As duas unidades registraram prejuízo
conjunto de cerca de 800 milhões de reais no ano passado, e o cenário de
longo prazo continua indicando resultados negativos para ambas
SÃO PAULO (Reuters) - A Petrobras anunciou nesta terça-feira a
"hibernação" de duas deficitárias fábricas de fertilizantes no Sergipe e
na Bahia, em uma medida que visa reduzir perdas nas operações enquanto a
companhia busca um comprador para os ativos.
A hibernação das
unidades, que consiste na parada progressiva da produção, com
conservação dos equipamentos e prevenção de impactos ambientais, deve
ser iniciada até o fim do primeiro semestre, e representa mais um passo
na estratégia da petroleira estatal de deixar o setor de fertilizantes.
"Quando
você olha essas plantas, a melhor alternativa para a Petrobras no
momento é hiberná-las enquanto o processo de desinvestimento caminha. A
gente precisa agora é parar de gerar prejuízos", disse o
diretor-executivo de Refino e Gás Natural da Petrobras, Jorge Celestino,
em teleconferência com jornalistas.
As duas fábricas registraram
prejuízo conjunto de cerca de 800 milhões de reais no ano passado, e o
cenário de longo prazo continua indicando resultados negativos para as
unidades, segundo a estatal.
No quarto trimestre de 2017, a Petrobras realizou provisão de 1,3 bilhão de reais para perdas com as fábricas de fertilizantes.
Celestino
disse que as unidades na Bahia e no Sergipe enfrentaram problemas de
competitividade por sua localização, distante tanto do acesso à
matéria-prima quanto dos mercados demandantes.
Em comunicado mais
cedo na terça-feira, a Petrobras disse que preparou um plano de
transição para fornecedores e clientes das unidades, bem como ações de
responsabilidade social com o objetivo de mitigar impactos que venham a
ocorrer nas comunidades com a hibernação.
OUTRAS UNIDADES
Em
paralelo, a Petrobras já havia anunciado planos de vender seus ativos
restantes no setor de fertilizantes, a subsidiária integral Araucária
Nitrogenados (Ansa), no Paraná, e a Unidade de Fertilizantes-III
(UFN-III), no Mato Grosso do Sul, que teve obras iniciadas em 2011 mas
não chegou a ser concluída.
"Nós estamos perto de achar
compradores para a Ansa e a UFN III", afirmou Celestino. "Nós recebemos,
sim, ofertas por elas... Recebemos não-vinculantes e agora
vinculantes", adicionou.
A Petrobras anunciou ainda em setembro passado a abertura de processo para a venda da Ansa e da UFN-III.
Já
as unidades de fertilizantes na Bahia e em Sergipe não receberam
nenhuma proposta até o momento da decisão de hiberná-las, segundo o
diretor da Petrobras, embora um processo oficial de venda ainda não
tenha sido aberto.
A fábrica em Sergipe entrou em operação em
1982. Com uma área de 1 km², ela produz amônia, uréia fertilizante,
uréia pecuária, uréia industrial, ácido nítrico, hidrogênio e gás
carbônico.
A unidade da Bahia, no complexo petroquímico de
Camaçari, iniciou atividades em 1971 e produz amônia, uréia
fertilizante, uréia pecuária, uréia industrial, ácido nítrico,
hidrogênio, gás carbônico e Agente Redutor Líquido Automotivo (Arla 32).
(Por Luciano Costa)
http://www.dci.com.br/industria/petrobras-hiberna-fabricas-de-fertilizantes-no-nordeste-a-espera-de-comprador-1.692039