terça-feira, 8 de maio de 2018

Laboratório japonés Takeda oferece £ 46 bilhões pelo britânico Shire



Laboratório japonés Takeda oferece £ 46 bilhões pelo britânico Shire Logo do laboratório farmacêutico japonês Takeda, em 25 de abril de 2018 em Tóquio - AFP/Arquivos

 

O laboratório farmacêutico japonês Takeda anunciou nesta terça-feira que apresentou uma oferta confirmada de compra do grupo britânico Shire por 46 bilhões de libras (52 bilhões de euros).

O grupo Shire é favorável à oferta apresentada em abril e confirmada nesta terça-feira.

Se a operação for concretizada, a fusão das duas empresas criará o nono grupo mundial do setor em termos de faturamento.


Acordo entre Embraer e Boeing deve ser fechado ainda este ano, diz ministro da Defesa

 

 

Redação Reuters

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RIO DE JANEIRO (Reuters) - O Ministro da Defesa, general Joaquim Silva e Luna, disse que está otimista com o andamento das negociações para uma associação entre a Embraer e Boeing e que espera que as empresas fechem um acordo ainda esse ano.

Ele disse que não houve nenhum recuo nas tratativas que começaram no ano passado, mas as negociações são complexas dada a exigência do Brasil de preservar o braço estratégico da fabricante nacional.

“As empresas buscam um caminho de ganha ganha entre elas. Esse caminho está sendo encontrado”, disse ele a jornalistas. “O que se busca é preservar o lado de Defesa da Embraer”, adicionou.

Silva e Luna frisou que as reuniões de trabalho do grupo montado dentro do governo para cuidar da parceria entre as duas fabricantes de aeronaves estão andando e não houve nenhum recuo.

“Está em fase avançada e é coisa para esse ano”, destacou. “Estou otimista demais.”


Por Rodrigo Viga Gaier

Dono do Madero inaugura nova marca de restaurantes


Pensado para praças de alimentação, Vó Maria Durski abre restaurante em Curitiba focado em parmegiana

 




São Paulo – O dono e fundador da rede de restaurantes Madero está investindo em novas empreitadas e acabou de inaugurar a primeira unidade da rede Vó Maria Durski, especializada em filé à parmegiana e com foco em praças de alimentação.

O primeiro restaurante foi aberto na praça de alimentação do Shopping Mueller, em Curitiba (PR). O foco da nova rede é a simplicidade. Há um prato único, o lombinho à parmegiana, que recebe diferentes acompanhamentos como arroz, penne ou batatas fritas, por R$ 17,90.

Esta é a quarta marca de restaurantes do empresário, que também comanda o internacional Durski, a rede Madero e a hamburgueria Jeronimo.

“Estamos levando para as praças de alimentação a mesma qualidade e sabor dos alimentos que servimos em nossos outros restaurantes”, afirma Luiz Renato Durski Junior, fundador e presidente da rede Madero.

A proposta é melhorar a qualidade das refeições nas praças de alimentação. “A qualidade da praça de alimentação não é das melhores, pois a franquia não favorece isso”, disse ele, em entrevista ao site EXAME em março.

Ainda em 2018, o Grupo lançará outras duas novas marcas: a Sanduicheria do Junior Durski e a hamburgueria Dundee. Serão 45 aberturas no ano e outras 80 em 2019, com uma forte expansão programada para o estado de São Paulo.

A expectativa é abrir 200 restaurantes de cada uma das marcas em apenas 5 anos. Com cerca de 600 shoppings centers no Brasil, o presidente acredita que essa marca é possível.
 
 

segunda-feira, 7 de maio de 2018

OAB denuncia venda de carteira de advogado no Mercado Livre






O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil encaminhou queixa-crime à Polícia Federal em que denuncia a venda de carteiras da OAB no Mercado Livre. A autoria da postagem no site é desconhecida, mas a entidade incluiu imagem em que o documento é vendido por R$ 1 mil e a entrega deve ser combinada com o vendedor. O link, também incluído na denúncia, não está mais disponível.
Anúncio oferecia carteira da OAB.Reprodução
"É incontroverso que o site vem divulgando a possibilidade de compra da carteira de advogado, o que, em tese, configura a prática do crime de estelionato em face dos bacharéis em direito que procuram os serviços oferecidos, delito este devidamente tipificado no Código Penal em seu artigo 171", diz a denúncia. A OAB também argumenta que a venda de carteiras de advogados configura falsificação de documento público.

A OAB requer a instauração de investigação policial para apuração dos fatos apontados, e, sendo constatada a prática, a remessa dos autos ao Ministério Público para ajuizamento de ação penal. A entidade pretende, de acordo com a denúncia, condenar os autores da oferta, bem como conseguir eventual reparação civil. A ação é assinada pelo presidente da OAB, Claudio Lamachia.


Leia aqui a íntegra da representação. 



https://www.conjur.com.br/2018-mai-05/oab-denuncia-venda-carteira-advogado-mercado-livre

Nestlé investe US$ 7,15 bilhões em licenças de produtos Starbucks


Startup que quer substituir Correios recebe aporte de R$ 25 mi




A Mandaê, que aplica tecnologia à logística de empresas, ganhou um investimento para crescer sua operação

 




São Paulo – A startup Mandaê está surfando em um mercado que, recentemente, só entristeceu seus consumidores – o que catapultou novas soluções. A logística para empresas passou diversos reveses nos últimos anos, como o fim do serviço de entrega para e-commerces e-Sedex e um vai e vem de fretes mais caros nos Correios, e isso ajudou a startup a anunciar uma nova rodada de aportes e continuar o crescimento de sua operação.

O negócio recebeu 7,1 milhões de dólares (na cotação atual, cerca de 25 milhões de reais). A rodada série B foi liderada pelo órgão International Finance Corporation, do Banco Mundial, e contou com a participação dos fundos FJ Labs, Mercado Livre Fund, Tekton Ventures e UPS Strategic Enterprise Fund. Outros investidores já são conhecidos da startup, como Performa Investimentos, Qualcomm Ventures, Monashees e Icon Holding Company.

“São fundos que já investiram em startups, inclusive de logística, pelo mundo inteiro. Além disso, possuem muita experiência e conexões de mercado. Eles sabem os desafios que temos e poderão dar muitos conselhos”, afirma Marcelo Fujimoto, CEO da Mandaê.

O primeiro fundo que merece destaque é o feito pelo IFC, do Banco Mundial. “A logística é um setor muito importante para o desenvolvimento dos países e enfrenta muitos problemas no Brasil. Então, para eles, fazem muito sentido investir no mercado em geral e na nossa solução em particular.”

Além do líder da rodada, outro fundo da lista merece destaque: o Mercado Livre Fund, parte da gigante de e-commerce. Fujimoto diz não poder falar em nome do Mercado Livre, mas obviamente há um interesse estratégico com o aporte.

“O frete é um dos fatores mais impactam a experiência no e-commerce, especialmente a taxa de conversão de consumidores. Marketplaces como o Mercado Livre estão preocupados com o setor, e acho que é um dos fatores que explica o investimento deles na gente. O mercado está carente de uma solução.”

Vale lembrar que a Qualcomm Ventures, que também aportou nesta rodada, já investiu em outra startups de logística que atua no Brasil: a CargoX, do argentino Federico Vega.

Como funciona?

 

Criada em 2014, a Mandaê tem como objetivo aumentar a eficiência na coleta, embalagem e transporte de produtos para empresas. A primeira opção de envio de tais empreendimentos é, hoje, a Empresa Brasileira de Correios.

A empresa afirma que os Correios são “parceiros” e que, em algumas cotações, a melhor opção é de fato enviar pelo serviço. Mesmo assim, o negócio tira uma fatia do mercado da empresa por meio da competição com outros parceiros.

A startup faz a intermediação com outros negócios que recolhem os produtos, fazem uma embalagem adequada ou os transportam por caminhões próprios. Como a Mandaê negocia um volume maior de produtos durante toda essa cadeia, usando os pedidos de todas as suas clientes, a economia no frete das empresas pode chegar a 35%. A startup também oferece experiências como logística reversa (realizar trocas de pedidos) e ferramentas para gerenciar, rastrear e cotar envios.

Hoje, a Mandaê afirma atender “centenas” de clientes, compostos principalmente de pequenas e médias empresas. O negócio diz também atender companhias maiores.

Por conta do novo contrato de investimento, a startup não quis abrir números de volume de entregas ou faturamento, constatando apenas quadruplicar de tamanho nos últimos anos e querer manter a taxa para 2018.

A Mandaê ganhou o Prêmio ABComm de Inovação Digital 2017, da Associação Brasileira de E-Commerce, na categoria de “Logística no E-commerce”.

Planos de expansão e desenvolvimento

 

O investimento terá dois objetivos, segundo Fujimoto. O primeiro é expandir o serviço de logística empresarial para outros estados – até o momento, a solução atua apenas em São Paulo.

Depois, a startup usará os recursos para contratar mais pessoal, especialmente em atendimento e desenvolvimento de produto. A Mandaê possui 100 funcionários e quer dobrar de tamanho até o fim do ano.

“Nosso modelo de plataforma tecnológica para a cadeia de entrega é complexo, então continuaremos investindo”, afirma o CEO da Mandaê.

Um dos projetos tecnológicos para 2018 é melhorar a tecnologia de rastreamento sobre os produtos intermediados pela startup, por exemplo. A startup também quer fomentar parcerias mais profundas com as transportadoras.


Histórico de investimentos

 

A Mandaê já havia feito uma rodada de investimento-semente em março de 2014, no valor de 200 mil dólares. Um ano depois, captou um Série A de 4,9 milhões de reais, liderado pelos fundos Monashees e Valor Capital Group.

Por fim, fez novas rodadas que totalizaram 19,5 milhões de reais, com participação dos fundos anteriores e de nomes como Performa Investimos e Qualcomm Ventures. Somando o aporte atual, a startup já captou cerca de 50 milhões de reais.

Camargo Neto: ‘Disputa na OMC é um equívoco e vai expor fragilidades’



Camargo Neto: ‘Disputa na OMC é um equívoco e vai expor fragilidades’


O Brasil corre risco de se expor negativamente – e em praça pública – se o painel que o Ministério da Agricultura pretende abrir na Organização Mundial de Comércio (OMC) contra a União Europeia for adiante. A disputa, que envolve recentes barreiras sanitárias impostas pelo bloco à carne de frango brasileira, poderá jogar os holofotes sobre as investigações da Polícia Federal (PF) no âmbito das diferentes etapas da Operação Carne Fraca, que envolvem casos de corrupção entre funcionários de frigoríficos e fiscais agropecuários e fraudes em testes de salmonela. Nesse sentido, o painel poderá até atrapalhar os esforços brasileiros para recuperar a credibilidade de seu sistema de inspeção sanitária.

A crítica é de Pedro de Camargo Neto, vice-presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB) e ex-presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs). 

Aos 69 anos, Camargo Neto é um veterano em disputas comerciais. Quando liderou a Secretaria de Produção e Comercialização do Ministério da Agricultura, entre 2001 e 2002, foi o articulador das vitórias obtidas pelo Brasil na OMC contra os Estados Unidos, devido ao subsídio daquele país ao algodão, e contra o subsídio da UE ao açúcar.

Na semana passada, a Câmara de Comercio Exterior (Camex) aprovou os estudos que podem levar à abertura do painel contra a UE por causa da carne de frango. Mas, para Camargo Neto, o caminho é equivocado. Para ele, as necessidades das companhias que tiveram frigoríficos embargados – especialmente a BRF, que está proibida de exportar à União Europeia – são urgentes, e o contencioso, além de expor fragilidades sistêmicas brasileiras, levará anos para se resolver.

Confira abaixo, os principais trechos da entrevista com Camargo Neto, feita pelo jornal Valor Econômico:

Valor: É uma boa ideia abrir um painel contra a União Europeia na OMC em razão das cotas e do embargo à carne de frango do Brasil?
Pedro de Camargo Neto: Em qualquer painel eles vão pôr o relatório da Polícia Federal lá. A gente vai se expor. É totalmente errado. O caminho do contencioso é equivocado. Demora meses para começar e anos para terminar. E precisamos de um resultado com urgência. Não podemos esperar anos. Depois, a crise é de credibilidade. Todo o problema vem de credibilidade e o contencioso não ajuda a resolvê-lo. Pode até atrapalhar. Então esquece.

Valor: E como reconstruir a credibilidade do sistema brasileiro?
Camargo Neto: Fui às reuniões do grupo técnico [criado ano passado pelo Instituto Pensar Agro, braço da frente parlamentar agropecuária, para estruturar uma reação à Carne Fraca]. E não via uma reação das empresas. Há um problema de corrupção das empresas com os serviços públicos. A BRF está pagando por não ter se posicionado. Ela nem ia à reunião. A JBS é a única. Contratou o americano. É um negócio bem óbvio. Eu falava: não tem liderança! Só associação [nas reuniões]. Cadê as empresas? Um dia, eu cheguei e disse: a maior delas, a JBS, está com os controladores presos, e a segunda maior, a BRF, está com o rabo preso.

Valor: Rabo preso?
Camargo Neto: Esses e-mails que pegaram [na Operação Trapaça, a respeito das fraudes em testes de salmonela]. Tinha problema. Eles tinham corrompido. Agora é o seguinte: aconteceu, aconteceu. Vira o disco. Você não pode ficar esperando. O que a ABPA [Associação Brasileira de Proteína Animal, que representa as indústrias produtoras de carne de frango e carne suína] devia ter feito? Preparar as empresas. Vamos chamar todo mundo aqui e garantir conformidade. O discurso [deveria ter sido o de] “tem que entrar na linha. Vamos melhorar tudo. Nós fomos pegos”.

Valor: Mas o discurso dominante após a Carne Fraca foi o de que a Polícia Federal estava errada.
Camargo Neto: Exatamente. E eu mesmo ajudei nessa linha. Por quê? A Polícia Federal exagerou, extrapolou. Mas pegou corrupção. Ela não estava
errada. Bem ou mal, no fundo tinha uma verdade. Mas o Turra [o ex- ministro da Agricultura Francisco Turra, presidente da ABPA] soube fazer isso [criticar os equívocos da PF], o Temer fez bem. Mas o problema da Carne Fraca continuou.

Valor: E depois veio a delação do Wesley Batista, que prometeu entregar fiscais agropecuários que recebiam “mensalinho” da JBS. Mas a lista ainda não apareceu…
Camargo Neto: Mas pode aparecer. São 90 fiscais, cento e tantos técnicos. E tem a delação do Daniel Gonçalves [ex-superintendente do Ministério da Agricultura no Paraná, preso na Carne Fraca]. Então, o discurso deveria ter sido: “Vamos revisar o relacionamento entre empresa e funcionários”.

Valor: Na época, o governo fez várias promessas de revisão do sistema de inspeção sanitária. Que criaria uma mega-agência de defesa. Mas vimos pouco acontecer.
Camargo Neto: Na primeira reunião que a gente fez em Brasília [após a operação], o que se identificava? O que era a Carne Fraca? Corrupção no Paraná, relacionamento promíscuo entre superintendente e políticos. Então, como a gente enfrenta isso? Daí alguém falou: o pessoal do Dipoa [Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal] quer verticalizar. Levar tudo para Brasília. Uma boa ideia. Hoje, o fiscal federal do Paraná é subordinado ao superintendente do Paraná. Ele segue a norma técnica emitida por Brasília, mas salário, férias e a gestão dele quem resolve é o Paraná. A verticalização era isso. Mas ficou seis meses parada na secretaria-executiva. Foi publicado um decreto em dezembro. E a portaria [que regulamenta a verticalização] só saiu dois dias depois da Trapaça.

Valor: E aquele outro projeto de criar uma taxa de abate para financiar a inspeção sanitária?
Camargo Neto: Olha, esse projeto me foi apresentado na semana retrasada. Apresentaram duas minutas de projeto de lei. Falei para o Rangel [Luis Eduardo Rangel, secretário de Defesa Agropecuária]. Projeto de lei? Agora? Ano eleitoral? É difícil. Não vejo ser possível aprovar. Rangel vai mandar agora para o gabinete do ministro. Vai saber quanto tempo vai ficar por lá. A verticalização, muito mais fácil, levou seis meses. Depois vai para a Casa Civil. Depois, para o Congresso.

Valor: No setor, não havia grandes dúvidas de que existia propina a fiscais. Mas não se sabia como isso se dava. Como mudar o sistema?
Camargo Neto: Que existia, existia. Mas tem níveis. Estamos no Brasil. Havia um regulamento de inspeção sanitária de 1947, que era para um setor desse “tamanhozinho”. E de repente nos tornamos os maiores do mundo e não mudamos nada. Temos que modernizar a inspeção. Por exemplo, numa época o fiscal ganhava hora extra, daí tiraram a hora extra. Começaram a ganhar [por fora]. Entre esses 210 que ganhavam do Wesley [Batista], deve ter uma boa parte que ganhava hora extra. É até sacanagem chamar de propina. Mas não dá para explicar ao europeu. É o jeitinho brasileiro.

Valor: As investigações da Operação Trapaça, que envolvem BRF e laboratórios, não são mais graves?
Camargo Neto: Aí não é hora extra. A Carne Fraca e a Trapaça são distintas. Vamos ficar na Carne Fraca… O que aconteceu? Os fiscais ficaram com medo. Pararam de receber hora extra e pararam de trabalhar. E travou o sistema de inspeção. Existia um jeitinho brasileiro de operar aquilo. A Carne Fraca acabou com o jeitinho brasileiro.

Valor: O que se alega é que, em algumas unidades, principalmente de aves, o ritmo de abates diminuiu bastante de modo que o custo de produção subiu em 30%.
Camargo Neto: Paciência. Se os caras faziam coisa errada, tem que subir custo mesmo. Tem que ter norma. Tem que seguir regra.

Valor: Mas de algum modo era preciso uma adaptação, já que a lei é antiga…
Camargo Neto: Sim. A verticalização foi um passo. Outra linha de ação é o autocontrole. A ideia é aumentar a responsabilidade da empresa. O autocontrole é muito importante. Não tem sentido ter o fiscal agropecuário. Para a exportação, algumas coisas vão continuar sendo feitas com fiscais. Mas não tudo.

Valor: Mas como discutir autocontrole se o problema apontado pela Operação Trapaça é que a BRF teria burlado seus controles?
Camargo Neto: Para entrar no autocontrole, é preciso assumir compromissos. Então, se a fiscalização pegar que a empresa não está trabalhando, quem se comprometeu é responsável.

Valor: Mas por que o europeu aceitaria o autocontrole se a maior exportadora de frango do país teve esse problema?
Camargo Neto: Eu não encaro a acabou com ele” União Europeia, o serviço sanitário, como [alguém que] veio aqui para ferrar. Não vi isso. Na Carne Fraca, que é um escândalo mundial, todo produtor da Europa ficou contra o Brasil. Queriam que fechasse o Brasil. O comissário europeu pega o avião, passa uma semana no Brasil [no ano passado] para poder voltar lá e falar para não fechar. Ele fez um relatório e mandou uma carta ao ministro [da Agricultura do Brasil] informando o que esperava.

Valor: Aí começa o problema?
Camargo Neto: O Brasil provavelmente não cumpriu nada. É histórico. O Brasil não costuma responder questionário. Não vi o que aconteceu aqui, mas garanto que tem um ano de não cumprimento de promessa. E a gente sabe que a verticalização demorou. Teria que ter saído a verticalização imediatamente e depois entrar com autocontrole.

Valor: E a questão dos recursos? Também se diz que falta dinheiro.
Camargo Neto: No Brasil, falta recurso para tudo. Principalmente para educação. Se você quiser fazer hoje do mesmo jeitinho que você fazia há 70 anos, não tem dinheiro que chegue. É preciso fazer as mesmas coisas de maneira mais eficiente, mais criativa, mais moderna, se enquadrando no orçamento. Acho que é um pouco por aí. Essa modernização implica em aumentar a eficiência, a responsabilidade em assumir compromisso.

Valor: Então não é arranjar um modelo que crie tarifa de abate? 
Camargo Neto: A proposta deles [do Ministério da Agricultura] é um
modelo que cria tarifa. Mas o problema vai ser a gestão do dinheiro.
 
Valor: O risco é o dinheiro parar na conta do Tesouro Nacional…
Camargo Neto: O Ministério da Agricultura está trabalhando nesse novo projeto de lei. Está criando uma maneira de ter uma conta própria para não perder o dinheiro. A Secretaria de Defesa Agropecuária seria mais forte e mais independente do ministério. É o modelo da Receita Federal. Eu acho que tem que ser por aí mesmo.

Valor: Voltando à BRF, o que fazer para solucionar o problema?
Camargo Neto: Acho que ter prendido o Pedro Faria [ex-CEO da empresa] foi uma arbitrariedade. O cara nem mais presidente era. Você prende ou porque vai fugir ou porque pode destruir prova. Agora, prendeu para prestar depoimento. Europeu não consegue entender. E isso pegou. Quando eles viram o presidente preso, resolveram punir a firma inteira… Pensaram: se a cabeça está ruim, a firma inteira está.

Valor: E o que fazer agora?
Camargo Neto: Na minha opinião, eles tinham que contratar um escritório de advocacia, com especialização em compliance, de preferência europeu. Chamar os caras e falar para fazer um pente fino, ver todos os procedimentos. [E dizer:] Se tinha erros, desculpe, agora não tem mais.
Valor: Mas a empresa informou em nota que mudou procedimentos depois da Operação Carne Fraca.
Camargo Neto: É muito pouco. Acho que não reviu. Tem que mudar, tem que chegar e pelo menos escolher um bode expiatório. Vai trabalhar em outro lugar porque você fez besteira aqui. Quem tinha um relacionamento promíscuo com fiscal, sai. Tem que demitir o cara que mandou corromper. Não é inventar a roda. É copiar o que os caras fazem lá fora. Ninguém enxergou. A única que enxergou foi a JBS.

Valor: E qual vai ser o jeito de recolocar a BRF no mercado?
Camargo Neto: A BRF não pode ficar esperando. Ela tem que contratar alguém. Ela tem que contratar o Almanza europeu, uma empresa que faça isso na Europa. Com a credibilidade do Almanza para vir fazer um estudo, sugerir alterações e daí ir lá [na União Europeia explicar]. É o óbvio.

Valor: Mas no Brasil não há uma cultura de pedido de desculpas.
Camargo Neto: O cara erra e quer falar que não fez nada. Diz: Errei e consertei

 (Assessoria de Comunicação, 4/5/18)