segunda-feira, 5 de junho de 2017

Crise gerou maior perda de PIB per capita em 120 anos, diz Pessôa


Para o professor de economia, o país também investe mal em educação, único meio de redução da desigualdade social

 






A crise econômica e política gerou para o Brasil a maior perda de PIB per capita dos últimos 120 anos. A avaliação é do economista Samuel Pessôa. Segundo ele, não dá para falar que a perda de PIB per capita é maior por falta de dados.

“Tudo indica que se tivéssemos dados, poderíamos retroagir para o período da Regência, que foi extremamente difícil. Ao final de 217, vai ser 10% menor do que em 2013. É o número de um país que passou por uma guerra”, afirmou Pessôa durante o fórum “A Revolução do Novo – A Transformação do Mundo”, promovido por VEJA e EXAME, em parceria com a Coca-Cola.

Segundo ele, essa redução do poder de compra não é “fruto de um errinho na política”. “Não dá para achar que foi um ajustamento político promovido pelo Joaquim Levy que causou isso. Tem que ter uma dinâmica maior que justifique isso.”

Entre as dinâmicas que levaram a essa situação, de acordo com Pessôa, está a construção atabalhoada de um estado de bem estar social combinada com uma política econômica intervencionista.

“O governo do PT, a partir da saída do [Antonio] Palocci e da entrada do [Guido] Mantega [no Ministério da Fazenda] trouxe essa política intervencionista, que gerou atraso para o país. A questão não é só de corrupção, mas também de diagnóstico, de ideologia”, afirmou Pessôa.

Educação

 

Questionado se dá para ser otimista, Pessôa afirmou que há áreas com mais avanços, como a agenda de reformas – Previdência, trabalhista e limite de gastos públicos.

Mas há outras frentes em que o vai mal e não dá sinais de melhoras, como a educacional. “Educação é o único mecanismo sólido de equidade social. A gente conseguiu colocar todas as crianças na escola, mas não que elas saíssem de lá com qualidade de aprendizado.”

Para piorar, segundo ele, o Brasil gasta mal em educação. Comparado com a Coreia do Sul, que investe 3% do PIB nessa área,  o país gasta mais de 6%.

A presidente da ONG Comunitas, Regina Siqueira,  disse que é preciso fortalecer no âmbito dos municípios a discussão sobre equilíbrio fiscal.

“É nas cidades que os cidadãos convivem com o governo e onde as empresas têm seus negócios”, disse Siqueira.


A verdadeira história da um campeão nacional






Como nascem os campeões nacionais: a delação de Joesley Batista desnuda a verdadeira história do JBS, maior empresa de processamento de carne do mundo.

No fim de outubro de 2014, o empresário Joesley Batista enviou a banqueiros e executivos do grupo um convite um tanto, digamos, diferente. Batista, um dos donos da empresa de processamento de carnes JBS, queria reunir os amigos para acompanhar, pela televisão, os resultados do segundo turno das eleições para presidente e governador.

Quem chegou lá, na tarde de 26 de outubro, sentiu que, para Batista, aquilo era uma final de copa do mundo. A apuração era acompanhada minuto a minuto. ‘Ganhamos!’, comemorava o empresário quando um candidato de sua preferência disparava na frente.

A reeleição de Dilma Rousseff foi tão festejada que Batista e seu braço direito, o diretor Ricardo Saud, acabaram a noite mergulhados na piscina da casa de 2 mil metros quadrados do empresário no Jardim Europa, bairro nobre de São Paulo.

Qualquer cidadão minimamente informado sabia, àquela altura, que Joesley Batista tinha um interesse fora do comum pela carreira dos principais políticos brasileiros. A JBS era a maior financiadora de campanha do país, e disparado. Feitas as contas, a empresa doou, oficialmente, quase 400 milhões de reais à campanha de 2014 – mas seriam cerca de 600 milhões nos últimos anos, pelo que se sabe hoje, se incluído o caixa dois e as doações com contrapartidas.

No discurso da empresa, as doações eram ‘proporcionais’ a seu tamanho e tinham como objetivo principal evitar inimizades que pudessem complicar a empresa. Mas ali, diante da televisão, a euforia de Joesley com a apuração gerava certo constrangimento entre os menos próximos a ele. O que diabos, pensavam convidados que descreveram a festa a EXAME, aquele sujeito tanto comemorava?

A dúvida durou pouco mais de dois anos, e foi totalmente dirimida na segunda quinzena de maio, quando veio a público a demolidora delação premiada em que a família Batista confessa, no português mais claro e desavergonhado possível, como comprou todo o sistema político brasileiro para transformar seu pequeno frigorífico no maior grupo privado brasileiro.

Malas de cédulas, notas frias, caixa dois, deputados comprados no atacado e no varejo, ministros no bolso, contas no exterior repletas de dinheiro para campanhas; havia de tudo um pouco nos depoimentos de Joesley Batista e de Ricardo Saud, a dupla que mergulhou na piscina na madrugada para celebrar apostas bem-feitas no cassino eleitoral de 2014.

O poder acumulado pelo dinheiro da JBS era tanto que deu a Joesley um salvo-conduto para entrar na calada da noite, e sem precisar de revista oficial, na casa do presidente da República com um gravador na lapela – ou para registrar o senador Aécio Neves pedir 2 milhões de reais naquele que deve ser o ato final de sua carreira política.

Como se sabe, Joesley fechou sua premiadíssima delação e partiu para seu apartamento avaliado em 15 milhões de dólares em Nova York inocentado pelo Ministério Público. Como o importal personagem de Reginaldo Faria na novela ‘Vale Tudo’, entrou em seu avião particular, deu uma banana para o Brasil e foi curtir o exílio com os bilhões que acumulou.

O médico e o monstro


Se a delação de Joesley desnudou ainda mais a podridão do mundo político brasileiro, ajudou também a reescrever a história do grupo empresarial dos Batista, hospedado sob a holding J&F. Nos últimos 15 anos, o frigorífico da família transformou-se num grupo que, além de dono da maior empresa de processamento animal do mundo, tem uma fábrica de celulose, um banco, uma empresa de cosméticos, entre outros negócios. É uma história de Dr. Jekkill e Mr. Hyde.

Ao mesmo tempo que desenvolveram um estilo de gestão eficaz num setor carcomido como o de frigoríficos (algo reconhecido nos Estados Unidos, cuja subsidiária concentra 46% das receitas da JBS e não se tem notícia de práticas ilegais), os Batista turbinaram seu crescimento com doses de corrupção cuja magnitude só agora se conhece. Juntos, médico e monstro criaram um grupo imbatível. E, com a delação e sua riqueza de detalhes, finalmente é possível vislumbrar os alicerces da casa que o clã Batista construiu.

Joesley Batista é um empresário de 44 anos de idade, o mais jovem dos três filhos homens do açougueiro José Batista Sobrinho (o ‘JBS’) e o que sempre afirmou, segundo amigos da família, que ‘ia ser alguém na vida’. Quando criança, ajudava os irmãos e a mãe a passar com ferro as cédulas de dinheiro que o pai trazia para casa, resultado das vendas de carne para frigoríficos. Ele gostava de vê-las empilhadas, lisas e com a efígie para cima.

Joesley se acostumou logo, como sonhava, a lidar com muito dinheiro e com muito poder (segundo sua última declaração de Imposto de Renda, mantinha 1 milhão de reais em dinheiro vivo nos cofres de suas casas). Com o passar dos anos, os irmãos fizeram um acordo informal para distribuir suas tarefas dentro do grupo. Wesley assumiu a gestão, o que o levou a passar quatro anos em Greeley, cidadezinha do Colorado que sediava a JBS nos Estados Unidos.

Lá, aprendeu inglês e liderou uma impressionante virada nos resultados de empresas que, quando compradas pela JBS, periclitavam (caso da tradicional Swift e da Pilgrim’s Pride, segundo maior processadora de frango do mundo). Enquanto isso, Joesley seria o responsável pelas – aqui vai um eufemismo – relações governamentais. A cada um dos irmãos de acordo com sua vocação.

Joesley não disfarçava o prazer que sentia ao descrever a visitantes seu poder junto com os políticos. 

Desligava o telefone e dizia coisas como: ‘Estava comprando dois deputados’, segundo testemunharam três executivos ouvidos por EXAME. Sabia, no entanto, que era um terreno complicado e tomava suas precauções. O empresário mantém um número de celular há mais de uma década e um segundo cujos aparelhos são jogados no lixo em questão de dias.

A relação de Joesley Batista com a alta cúpula do governo começou com uma aproximação de Guido 
Mantega, então ministro do Planejamento, em 2004. A Friboi já era, na época, o maior frigorífico do país. Em menos de um ano, Mantega foi convocado pelo presidente Lula para assumir o banco de fomento BNDES. Diante da diretoria do banco, Joesley e dois diretores da JBS plantaram a ideia que geraria a política dos ‘campeões nacionais’ – de acordo com o empresário, a ideia foi dele.

Na conversa, Joesley disse que o governo de Fernando Henrique Cardoso tinha sido responsável pela abertura às exportações brasileiras e que o governo Lula poderia levantar a bandeira da internacionalização das empresas brasileiras. Ele estava preparado. Distribuiu um levantamento que relacionava o número de multinacionais de um país ao tamanho de seu PIB e uma lista que colocava os EUA em primeiro lugar com mais de 1 mil multinacionais – no Brasil, eram apenas cinco na época, segundo o estudo da JBS.

Mantega e seus diretores gostaram da ideia, mas não esperavam que a JBS fosse se mexer tão rápido – três meses depois, a empresa bateu à porta do banco pedindo financiamento para comprar a marca Swift na Argentina. Segundo Joesley, esse primeiro financiamento de 80 milhões de dólares foi obtido em 2005 mediante pagamento de propina de 4% a Mantega.

Em 2006, o economista Luciano Coutinho já tinha assumido o BNDES, já que Mantega fora transferido para o Ministério da Fazenda, de onde continuou exercendo sua influência no banco de fomento. Para acelerar a expansão da empresa, JBS e BNDES começaram a discutir uma compra de participação acionária, mas veio o boom do mercado de capitais e a empresa optou por levantar dinheiro com uma oferta de ações na bolsa.

A JBS já tinha meapeado mais quatro empresas nos EUA e na Austrália para comprar e precisava de ainda mais capital para colocar os projetos de pé. ‘Foi quando conheci os fundos de pensão. O banco achava que era muito dinheiro e que seria o caso de chamar os fundos para participar’, diz Joesley em seu depoimento.

O BNDES coordenou, e os fundos de pensão dos funcionários da Petrobras e da Caixa Econômica Federal, Petros e Fundef, toparam. No final, montaram um fundo de 1 bilhão de dólares. Metade do dinheiro do BNDES e um qurto de cada fundo. A cada operação com o banco, Mantega recebia a mesma comissão, segundo o empresário. Os presidentes dos fundos de pensão rapidamente entenderam o ritmo da dança.

Outras aquisições vieram, sempre no mesmo esquema, de acordo com o empresário. A JBS crescia, o lucro e os dividendos aumentavam, e a propina também – o que permitia ao grupo investir em outros negócios. O grupo começou a investir em papel e celulose, construindo uma das maiores fábricas do mundo para a criação da Eldorado. Entraram com um pedido de financiamento de 2 bilhões de reais na Caixa Econôomica em 2011. Foi quando Joesley recebeu a visita do doleiro Lúcio Funaro, que, segundo o empresário, falava em nome de Eduardo Cunha, então um poderoso deputado federal.

Eles argumentavam ter influência na Caixa para fazer o negócio passar. Claro, mediante certa quantia. O aporte foi feito pelo fundo FI-FGTS – aquele que tem o dinheiro dos trabalhadores. A lista de propinas de Joesley começou a crescer, e os pagamentos eram feitos em contratos simulados, malas de dinheiro, contas no exterior, helicóptero, apartamento em Nova York.

Chegou o ano de 2014 e quem ainda não fazia parte da lista queria entrar. Joesley começou a ser chamado por políticos com quem nunca havia tido nenhum relacionamento – um pouco como a empreiteira Odebrecht, a JBS passou a ser vista como um caixa de 24 horas de políticos desonestos.

Com suas contribuições à campanha de Pezão ao governo do Rio de Janeiro, ganhou uma fábrica de laticínios pronta; na contrapartida do governo mineiro, acabou com um mico nas mãos – uma participação de 3% no estádio do Mineirão. ‘Nem time de futebol eu tenho’, diz o empresário nos depoimentos.

Segundo ele, mais de 1.800 políticos foram beneficiados, incluindo os ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff, o atual presidente Michel Temer e o senador Aécio Neves (todos negam que tenha havido ilegalidade nos financiamentos de campanha.

Com tanta influência, Joesley começou a pedir alterações em leis que o favorecessem – e também a ser pressionado por políticos que queriam simplesmente alguns milhões de dólares da JBS. EXAME apurou que um desses episódios aconteceu em março de 2014. Um parágrafo foi incluído às pressas por Eduardo Cunha em uma medida provisória que nada tinha a ver com o agronegócio, mas que, a partir dali, cobraria taxa extra sobre as exportações de carne.

Somente para a JBS a conta do prejuízo era de 3% de sua geração de caixa anual. Outras empresas do setor correram à Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), presidida por Antônio Camardelli, que também foi diretor da JBS (e é citado na delação de Ricardo Saud por ter levado a propina a três deputados gaúchos).

‘Camardelli disse que ia falar com Cunha, mas a gente sabe que a demanda foi diretamente para o Joesley, pois foi ele quem conversou com o deputado’, diz um concorrente que faz parte da associação e participou das conversas. Duas semanas depois, Cunha, retirou o parágrafo do texto. 

(Procurado, Camardelli nega que tenha havido pleito das empresas à Abiec sobre a MP e a associação diz que está buscando esclarecimentos sobre as citações na delação). Em suas gravações com Temer e Aécio e nos depoimentos, Joesley também diz que pretendia espalhar seus tentáculos sobre a Comissão de Valores Mobiliários e sobre o Cade, órgão de defesa da concorrência.

No final de 2015, com a Lava Jato em curso havia quase dois anos, as empreiteiras em crise começaram a colocar seus ativos à venda, e a J&F sempre estava na frente da fila para fazer propostas. O bolso de Joesley parecia não ter fundo. Com uma linha de financiamento da Caixa de 2,7 bilhões de reais, para a qual também pagou propina, comprou à vista a Alpargatas das mãos da Camargo Corrês.

Em 2016, quando a economia afundava, os partidos recorreram a Joesley para comprar deputados para a aprovação do impeachment de Dilma. Mesmo com investigações avançadas, os políticos continuavam de olho nos bilhões dos Batista. ‘O Aécio virou uma sarna atrás do Joesley’, diz Ricardo Saud em sua delação sobre o senador mineiro.

Somente entre 2016 e 2017, a J&F, suas empresas e seus contraladores foram alvo de cinco operações da Polícia Federal – o que levou o empresário a armar sua delação com a Procuradoria Geral da República e sair grampeando Brasília.

Wesley Batista é presidente da JBS desde 2011 e continua dando expediente na empresa desde o estouro das delações premiadas do grupo. Sua personalidade é quase oposta à de Joesley. ‘Não são necessários mais de 5 minutos para perceber a diferença abissal entre os dois’, diz um consultor de gestão que já trabalhou para a família.

Wesley desde cedo se mostrou um gestor competente, o que é reconhecido nos mercados em que a JBS atua fora do país. Ele levou um estilo ‘mão na massa’, que nenhum empresário do setor de carnes americano ou australiano poderia ter. Na primeira visita aos frigoríficos comprados na Austrália, o empresário colocou o uniforme usado pelos funcionários da área frigorífica e passou o dia cortando peças de boi para mostrar como desperdiçar menos carne nesse processo.

Antes de assumir a JBS, ele ficou quatro anos à frente dos negócios da companhia nos EUA com o objetivo de simplificar a gestão da empresa, num modelo semelhante ao aplicado no Brasil – que foi apelidado de ‘sistema Frog’ (From Goiás). Em 2007, quando os executivos da recém adquirida Swift nos EUA aprsentaram a ele um projeto de integração da empresa com dezenas de itens que deveriam ser desenvolvidos pela criação de um comitê com 30 pessoas, Wesley substituiu a lista em minutos por menos de cinco itens e disse (ou melhor, pediu a um intérprete que dissesse, já que não falava inglês) que não havia necessidade de um comitê.

Foi a aquisição da Swift que a empresa se transformou na maior processadora de carne bovina do mundo. Era um trambolho que faturava 9 bilhões de dólares, mas dava prejuízo, dragada pelos resultados da divisão de carne bovina. Wesley começou a aplicar seu modelo de simplicidade na gestão. Projetos apresentados pelos diretores que levavam meses para aprovação passaram a ser aprovados ou negados na hora da apresentação a ele.

Não foi diferente na Pilgrim’s, segunda maior processadora de frangos americana, que tinha entrado em recuperação judicial e foi comprada pela JBS em 2010. Além de cortar custos, os Batista resolveram deixar o então presidente no comando da empresa, já que não entendiam nada de aves.

Na gestão de Wesley, a JBS comprou a marca Seara e impulsionou seu crescimento. Seu estilo pressupunha a contratação de executivos consagrados para tocar as empresas de outros setores. ‘Toda vez que comprávamos alguma empresa ou discutíamos o assunto, a primeira pergunta dele era quem iria tocar aquele negócio’, conta um ex-conselheiro. Trouxe Gilberto Tomazoni, ex-presidente da Sadia, para assumir globalmente a divisão de aves. Vicente Trius, que foi presidente do varejista Walmart no Brasil, assumiu o conselho da Alpargatas.

Henrique Meirelles, hoje ministro da Fazenda, foi presidente do conselho consultivo da J&F. Tarek Farahat assumiu o marketing e a área de inovação do grupo após uma longa carreira na gigante americana de bens de consumo Procter & Gamble.

Segundo executivos do grupo, nos últimos anos Wesley e Joesley passaram a emitir sinais contraditórios sobre a necessidade de mudanaça na forma com que a empresa se relacionava com políticos.


‘Bye-Bye’


Com o ‘bye-bye’ Brasil de Joesley, caberá a Wesley a ingrata tarefa de tocar o grupo. Seu tempo tem se dividido entre evitar uma debandada de executivos, negociar com o Ministério Público em Brasília e fazer rodadas de reuniões com bancos e investidores – não só para conter a desvalorização das ações mas especialmente para tentar rolar a dívida da companhia.

São 18 bilhões de reais com vencimentos nos próximos 12 meses, e a JBS tem 11 bilhões em caixa. A empresa tenta convencer os bancos que não querem renovar suas linhas de crédito, como Itaú e Banco do Brasil , a estendê-las, e mudou a negociação com os fornecedores.

Ascompras de boi da companhia foram reduzidas, e a JBS passou a pagar com prazo de 30 dias, mudando a política de pagamento à vista adotada desde 2009 (por e-mail, a JBS diz que já pagava a prazo na maioria das praças e não comenta negociações com bancos). Uma secura no crédito pode travar os negócios.

Segundo analistas, a geração de caixa deve ser 8 bilhões de reais inferior ao projetado antes da delação para 2017 e 2018.

Mesmo assim, a relação entre dívida e geração de caixa subiria dos atuais 4,2 para 4,5 vezes – portanto, ainda sem romper o limite acordado com os credores de 4,75 vezes, afastando um risco de antecipação no pagamento de dívidas. ‘Não são comuns, no Brasil, cláusulas de antecipação de pagamento por questões como corrupção’, diz Johnny da Silva, analista da agência de classificação de risco Fitch.

Os analistas ainda calculam o impacto do acordo de leniência nas contas do grupo. J&F e Ministério Público acertaram a multa de 10,3 bilhões de reais. No pior cenário, o grupo partirá para a venda de ativos – e está disposto a se desfazer da participação na Alpargatas, na Eldorado e na empresa de lácteos Vigor (oficialmente, o grupo diz que não estuda a venda).

Não vai ser simples. Na terça-feira, dia 23 de maio, Joesley convocou uma reunião de conselho de Alpargatas às 18h15. Em teleconferência, comunicou sua renúncia. ‘O Brasil ainda vai me agradecer’, disse. Para quebrar o climão perante o silêncio que se seguiu, o conselheiro Silvio Tini, segundo maior acionista da empresa, respondeu: ‘Boa sorte, fique com Deus’.

Vicente Trius, presidente glogal de novos negócios da JBS, também renunciou ao assento de presidente do conselho da empresa de calçados e, segundo pessoas próximas, é um dos mais incomodados com a atual situação da companhia – o que já tem gerado especulações sobre sua saída.

Executivas de marketing da Seara e da JBS pediram demissão e até gerentes que estavam em processo seletivo na Eldorado desistiram da disputa. Na sexta dia 26, o BNDES exigiu uma reunião do conselho para pedir o afastamento dos Batista – Joesley renunciou à presidência do conselho e Wesley à vice-presidência (assumiram Tarek Farahat e o irmão mais velho dos Batista, José Batista Júnior, que ficou de fora das delações).

A companhia pode ter de enfrentar a ira de investidores em uma ação de classe nos EUA e corre o risco de ter de pagar multa também naquele país. No Brasil, a Comissão de Valores Mobiliários já abriu oito processos de investigação sobre a JBS e seus controladores, que lucraram com operações no mercado de câmbio às vésperas do vazamento da delação.

A crise por vir pode ser grande e colocará em teste a capacidade de resistência do grupo. É quase unânime a percepção de que, com o acordo fechado com a Procuradoria Geral da República, tudo saiu muito barato para os irmãos Batista. Se o barato vai sair caro, é o tempo que vai dizer (Revista 

Exame, edição nº 1139; digitalizado pelo BrasilAgro; 5/6/17)

 http://www.brasilagro.com.br/conteudo/a-verdadeira-historia-da-um-campeao-nacional.html?utm_source=Newsletter&utm_medium=E-mail-MKT&utm_campaign=E-Mkt_RGB/

Gravataí calcula prejuízos com fechamento da Heineken


A fábrica era a quinta maior colaboradora em retorno de ICMS para os cofres do município 

 

Da Redação

 

redacao@amanha.com.br
Gravataí calcula prejuízos com fechamento da Heineken


No início deste mês a cervejaria Heineken anunciou o fechamento da planta em Gravataí (RS). Dos 145 funcionários que trabalhavam na fábrica, 95 foram demitidos. Cerca de 20 seguirão trabalhando até dezembro, quando todo o estoque e maquinário já devem ter saído da cidade. 

"A decisão foi tomada com base nos constantes estudos de viabilidade do negócio e na necessidade de levar a operação da companhia a outro patamar de excelência, mantendo sua sustentabilidade econômica. Além disso, com a nova configuração, tendo em vista a integração com as operações da Brasil Kirin, a Heineken passa a contar com uma malha fabril muito mais completa no país, passando de 5 para 16, incluindo uma localizada no próprio Estado, na cidade de Igrejinha", comunicou a empresa em nota.

No ano passado, a companhia foi a quinta maior em retorno financeiro. Em 2016, a unidade faturou R$ 590 milhões, respondendo por um retorno de ICMS de aproximadamente R$ 3,6 milhões. A prefeitura da cidade foi comunicada na sexta-feira (2). Agora, o município pensa em alternativas para ocupar o espaço deixado pela Heineken. A empresa havia feito um investimento na unidade em 2007 e, até o ano passado, tinha isenção de IPTU como incentivo. 

http://www.amanha.com.br/posts/view/4084

“Fadiga dos partidos” explica Trump e Brexit, diz Magnoli


Segundo o sociólogo, crescimento do nacionalismo surgiu com o medo daqueles que ficaram de fora dos benefícios da globalização

 




As consultas populares que culminaram na eleição de Donald Trump e na saída da Inglaterra da União Europeia (o Brexit), que surpreenderam muitos analistas, não são decorrentes de desinteresse pela política, baixo nível de educação ou fenômenos isolados.

Segundo o sociólogo Demetrio Magnoli, o que une os dois eventos é a expressão do descontentamento de setores que ficaram de fora dos benefícios da globalização, e viram no nacionalismo e na extrema direita uma forma de expressar sua insegurança.

O professor da USP abordou o tema durante a palestra A fadiga na política, a onda nacionalista, a antipolítica e o futuro da globalização. A exposição foi parte do fórum A Revolução do Novo – A Transformação do Mundo, promovido por VEJA e EXAME, em parceria com a Coca-Cola, que aconteceu na manhã desta segunda-feira, no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo.

Para Magnoli, o momento é de renascimento do nacionalismo, motivado por fatores como uma crise econômica de grandes proporções e pela sensação de falta de representatividade dos partidos políticos. “Não existe uma fadiga da política, existe fadiga dos partidos políticos tradicionais. É um fenômeno mundial”, diz o sociólogo.

Essas instituições, diz o Magnoli, foram apoderadas por suas próprias militâncias, fazendo-as tomar posições políticas mais próximas dos extremos e mais distantes dos centros. Assim, os eleitores as veem como representantes dos próprios interesses, em vez do interesse público.

Um fator de semelhança entre o crescimento do nacionalismo em 1930, e no seu ressurgimento na atualidade é uma crise econômica de grandes proporções e que afetou vários países. No caso do século passado, a grande depressão; mais recentemente, a crise econômica de 2008.

A dificuldade no campo econômico, somada ao baixo crescimento do PIB em países centrais nos últimos anos, produziu uma camada significativa de pessoas que ficaram de fora dos benefícios da globalização, o que se traduziu nas urnas. “Os ‘órfãos’ da globalização, indignados com a perda de emprego e de renda, escolhem o nacionalismo para enfrentar seus medos”, diz Magnoli.

Ele aponta que tanto na eleição de Trump como no Brexit, as parcelas que mudaram sua orientação política e foram decisivas para esses resultados foram de trabalhadores de classe média empregados em indústrias tradicionais. Com a revolução tecnológica, muitas delas ficaram para trás.

Nos EUA, os trabalhadores do meio-oeste americano, tradicionalmente ligados a sindicatos e aos democratas, migraram para Trump. Na Inglaterra, redutos tradicionais do partido trabalhista apoiaram a saída da União Europeia.

Segundo o sociólogo, uma expressão desse movimento nacionalista é o sucesso eleitoral de partidos de extrema direita. Eles conseguiram associar, incorretamente, o desemprego e o terrorismo aos imigrantes e se beneficiaram eleitoralmente nos Estados Unidos e na Europa.

Assim como o nacionalismo da década de 1930, o de agora também emerge da soma dos medos. E vence quem consegue criar uma narrativa sobre esse medo, mesmo que incorreta, como no caso dos imigrantes.

“Não importa que se constate, depois, que o terrorista mora há décadas na mesma cidade em que cometeu o atentado”, disse.

Para o sociólogo, esse movimento de radicalização tem recebido uma resposta das cidades grandes e médias, que tem registrado maior participação política.

Esse maior engajamento fez com que não houvesse uma onda de extrema direita em eleições como na Áustria, Holanda e França, como seria esperado. “Já disseram que o Trump seria o coveiro da União Europeia. Ele pode ter sido o salvador dela”, avaliou Magnoli.

Esta fintech precisa de mais profissionais e tem 50 vagas abertas


Meta da fintech SumUp é contratar 150 pessoas neste ano. Salários podem chegar a 20 mil reais

 




São Paulo – Há pelo menos três meses toda semana chegam entre cinco e sete novos funcionários ao escritório da SumUp em São Paulo, segundo conta o CEO, Igor Marchesini.

Com 220 funcionários em São Paulo, a fintech de origem alemã especializada em dispositivos para pagamento móveis para pequenos empreendedores está crescendo rápido por aqui, um dos seus 16 escritórios espalhados pelo mundo. Só agora são 50 vagas abertas, mas a meta é fechar 2017 com 150 contratações.

“A gente vem numa toada grande de crescimento. Queremos reforçar a equipe para capturar todas as oportunidades que identificamos”, diz Marchesini. No ano passado, o volume de negócios da SumUp triplicou no Brasil e a projeção é de alta de 50% neste ano.

Segundo o executivo, a empresa precisa de pessoas em praticamente todas as áreas com oportunidades neste momento para agentes de suporte, responsáveis pelo atendimento, até gerente de logística, analistas financeiros, analista de comunicação e marketing, coordenador de aquisição, desenvolvedores de TI, gerente de produto, estagiários, entre outras. No site da empresa, há a lista de todos os cargos vagos.

Pessoas de todos os jeitos e tipos com algo em comum

 

Segundo Marchesini quem circula pela empresa percebe que a equipe é bastante diversa. Apesar de jovens serem maioria, a empresa tem oportunidades também para profissionais mais experientes para vagas, por exemplo, de controller e coordenador de risco.

“O coordenador de risco, por exemplo, vai gerir um time grande e é uma posição com muita interação na indústria”, diz o CEO para justificar por que a posição exige uma certa bagagem, ainda que não necessariamente na área de risco, em si.

De maneira geral, facilidade com números, boa capacidade analítica e domínio de inglês são características bastante valorizadas pela empresa.

Mas, Marchesini diz que é o entusiasmo em ajudar pequenos empreendedores é o elo de ligação entre as pessoas na SumUp. “Aqui a gente trabalha por propósito. Pessoas movidas por desafio geralmente dão certo aqui”, diz.

O ambiente da empresa é leve e autêntico, como o CEO gosta de definir. Como é frequente em startups e fintechs, o escritório da SumUp é aberto tem salas de descanso e de interação, além e frutas e café por conta da empresa.

Os salários para as oportunidades variam entre 2 mil reais e 20 mil reais e estão dentro da média de mercado. “Grana não pode ser o só o que atrai, mas também não podemos perder talentos por conta de dinheiro”, diz ele.

Por isso, ele conta que a cada seis meses há uma revisão do desempenho e quem se destaca recebe aumento salarial. “Em seis meses o passe dele pode valorizar e antes que o mercado enxergue, a gente faz isso”, explica.

Copa do escritório da SumUp: comidinhas liberadas para funcionários (SumUp/Divulgação)


CEO acompanha de perto processo de recrutamento

 

“Não tem nada mais importante do que gente”, diz o CEO da SumUp para explicar por que ele acompanha de perto o recrutamento na empresa.

Até bem pouco tempo atrás, ele diz que conseguia e fazia questão de entrevistar pessoalmente todos os candidatos a oportunidades profissionais na empresa. Isso para garantir que o aumento acelerado da equipe não seja acompanhado de enfraquecimento da cultura da empresa.

Hoje, quando não é ele, é alguém da alta liderança que, obrigatoriamente, faz a última entrevista com o candidato. “ Isso porque acontece muitas vezes de você ter uma equipe de 50 pessoas muito engajadas, mas quando cresce para 200, 300 funcionários você vê isso se diluir”, diz Marchesini.

Para se certificar de que isso não aconteça na SumUp, ele diz que estabeleceu algumas medidas. “Além do gestor direto, subordinados e colegas, chamamos também duas pessoas que nada têm a ver com a vaga para entrevistar o candidato”, conta.

Marchesini conta que costuma perguntar para a equipe se aquela pessoa seria uma companhia interessante em um voo ou em um almoço.

Além das entrevistas, o processo seletivo tem provas cujo conteúdo varia dependendo da área. “É uma prova que o profissional leva, em média, 40 minutos para terminar e é relativamente divertida de fazer”, diz Marchesini.


Área de interação: ambiente de trabalho é leve e autêntico, segundo o CEO (SumUp/Divulgação/Esta fintech precisa de mais profissionais e tem 50 vagas abertas)

sexta-feira, 2 de junho de 2017

B&B Hotels fecha parceria com Tarjab para lançar unidade na Luz


Incorporadora realizará a obra no bairro da Luz, centro de São Paulo, enquanto rede administrará o negócio pronto, por meio de locação das unidades

 




São Paulo – O grupo B&B Hotels na América Latina e a incorporadora Tarjab fecharam um contrato para o lançamento do primeiro empreendimento em hotelaria da marca no país.

Com VGV estimado em mais de 70 milhões de reais, o B&B São Paulo Luz terá como endereço a Rua Florêncio de Abreu, no bairro da Luz, capital paulista.

Pelo acordo, a incorporadora fica responsável por realizar e gerenciar a obra, com o investimento próprio de 50 milhões de reais no projeto. Depois de pronto, a gestão do negócio será com a B&B Hotels.

“Queremos expandir nosso negócio no Brasil, pois sentimos que há um grande potencial de crescimento no país”, afirma Georges Sampeur, CEO da B&B Hotels.

A rede hoteleira administra 400 hoteis pelo mundo, todos com perfil econômicos e oferta qualificada de serviços.

Em São Paulo, o primeiro hotel B&B terá 292 unidades, que serão vendidas a terceiros e arrendadas pelo grupo. A expectativa é de uma taxa de ocupação de 65%.

O contrato para locação será dividido em duas partes: uma remuneração fixa, garantida até o final do contrato e uma variável, com base na performance do empreendimento.


Ações da BlackBerry subiram quase 70% nos dois últimos meses


A empresa deixou o modelo de negócios voltado para as vendas de seus próprios celulares para comercializar softwares e serviços de consultoria de segurança

 





Toronto – As ações da BlackBerry subiram mais de 10 por cento nesta quinta-feira, aumentando os ganhos recentes depois que uma empresa de investimentos influente disse que as ações da empresa de tecnologia canadense poderiam dobrar, uma vez que um esforço de virada de vários anos começa a dar frutos.

As ações da BlackBerry subiram quase 70 por cento nos últimos dois meses, quando os negócios com montadoras e outras conquistas empresariais aumentaram a confiança nas perspectivas da empresa.

A Citron Research afirmou em relatório na quinta-feira que espera uma continuidade nisso. “Quando Wall Street muda seu quadro de expectativas em relação ao futuro e supera seu legado de negócios, fique atento”, afirmou o relatório.

A empresa deixou o modelo de negócios voltado para as vendas de seus próprios celulares para comercializar software para segurança de aparelhos e automóveis e serviços de consultoria de segurança cibernética.

A BlackBerry espera usar essa posição para conquistar mais negócios automotivos relacionado diretamente para os veículos autônomos.

Em Toronto, as ações atingiram uma alta de quatro anos de 15,82 dólares canadenses, com cerca de 4 milhões de ações mudando de mãos no meio-dia, mais que o dobro da média diária de três meses.