quarta-feira, 7 de março de 2018

Por que o protecionismo atravanca o progresso

 

 




Por João Luiz Mauad, publicado pelo Instituto Liberal

“Aqueles que dizem que a teoria e a prática são dois domínios não relacionados, ou são tolos em teoria ou desonestos na prática.” Ayn Rand.

Desculpem se volto ao assunto, mas Trump e suas políticas comerciais malucas não me deixam alternativa. O presidente americano prometeu ontem impor tarifas de 25% sobre as importações de aço dos Estados Unidos. Estas tarifas recairiam sobre as exportações de vários países, inclusive o Brasil, cujo governo já prometeu formalizar uma queixa técnica perante a OMC.

Pelo Twitter, Trump, histriônico e dramático, como de hábito, disse o seguinte, sobre a decisão (apud Rodrigo Constantino):

“Nós devemos proteger nosso país e nossos trabalhadores. Nossa indústria de aço está em mau estado. SE VOCÊ NÃO TEM AÇO, VOCÊ NÃO TEM UM PAÍS”.

É óbvio que se trata de uma grande besteira. A indústria do aço é muito importante para os Estados Unidos, e afeta a vida de todos os cidadãos: infraestrutura, construção civil, eletrodomésticos, automóveis, etc.. São necessidades praticamente infinitas. Todas as indústrias consumidoras de aço nessa lista (bem como seus consumidores) serão afetadas negativamente pelo aumento do preço da matéria prima. Estamos falando de cerca de 5,4 milhões de trabalhadores afetados, e centenas de milhões de consumidores. Como pode o presidente desprezar os efeitos negativos de sua medida sobre tanta gente?

A coisa se torna ainda mais indesculpável quando se olha para as experiências recentes, especialmente para as tarifas sobre o aço impostas por G. W. Bush, em 2002. Aqueles impostos permitiram que a indústria siderúrgica aumentasse o preço do aço doméstico, sem que houvesse, contudo, um impacto positivo no emprego. No entanto, as indústrias consumidoras não tiveram a mesma sorte. De acordo com estimativas, 200 mil pessoas perderam seus empregos nas indústrias que utilizavam o aço como matéria prima, nos anos seguintes.  Isso representa mais trabalhadores do que há em toda a indústria siderúrgica, cujos empregos as tarifas pretendiam proteger.

De acordo com a USITC, outra conseqüência das tarifas impostas por Bush foi a dificuldade de obtenção de aço nas qualidades e quantidades desejadas, o que acabou deslocando algumas indústrias de peças semi-acabadas para o exterior, de onde exportavam para os EUA sem pagar as tarifas do aço bruto.

O economista Mark J. Perry, analisando a perda de U$300 bilhões da bolsa americana (S&P 500 Index) somente ontem, depois da divulgação da decisão de Trump, vai direto ao cerne da questão:

“A matemática do protecionismo é bastante simples e bastante feia: os benefícios das tarifas para as empresas protegidas … (medida em termos de empregos, lucros ou valor de mercado adquirido) são sempre menoresdo que os custos impostos ao resto das empresas nacionais em outras indústrias (em termos de empregos, lucros ou valor de mercado perdido). A reação do mercado hoje às tarifas de Trump sobre aço e alumínio diz praticamente tudo o que você precisa saber sobre os males e os custos do protecionismo. Se houvesse mesmo uma possibilidade remota de que o protecionismo pudesse de algum modo gerar benefícios líquidos para a economia dos EUA, os mercados não teriam perdido $ 300 bilhões em valor em um dia. Portanto, a reação significativamente negativa de hoje no mercado de ações sugere que existe uma probabilidade zero de que as tarifas de aço e alumínio terão efeitos econômicos positivos líquidos, e uma certeza de 100% que terão efeitos negativos líquidos.”

Mas o protecionismo gera ainda outro efeito esperado (de longo prazo) bastante perverso, de que Perry não falou. Ele interfere negativamente no processo de destruição criadora. A América não se transformou na potência que é mantendo mão de obra ocupada em indústrias cuja produção pode ser feita fora. Ao contrário, aquele país vem se beneficiando das vantagens comparativas para consolidar-se na liderança de setores muito mais lucrativos, para os quais vastas quantidades de mão-de-obra se deslocaram nos últimos anos, graças à possibilidade de comprar produtos menos sofisticados no exterior.

Não seria exagero dizer que a indústria pesada é parte do passado nos EUA.  Ela deveria ser deixada a cargo de países tecnologicamente menos sofisticados mesmo. O negócio dos EUA é alta tecnologia, bioquímica, micro-biologia, indústria farmacêutica, robótica, nanotecnologia, informática, serviços financeiros.

O que Trump faz com essas medidas extemporâneas é atrasar a economia do país. Ou alguém acha que os EUA são o que são por causa das indústrias siderúrgicas? Não, meus caros, a vantagem comparativa – e competitiva – dos americanos está no conhecimento, na inovação, na alta tecnologia. Não é à toa que eles ganham a maioria dos Prêmios Nobel. Mas parece que Mr. Trump e sua trupe nunca leram Schumpeter, Ricardo, Friedman, Smith, Mises ou mesmo algum livro de introdução à economia (economics 101), e continuam vivendo no mundo mercantilista de 300 anos atrás. Seus fãs costumam dizer que Trump não precisa da teoria, pois aprendeu na prática. Ou que a teoria na prática é outra. A esses, eu respondo com a frase de Ayn Rand, na epígrafe.

http://www.gazetadopovo.com.br/rodrigo-constantino/artigos/por-que-o-protecionismo-atravanca-o-progresso/?utm_medium=feed&utm_source=feedpress.me&utm_campaign=Feed%3A+rconstantino

Cofco International reorganiza gestão de negócios


Cofco International reorganiza gestão de negócios
A Cofco International, trading controlada pela gigante chinesa de alimentos Cofco, anunciou hoje uma reorganização de suas operações globais.



Com as mudanças, a Cofco International passa a contar com o cargo de COO, que já está sendo ocupado por Selina Yang. A executiva até agora era a principal executiva global das áreas de grãos e oleaginosas da companhia. Foram criadas duas chefias globais, de grãos (milho e trigo, entre outros) e oleaginosas (soja e palma, basicamente). Essas áreas já estão sendo lideradas, respectivamente, por Paul Bateson, que estava na americana Bunge, e pelo brasileiro Marcelo Martins.

Também foi criada uma divisão global para o gerenciamento dos ativos da companhia, com sede em São Paulo e encabeçada pelo também brasileiro Valmor Schaffer – Foto -, que já era presidente da Cofco International para a América do Sul. Bateson e Martins passaram a ser responsáveis pelas operações de trading da Cofco International. Se reportam à COO, como no caso de Schaffer no que tange às questões relacionadas à produção, eficiência e manutenção de qualquer ativo da companhia.

Apesar de ser uma empresa na qual os ativos representam "apenas" 50% da operação – a outra metade é o negócio de trading em si -, a Cofco International tem unidades (fábricas, silos e terminais, entre outros) espalhados pelas Américas, Europa e África. A Cofco é também uma das tradings agrícolas que mais crescem atualmente no Brasil, onde atua com foco em soja e milho.


 (Assessoria de Comunicação)

 http://www.brasilagro.com.br/conteudo/cofco-international-reorganiza-gestao-de-negocios.html

Bela Investida - Schär Adquire Beladri e Amplia Atuação no Brasil







Bela Investida












 
A italiana Schär, fabricante de alimentos sem glúten, anunciou a compra da marca brasileira Beladri. Em entrevista exclusiva ao Jornal Giro News, Fernando Menezes, diretor geral da Schär no Brasil, contou que há algum tempo a empresa vinha estudando maneiras de ampliar a oferta de produtos no país, e viu na marca brasileira a oportunidade. "A Beladri possui uma linha de produtos que complementa o portfólio da Schär, e por isso decidimos pela aquisição. Agora, além dos produtos importados, vamos oferecer uma linha de produtos nacionais, como a Goiabinha e o Sequilho, com apelo local e preços competitivos, melhorando o mix de nossos clientes e a oferta para consumidores", diz. O valor da transação não foi informado pelas empresas.

Planos para a Marca 

 
O plano da Schär é de manter a marca Beladri em atividade, porque ela se dedica exclusivamente à produção de alimentos sem glúten, há 11 anos. O que vai mudar é sua penetração, que deverá ir muito além da região Sul e Sudeste, onde sempre se limitou a atuar. "Com nossa rede de distribuição, a marca estará disponível em todo o território nacional a partir deste mês. E com isso, as vendas de Beladri deverão representar, ao fim de 2019, cerca de 15% das vendas da Schär no Brasil", conta Fernando. Com relação aos lançamentos, ainda não há nada previsto para a marca. A principal novidade da Schär, é o lançamento do Pão Francês sem Glúten. 

http://www.gironews.com/informacoes-de-fornecedores/bela-investida-46897/

Receita Federal permutará informações bancárias com Estados e Municípios





 sig

 
A Solução de Consulta Interna Cosit nº 17, de 26 de julho de 2007 entendia, que não havia permissão legal, para que a RFB transmitisse às Secretarias de Fazenda de Estado, Distrito Federal ou Município os dados obtidos junto às instituições financeiras.

Contudo, agora a Cosit alterou seu entendimento por meio da Solução de Consulta Interna nº 2 – Cosit de 26 de fevereiro de 2018.

A base da mudança do entendimento está calcada em várias normas, mas principalmente no art. 37, XXII da CF e no art. 199 e parágrafo único Código Tributário Nacional (CTN).

O artigo da CF citado estabelece que as administrações tributárias da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, atuarão de forma integrada, inclusive com o compartilhamento de cadastros e de informações fiscais, na forma da lei ou convênio.

Por sua vez, o artigo 199 do CTN flexibiliza o dever de sigilo fiscal ao autorizar que as Administrações Tributárias da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios permutem entre si informações protegidas ou não por sigilo fiscal, desde que haja previsão em tratados, acordos ou convênio.

Note-se que os artigos 37, XXII da CF/88 e o artigo 199 do CTN não autoriza a troca de informações bancárias, mas informações fiscais.

Contudo, a Solução Interna enfrentou essa questão afirmando que “tão logo os dados das instituições financeiras sejam obtidos pela Receita Federal (transferência de dados sigilosos), tais dados passam a ser acobertados pelo sigilo fiscal, sendo, portanto, considerados dados fiscais, independentemente de sua utilização, pela RFB, em processos administrativos fiscais (como, por exemplo, na constituição de créditos tributários federais). E como tal, em princípio, já estariam aptos a serem compartilhados entre as administrações tributárias dos demais entes da federação, conforme preceitos legais supra expostos, e a depender do cumprimento de outros requisitos adiante analisados”. 

Em vista disso e demais argumentos, a Solução Interna conclui que existe permissão legal para que a o fisco federal informe, sob determinadas condições, às Secretarias de Fazenda de Estado, Distrito Federal ou Município os dados obtidos junto às instituições financeiras, nos seguintes termos:

 “O acesso às informações compartilhadas se dará:

a) única e exclusivamente pelos servidores concursados da carreira;
b) desde que haja e seja mantido controle de acesso aos dados, ficando sempre registrado o responsável por cada acesso e o momento de sua realização; e

A legislação do ente convenente deve prever sanções para o descumprimento das obrigações supracitadas, ao menos no seguinte sentido:

a) o servidor que utilizar ou viabilizar a utilização de qualquer informação obtida nos termos do convênio, em finalidade ou hipótese diversa da prevista nele, em lei, regulamento ou ato administrativo será responsabilizado administrativamente por descumprimento do dever funcional de observar as normas legais ou regulamentares, se o fato não constituir infração mais grave, sem prejuízo de sua responsabilização em ação regressiva própria e responsabilidade penal cabível;
b) o servidor que divulgar, revelar ou facilitar a divulgação ou revelação de qualquer informação sigilosa de que trate o convênio, com infração ao disposto no art. 198 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacional), ficará sujeito à penalidade de demissão, sem prejuízo das sanções civis e penais cabíveis;
c) o servidor que permitir ou facilitar, mediante atribuição, fornecimento ou empréstimo de senha ou qualquer outra forma, o acesso de pessoas não autorizadas a sistemas de informações, banco de dados, arquivos ou a autos de processos que contenham informações sigilosas ou que utilizar-se indevidamente do acesso restrito, será responsabilizado administrativamente, nos termos da legislação específica, sem prejuízo das sanções civis e penais cabíveis; e
d) o servidor que não proceder com o devido cuidado na guarda e utilização de sua senha ou emprestá-la a outro servidor, ainda que habilitado, ou que acessar imotivadamente sistemas informatizados que contenham informações protegidas por sigilo fiscal comete infração aos deveres funcionais de exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo e de observar normas legais e regulamentares, sem prejuízo da responsabilidade penal e civil cabível, se o fato não configurar infração mais grave.

O convênio poderá ser denunciado por qualquer das partes, mediante comunicação escrita aos demais entes coniventes.

Os requisitos mínimos ao compartilhamento dos dados deverão ser comprovados previamente à celebração do convênio”.


 http://tributarionosbastidores.com.br/2018/03/sic/


Ministro Barroso e seu ativismo ideológico no STF são um perigo para a nação



 


Já comentei aqui várias vezes sobre o risco do ativismo judicial, daquele tipo que mistura as funções dos poderes e trata o judiciário como legislativo. Claro que o risco aumenta exponencialmente quando o ativista está no STF. E quando o assunto é ativismo no STF, não há nome que possa se equiparar ao de Luís Roberto Barroso.

Reinaldo Azevedo tem merecido muitas críticas recentemente, mas quando é para chamar a atenção para essa postura do Barrosão, ele ainda tem seu valor. E o jornalista dedicou várias colunas recentes ao tema, para mostrar como Barroso se comporta como governante, sem ter um único voto sequer. Diz Reinaldo num desses textos:

O ministro Roberto Barroso, do Supremo, decidiu governar o Brasil sem ser eleito por ninguém. Chegou ao Supremo com o apoio dos esquerdistas, em especial do núcleo duro do PT. A sua atuação em defesa do terrorista Cesare Battisti contou muito nas suas credenciais de “nosso — DELES!!! — homem”. Mais: ele também abraçava, e abraça ainda, a chamada “agenda das minorias”, incluindo o feminismo abortista. Ainda mais: para ele, a Constituição é uma obra aberta. Pouco importa o que vai escrito lá. As demandas sociais — na verdade, o berro das milícias militantes organizadas — devem ter prevalência sobre a vontade do constituinte originário. Basta ler seu livro sobre “O Novo Direito Constitucional Brasileiro”, como fiz, para chegar a essa conclusão. 

O ativismo ideológico de Barroso também foi tema da coluna de Carlos Andreazza hoje no GLOBO. O editor resgata o passado recente do ministro do STF para mostrar que ele já foi o Gilmar Mendes de hoje, quando o alvo era o PT e o mensalão. Andreazza mostra que o santo é de barro, e pergunta: “Mendes pode ser tudo quanto se lhe acusa. Daí, porém, a que Barroso seja o oposto… Que tal testar a hipótese de que estejam ambos certos a respeito do outro? Que tal conjecturar sobre a que essa polarização — enquanto consagra o sete-peles oficial — serve?”

Paulo Guedes gostava de usar a mesma estratégia para condenar PT e PSDB juntos: o que o PT diz sobre os tucanos pode ser verdade, assim como o que os tucanos falam sobre os petistas. Quando um Babá ataca um Boulos por ser lulista demais dentro do PSOL, não precisamos estimar Babá para lhe dar razão. Ou seja, quando o sujo fala do esfarrapado, isso pode ser hipócrita, mas não quer dizer que o esfarrapado seja limpinho.

Ninguém precisa respeitar Gilmar Mendes para entender que suas acusações a Barroso procedem, e que a ameaça que este representa é muito maior, pois ele é tratado pela mídia como um justiceiro do bem, enquanto Mendes é demonizado. Se Mendes é uma espécie de PMDB no STF, Barroso é o PSOL, e o PSOL é bem mais perigoso – incomparavelmente mais perigoso! Andreazza diz:

Barroso é o mais ativo criador num Supremo particularmente legislador. Se o tema é aborto, aí é indisfarçado ativista, vestido com a toga, mas sem largar a agenda. Julgando, por exemplo, um habeas corpus em favor de duas pessoas presas preventivamente em decorrência da prática — um caso concreto, sem efeito vinculante, do que se deveria analisar exclusivamente o mérito —, o doutor subverteria a natureza daquela deliberação para desafiar o Código Penal e tentar, sem mandato popular para tanto, formular lei conforme sua militância; na ocasião, uma que autorizasse o aborto até o terceiro mês de gravidez. Barroso: aquele que se vangloria de não falar de política, mas que não passa semana sem fazer política pela descriminação das drogas — progressista da cepa dos que veem o Brasil como uma Holanda, mas que não sabem o que fazer com Paraguai, Bolívia, Colômbia e Venezuela.

Barroso, expressão de um Supremo capaz de votar para que uma lei — a da Ficha Limpa — retroaja contra o réu, é, como se declara, homem que vive para o bem e não para ofender pessoas. Orgulha-se, conforme diz, de não frequentar palácios. Talvez, contudo, devesse refletir sobre suas decisões que habilitam os do colarinho branco a continuar nos seus. Por exemplo: tivesse seu entendimento prevalecido — aquele segundo o qual, uma vez homologado, um acordo de delação premiada jamais poderia ser revisto —, Joesley Batista hoje estaria livre, onde desejasse, certamente em um palácio, rindo do Estado que ajudou a pilhar e que, no entanto, teria lhe ajudado a se lavar impunemente. Não haverá outra maneira de um juiz melhor ofender as pessoas.

Barroso é o “justiceiro social” do STF, daí ele ser tão adorado pelos esquerdistas que odeiam o conceito de República, pois se julgam acima das leis. E no dia em que a coluna foi publicada, eis que Barroso novamente resolve rasgar a Constituição e pedir quebra de sigilo do presidente Michel Temer. Andreazza comentou:

Em suma, Barroso é um perigo! Mas é Gilmar Mendes que desperta a revolta e a mobilização da patrulha. O mesmo vale para Temer: é odiado, demonizado, alvo de protestos de artistas e “intelectuais”, os mesmos que defendem Lula, o PT e o PSOL. Mendes e Temer merecem as críticas ou acusações, mas tem muito “liberal purista” que faz o papel de idiota útil da esquerda radical, sem se dar conta de que está apenas agindo como massa de manobra dessa gente.

Se a escolha for entre PT/PSOL e PMDB, mil vezes PMDB, por mais triste que seja ter de fazer uma escolha dessas. O que não dá é para entrar no jogo dos comunas e ficar compartilhando ataques a Temer e Gilmar Mendes sem compreender que, no fundo, está-se alimentando o intuito golpista dos “justiceiros” de esquerda, que encaram a lei como um instrumento partidário-ideológico, a ser utilizado de forma arbitrária ou mesmo inconstitucional quando servir aos seus “nobres” fins.


Rodrigo Constantino

 http://www.gazetadopovo.com.br/rodrigo-constantino/artigos/ministro-barroso-e-seu-ativismo-ideologico-no-stf-sao-um-perigo-para-nacao/?utm_medium=feed&utm_source=feedpress.me&utm_campaign=Feed%3A+rconstantino

Justiça decide disputa entre Vigor e Lactalis






Estadão Conteúdo

 Justiça decide hoje disputa entre Vigor e Lactalis

A disputa entre a Vigor e a francesa Lactalis em relação ao futuro da Itambé terá um capítulo que pode ser decisivo hoje. A Câmara de Direito Empresarial do Tribunal de Justiça de São Paulo decidirá se a cooperativa CCPR tem o direito de transferir ações que possui na Itambé para o grupo Lactalis. 

A Vigor tenta barrar o movimento. Dona de 50% da Itambé até o ano passado, a empresa havia costurado a venda de sua fatia para a mexicana Lala, que demonstrara interesse em ficar também com a participação da CCPR e, assim, deter controle total da Itambé. A CCPR não quis se desfazer de suas ações e exerceu direito de preferência para comprar a parte da Vigor. Logo depois, porém, anunciou que a Lactalis adquirira 100% da Itambé. A Vigor contesta a operação e diz que houve violação do acordo de acionistas. 

 Em pauta no Tribunal de Justiça está a continuação do julgamento de uma liminar. Caso a Vigor saia vitoriosa em seu pleito de barrar a transferência de ações da CCPR para a Lactalis, a francesa não poderá comprar a Itambé da cooperativa.

 Se o tribunal entender que a operação é válida, a Lactalis poderá finalizar a compra, mas o caso não estará resolvido. Ela ainda terá de esperar o resultado de uma arbitragem para assumir de fato a empresa brasileira de lácteos. 

 As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

terça-feira, 6 de março de 2018

Inteligência artificial vai mudar todos os relacionamentos humanos

Inteligência artificial vai mudar todos os relacionamentos humanos

Para historiador, Google, Facebook e Amazon competem em revolução digital e redes sociais ficam arcaicas.


Quando descreveu os perigos da internet em seu primeiro livro há dez anos, Andrew Keen ficou conhecido como o anticristo do Vale do Silício, uma rara voz dissonante num momento em que o mundo parecia celebrar as maravilhas das redes sociais.

Em “O Culto do Amador”, o historiador que trocou seu Reino Unido natal pela meca do “big tech” na Califórnia, onde fundou uma série de start-ups que fracassaram, já falava na erosão da confiança em instituições que são pilares da sociedade moderna.

Ele previu a era das “fake news”, com a crise da mídia tradicional diante da ascensão da opinião de amadores na rede mundial, e o fim de certas experiências humanas, como a solidão e a privacidade, que desapareceriam num ambiente dado ao exibicionismo total.

Uma década depois, Keen aponta as consequências de um mundo inebriado pela internet em seu mais novo livro.

“How to Fix the Future”, recém-lançado nos Estados Unidos, descreve o quadro de medo e paranoia que domina a época atual e aponta a eleição de Donald Trump como fenômeno de um momento em que a crença cega na suposta transparência do ambiente virtual acabou gerando sociedades mais opacas.

Nesta entrevista, Keen comenta a crise de imagem do Vale do Silício, prevê um futuro controlado por inteligência artificial e aponta ameaças que o amor à tecnologia pode impulsionar, entre elas o levante de uma tecnocracia digital na China e de uma nova guerra fria causada por políticas digitais divergentes.

Folha - Seus livros e artigos são um alerta sobre os perigos da internet há uma década. Como vê a rede mundial hoje?

Andrew Keen - Tenho uma visão histórica sobre a revolução digital e a vejo como outras grandes mudanças tecnológicas e culturais do passado, como a Revolução Industrial e a Reforma Protestante, mas já não gosto mais de usar essa palavra internet.

A internet está em todos os lugares hoje em dia e provocou uma mudança profunda na forma como aprendemos, conversamos e administramos governos e os negócios.

É uma mudança tão forte quanto a Revolução Industrial, com a diferença que já não há crianças trabalhando em fábricas que cospem fumaça nem o surgimento de uma nova classe proletária.

Em vez disso, as empresas de tecnologia se tornaram as mais ricas e poderosas do planeta e estão todas concentradas na costa oeste dos Estados Unidos. Isso gerou outros níveis de riqueza e figuras como Jeff Bezos, o dono da Amazon que é talvez o homem mais rico da história.

O que está no horizonte como próxima fase dessa evolução?

Sempre tendemos a superestimar a velocidade com a qual a tecnologia pode mudar o mundo, mas acredito que nos próximos 15 anos a inteligência artificial vai mudar todas as indústrias e todos os relacionamentos humanos, por isso empresas como Google, Facebook e Amazon agora estão competindo para ver quem vai dominar essa área.

Mas acredito que pode até haver uma nova empresa, uma espécie de novo Google ou Amazon, que vai surgir e transformar todas as coisas.

A inteligência artificial já é uma realidade, não é só conversa ou uma propaganda vazia. E ela vai mudar a maneira em que pensamos sobre nós mesmos quando começar a substituir as pessoas em fábricas ou a servir fast food ou a trabalhar como médicos, advogados e até professores.

Os humanos podem se tornar obsoletos no futuro próximo?

Não penso isso, mas precisamos entender o que está acontecendo e desenvolver novas formas de agir. Na era das máquinas inteligentes e dos algoritmos, precisamos entender o que só os humanos ainda conseguem fazer.

Mas, enquanto essa reflexão não amadurece, acredita que a tecnologia e as redes sociais vão continuar a agravar o quadro de descrença em relação à política da atualidade descrito em seu livro mais recente?

A tecnologia não é o que levou Donald Trump ao poder ou o que está por trás da xenofobia. Mas a realidade é que a revolução digital criou outras formas de escassez. Há escassez de confiança e de capacidade de prestar atenção. Estamos confiando cada vez menos em todas as coisas.

Isso começou com a maneira como a internet gerou um fetiche em torno de amadores, minando nossa confiança em especialistas, curadores, profissionais e críticos. Foi a natureza democrática dessa tecnologia que nos levou a essa crise de confiança.

Trump é o presidente da internet. Ele representa os piores elementos das redes sociais, o narcisismo, a obsessão com o próprio ego, a inabilidade de ouvir. É o primeiro presidente antissocial.

Qual o antídoto para isso?

Mesmo que a tecnologia tenha provocado essa crise, acredito que nossa confiança possa ser reconstruída usando essa mesma tecnologia.

Seu livro dá exemplos bons e ruins de nações como Estônia e Cingapura, que estão ancorando seus governos em inovações tecnológicas. Quais são as vantagens e os perigos da ideia de país inteligente?

Nada é inevitável em relação à tecnologia, então tudo depende de como ela é usada. A Estônia é um bom exemplo de como um governo pode ser mais transparente com a tecnologia. Não é perfeito, mas está inspirando sistemas parecidos em todo o planeta.

O caso de Cingapura é mais preocupante porque há uma ausência de democracia, mas até o sistema paternalista deles parece funcionar melhor do que a democracia disfuncional que estamos vivendo agora nos Estados Unidos.

A China também está avançando nesse cenário e exerce grande controle sobre seus cidadãos censurando a internet e monitorando manifestações online. Como avalia isso?

O modelo de países inteligentes tem problemas, mas em todos eles há um grau de prestação de contas à sociedade que não existe na China.

Deveríamos estar bem mais preocupados com o caso chinês. Eles estão construindo um sistema orwelliano, em que o governo determina o destino das pessoas em termos de moradia, educação e privilégios sociais com base nos dados que tem sobre eles.

Eles estão se aproximando cada vez mais de um regime totalitário. É um pesadelo, uma tecnocracia digital onde os direitos individuais são ignorados.

No século 21, podemos ter uma nova guerra fria em que a base do conflito não será mais a diferença entre regimes econômicos e sim a maneira como cada país conduz as suas políticas digitais.

Mas mudanças como a decisão dos EUA de acabar com a neutralidade da rede não contribuem para um controle excessivo no resto do mundo?

Essa coisa de neutralidade da rede é uma ilusão completa, é “fake news” criada pela esquerda americana.

Eles sugerem que o perigo está no controle da rede por empresas como AT&T e Comcast, mas elas são minúsculas perto do Google e da Amazon.

Esse debate é um desperdício de tempo que só reflete o medo e a paranoia dessa época em que estamos vivendo.

A real ameaça à democracia está em como o Facebook e o Google se tornaram superpoderes globais enquanto o governo americano não funciona. Ninguém ali trabalha.

Você acredita que os EUA deveriam seguir os passos da União Europeia e impor mais restrições a essas empresas?

Os americanos sempre gostam de pensar que são mais avançados do que o resto do mundo, mas nesse ponto ficaram muito para trás em relação aos europeus. O século 21 já nos deu motivos para repensar as regras antitruste.

Haverá cada vez mais pressão para uma proteção maior de dados pessoais, como já existe na Europa. E penso que nas próximas eleições aqui os candidatos vão disputar cargos com plataformas anti-Vale do Silício da mesma forma que já atacaram Wall Street. 

O “big tech” está vivendo o auge de uma crise de imagem?

O espírito dessa época é outro. A histeria em torno das redes sociais já se esgotou. Elas se tornam cada vez mais arcaicas e fora de moda.

Há dez anos eu era o único a dizer que elas enfraquecem a credibilidade e a verdade, enquanto hoje todos concordam com isso.

Elas prometiam transparência, mas nosso mundo só se tornou mais opaco e ninguém sabe o que essas empresas fazem com todos os nossos dados.

Os consumidores vão começar a peitar essas firmas. E o Google e o Facebook vão precisar aprender algumas lições com outras indústrias, como a dos automóveis, que se repensou para sobreviver.

A tecnologia é tão perigosa quanto o nosso amor por ela.

RAIO-X

Vida
Nasceu em Londres, em 1960, e hoje vive em Berkeley, nos Estados Unidos

Formação
Estudou história e ciências políticas na Universidade de Londres e na Universidade da Califórnia, em Berkeley

Carreira
Em 1995, ele fundou a Audiocafe.com, que fechou cinco anos depois. Trabalhou em empresas de tecnologia como Pulse 3D, SLO Media e Santa. Ele hoje faz palestras sobre a revolução digital e é autor de quatro livros, entre eles “O Culto do Amador” e “How to Fix the Future”


HOW TO FIX THE FUTURE
AUTOR Andrew Keen
EDITORA Atlantic Monthly Press
QUANTO US$ 16,30 (R$ 52,98), 288 págs (Folha de S.Paulo, 5/3/18)