sexta-feira, 30 de novembro de 2018

Briga de cachorro grande


Os bilionários norte-americanos já estão na poeira, quando comparados com os da APAC, que engloba a “Grande China”

 

Por Milton Pomar

Os bilionários norte-americanos já estão na poeira, quando comparados com os da APAC, que engloba a “Grande China”


A indústria asiática ocupa cada vez mais espaços comerciais no mundo, desde que a China iniciou seu processo de Reformas em 1980. Segundo estudo de 2010 da Organização Mundial do Comércio (OMC), a Ásia respondia por 14% das exportações mundiais em 1948, tendo mais do que dobrado a sua participação em 2009, para 29,4% do total. E a China foi de 0,9% para 9,9%, sendo o seu maior salto nos anos 2000. Na sua publicação “Examen Estadístico del Comercio Mundial 2018”, disponível aqui, a OMC informa que a China respondeu em 2017 por 13% do total das exportações mundiais, com US$ 2,22 trilhões – e um superávit de US$ 421,4 bilhões.

Esses números impressionam ainda mais quando comparados com os de 2004, ano no qual a China era o terceiro maior importador e exportador do mundo, com 5,9% e 6,5% de participação, respectivamente. Naquele ano, a Alemanha detinha 10% das exportações mundiais e os EUA 9,0% – e este respondia também por 16% das importações, seguido à distância pelos alemães, com 7,6%. Importante registrar que Hong Kong e Taiwan, considerados pela China como integrantes do país, já pontuavam em 11º lugar e 15º lugar entre os maiores comerciantes do mundo, com 2,9% e 2% nas exportações, e 2,9% e 1,8% nas importações. 

É importante lembrar desses fatos e conhecer os informes da OMC de 2017 e 2018 sobre o comércio mundial “Comercio, tecnologia y empleo” e “El futuro del comercio mundial: cómo las tecnologías digitales están transformando el comercio mundial”, disponíveis aqui, para se entender melhor o que está acontecendo e para onde vão a indústria, a inovação e o comércio mundiais nos próximos anos – e como tudo isso tem impactado e impactará ainda mais a indústria, empregos, salários, renda e arrecadação tributária no Brasil.

A Inovação entrou definitivamente nesse processo, e avança rápido em toda a Ásia e mais rápido ainda e em maior escala na China – cuja indústria cresceu 6,5% em 2017 e deverá avançar 6,1% neste ano, de acordo com o boletim “World Manufacturing Production – Statistics for Quarter II, 2018”, da Organização de Desenvolvimento Industrial das Nações Unidas (Unido) –, que passou do 22º lugar mundial em Inovação, em 2017, para o 17º em 2018, na 11ª edição do “World Innovation Index” (Índice Mundial de Inovação), da OMPI (Organização Mundial de Propriedade Intelectual), e já está no 28º lugar (avanço significativo, em relação ao 54º lugar em 2006) no Ranking Global de Competitividade, do Fórum Econômico Mundial. 

Escala e Inovação na indústria turbinam principalmente a economia da China, cuja meta modesta para os próximos 30 anos é tornar-se a maior potência tecnológica do mundo. Essa soma de inovação industrial e grande escala é responsável pelo surgimento de 200 bilionários na China, de 2012 para 2017, e 357, de 2006 para 2017, totalizando 373 neste ano, segundo o estudo “Billionaires report 2018”, da PwC-UBS disponível aqui. É tão grande o destaque para o “fenômeno China”, que a publicação deste ano intitula-se “New Visionaries and the Chinese Century”, e sua principal promessa é que os bilionários asiáticos ultrapassarão os bilionários norte-americanos até 2021.

Crises mundiais à parte, os novos 332 bilionários de 2017 agregaram 19% à riqueza já existente, que atingiu o recorde de US$ 8,9 trilhões. Desses novos bilionários, 107 são chineses, cuja riqueza somada cresceu 39%, de 2016 para 2017, atingindo US$ 1,2 trilhão. Hoje, a China tem 20% dos bilionários do mundo. Aumentou lá e diminuiu nos Estados Unidos: apenas 53 novos em 2017, contra 87 em 2012. Diferença qualitativa importante entre os bilionários dos dois países: os norte-americanos têm, em média, quase dez anos a mais do que os chineses (56 anos de idade média). 

Esses dados todos são interessantes para se avaliar o “mahjong” da geopolítica mundial, no qual o presidente dos EUA joga com uma estratégia muito própria. Talvez por ser muito duro de engolir o enorme e tão veloz crescimento econômico e comercial da Ásia, e em particular o da China. O fato é que os 585 bilionários dos EUA (eram 443 em 2012) já estão na poeira, quando comparados com os 814 da APAC – que engloba a “Grande China” (China continental, Taiwan e Hong Kong), com seus 475, mais os 43 da Oceania e os 296 do Sul e Leste da Ásia (Singapura, Malásia, Tailândia, Índia, Japão, Coréia do Sul, Filipinas e a Indonésia).

Toda essa situação, que antigamente era denominada “briga de cachorro grande”, afeta – ou pode afetar – muito o Brasil já em 2019, em todos os setores da economia: minérios e agronegócio à frente, enquanto exportadores; indústria e serviços, nos dois lados da balança comercial; e o comércio varejista enquanto grande importador. 

Na relação com a China, a nossa fraqueza é a indústria, dada a “desindustrialização” ocorrida a partir dos anos 1990. Câmbio, juros altos e logística precária encarecem os produtos brasileiros, deixando-nos sem condições de ofertar preços competitivos a nível internacional. Talvez a solução para a indústria seja o Brasil se aliar ao maior importador e concorrente da China, como alguns estão propondo, estilo “o que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil”, ou o contrário: buscar mais investimentos e tecnologia com os chineses para reindustrializar o país, com indústrias e ferrovias modernas e condições de financiamento semelhantes às dos países desenvolvidos. 


http://www.amanha.com.br/posts/view/6680


Após plano bilionário azedar, Evino repensa negócio


Varejista de vinhos abandona plano de faturar 1 bilhão de reais em 2020 para montar uma operação que sobreviva às próximas intempéries

 




Tudo ia muito bem para a varejista online de vinhos Evino até que deixou de ir. Em 2017, a empresa faturou 265 milhões de reais – alta de 144% em comparação ao ano anterior. E as previsões eram ainda mais otimistas para 2020: faturar 1 bilhão de reais. Isso, definitivamente, ficou no passado. Uma enxurrada de problemas fez com que a Evino precisasse rever todas as suas projeções. Hoje, a empresa se dá por satisfeita se repetir o resultado do ano passado.

A produção mundial de vinhos no ano passado foi a menor dos últimos 60 anos, segundo a Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV). A queda foi de 9%, cerca de 250 milhões de hectolitros a menos, causada principalmente por conta de geadas fortes seguidas de ondas de calor. A safra na Europa, onde a Evino concentra as suas compras, foi 15% menor.

A lei da oferta e da demanda fez os gastos aumentarem para a Evino. Para completar, o euro e o dólar continuaram se valorizando frente ao real. Cerca de 98% de suas compras são importadas – o restante é por meio de importadoras que já estão instaladas no Brasil. Com tantos problemas, os planos da Evino precisavam mudar.

O processo foi desgastante. De maio para junho, a empresa enxugou a sua operação em quase 20%. Um dos três CEOs, o francês Olivier Raussin, saiu da operação diária, mas se manteve como acionista. Os fundadores Marcos Leal e Ari Gorenstein voltaram a ter comando total do negócio.

Essa decisão também foi influenciada por uma mudança na estratégia de longo prazo. A possibilidade de um faturamento bilionário ficou de lado e a rentabilidade passou a se tornar o grande objetivo. No processo, o fundo alemão Project A saiu da operação. Os fundadores, por meio de um fundo familiar que tem participação na Evino, decidiram recomprar a fatia do fundo, que estava com a Evino desde 2013. “Decidimos voltar para a primeira formatação da empresa”, diz Gorenstein.

Com essa decisão, os planos de curto prazo passaram a ser menos ambiciosos. Os investimentos em marketing, por exemplo, se tornaram pouco agressivos. Promoções saíram de cena – se tornou difícil, por exemplo, encontrar garrafas de vinho com preços menores do que 25 reais. A previsibilidade também passou a ser chave para a operação se tornar mais rentável. Até o meio do ano, o estoque da Evino não chegava a 3 meses. Para ter mais controle do que vai pagar, a empresa decidiu deixar garrafas estocadas para seis meses de vendas.

Além disso, a Evino passou a renegociar os contratos com os seus fornecedores tanto de vinhos quanto de logística. Gorenstein não entrou em detalhes sobre o percentual economizado, mas disse que tem sido o suficiente para bater a meta Ebitda da companhia para esse ano: superior a 10%. “É uma margem ótima, ainda mais quando comparada a outros comércios eletrônicos do Brasil”, diz o CEO.

Para aumentar esse número, a empresa está apostando na popularização dos vinhos mais caros. As vendas de vinhos acima de 50 reais, que a empresa coloca na prateleira de premium, mais que dobraram neste ano, segundo Gorenstein. Outra oportunidade está no crescimento de espumantes e vinhos brancos e rosés. “Eles ajudam nas vendas de verão, em que há uma queda no interesse por vinhos tintos”, diz. A expectativa é que esse trio represente até 15% do faturamento em 2019 – atualmente não chega a 8%.


 https://exame.abril.com.br/negocios/o-plano-bilionario-da-evino-azedou/

É preciso acelerar as reformas, pois o Brasil tem pressa


Pedrozo crê que PIB voltará a crescer apenas com ajustes 

 

Por José Zeferino Pedrozo*



O vasto e multifacetado universo do agronegócio chega ao fim de 2018 vergastado pelas dificuldades que marcaram o cenário deste ano.  O desemprego, a queda de renda da população, o baixo consumo das famílias, a elevação de custos dos insumos e a greve dos caminhoneiros formaram um conjunto de percalços cujos efeitos impactaram todos os segmentos da economia. Da mesma forma, os exagerados efeitos midiáticos das Operações Carne Fraca e Trapaça devastaram injustamente a reputação de importantes empresas. O setor de alimentos – geralmente o último a sentir os efeitos da crise – não ficou incólume. Produtores e empresários rurais, agroindústrias e indústrias fornecedoras de insumos ao agro fecharão o ano com os resultados no vermelho. 

É verdade que as eleições e a promessa de mudanças e transformações trouxeram um novo ânimo ao mercado – e aí reside a essência e a beleza da Democracia. Mas também é verdade que, nesse momento, não se manifestou ainda, concretamente, qualquer sinal de melhora. As vendas da indústria de alimentos para o Natal, historicamente contratadas em outubro e até a primeira quinzena de novembro, decepcionaram. Esse quadro de dificuldades não turva a previsão e a sensação de otimismo para 2019. Empresários, trabalhadores e empreendedores esperam um novo cenário. Porém, há um forte consenso de que o novo governo deve utilizar seu imenso capital político para apresentar de imediato um corajoso programa de reformas. Não será fácil, pois o tamanho do desafio fiscal é enorme, especialmente porque, nos últimos três mandatos, a responsabilidade fiscal foi abandonada.

Somente um programa crível de ajustes viabilizará o crescimento da economia brasileira. Inescapavelmente, o primeiro e mais vigoroso movimento deve se dar na reforma da Previdência. Porém, para equilibrar as contas públicas, são necessárias medidas como a contenção de outras despesas, como a redução do tamanho da administração pública e o corte de privilégios. Problema: o orçamento federal é muito engessado e o governo consegue dispor de apenas 10% dos gastos não financeiros. A sociedade e o mercado esperam que, além das reformas, as políticas de ação do governo que assume em janeiro marquem o fim de um ciclo de forte intervencionismo do Estado que se manifesta desde a Democratização. 

As formas mais eficazes para estimular a economia são os investimentos em infraestrutura (com um programa ambicioso em rodovias, ferrovias, hidrovias e geração de energia elétrica) e os estímulos às exportações. Aqui, mais uma vez, haverá a contribuição da agricultura e do agronegócio, com a capacidade já demonstrada, de oferecer um superávit de US$ 100 bilhões ao ano mediante a exportação de grãos, carnes, frutas, lácteos etc. O Brasil tem pressa. É preciso acelerar as mudanças para recuperar o tempo perdido nesses quatro anos de crise. A agricultura fará mais uma vez a sua parte. Da futura administração se espera responsabilidade fiscal, reformas profundas, adoção de princípios de meritocracia, com mais mercado e menos intervenção estatal.

*Presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de SC (Faesc) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar/SC).


 http://www.amanha.com.br/posts/view/6681



quarta-feira, 28 de novembro de 2018

Negociação entre Smiles e Gol sobre incorporação pode levar 3 meses


O plano anunciado pela companhia aérea é parte de uma reestruturação societária mais ampla desenhada para levar o grupo ao Novo Mercado da B3

 


São Paulo – As negociações entre a Smiles com a controladora Gol num plano de incorporação podem levar cerca de três meses, considerando o tempo médio de operações similares nos últimos anos no Brasil, segundo um executivo da administradora de programas de fidelidade.

“Essa operação tem características próprias, mas temos visto esse período de tempo como possível parâmetro”, disse o diretor financeiro e de relações com investidores da Smiles, Marcos Pinheiro.Mais cedo nesta quarta-feira, a Smiles anunciou a composição de um comitê que será responsável por negociar os termos de uma incorporação da companhia pela Gol. O comitê é formado por Ana Novaes e José Luiz Osório, ex-diretores da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), e José Monforte, ex-presidente do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC).

Na quinta-feira, os acionistas da Smiles se reúnem em assembleia extraordinária para votar a proposta de reforma estatutária que, se aprovada, abre caminho para a reestruturação desejada pela Gol.

Segundo Pinheiro, o objetivo do comitê é defender condições justas para os acionistas da Smiles na negociação com a Gol, que detém 52,7 por cento das ações da companhia. O conselho de administração da Smiles, porém, não é obrigado a chancelar as indicações do comitê.

O plano anunciado pela companhia aérea no mês passado é parte de uma reestruturação societária mais ampla desenhada para levar o grupo ao Novo Mercado da B3. O plano foi bastante criticado por acionistas minoritários da Smiles, já que indica que eles devem receber ações da Gol com direito a voto menos abrangente que o que têm atualmente.

A ação da Smiles caiu quase 40 por cento no pregão seguinte ao anúncio, fazendo a empresa perder cerca de 2,5 bilhões de reais em valor de mercado. A CVM abriu um processo para analisar a reestruturação. Às 14:25, a ação da Smiles cedia 0,36 porcento na B3, cotada a 42,10 reais, enquanto o papel da Gol tinha alta de 0,58 por cento. No mesmo horário, o Ibovespa recuava 0,3 por cento.

 https://exame.abril.com.br/negocios/negociacao-entre-smiles-e-gol-sobre-incorporacao-pode-levar-3-meses/


Grupo O Boticário: a alquimia da beleza


Empresa paranaense comercializa mais de 7 mil produtos

 

Da Redação

 

redacao@amanha.com.br
Sede do Grupo O Boticário O case a seguir faz parte do livro “Paraná – Grandes Marcas”, publicado pelo Instituto AMANHÃ.

No fim dos anos 1970, ao se formar, o jovem Miguel Krigsner abriu uma farmácia de manipulação no centro da cidade de Curitiba. Esse era o primeiro passo para a criação de uma das maiores e mais valiosas grifes do país. Desde 1977, ano em que o bioquímico escolheu empreender, O Boticário cresceu, tornou-se a maior franquia do Brasil e impulsionou a criação de um grupo multimarca e multicanal que hoje é referência no país. Por trás das fórmulas das fragrâncias, a receita de sucesso passa pela ousadia em inovar, pelo fortalecimento do modelo do negócio franchising e pelo total cuidado com franqueados e consumidores.

Em um espaço de 70 m², Krigsner atendia os clientes, gerenciava o caixa e, no andar superior, manipulava artesanalmente as matérias-primas que se tornariam pomadas, loções e cremes. O primeiro expoente, porém, não fazia parte da lista de fármacos. As primeiras colônias, entre elas Acqua Fresca, conquistaram fãs por suas combinações únicas. Em pouco mais de um ano, 70 mil ânforas de 230 ml foram vendidas para consumidores de todo o Brasil.


De pequena farmácia a referência mundial em beleza 

 O primeiro passo para tornar a marca conhecida pelos brasileiros foi a inauguração da loja instalada no Aeroporto Afonso Pena, em 1979. A filial tornou-se uma referência, e os frascos passaram a embarcar junto com os passageiros para os mais variados destinos. Além de uma opção de presente, os produtos começaram a ser comprados para serem revendidos. Um ano depois, nascia em Brasília a primeira franquia e, com ela, o modelo de negócios praticamente desconhecido no Brasil, o franchising. Assim, O Boticário ganhou asas e, desde então, pode ser encontrado em 11 países, além do Brasil. Hoje, o Grupo que faturou 12,3 bilhões em 2017 é referência multimarca e multicanal, com a maior rede de franquias do país. Com crescimento 7,5% acima da média do setor, O Boticário aparece em 5º lugar no ranking entre as maiores redes de varejo do Brasil. 

Mesmo tendo decolado, a empresa preserva suas raízes e segue na Grande Curitiba, em São José dos Pinhais, com sua fábrica de cosmésticos, além de contar com uma moderna operação em Camaçari, na Bahia. Por ano, 350 milhões de batons, xampus, colônias, entre outros cosméticos, são produzidos pelo trabalho conjunto de 10 mil colaboradores de diferentes setores. Além das fábricas, há um Centro de Pesquisa e Desenvolvimento, centros de distribuição espalhados pelo Brasil e o BotiLabs – um hub de ideação e busca de soluções tecnológicas rápidas e eficientes para os negócios do Grupo.

Ao longo das quatro décadas de trabalho, mais de 4 mil lojas, situadas em 1.750 cidades, transformam a vida das pessoas por meio da beleza. No ano de 2010, O Boticário embarcou em um modelo multinegócios, com a criação das marcas Eudora; quem disse, berenice? e The Beauty Box. Além das lojas físicas, o e-commerce e as lojas em formato de catálogos – a Loja de Bolsa em O Boticário e o Guia de Eudora – despontam como alternativas para a venda direta aos consumidores. Transformando oportunidades em negócio, o Grupo Boticário é o responsável pelo primeiro programa de sucessão de franquias do mundo.

Da perfumaria até a maquiagem, o Grupo possui um catálogo com mais de 7 mil produtos. A mais antiga das marcas, O Boticário, é reconhecida como a primeira empresa de cosméticos a produzir materiais acessíveis a todas as deficiências e um dos grandes apoiadores de alternativas sustentáveis. Já a Eudora nasce em 2011, inovando no modelo de venda direta ao implantar os Espaços da Representante. Um ano depois, a quem disse, berenice? entra no mercado investindo em variedade, preço competitivo e serviços como consultoria de make dentro das próprias lojas, tornando-se em seis anos a maior rede de franquia especializada em maquiagem do Brasil. Outro lançamento ousado foi a criação da The Beauty Box, que entrou no mercado em 2012 com a estratégia de ser uma loja multimarcas, reunindo maquiagem, produtos para banho, cabelo, esmaltes, entre outros, de 60 marcas internacionais, além da marca própria, apelidada de Produtinhos da Beauty. Em seis anos, tornou-se a maior rede multimarca de beleza do Brasil. Já com a Multi B e Vult, mais de 40 mil outros pontos de venda, como farmácias e lojas multimarcas, passaram a revender produtos do Grupo e grandes marcas internacionais, como Revlon, Australian Gold e Bio Oil.

A fórmula do sucesso do Grupo passa pelo comprometimento com os resultados, integridade, valorização das pessoas e paixão pela evolução e desafios. São esses os valores que continuam norteando as ações da empresa e fazendo dela um dos exemplos da boa relação entre empregadora e colaboradores: hoje mais de 90% dos colaboradores se identificam com os valores da empresa, o que preserva cerca de 98% dos talentos do Grupo. Signatários dos Princípios de Empoderamento Feminino da ONU Mulheres, hoje, 50% do corpo de vice-presidentes e 85% das gerências de franquias são ocupadas por mulheres. Todas as ações resultaram no reconhecimento da empresa como uma das três melhores organizações para trabalhar no setor de bens de consumo, segundo a revista Você RH.


Cuidado que se sente 

 Pioneiro no desenvolvimento de pesquisas em métodos alternativos, o Centro de Pesquisa desenvolveu a Pele 3D e o organs on a chip – um sistema artificial que simula o comportamento de órgãos humanos. Através deles, os pesquisadores podem identificar possíveis reações alérgicas causadas por produtos cosméticos a partir da pele, eliminando, há 18 anos, testes em animais ou humanos. Ao todo, são 230 profissionais empenhados em criar soluções éticas e sustentáveis, com o objetivo de aprimorar a produção e gerar o menor impacto possível. Só em 2017, o centro entregou mais de 1,4 mil novos produtos. O setor é tão importante que concentra investimentos equivalentes a 2,5% do faturamento do Grupo.

Desde 2012, três frentes de trabalho foram adotadas para intensificar a relação entre o modelo de negócios e uma forma sustentável de atuação: matérias-primas e embalagens, ecoeficiência e canais de venda. O processo começa com a adaptação do ciclo de vida dos produtos e logística reversa das matérias-primas e embalagens, no qual 94% dos resíduos são destinados à reciclagem. A redução do consumo de energia, de água e da produção de resíduos é umas das preocupações que movem O Boticário a formar o Programa de Parceria em Ecoeficiência – uma rede de empresas parceiras que recebem consultoria técnica gratuita para que os procedimentos sustentáveis sejam implementados e executados. 

Além do cuidado com a geração de resíduos e da redução do uso de materiais e bens não renováveis, o Grupo é um dos principais financiadores de projetos ambientais do Brasil. Por meio da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza – a maior fundação empresarial de conservação da natureza do país, criada em 1990 –, são fomentados estudos sobre biodiversidade. Já foram catalogadas mais de 140 novas espécies na fauna e flora brasileiras, como a rã Megaelosia boticariana, descoberta na Serra da Mantiqueira (SP), em 1994, e batizada com esse nome em homenagem à empresa. O compromisso com o meio ambiente também está presente na preocupação com o compliance: a empresa possui uma política anticorrupção aplicada em toda a organização, além de um Código de Conduta auditado pela EY em toda a cadeia. 

O compromisso com o social também dá frutos. Desde 2016, o Módulo Vocacional Tecnológico, construído e entregue ao Instituto Federal da Bahia (IFBA), atua como centro de capacitação estética da região de Camaçari, com acesso gratuito a toda a população. Além da construção do prédio, o espaço foi equipado com todos os recursos necessários para cursos profissionalizantes – caso do primeiro curso gratuito de estética fomentado no Nordeste brasileiro. A fábrica em Camaçari, aliás, foi a primeira de cosméticos do Brasil a receber a certificação de construção sustentável LEED.

Compartilhando com a Fundação o orçamento de 1% da receita líquida do Grupo, está o Instituto Grupo Boticário. Também focado na cultura, alcançou a vida de 950 mil pessoas, só em 2017, por meio da cultura, com o Teatro de Bonecos Dr. Botica, Espaço Histórias Grupo Boticário e Boticário na Dança. Com sede em Curitiba, o Instituto também conta com ações itinerantes, com o Espaço do Olfato em São Paulo e a Estação Natureza Pantanal em Corumbá (MS). Assim, a empresa transforma as vidas ao acreditar na beleza da diversidade e ao investir nos sonhos de quem busca desafios cada vez mais altos.


 http://www.amanha.com.br/posts/view/6624


Regulamentação do IR volta a permitir compensação de dívidas com precatórios

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O Decreto 9.580, publicado na sexta-feira (23/11) para regulamentar a legislação sobre Imposto de Renda, voltou a permitir a compensação de dívidas fiscais com precatórios. A regra vale também para precatórios expedidos antes da Emenda Constitucional 62, que criou o regime especial de pagamento.

O texto foi publicado no Diário Oficial da União e é assinado pelo presidente Michel Temer e pelo ministro da Fazenda, Eduardo Guardia.

Nele, o artigo 939 autoriza expressamente a compensação de dívidas com precatórios, mas só vale para pessoas jurídicas. De acordo com o advogado Cristiano Maciel, especialista em precatórios, o decreto consolida uma questão que causava dúvidas, embora a compensação já fosse permitida pela Lei 12.431.

Segundo o advogado, a lei foi editada para regulamentar os parágrafos 9º e 10 do artigo 100 da Constituição. Mas os dispositivos foram incluídos no texto constitucional pela Emenda 62, declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal (ADIs 4.357 e 4.425).

As normas declaradas inconstitucionais falavam em "compensação obrigatória", o que o Supremo considerou uma forma de coerção para favorecer a Fazenda. Com a queda da compensação obrigatória, também caiu a compensação voluntária, quando o contribuinte pede que o Judiciário abata precatórios de suas dívidas, conta Maciel.

"Além de a Lei 12.431, vigente desde 2011, ser uma norma pouco conhecida, quem conhece tinha receio de usar a possibilidade de compensação porque há resistência da própria Fazenda, que quer receber o pagamento do tributo em dinheiro", comenta o advogado. "Incluir a regra no próprio regulamento do imposto de renda vai fazer muita diferença", completa.


Decreto 9.580


 https://www.conjur.com.br/2018-nov-24/regulamentacao-ir-permite-compensacao-dividas-precatorios

É preciso fazer concessões em acordos de leniência, diz André Mendonça, futuro AGU



É preciso fazer concessões em acordos de leniência entre empresa e Estado para que se possa alcançar resultados mais efetivos, defende André Mendonça, escolhido pelo presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), para ser o advogado-geral da União do novo governo.
Para o futuro AGU, André Mendonça, interesse público é um conceito subjetivo, devendo ser balizado à luz da situação concreta.
Humberto Eduardo de Sousa
"Podemos chegar a 100% de recuperação fazendo concessões. A lei é clara ao dizer o valor da multa. Uma empresa que vem e delata um ministro que ninguém sabia merece tratamento de redução quase integral, senão integral", disse nesta segunda-feira (26/11) ao participar do seminário O Interesse Público e as novas relações entre Estado e Empresas, organizado pela ConJur em Brasília.

Mendonça afirma que o interesse público é um conceito subjetivo, devendo ser balizado à luz da situação concreta. "Antes dos acordos, quando não se podia fazer concessões, recebíamos 1%, quando assumi o Departamento de Probidade Administrativa da AGU. Saí de lá e recebíamos 15%. Virou referência até na ONU. Agora, com os acordos de leniência, recebemos no mínimo 70%, fazendo concessões de 30%", calculou.

Segundo o sucessor de Grace Mendonça, "o fundamental para o êxito na relação empresa-Estado é a boa-fé entre as partes". "Assim, a busca de soluções se torna mais fácil, porque o gestor vai saber que está buscando solução pelo bem público também, e não apenas em benefício de empresas. Essa é a primeira conversa que temos com qualquer empresa que nos procura. Se percebemos que há indícios de má-fé, está encerrada a conversa."

Nicolao Dino, subprocurador-geral da República, acredita que a leniência deve estar presente em todas as esferas de responsabilização. "O acordo de leniência é um instrumento de defesa de quem é investigado em atos de corrupção e, ao mesmo tempo, uma técnica especial de investigação da qual o Estado se utiliza para aprofundar uma linha investigativa com o objetivo de alcançar todas as questões no contexto de uma investigação criminosa."

Ele também defendeu a necessidade de participação do Ministério Público em todos os acordos de leniência. “O Ministério Público é titular da ação de improbidade administrativa e, nessa condição, deve participar em todas as fases do acordo, seja para verificar e exercer a legalidade dos atos referentes ao acordo, seja para assegurar que as consequências também repercutirão nas diversas esferas de responsabilização", explicou.


Presidente do STF, Dias Toffoli lembrou que, atualmente, a relação entre Estado e empresa é vista como criminosa, "mesmo que feita dentro do interesse público".
Humberto Eduardo de Sousa
Relação criminosa

 
Para o presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, a relação entre Estado e empresa é vista, atualmente, como criminosa, "mesmo que feita dentro do interesse público".

"A sociedade joga a relação com o Estado na marginalidade, e o Estado, fragmentado, não dá transparência e acessibilidade. Com a multiplicidade de órgãos, tem que haver um gerenciamento de temas de maneira institucional e entre Poderes."

Toffoli defende que é preciso mudar essa cultura com mais transparência. "Só assim haverá mais eficiência e responsabilidade, e precisaremos, cada vez menos, de órgãos de controle."

Já o advogado Valdir Simão, ex-ministro do Planejamento e da Controladoria-Geral da União, diz que há uma overdose de controle. "Precisamos que haja mais qualidade, assim haverá controle que estimule o comportamento adequado. Não vamos eliminar a corrupção, mas vamos saber o que fazer."

Segundo Simão, para empresas que vivem de contratos com o Estado, a declaração de inidoneidade — e, com ela, a proibição de contratar com o poder público — equivale à pena de morte.

"É duro, mas é justo. A postura que se espera do Estado no combate à corrupção também é essa. O castigo deve ser pesado o bastante para ressarcir os cofres públicos, proteger a administração e, sobretudo, ensinar os malfeitores ,  atuais ou potenciais, que o crime não compensa. O rigor da lei e da sua aplicação é essencial para desestimular empresários e executivos a seduzir funcionários públicos  ou se deixar seduzir por eles."

Entretanto, diz, o propósito do Estado não se resume a aplicar punições, sobretudo quando a pena produz efeitos adversos no campo econômico. Punir empresas significa, em última análise, descartar riqueza.

"As empresas representam um interesse em si. Geram receita, pagam impostos, criam empregos e avançam o desenvolvimento do país. Quando lucram e expandem seus negócios, estimulam concorrência, com o ingresso de agentes nos mercados. É preciso que tenham sucesso para que a economia do país cresça."
Punitivismo é um caminho muito perigoso, afirmou o ministro do STJ Napoleão Nunes Maia ao criticar a atuação de juízes que "só pensam em punir com a pena mais severa".
Humberto Eduardo de Sousa
 
Pena severa

 
O ministro Napoleão Nunes Maia, do Superior Tribunal de Justiça, falou sobre a atuação da Justiça nesses casos. Segundo ele, "o juiz só pensa em punir com a pena mais severa que tiver".

"Que não seja refém da lei, mas da Justiça, que olhe mais para a inocência do que para a culpa. O punitivismo é um caminho muito perigoso, que pode levar à destruição de cultura", afirmou.

Para o ministro, 99% das ações de improbidade terminam em demissão. "Isso acontece qualquer que seja a infração, raramente vejo outras sanções. As vezes, a infração é mínima, relevável."


Aperfeiçoamento pela prática

 
O advogado Igor Tamasauskas supervisionou o acordo firmado com a agência de publicidade MullenLowe Brasil, o primeiro a envolver o MPF e todas as agências do governo, além do TCU. Desse momento para cá, ele acredita que o país tem acumulado conhecimento e avançado no instrumento da delação, que ele considera fundamental para o país que seja consolidado.

"A CGU começou a padronizar formulário de entrega de informação, passou a padronizar fórmula de cálculo de multas. O primeiro acordo veio com valor definido, que não tinha uma construção muito clara. O anexo fomos nós que produzimos, no padrão que construímos. Da última vez que sentamos, já tinha o anexo padrão em que se narra a conduta, por exemplo. E isso facilita durante a negociação, para saber qual vai ser o valor final do acordo. Tem um ganho para tratar desse tema", afirmou.

Diante de um conluio entre agentes econômicos e empresários, o enfrentamento da corrupção pressupõe, no entendimento dele, a adoção de medidas que ataquem cada um dos aspectos envolvidos. Dos aspectos mencionados que levam à decisão pela corrupção, estão ponderações psicológicas, econômicas, jurídicas. Se o acordo com a MullenLowe Brasil foi firmado no início do ano e foi construído desde 2014, o aperfeiçoamento do modelo da leniência depende de prática.

"A Lei Anticorrupção foi muito feliz nesse sentido, por impor uma pena extrapatrimonial, que é a obrigação da empresa punida publicar a sentença condenatória, o ataca a imagem da empresa. Outro ponto importante é estabelecer paralelo entre uma pena pesadíssima e a possibilidade de saída honrosa da empresa, que acaba construindo um controle em rede, e cada empresa acaba fiscalizando outros elos da cadeia comercial", disse Igor Tamasauskas.


Frouxidão regulatória

 
Advogado especializado em direito empresarial, Walfrido Warde afirmou que é possível definir combate à corrupção, de levada em conta a dimensão puramente repressiva, em quatro aspectos: determinação do ilícito, detecção, concreção do ilícito ou das penalidades impostas em razão da ilicitude e as vias de solução da empresa.

"Importamos um modelo repressivo de combate que pressupõe regulação bastante minuciosa da relação Estado-empresa que não existe na prática. Precisamos saber como nos comportar. Os agentes não sabem mais como se comportar e têm receio de ensejar uma ação de improbidade. Da mesma forma o agente empresarial. Temos de pensar em racionalizar as relações entre o Estado e a sociedade civil", disse.

Ele enfatizou ainda que, por mais que haja uma escolha política por um modelo ultraliberal, não há como prescindir do Estado. "Sobretudo num contexto de capitalismo cujo financiamento é incipiente como o nosso. As empresas se financiam indo ao banco ou ao Estado no Brasil. Nesse contexto temos profunda frouxidão regulatória e nos submetemos a subjetivismos", pontuou.


Olhar internacional

 
Ex-procurador do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, Ben O’Neil afirmou que o Brasil tem feito um bom trabalho de enfrentamento à corrupção, especialmente nos últimos cinco anos. Isso é, segundo ele, sentido nos EUA e no restante do mundo.

"Nos EUA temos desenvolvido um sistema de colaboração há um tempo e tivemos um número significativo de problemas com nosso processo. A crise que enfrentamos em 2001 realmente desenhou a forma como lidamos com a corrupção de corporações. Precisamos pensar em como lidar com isso para não perdermos centenas de milhares de empregos. Em 2001, começou a ser desenvolvido o estreitamento dessa balança entre punir as empresas pelo que fizeram, mas não de tal forma que as tirassem dos negócios", disse.

Ao longo da década, Ben O’Neil afirma que o país passou por vários momentos, incluindo aqueles em que o governo pesou a mão em relação às empresas e outros em que não foi suficientemente duro. Atualmente, o que se entende é que, para que haja um acordo com as empresas, elas devem ativamente cooperar contra os indivíduos que atuaram nos esquemas de corrupção.

"Ao invés de fazê-las pagar valores imensos, colocar executivos na cadeia por condutas ilegais é mais efetivo. Empresas não agem errado, pessoas agem", disse.

 https://www.conjur.com.br/2018-nov-27/preciso-concessoes-acordos-leniencia-futuro-agu