Atuação:
Consultoria multidisciplinar, onde desenvolvemos trabalhos nas seguintes áreas: fusão e aquisição e internacionalização de empresas, tributária, linhas de crédito nacionais e internacionais, inclusive para as áreas culturais e políticas públicas.
Após um bate-papo com diretores-executivos da Aeris, a XP Investimentos reforçou ainda mais sua visão otimista de longo prazo.
“Aeris continua confiante sobre as expectativas de crescimento de longo prazo. O CEOda
empresa, Alexandre Negrão, referiu que mais de 75% dos países apontam
agora para uma meta de descarbonização, contra apenas 25% há alguns
anos”, comentam os analistas da corretora, Lucas Laghi e Pedro Bruno,
sobre a conversa com a diretoria.
PUBLICIDADE
Considerando o mercado doméstico do Brasil, os diretores esperam que a capacidade eólica aumente entre 3 e 4 GW por ano nos próximos anos, contra uma média de aproximadamente 1,5 GW por ano na última década.
Cadê a concorrência?
Outro ponto chave levantado diz respeito à competividade.
Questionada sobre a possibilidade da TPI Composites
— principal concorrente da Aeris — ou de uma empresa chinesa começar a
desenvolver pás eólicas no Brasil, os diretores apontaram para o fato de
que essa deve ser uma decisão conjunta com o cliente.
“Transferir capacidade de produtores de pás já estabelecidos apenas
impediria uma maior diluição de custos, gerando uma situação de
“perde-perde” para fabricantes de turbinas e de pás eólicas, visto que a
dinâmica comercial entre ambos poderia ser comprometida”, afirmou a
diretoria da Aeris aos especialistas da XP.
A empresa vê espaço limitado para outro fabricante desenvolver uma
planta para produção local no Brasil, uma vez que a Aeris já tem
capacidade sobressalente suficiente para absorver o crescimento futuro.
Os gargalos logísticostambém
não parecem ser uma pedra no sapato, apesar de as pás eólicas terem
aumentado consideravelmente de tamanho nos últimos anos. Elas passaram
de 45 metros, em 2010, para 80 metros na atualidade.
Segundo o Diretor de Planejamento, Bruno Lolli, a capacidade atual do Porto de Pecém, localizado em Fortaleza
(CE), é suficiente para acomodar pás de até 130 metros de comprimento, o
que não acarretaria em problemas logísticos significativos no curto
prazo.
Pandemia fomenta mercado e especialista prevê alta de 20% neste ano
Marisa Valério
Não
há custo para se cadastrar como investidor e avaliar as oportunidades,
bem como para cadastrar carteiras de volume menor que R$ 1 milhão
A
startup curitibana Portal Cessão de Créditos desenvolveu uma plataforma
para facilitar as negociações de cessão de créditos. Nesse mercado
empresas vendem sua carteira de dívidas vencidas para investidores
especializados em ações de cobrança e recuperação de créditos. A startup
criou em seu site uma espécie de vitrine de oportunidades, em que
investidores podem buscar negócios e credores oferecem seus ativos.
Desde
2002 nessa atividade, Maxiuel Cerizza diz que a plataforma tem sido bem
aceita. Criado em janeiro de 2020, o Portal Cessão de Créditos reúne
cerca de 200 investidores cadastrados e disponibiliza atualmente, para
avaliação e aquisição, mais de 470 mil créditos vencidos com valor de
face (saldo contábil) superior a R$ 1,3 bilhão.
Não há custo para
se cadastrar como investidor e avaliar as oportunidades, bem como para
cadastrar carteiras de volume menor que R$ 1 milhão. "A plataforma é
bastante democrática, pois é possível cadastrar carteiras de créditos
com saldos menores, acima de R$ 300 mil. Até o momento, os maiores
players deste mercado trabalham apenas com ativos acima de R$ 30
milhões", conta Cerizza. O portal ainda presta consultoria para empresas
com créditos vencidos que não sabem como funciona o processo de venda.
Projeção é de alta
A pandemia e o cenário econômico complicado em 2020 aumentaram o número
de endividados no Brasil. De acordo com a Pesquisa de Endividamento e
Inadimplência do Consumidor (Peic) de dezembro, a quantidade de famílias
com problemas financeiros voltou a crescer no país e chegou à marca de
66,3%.
Para Cerizza esses fatores vão impulsionar a modalidade de
cessão de créditos nesse ano. "Nossa previsão é de crescimento de 20% em
relação a 2020. Os próximos meses devem ser marcados pela piora na
capacidade de pagamento dos devedores, principalmente devido à pandemia e
ao fim do auxílio emergencial. Do outro lado, cada vez mais as pessoas e
as empresas buscarão alternativas diferentes dos bancos para renegociar
dívidas e equilibrar balanços."
Empresa de Florianópolis faturou R$ 206 milhões no ano passado
Redação
Fundada em 2011 por Eric Santos e mais quatro sócios, a RD tem um crescimento médio de 46% desde 2016
Como o Portal AMANHÃ antecipou no início de janeiro,
a catarinense RD Station (ex-Resultados Digitais) era objeto da cobiça
da Totvs e da Locaweb. O acordo feito pela Totvs prevê pagamento do
montante de R$ 1,8 bilhão, sujeito a ajustes, a ser pago no fechamento
da transação, por aproximadamente 92% do capital social da companhia
sediada em Florianópolis. A avaliação reflete um valor total de R$ 2
bilhões.
A RD Station é líder em software de automação de
marketing. Fundada em 2011 por Eric Santos (foto) e mais quatro sócios,
com receita líquida prevista para 2021 de aproximadamente R$ 206
milhões, o que representa um crescimento médio de 46% desde 2016. Com a
aquisição, o executivo permanece à frente da empresa com autonomia para
executar seu plano de negócios baseado no crescimento da operação e da
liderança no Brasil.
"Essa aquisição é a maior transação de
M&A privada de software do país e expande de forma única as
capacidades da Totvs no segmento de business performance'',
afirma Dennis Herszkowicz, CEO da Totvs. ''A união de duas empresas
pioneiras no mercado de tecnologia, sem dúvida alguma, é um marco sem
precedentes para consolidar um ecossistema de tecnologias B2B no Brasil e
no mundo", complementa Herszkowicz. "Encontramos na Totvs o parceiro
ideal para nos acompanhar no próximo ciclo, pois ela reconheceu o
impacto que geramos no ecossistema, o valor que tem o nosso produto e
modelo de negócios e a força da nossa cultura corporativa'', comenta
Eric Santos, fundador da RD.
O mercado de marketing digital tem
sido fortemente impulsionado pela acelerada adoção e digitalização das
médias e pequenas empresas na aquisição e relacionamento com novos
clientes. Neste contexto, a RD Station construiu uma plataforma completa
de soluções que conduz as empresas nesta jornada, gerando vendas e
resultados para seus clientes. Esta plataforma inclui produtos como o RD
Station Marketing, ferramenta de automação de marketing líder na
América Latina, e o RD Station CRM, voltado para a área de vendas, que
controla e organiza o processo comercial de médias e pequenas empresas.
Com arquitetura moderna e modelo de contratação SaaS, a solução tem
capacidade de agregar novas ofertas, bem como de escalar seu crescimento
através da estratégia de PLG (Product Led Growth). A empresa também organiza o RD Summit, evento de tecnologia que reúne milhares de pessoas na capital de Santa Catarina.
Em dezembro de 2020, também para fortalecer o seu portfólio de business performance,
a Totvs anunciou a aquisição da Tail Target, empresa especialista em
inteligência de dados omnicanal, com soluções voltadas à transformação
digital das áreas de marketing e vendas, a partir do uso de data science e machine learning.
A
defesa do ex-presidente Lula enviou nesta segunda-feira (8/3), ao
Supremo Tribunal Federal, uma nova leva de diálogos entre procuradores
da autointitulada "força-tarefa da lava jato" de Curitiba. Um dos áudios
(escute no final do texto) mostra o procurador Deltan Dallagnol
defendendo que recursos da Petrobras, empresa investigada no Brasil e
nos Estados Unidos, ficassem no país norte-americano.
Na mensagem, o então coordenador da "lava jato" paranaense diz que a Petrobras não está sujeita à lei anticorrupção (Lei 12.846/13). Por isso, só seria possível obter recursos da empresa utilizando a linha adotada pelo Departamento de Justiça (DoJ) dos EUA.
"Não
se sujeitando, não existe uma causa legal pra cobrar do Brasil. Não
existindo uma causa legal pra cobrar do Brasil, vamos retomar aquele
texto do DoJ. Olha só, que o do DoJ fala isso, então não se enquadra e
não é uma razão le… que não é uma razão que possa permitir o dinheiro
ficar no Brasil", afirmou Dallagnol.
Segundo a defesa de Lula, a
estratégia adotada pelo procurador foi a de conseguir, por meio de
multas aplicadas à Petrobras, valores e, em seguida, negociar para que
percentuais retornassem ao Brasil.
Isso de fato ocorreu. Em 2018,
por exemplo, a Petrobras fechou com o DoJ um acordo de US$ 853 milhões
(3,5 bilhões à época). Do total, R$ 2,5 bilhões voltaram ao Brasil e
foram depositados em uma conta da 13ª Vara Federal de Curitiba. Os
procuradores queriam que a soma fosse destinada a programas de corrupção
que ficariam sob tutela do Ministério Público Federal, o que acabou
sendo barrado.
A lei anticorrupção, mencionada por Dallagnol,
dispõe sobre punições a empresas que praticam ilícitos contra
companhias públicas.
As negociações sobre os valores não poderiam
ser feitas diretamente entre o MPF do Paraná e autoridades
norte-americanas, já que o órgão central de cooperação internacional é o
Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica
Internacional (DRCI), vinculado ao Ministério da Justiça.
"Não se
pode deixar de repisar que a 'lava jato' fazia desde 2015 reuniões com o
DoJ para negociar os percentuais sobre multas pecuniárias que seriam
aplicadas contra brasileiros e empresas brasileiras, dentre outras
coisas. O material foi classificado como sigiloso até para a lei de
acesso a informação dos Estados Unidos", afirmou a defesa de Lula.
Ainda
segundo os advogados, o áudio confirma "que a 'lava jato' atuou em
associação com agências dos Estados Unidos para drenar recursos da
Petrobras, usando a legislação e o cenário jurídico norte-americano para
essa finalidade, a partir de um acordo estabelecido, insista-se, desde
2015".
A defesa de Lula é feita por Cristiano Zanin, Valeska Martins, Eliakin Tatuso e Maria de Lourdes Lopes.
Lula
A peça enviada ao STF traz ainda outro áudio de Dallagnol. Nele, segundo
os advogados de Lula, Dallagnol pede que seus colegas de MPF pensem
"fora da caixa" ao elaborar a denúncia contra Lula no caso tríplex, que
foi apresentada em PowerPoint durante uma coletiva feita em 2016.
"Dá
uma avaliada com essa perspectiva, da uma pensada, pensa com a cabeça
aberta e mantém o coração aberto pra pensar fora da caixa quando a gente
conversar também", disse Dallagnol aos colegas.
A
"perspectiva" que deveria ser considerada era a de dizer que Lula
chefiava organização criminosa e era o elo entre os demais investigados
pela "lava jato".
"O 'pensar fora da caixa' proposto pelo
procurador da República Deltan Dallagnol, aliás, efetivamente foi aceito
pelos colegas da 'lava jato'. Na denúncia ofertada contra o reclamante
no caso do 'tríplex', por exemplo, consta a seguinte afirmação: 'Nesse
esquema criminoso, LULA dominava toda a estrutura por ele montada, com
plenos poderes para decidir sobre sua prática, interrupção e
circunstâncias'".
Marcelo
Claure, CEO do Softbank International, afirmou em conversa com o CEO do
Banco Inter, João Vitor Menin, que as coisas no Brasil são tão difíceis
que forçam os empreendedores a se prepararem para os piores cenários
possíveis
André Sollitto •
Marcelo Claure, COO do Softbank Group e CEO do Softbank International
Como COO do Softbank Group e CEO do Softbank International, o executivo Marcelo Claure
tem uma visão privilegiada do setor de inovação. Por isso, seus
conselhos costumam ser recebidos com atenção. E a mensagem que dá para
os empreendedores brasileiros é direta.
“Se você consegue vencer no Brasil, você vence em qualquer lugar do
mundo”, disse Claure, que também é responsável pelos investimentos do
fundo na América Latina, em um bate-papo com o CEO do Banco Inter, João
Vitor Menin, no primeiro episódio da série de podcasts Conversas com
Grandes Líderes. “As coisas no Brasil são tão difíceis que forçam os
empreendedores a se preparem para os piores cenários.”
Claure tem experiência para falar sobre empreender no Brasil. Em
1997, o boliviano radicado nos EUA fundou a Brightstar, empresa que
fornecia soluções de telefonia móvel, como a revenda de aparelhos
usados. A operação começou em Miami, nos Estados Unidos, e se espalhou
pela América Latina, incluindo o Brasil.
“Tivemos que criar uma cadeia que usava caminhões, barcos e até
canoas para chegar em regiões da Amazônia”, lembra o executivo. “Quando
chegamos nos Estados Unidos era ótimo ver os produtos chegando ao
destino em 24 horas.”
Por seis anos, a Brightstar se tornou a maior empresa americana
liderada por um executivo de ascendência latina. Em 2014, Claure vendeu a
companhia para a empresa de telecomunicações Sprint (que por sua vez se
fundiu à T-Mobile no ano passado).
O conselho de Claure também foi usado como exemplo para dizer que o Inter tem grandes chances de obter sucesso em sua estratégia de expansão internacional. “Temos uma plataforma avançada de produtos que vão além dos serviços financeiros”, afirma João Vitor Menin.
Para os executivos, a pandemia acelerou a digitalização e a disrupção
de praticamente todos os setores, de logística e serviços financeiros à
educação e ao entretenimento. Nesse cenário, as empresas que não se
atualizarem ficarão obsoletas.
É o caso das instituições financeiras. Grandes bancos estão correndo
atrás de inovação para não perderem espaço para as novas fintechs, que
facilitam o acesso e desburocratizam o setor. “A tecnologia fez com que a
bancarização de boa parte da população brasileira se tornasse
acessível”, afirma Menin.
Para os próximos meses, Claure prevê uma retomada econômica acelerada.
Com mais otimismo, aliado aos pacotes de estímulos que estão sendo
aprovados, e um impulso de sair de casa, os consumidores tendem a gastar
mais. “O último semestre de 2021 e o primeiro trimestre de 2022 serão
ótimos”, diz ele.
Em sua visão, essa recuperação econômica chegará ao Brasil, mas de
modo um pouco mais lento. “O país vive um momento complicado, com o
aumento de casos de infecção”, afirma. “Não gosto de criticar governos,
mas não acredito que o Brasil vá ganhar um prêmio por lidar com a Covid
de forma eficaz”, diz Claure.
“Não gosto de criticar governos, mas não acredito
que o Brasil vá ganhar um prêmio por lidar com a Covid de forma
eficaz”, diz Claure.
Claure é responsável por supervisionar os investimentos do Softbank na América Latina. O fundo de venture capital destinou US$ 5 bilhões para investir em startups na região e foi determinante na “criação” de unicórnios no Brasil, como Gympass, QuintoAndar, Loft, Rappi e Loggi.
O Banco Inter, que tem capital aberto e é avaliado em R$ 34,9 bilhões,
também recebeu aporte do fundo quando já era listado na B3.
Como braço direito de Masayoshi Son, o fundador do Softbank, Claure
também foi o escolhido para resolver alguns dos maiores problemas do
fundo. Ele é o chairman do WeWork,
operação de escritórios compartilhados que tentou abriu o capital no
ano passado e não conseguiu, quase foi à falência e precisou ser
resgatado pelo Softbank, que era o principal investidor da empresa.
Com
a aprovação de um pacote de estímulo de US$ 1,9 trilhão e uma campanha
de vacinação eficaz, o PIB dos EUA deve crescer 6,5% em 2021, mais do
que o dobro do esperado. Quais as lições por trás dessa rápida
recuperação
André Sollitto •
País mais afetado pela
pandemia, os Estados Unidos agora estão a caminho de uma rápida
recuperação econômica. Uma projeção feita pela Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) mostra que o PIB dos EUA
pode crescer 6,5% em 2021, mais do que o dobro de 3,2%, originalmente
previstos em dezembro.
O resultado acima do esperado é uma combinação da aprovação de um
pacote de estímulo de US$ 1,9 trilhão, proposto pela administração do
presidente Joe Biden e aprovado no último fim de semana, e de uma
campanha de vacinação eficiente.
O pacote inclui uma série de medidas para reduzir o impacto econômico
da pandemia e ajudar os Estados a testar a população e manter escolas
abertas. Trabalhadores desempregados receberão cheques semanais de US$
300 até setembro. E indivíduos que ganham até US$ 75 mil anuais também
receberão uma ajuda de US$ 1.400, na forma de pagamento único.
O pacote também dará US$ 350 bilhões aos Estados. Os recursos serão
usados principalmente no combate à pandemia, mas uma parte será
destinada a escolas, universidades e profissionais que trabalham com
crianças. Outras empresas, incluindo restaurantes e casas de show,
também receberão ajuda para seguirem operando.
O que o relatório da OCDE aponta é que os investimentos feitos pelo
governo para ajudar as empresas não terão muito impacto se não forem
acompanhados pela vacinação da população. E nesse campo os Estados
Unidos têm adotado um ritmo acelerado.
Ao assumir a presidência, Joe Biden se comprometeu a vacinar 100
milhões de americanos em seus primeiros 100 dias no cargo. A meta
original era vacinar 1,5 milhão de pessoas por dia. Mas o programa
ganhou velocidade e hoje imuniza cerca de 2,17 milhões de pessoas por
dia.
Até agora, 61,1 milhões de americanos, mais de 25% da população
adulta, receberam ao menos uma dose das três vacinas disponíveis, sendo
que 32,1 milhões já foram imunizados com a segunda dose. A fabricada
pela Johnson & Johnson exige uma única dose, enquanto as vacinas da
Moderna e Pfizer-BioNTech precisam de duas doses para garantir a
proteção.
No início de março, o presidente americano também afirmou que terá
doses suficientes para todos os 260 milhões de americanos adultos até o
fim de maio. Para conseguir cumprir a promessa, Biden costurou um acordo
para que a Merck (conhecida como MSD fora dos Estados Unidos) produza a
vacina da Johnson & Johnson. As duas empresas são rivais no setor
farmacêutico.
Para efeito de comparação, o Brasil aplicou 11 milhões de doses das
duas vacinas disponíveis. Quase 8,5 milhões, ou 4% da população do país,
receberam ao menos uma dose, enquanto 2,8 milhões já foram imunizados
com a segunda dose.
O Brasil não é o único exemplo de lentidão na campanha de vacinação.
Na Europa, a recuperação também vem esbarrando na demora em distribuir
os imunizantes, apesar dos estímulos do governo. A expectativa de
crescimento da zona do euro é de 3,9% em 2020.
O Reino Unido é um caso à parte na região. Mais de 22 milhões de
britânicos receberam ao menos uma dose da vacina contra a Covid-19,
quase 30% da população do país. Com isso, a economia deve crescer 5,1%,
acima dos 4,2,% previstos em dezembro.
O relatório deixa claro que a recuperação econômica do planeta se
aproxima. A projeção de crescimento da economia global é de 5,6%, também
acima da previsão de dezembro.
Esses dados são puxados pelos Estados Unidos, mas também por outros
países. O PIB da China, que se tornou um exemplo na contenção do vírus,
crescerá 7,8%. O PIB da Índia deve crescer 12,6%.
O Brasil, embora não faça parte da OCDE, também é citado no
documento. De acordo com a projeção, o PIB brasileiro deve crescer 3,7%
em 2021, 1,1% acima do previsto em dezembro do ano passado.
Embora acima da expectativa, o índice fica atrás da vizinha
Argentina, cujo crescimento previsto é de 4,6% neste ano, e de outras
economias emergentes, como México (4,5%), Turquia (5,9%) e Indonésia
(4,9%).
O que a OCDE afirma no relatório é que um esforço dos governos para
acelerar a vacinação é determinante para a recuperação. E os Estados
Unidos são citados como exemplo justamente por conta da velocidade com
que conseguiram reverter uma situação catastrófica.
Afinal, o país lidera o ranking global em número de casos e de mortes
provocadas pela Covid-19. Quase 30 milhões de americanos foram
contaminados pelo novo coronavírus e mais de 538 mil perderam a vida.
A economia também sofreu um impacto enorme. A taxa de desemprego
atingiu 14,8% em abril de 2020, no auge da pandemia, o pior índice desde
o final da Segunda Guerra. Atualmente, esse índice está em 6,2%, longe
do patamar pré-pandemia, quando registrava apenas 3,5% de desempregados.
Em 2020, os brasileiros voltaram a ocupar o topo da lista dos que mais obtiveram, do governo de Portugal, autorizações para viver no país.
Dados preliminares que o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF)
português forneceu à Agência Brasil revelam que, de 117,5 mil novos
títulos de residência emitidos no ano passado, 41,99 mil foram entregues
a brasileiros.
Em seguida, com 13,16 mil solicitações, vêm os cidadãos do Reino Unido
– conjunto de países que reúne a Inglaterra, Escócia, País de Gales e
Irlanda do Norte e que, em janeiro de 2020, deixou oficialmente a União Europeia.
Na sequência vêm os indianos, com 7,017 mil solicitações, angolanos, com 4,82 mil, e italianos, com 4,48 mil.
Os pedidos de novos títulos de residência feitos por brasileiros
representam cerca de 36% do total já apurado. Por ora, é um
total inferior aos 48,79 mil títulos concedidos a brasileiros em 2019 –
antes de Portugal ser afetado pela crise decorrente da pandemia de
covid-19 que, segundo oInstituto Nacional de Estatística (INE), levou o Produto Interno Bruto
(PIB) a encolher 7,6% durante o ano passado. Ainda assim, o resultado
revela que, mesmo em meio à crise, muitos brasileiros continuam optando
por viver em Portugal.
Para a ex-professora Pâmela Fumagalli Machado da Silveira, 38 anos, a
segurança e o clima pesaram na decisão de se mudar de Primavera do
Leste (MT) para Barreiro, a cerca de 40 quilômetros de Lisboa.
Embora tenha cidadania italiana – o que facilita o ingresso dela, do
marido e de seus dois filhos, de 18 e 10 anos, em qualquer país da
Comunidade Europeia – Pâmela e a família optaram por Portugal. Se
mudaram em novembro de 2020, após obter o título de residência.
E, no início, enfrentaram algumas das dificuldades que a maioria dos imigrantes enfrenta, mesmo estando em situação legal.
“No Brasileu
dava aulas em escolas particulares e meu marido trabalhava na área de
Tecnologia da Informação [TI]. Aqui, nos primeiros meses, tivemos que
trabalhar em restaurantes, em serviços muito puxados. Agora, meu
marido já conseguiu trabalho no setor dele, mas eu estou trabalhando com
costura e artesanato que, felizmente, são coisas de que eu sempre
gostei”, contou Pâmela, garantindo que a família não se arrepende da
decisão.
“Vínhamos planejando nos mudar já há alguns anos.
Escolhemos Portugal em função da qualidade de vida, pois sabíamos
que esse não é um país para ganhar dinheiro, mas que oferece segurança e
que, por receber muitos imigrantes, é mais receptivo que outros da Europa.
Além disso, para nós brasileiros, há a facilidade da língua”, lembrou
a brasileira, acrescentando que há também outro lado, de adversidades e
desafios, que se agravou com a pandemia.
“Não conheço quem tenha decidido voltar ao Brasil, mas sim pessoas
que falam que cogitam fazer isso, que dizem estar no limite. Quem
trabalha de casa, como o meu marido e eu, está se mantendo. Estamos há
meses praticamente fechados em casa. Já quem trabalhava em restaurantes,
bares, clubes, em muitos dos serviços que empregam estrangeiros, está
sem trabalhar. Está tudo fechado”, contou Pâmela, afirmando que, apesar
de tudo, sua família não pensa em voltar. “Acho que estamos em um bom
lugar. E, nas redes sociais, vemos que há muitos brasileiros querendo
vir para cá.”
Comunidade
Além de integrar o grupo que mais pediu novos vistos de residência
durante o ano passado, os brasileiros são maioria entre os estrangeiros
que residem em terras lusitanas.
Em 2020, segundo o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, das 661 mil
pessoas que se registraram, 183,83 mil haviam deixado o Brasil – o que
não inclui quem tenha obtido nacionalidade portuguesa. Em seguida estão
as pessoas provenientes do Reino Unido (46,27 mil); Cabo Verde (36,6
mil); Romênia (30,06 mil) e Ucrânia (28,61 mil).
Dados da Organização Internacional para as Migrações (OIM), da Organização das Nações Unidas
(ONU), mostram que, até meados de 2020, havia ao menos 1 milhão de
imigrantes vivendo em Portugal – o que representaria 9,8% dos 10,2
milhões de habitantes do país.
Para especialistas, no entanto, esses números podem estar subestimados, não correspondendo ao real número de imigrantes.
Natural de São Paulo, o jornalista Jair Rattner vive há 35 anos em Portugal, onde colabora com vários veículos de imprensa.
Para ele, mesmo com a instabilidade brasileira contribuindo para
tornar Portugal atraente para muitos brasileiros como Pâmela, as
dificuldades decorrentes da pandemia que Portugal enfrenta vêm motivando
pessoas a regressar aos países de origem.
“O impacto da crise se faz sentir mais sobre os estrangeiros que já
estavam em Portugal e que, com a dificuldade de encontrar emprego,
regressam a seus países, do que entre aqueles que continuam chegando em
busca de melhores condições”, acredita o jornalista.
“Há muitas pessoas desempregadas e, por ora, a economia portuguesa
não tem condições de absorver mais pessoas. Acontece que quando alguém
decide deixar seu país, não pensa nisso. A pessoa se deixa influenciar
mais pelos relatos que ouve do que pela avaliação da real situação
socioeconômica”, disse Rattner.
De acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE),
Portugal fechou 2020 com uma taxa de desemprego oficial de 6,9% – sendo
que, entre as mulheres em idade ativa, o percentual atingiu 7,1%.