Na descrição do vídeo, a marca também prometeu doar centenas de dispositivos Kindle a instituições que promovam cultura e educação. Os detalhes dessa ação, no entanto, ainda não foram divulgados.


Fabio Schvartsman, um CEO com prazo de validade à frente da Vale?



Fabio Schvartsman assumirá a presidência da Vale aos 63 anos; ele é visto como um "nome técnico, que vem para arrumar a casa"

 





No dia 24 de fevereiro, quando comentou os resultados anuais da mineradora Vale, Murilo Ferreira afirmou que a idade foi um dos motivos que o levou a deixar a presidência da companhia. “Temos como visão que devemos ter limite de idade de 65 anos [para a diretoria]. Vou fazer 64 anos agora em junho e 65 no ano que vem”. Ferreira anunciou que deixaria o cargo em maio. Como era de se esperar, as semanas seguintes foram repletas de insinuações sobre seu substituto. A decisão, tomada com base numa lista elaborada pela empresa de recrutamento Spencer Stuart, foi bem técnica.

Para seu lugar foi anunciada nesta segunda-feira a escolha de Fabio Schvartsman, presidente da fabricante de celulose Klabin. O escolhido trabalhou por 22 anos no Grupo Ultra, passou pelo GP e assumiu o comando da Klabin em 2011. Em sua gestão, o faturamento da companhia dobrou, para 7,1 bilhões de reais. Schvartsman é tido como mais duro e direto do que Ferreira, o que deve marcar uma mudança no dia-a-dia da companhia.

Mas o que tem levantado dúvidas no mercado é outra questão. Ferreira, de saída, tem 63 anos. Schvartsman, que assumirá em pouco mais de um mês, também. A regra dos 65 anos de idade limite não está escrita no estatuto da Vale, mas, se o bom senso predominar, o novo presidente terá vida curta na companhia. Qual a lógica?

Embora os mandatos de presidente da Vale durem apenas dois anos, é comum que os executivos fiquem mais tempo na cadeira. Ferreira ficou seis anos. Seu antecessor, Roger Agnelli, dez. É natural que assim seja na indústria de minérios, onde os ciclos são longos e os projetos demoram muito a sair do papel. O S11D, maior projeto de minério da história da companhia, no Pará, começou a ser estudado em 2000, e só saiu do papel em 2012. A licença de operação saiu em dezembro do ano passado. Foi o grande projeto de Murilo Ferreira. “O mercado de mineração não é de longo, mas de longuíssimo prazo”, diz José Renato Lima, professor da USP e especialista em mineração.

As circunstâncias levaram analistas, consultores e investidores a concluir que o novo presidente deve de fato chegar à Vale para uma passagem curta. Segundo o relatório do banco BTG Pactual, a escolha tem a vantagem de minimizar “as preocupações dos investidores em relação à interferência política”. “Ele não é um político, mas é uma pessoa muito bem relacionada. É um nome técnico, que vem para arrumar a casa”, diz outro analista.

O maior desafio de Schvartsman deve ser mesmo conduzir a reorganização societária anunciada pela Vale em fevereiro, que prevê a unificação das ações num único grupo de ordinárias e a listagem da companhia no mais alto segmento de governança da BM&FBovespa, o Novo Mercado. No fim do processo, em 2020, a Vale será uma empresa sem controle definido – e com menos influência do governo.

“A Vale precisa, neste momento, de um presidente de cabelos brancos”, diz Marco Saravalle, analista da XP Investimentos. Para concluir a reestruturação é preciso garantir que os acionistas preferenciais aceitem mudar seus papéis. “A Vale precisa de um nome que consiga dialogar com os acionistas e consiga convencê-los do valor da mudança”, afirma Saravalle.

No comando da Klabin, Schvartsman conduziu a companhia para o nível 2 de governança da BM&FBovespa e emitiu ações para o financiamento do Projeto Puma, em Ortigueira (PR), o maior já realizado pela companhia, com 8,5 bilhões de reais de orçamento.

Ao mesmo tempo Schvartsman também tem bagagem no mercado global de commodities. China e Europa são os principais consumidores de celulose. No ano passado, o preço da celulose enfrentou turbulências parecidas com o preço do minério de ferro nos últimos anos. A inauguração de grandes fábricas de celulose e a desaceleração da demanda na China colocaram a comodity em seu menor patamar em 20 anos.

Joga a favor de Schvartsman também o fato de pegar a empresa num momento relativamente tranquilo para o minério, o que permite que o foco esteja nas questões internas. Depois de chegar a 180 dólares em 2011, o preço do minério caiu para baixo dos 50 dólares no fim de 2015, mas voltou para 80 dólares no início deste ano. A subida, aliada a um forte programa de vendas de ativos e cortes de custos ajudou a Vale a fechar 2016 no azul. A receita aumentou 21% em 2016, totalizando 94,6 bilhões de reais, com isso a companhia saiu de um prejuízo de 44,2 bilhões de reais em 2015 para um lucro de 13,3 bilhões em 2016.

A grande questão é se dois anos são suficientes para as mudanças societárias numa empresa do porte da Vale. “Criar uma corporação não é só pulverizar o capital na bolsa. Essa é a parte fácil”, diz a consultora Betania Tanure. “O mais difícil é mudar a cultura, e, para isso, dois anos pode ser pouco tempo até para companhias muito menos complexas”.

Outra dúvida que se impõe é o que Schvarstman conseguirá fazer em relação à Samarco, mineradora controlada pela Vale e pela anglo-australiana BHP Billiton, parada desde o rompimento da barragem em Mariana (MG), em novembro de 2015. A previsão mais otimista é que a operação seja retomada apenas em 2018. Todos os custos da companhia são pagos com um aporte de 230 milhões de dólares que a Vale e a BHP fizeram no fim de 2016. O problema é que este dinheiro deve durar apenas até junho.

Se conseguir desatar os vários nós da Vale, e ainda dar um jeito na Samarco, Schvarstman ganha força para continuar para além de 2019. Neste caso, o limite de idade cobrado por Ferreira pode ficar em segundo plano frente a satisfação dos acionistas.


*Com reportagem de Isabel Seta

terça-feira, 28 de março de 2017

Cartórios mineiros apostilam 42 mil documentos



 Procedimento valida certidões entre diferentes países com base em convenção (Luiz Silveira/Agência CNJ)


 Eustáquio Júnior é brasileiro, mas mora há mais de 12 anos em Portugal. Ao visitar ao Brasil, solicitou cidadania portuguesa. Em menos de 10 minutos, deu encaminhamento à documentação a ser apostilada: certidão de nascimento e histórico escolar. O prazo para obter o apostilamento — procedimento para que um documento possa ser aceito por autoridades estrangeiras — foi de dois dias úteis. Todo o procedimento foi feito via cartório, só sendo possível devido à adoção da Convenção sobre a Eliminação da Exigência de Legalização de Documentos Públicos Estrangeiros, mais conhecida como Convenção de Apostila de Haia. Assim, antes, a tramitação que era feita em consulados, muitas vezes em diversas instâncias, agora pode ser feita em qualquer cartório habilitado, de maneira mais ágil.

É o que analisa o corregedor-geral do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), desembargador André Leite Praça: “Anteriormente, o procedimento era mais complexo e demorado. Agora, o cidadão encontra o serviço em diversas localidades, ou seja, em cartórios habilitados do país todo e de uma maneira muito mais simples. Em Minas Gerais, das 3.012 serventias extrajudiciais, 16% tiveram interesse em realizar o apostilamento.”

Após uma consulta aos cartórios, a Corregedoria-Geral de Justiça de Minas, órgão responsável por orientar e fiscalizar tais serventias, encaminhou lista dos credenciados para o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), órgão designado pelo Brasil como autoridade competente para viabilizar o serviço nacionalmente. No entanto, o corregedor atesta que 100% dos cartórios mineiros possuem selo de fiscalização eletrônico e poderiam oferecer o serviço, caso quisessem.

Daneane Angélica Melo Miguel foi a primeira pessoa a solicitar o apostilamento para cidadania em Belo Horizonte e concorda que a ampliação da oferta do serviço foi benéfica aos cidadãos. Ela precisava dar o encaminhamento à documentação de sua prima, que mora em Portugal. “Fui ao cartório e foi muito rápido, resolvi tudo no mesmo dia. Preenchi um formulário e entreguei a documentação de minha prima”, relata. Segundo ela, antes tinha que ir ao Escritório de Representação do Itamaraty em Minas Gerais (Ereminas) e de lá ser encaminhada ao consulado. Como eram atendidos por meio de senhas e essas eram limitadas, nem sempre se conseguia resolver toda a situação no mesmo dia. “Antes, tinha que ir a dois lugares diferentes e distantes: Ereminas e consulado. Eu cheguei ao Ereminas às 4h e provavelmente não ia conseguir ir ao consulado no mesmo dia. Era muito burocrático. Mas fui informada de que o apostilamento tinha passado para o cartório. Então, fui lá e resolvi tudo rapidamente”, afirma. 

A apostila confere validade internacional a documentos, como diplomas, certidões de nascimento, casamento ou óbitos e pode ser apresentada nos 111 países que já aderiram à convenção. “Os apostilamentos mais demandados são para obtenção de cidadania ou realização de intercâmbio. Os documentos devem vir acompanhados de tradução na língua do país destinatário, realizada por tradutor juramentado”, esclarece a escrevente autorizada do 2º Tabelionato de Notas de Belo Horizonte, Shirley Grazielle. Ela conta, ainda, que a documentação é escaneada já com o selo, conforme dita a legislação, e inserida no sistema do CNJ. 


Segurança e valor


 O gerente de Fiscalização dos Serviços Notariais e de Registro (Genot) da Corregedoria, Iácones Batista Vargas, explica que o papel dos cartórios é atestar a autenticidade da assinatura aposta no documento a ser apostilado, mas não entram no mérito do conteúdo. “É como se fosse um reconhecimento de firma qualificado, porque tem requisitos próprios, como a obrigatoriedade de a apostila ser emitida em papel de segurança da Casa da Moeda do Brasil. No entanto, só documentos públicos produzidos no Brasil podem ser apostilados. E o documento apostilado, como certidão ou diploma, é digitalizado, já com o selo de fiscalização do cartório, e disponibilizados na internet para acesso pela autoridade do país estrangeiro.”

O valor do apostilamento em Minas Gerais é de R$ 25,81. O gerente diz que, uma vez apostilado, o documento não pode ser alterado. A escrevente autorizada, Shirley Grazielle, reforça essa informação. “A pessoa, ao trazer mais de um documento, deve deixar claro como deseja ter o nome emitido no apostilamento, se o nome de casada ou solteira”, exemplifica.


Serviço


O apostilamento é obrigatório nos cartórios das capitais e facultativo nos do interior. Aqueles que tiverem interesse em oferecer o serviço, devem enviar solicitação de cadastro à Corregedoria-Geral de Justiça, por meio de malote digital. Por sua vez, a Corregedoria irá enviar os pedidos ao CNJ, que irá fazer o cadastro e viabilizar a liberação do papel de segurança e o acesso ao Sistema Eletrônico de Apostilamento (Sei-Apostilamento).

A Convenção da Apostila de Haia começou a funcionar em agosto de 2016 e os cartórios de Minas realizaram até o momento mais de 42 mil apostilamentos.
Fonte: TJMG

Iguatemi vê espaço para aquisições estratégicas em 2017


A diretora financeira do grupo disse, contudo, que o Iguatemi se concentrará em ativos estratégicos voltados para classes A e B


São Paulo – A administradora e incorporadora de shopping centers Iguatemi vê espaço para consolidação no setor e não descarta aquisições estratégicas neste ano, embora o foco seja reduzir despesas, disse uma executiva do grupo.

“Sempre estamos olhando para aquisições e, mesmo dentro de casa, temos um caminhão de coisas para comprar”, afirmou nesta terça-feira à Reuters a diretora financeira do grupo, Cristina Betts, sugerindo que a empresa pode aumentar a fatia em empreendimentos de seu portfólio.

Hoje a participação da Iguatemi é de, em média, 60 por cento nos ativos.

Ela disse, contudo, que o Iguatemi se concentrará em ativos estratégicos voltados para classes A e B, uma vez que a alavancagem da empresa “não é super folgada”.

No fim de 2016, a empresa tinha relação dívida líquida sobre Ebitda de 3,2 vezes.

A executiva citou como exemplo a compra de 8,4 por cento do shopping Pátio Higienópolis em outubro de 2015, por meio da qual o grupo elevou sua fatia no empreendimento para 11,2 por cento.

Betts disse ainda que, “dependendo do apetite do mercado”, a empresa pode recorrer a emissões de Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) neste ano, para rolar dívidas a vencer.

No ano passado, o Iguatemi respondeu pela quarta maior emissão de CRI, com captação de 275 milhões de reais.