quarta-feira, 2 de junho de 2021

A nova oferta da Privalia é a própria Privalia


Depois de suspender sua oferta pública em abril, o outlet online quer abrir capital por meio da instrução 476, além de investir em novas categorias, em um marketplace, em um programa de fidelidade e em produtos financeiros. O CEO Fernando Boscolo detalha esses planos ao NeoFeed

 

 


Todos os dias, um arsenal de até dez novas campanhas ocupa a plataforma da Privalia. O outlet online investe em ações de curta duração, as chamadas flash sales, para conectar os consumidores aos descontos e produtos de ponta de estoque de marcas como Nike, Lacoste, Levi’s, Versace e Arezzo.

Nesta semana, a empresa começou a promover mais uma campanha. Quem está na vitrine, porém, é a própria Privalia. Depois de adiar sua abertura de capital no fim de abril, a companhia está retomando a trilha para o IPO, em uma nova tentativa de obter o melhor preço junto aos investidores.

Dessa vez, no entanto, o caminho passa pelo registro como companhia aberta e pela instrução 476 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que restringe a oferta aos investidores profissionais e a um número de 75 participantes, dos quais apenas 50 podem participar, de fato, da operação.

“Estamos sentindo o mercado um pouco mais tranquilo em relação ao que vimos em março”, diz Fernando Boscolo, CEO da Privalia, ao NeoFeed. O CFO da companhia, John Salén acrescenta: “Vamos testar o apetite dos investidores e buscar a oferta entre o fim do mês e o início de julho.”

Com o non deal roadshow iniciado nessa semana, os executivos esperam encontrar um contexto diferente daquele observado há pouco mais de dois meses. Na época, a empresa decidiu recuar diante de questões que trouxeram uma abordagem muito mais seletiva por parte dos investidores.

“O investidor estrangeiro passou a olhar o Brasil com ceticismo, o que foi agravado pelo derretimento das empresas de tecnologia e a alta dos juros nos Estados Unidos”, conta Salén. “Por isso, sentimos que era melhor esperar o mercado se estabilizar e os preços se recolocarem.”

Ao refazer esse percurso, agora com a perspectiva de uma janela mais favorável, a Privalia avalia os termos da nova oferta, que segue sob a coordenação dos bancos BTG Pactual, J.P. Morgan, Itaú BBA e Credit Suisse.

A precificação e a captação ainda não estão definidas. Assim como o formato da saída do grupo francês Veepee, que detém 98,3% do negócio. Da primeira vez, 80% da oferta, cuja estimativa de mercado girava em torno de R$ 2 bilhões, seria secundária, o que encerraria os laços definitivamente com a empresa. Agora, esse desinvestimento poderá ser feito gradualmente.

Conforme apurou o NeoFeed, a empresa trabalha com a possibilidade de uma captação de menor fôlego na comparação com o valor previsto inicialmente. Assim como avalia reduzir a oferta secundária para que o processo seja concretizado.

A escolha da Privalia pela instrução 476 é facilmente justificada. Com trâmites menos rigorosos, entre eles o fato de não exigir a divulgação de prospecto ou uma análise da CVM, o modelo permite realizar o IPO em até 30 dias, diferentemente do período de três meses a ser cumprido na instrução 400.

O modelo compreende, no entanto, outras obrigações, como a divulgação de balanços trimestrais. Em direção a esse pré-requisito, a Privalia está anunciando hoje seu resultado referente ao período de janeiro a março desse ano.

Nesse intervalo, a companhia registrou um crescimento de 14% na receita líquida, para R$ 199 milhões, e de 21% no GMV, para R$ 287 milhões. No trimestre, o lucro líquido ajustado foi de R$ 4,9 milhões, revertendo o prejuízo líquido ajustado de R$ 33,8 milhões, contabilizado um ano antes.

O ebitda ajustado ficou em R$ 10,6 milhões, alta de 31,9% na comparação anual. Com 1.125 campanhas realizadas, 635 mil produtos ofertados e ofertas de 1,5 mil marcas, foram 1,1 milhão de pedidos no período, um avanço de 19%, sendo que 83% das vendas foram feitas por meio de dispositivos móveis.

No primeiro trimestre de 2021, a Privalia registrou um crescimento de 14% na receita líquida, para R$ 199 milhões, e de 21% no GMV, para R$ 287 milhões

O volume de usuários cresceu 14% e chegou a 15,6 milhões. Desse total, 75 mil são membros premium, que responderam por 18% das vendas. Esses consumidores pagam R$ 19,90 por uma assinatura de três meses, que dá acesso antecipado às campanhas e a frete grátis para compras acima de R$ 199.

Do treino ao jogo

Apesar de renovarem os esforços rumo ao IPO, os executivos da Privalia ressaltam que acessar o mercado de capitais não é algo imprescindível para o negócio. Especialmente pelo fato de a operação gerar recursos suficientes para sustentar os planos traçados pela companhia.

“Estamos tocando o nosso negócio no mesmo passo, por enquanto, sem torcida e treinando à vontade”, diz Boscolo. “O caminho para o IPO, por si só, é enriquecedor e estimula novas ideias. Mas se a oferta não acontecer, vamos seguir jogando o nosso jogo.”

Uma das estratégias já em curso é a decisão de abrir mão de parte da rentabilidade, algo que sempre guiou a empresa, para acelerar o crescimento da operação. Os investimentos mais agressivos em marketing ilustram, em boa medida, essa abordagem.

Sob essa orientação, a empresa veiculou em maio sua primeira campanha em TV aberta. “Esse foi só um kick-off do plano de cinco anos que estruturamos”, conta Boscolo. “Nós estávamos mais restritos à mídia de performance. Agora, vamos investir em ações para ampliar o conhecimento de marca.”

Outro foco é a diversificação do portfólio. A Privalia quer aproveitar sua base de usuários para atrair e plugar novas categorias, marcas e parceiros na sua plataforma. Nessa direção, no início do ano, a empresa incorporou a oferta de artigos para pets.

O movimento mais recente é a entrada no segmento de Ingressos & Viagens. Inicialmente, essa oferta está sendo testada com promoções para pacotes de viagens domésticas, por meio de uma parceria com a agência de viagens online Zarpo. Outros acordos para encorpar o segmento estão em negociação.

“Essa diversificação funciona como um hedge para a nossa operação”, frisa o CEO. “Nesse trimestre, por exemplo, enquanto moda e calçados recuou 6%, casa e decoração cresceu 90%.” Esse portfólio inclui ainda segmentos como eletrônicos, infantil, esportes, beleza e bem-estar, e vinhos e gastronomia.

Formado em janeiro e composto por 55 funcionários, o time próprio de tecnologia é outro avanço recente. Até então, não havia uma equipe 100% dedicada e os projetos nessa área eram tocados por um quadro global do grupo, dividindo as atenções e prioridades com outras operações da companhia.

A partir dessa nova estrutura, a Privalia começa a dar velocidade ao desenvolvimento de alguns projetos. Batizada de Relevância, uma dessas iniciativas, prevista para entrar no ar no fim de 2021, envolve mostrar, a cada usuário, campanhas mais aderentes aos seus hábitos de navegação e compra.

Essa mesma equipe já trabalha na infraestrutura por trás de um modelo batizado de Brands Place que, na prática, compreende a incorporação do conceito de marketplace à plataforma. O plano é oferecer espaço no outlet para lojas oficiais de marcas selecionadas.

Fernando Boscolo, CEO da Privalia

Com a previsão de iniciar um projeto-piloto entre o fim desse ano e o começo de 2022, o portfólio em questão trará produtos que não são incluídos nas campanhas de flash sales. Diferentemente da oferta tradicional da empresa, as marcas envolvidas responderão pela logística de entrega desses pedidos.

No médio prazo, a prateleira de novidades passa ainda pela criação de um programa de fidelidade e pela oferta de produtos financeiros, por meio da associação com fintechs e bancos digitais. As primeiras conversas para estruturar esse braço já estão em andamento.

“Nós vemos uma oportunidade enorme nessa área, pelo tráfego que geramos e pelo poder aquisitivo da nossa base, que tem uma renda média de R$ 8,5 mil”, conta Boscolo. “Nossa ideia é trazer desde um cartão de crédito até uma carteira digital e modelos como cashback.”

Alberto Serrentino, sócio da consultoria Varese, destaca que a Privalia, com sua proposta, ainda enfrenta pouca concorrência no mercado brasileiro. “Eles ocuparam um espaço importante no País”, diz. “E tem muito potencial de transbordar esse domínio para outros negócios e serviços.”

Ele ressalta, porém, um desafio nessa estratégia. “A Privalia precisa manter uma certa consistência no perfil de público e na questão de proteção das marcas, pela qual ficou conhecida”, observa. “Do contrário, a empresa corre o risco de se tornar uma plataforma generalista.”

 

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Nubank conclui aquisição da Easynvest

Easynvest inova com propaganda interativa


A Easynvest ganhou novo logo e agora atende pelo nome Easynvest by Nubank, uma vez que o banco digital anunciou a conclusão de todos os trâmites jurídicos para a aquisição da corretora. Em nota, o banco ainda confirmou Fernando Miranda, CEO da Easynvest, como líder de toda a área de investimentos do Nubank.

O banco informa que a marca Easynvest By Nubank começa a ser implementada em todos os pontos de contato com os 1,6 milhão de clientes da corretora e que Fernando Miranda já assume a nova posição. “Estou muito feliz e entusiasmado com esse desafio. A missão é diversificar e desenvolver outras opções de investimento e entregar a melhor experiência nas duas plataformas para ajudar ao máximo os diferentes perfis de clientes”, diz Miranda.

Com a incorporação da Easynvest – que possui R$ 26 bilhões de ativos sob custódia – à sua área de investimentos, o Nubank passa a atender também perfis de clientes com maior experiência em investimentos. Por enquanto, as duas marcas permanecem com experiências, aplicativos e equipes de atendimento em estruturas diferentes.

Além da Easynvest, em 2020 o Nubank também fez a aquisição da americana Cognitect, referência mundial em engenharia de software, e da brasileira Plataformatec, consultoria especializada em método ágil e em desenvolvimento e gerenciamento de produtos.

 

 https://www.istoedinheiro.com.br/nubank-conclui-aquisicao-da-easynvest/

Embraer: Beacon fecha contrato de serviços com a ABS Jets, da República Tcheca Estadão Conteúdo


A Embraer informa que a Beacon assinou contrato com a ABS Jets, operadora de aviação executiva e organização de manutenção da República Tcheca. O operador realizou o primeiro processo de manutenção em 1º de abril e espera executar por ano mais de 50 atendimentos de manutenção, reduzindo o tempo fora de serviço em 20%.

Com o acordo, o Beacon lança sua plataforma na Europa e reforça seu conceito de serviços agnósticos, já que a ABS Jets possui uma frota mista de aeronaves e helicópteros de diversos fabricantes.

O Beacon foi desenvolvido pela EmbraerX, aceleradora de mercado para negócios disruptivos da Embraer. A plataforma conecta operadores, serviços de manutenção e mecânicos de forma mais ágil, colaborativa para garantir o rápido retorno de aeronaves à operação.

Em nota à imprensa, a fabricante brasileira destaca que a startup beneficia-se do 50 anos de experiência da Embraer, e representa uma nova era digital em serviços de manutenção para a aviação. Baseado no trabalho em rede, o Beacon traz uma nova dinâmica para o ecossistema de manutenção e serviços, capaz de atender qualquer fabricante em qualquer lugar”, destaca a empresa.

“Nesta corrida competitiva, precisamos adotar soluções digitas com foco na capacitação do nosso pessoal. Estamos entusiasmados com nossa parceria com o Beacon e o suporte a todas as partes envolvidas em manutenção para serem mais eficientes em trazer aeronaves de volta à operação. Desde que começamos a executar todos os nossos processos de manutenção na plataforma observamos menos falhas de comunicação, menor tempo de espera e mais responsabilidade”, destaca na nota o diretor Técnico da ABS Jets, Vladimir Sip.

Já o Head do Beacon, Marco A. Cesarino, ressalta que a empresa está possibilitando a transformação digital para que todo o ecossistema possa reduzir ineficiências e manter aeronaves voando de maneira mais inteligente.

 

 https://www.istoedinheiro.com.br/embraer-beacon-fecha-contrato-de-servicos-com-a-abs-jets-da-republica-tcheca-2/

terça-feira, 1 de junho de 2021

O Vale do Silício é aqui: startups latinas “invadem” o Brasil

 

O Mercado Livre e o Rappi são dois exemplos de empresas latinas-americanas que conquistaram o Brasil. Com aportes milionários, uma nova leva de startups da região tenta seguir esse caminho, como Kavak, Bitso, Addi, Clara e Casai. A missão não é fácil


São Paulo, onde a maioria das startups instala sua base no Brasil

Fundado em 1999 na Argentina, o Mercado Livre desde cedo estabeleceu uma base no Brasil, que se transformou, ao longo do tempo, seu principal mercado, com mais de 50% de seu faturamento. Tanto que o País foi (e ainda é) essencial para que a companhia se tornasse a maior empresa em valor de mercado da América Latina, avaliada em US$ 67,7  bilhões na Nasdaq.

O caminho pioneiro percorrido pelo Mercado Livre é agora cada vez mais seguido por outras startups latino-americanas, que estão desembarcando no Brasil em busca de um mercado grande capaz de fazer escalar seus negócios, justificar aportes milionários e, em alguns casos, avaliações bilionárias.

São os casos da fintech colombiana Addi e da mexicana Clara. Mas também da startup de compra e venda de carros Kavak e da corretora de criptomoedas Bitso. Ou da protech Casai, que levantou US$ 53 milhões e chegou para competir com Housi, da Vitacon, e Nomah, da Loft. E até mesmo da Merama, que captou US$ 160 milhões e se propõe a ser a “Unilever das marcas digitas”, nascendo simultaneamente no Brasil e no México.

Em comum, nesses casos, é o fato de que todas miram o Brasil como seu mercado preferencial a partir de agora. “No médio prazo, o Brasil vai ser a geografia mais importante para a Addi”, afirmou ao NeoFeed Daniel Vallejo, fundador da fintech que oferece um crediário digital para varejistas de todos os portes e que está operando desde março deste ano no País.

Há razões óbvias para essas startups escolherem o Brasil como estratégia de expansão. O País conta com um mercado consumidor de mais de 200 milhões de pessoas e é a maior economia da América Latina com um PIB de R$ 7,4 trilhões. Isso, por si só, já seria suficiente para atrair a atenção de investidores e de empreendedores.

“Não fazia sentido construir uma empresa e não começar a atuar no Brasil já no nosso primeiro ano de operação”, diz Gerry Giacomán Colyer, cofundador e CEO da Clara, que vai começar a operar no Brasil em julho deste ano depois de receber um aporte de US$ 30 milhões liderado pelo fundo DST Global e que contou com a participação de investidores como Monashees e Kaszek.

Há também outro motivo que justifica essa “invasão”. E esse é simplesmente matemático: é difícil captar grandes somas de recursos com uma tese restrita aos países de língua espanhola. “Somente incluindo o Brasil na equação para montar uma startup que vale entre US$ 100 milhões e US$ 500 milhões”, afirma Bruno Dalapria, sócio sênior da NXTP, fundo argentino que já investiu em mais de 200 empresas em estágio inicial – a maioria delas fora do Brasil.

Dito assim, parece uma missão fácil conquistar o Brasil. Basta desembarcar por aqui para ganhar o mercado. Mas essa é uma tarefa complicada. A competição é muito mais acirrada e o ambiente de negócio não é simples de ser domado por estrangeiros.

Observe o exemplo da mexicana Kavak, que passou a valer US$ 4 bilhões após um aporte de US$ 485 milhões de fundos de ventures capital como D1 Capital Partners, Founders Fund, Ribbit Capital e Bond Capital – antes já havia atraído Softbank e Kaszek.

“Nós definitivamente prevemos o Brasil como o maior mercado para a Kavak”, disse Carlos Garcia Ottati, cofundador da Kavak, em entrevista à Reuters, na ocasião do aporte, em abril deste ano.

Mas, para atingir essa meta, a Kavak terá de enfrentar startups que atuam de forma semelhante, como Volanty, Carflix e Creditas (que acabou de entrar nesse negócio), e, principalmente, locadoras de veículos, a exemplo de Localiza, Movida e Unidas, que têm negócios bilionários de vendas de carros usados.

Há poucos anos, essa era uma missão quase impossível. Mas atualmente já não é mais uma barreira intransponível. Afinal, algumas startups começaram a mostrar que é possível ganhar um lugar ao sol no Brasil.

Além do Mercado Livre, o aplicativo de delivery Rappi, fundado pelos colombianos Simón Borrero, Juan Pablo Ortega, Guillermo Plaza Roche, Felipe Villamarin e Sebastian Mejia, é um exemplo de companhia latino-americana que conseguiu ganhar tração no Brasil, competindo com a brasileira iFood, mas também o gigante americano Uber.

As barreiras culturais e de regras de negócios, é verdade, ainda existem.  Mas elas estão ficando menores do que há uma década. “As startups perceberam que os mesmos problemas de seus mercados tradicionais existiam no Brasil”, afirma Mônica Saggioro, cofundadora da MAYA Capital, que tem algumas startups latino-americanas em operação no mercado brasileiro.

Entre elas, estão a startup de alimentos a base de plantas chilena NotCo e a de segurança digital colombiana Truora. “A fraude atinge muitos países na América Latina. Verificação de antecedentes e checagem de identidade são essenciais em qualquer lugar”, diz Saggioro.

Os fundos de venture capital são fundamentais para a expansão dessas startups para outros países da América Latina, em especial o Brasil. As gestoras aprovam os planos das startups e fornecem o capital necessário para que as operações deixem suas fronteiras nativas e cheguem por aqui.

É o caso da MAYA Capital, mas também de Monashees (a gestora é uma das investidoras da Addi e Clara, citada no começo dessa reportagem) e, principalmente do argentino Kaszek, criado por Nicolas Szekasy e Hernan Kazah, fundadores do Mercado Livre, que acaba de captar dois fundos de US$ 1 bilhão somados para investir em startups da região.

“Nos últimos 10 anos, muitas das companhias que investimos nasceram fora do Brasil e depois vieram para cá”, afirma Santiago Fossatti, sócio da Kaszek. “Há muitas semelhanças entre os mercados na região e os aprendizados de um país podem funcionar em outro muito bem.”

Na lista estão startups como a de comércio eletrônico Nuvemshop e a escola de programação DigitalHouse, que são de uma “safra” mais antiga de investimentos, mas também Casai, Kavak e Bitso, que acabou de ser avaliada em US$ 2,2 bilhões após receber um aporte de US$ 250 milhões, liderado Tiger Global e Coatue.

Mas uma coisa é consenso para conseguir brilhar no Brasil: não basta despejar um caminhão de dinheiro para garantir sucesso no mercado brasileiro. As estratégias precisam ser adaptadas. E principalmente uma equipe local, que conheça o mercado, precisa ser contratada desde o começo da operação.

A Rappi, que vale US$ 3,5 bilhões, chegou ao Brasil com a ajuda do fundo ONEVC, que entrou na rodada séria A da startup em 2017. “Foi uma situação ganha-ganha-ganha”, disse Bruno Yoshimura, cofundador da ONEVC, em entrevista ao programa Café com Investidor, do NeoFeed. “A DST e a Sequoia queriam expandir a Rappi para o Brasil e tínhamos as conexões para montar o time local.”

Os fundadores da Addi: Santiago Suarez, Daniel Vallejo e Elmer Ortega

A Addi, por exemplo, contratou Caio Ribeiro, que trabalhou quase 10 anos no Mercado Livre, para ser o responsável pela filial brasileira em novembro do ano passado, antes do início da operação. A startup captou R$ 350 milhões em equity e dívida para ser usado para crescer no Brasil.

Vallejo, que é um dos fundadores da Addi, mudou-se também para  Brasil. “Temos que trazer gente que conhece a companhia de dentro, mas também passar a mensagem que o centro de gravidade está mudando”, diz o empreendedor.

A operação brasileira da Addi conta com 30 pessoas e deve dobrar de tamanho nos próximos meses. No momento, são 50 parceiros comerciais que usam a solução de crediário digital da startup. “Criamos uma equipe brasileira, que conhece o País e a cultura. Esse foi um dos nossos primeiros passos no Brasil”, afirma Vallejo.

Mas a “invasão” de startups de países da região no Brasil não é um caminho de mão única. Como ser global não é uma missão fácil – e é tarefa para poucos – outros países da América Latina se tornaram também o destino preferencial de alguns dos principais unicórnios dos País, como são chamadas as startups bilionárias.

O Nubank, fundado pelo colombiano David Vélez, por exemplo, já conta com operações no México e na Colômbia. A Creditas, do espanhol Sergio Furio, está também no México. E o QuintoAndar, dos brasileiros Gabriel Braga e André Penha, que acabou de ser avaliado em US$ 4 bilhões, está se preparando para desembarcar em solo mexicano com sua plataforma de compra, venda e aluguel de imóveis.

 

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De Gucci a Animale, a economia circular vira prioridade das empresas

 


É cada vez maior o número de marcas que veem nas plataformas de revenda uma oportunidade de escoar estoques e faturar com o consumo sustentável


Esqueça os brechós empoeirados com roupas de segunda mão cheirando a naftalina e em condições duvidosas. Se antes garimpar peças usadas era uma questão de estilo pessoal, falta de grana ou amor por décadas passadas, o mercado de revenda (ou resale) agora é digital, tem apelo sustentável e inclui roupas e acessórios novos, de coleções recentes, negociados por pessoas físicas ou por grandes nomes da moda.

Enquanto o varejo tradicional, que já vinha recalculando rota nos últimos anos, sofre um baque histórico por causa da pandemia de Covid-19, o resale aproveita o budget mais apertado do consumidor, a revisão de prioridades no closet e uma maior tomada de consciência ambiental da nova geração para deixar de ser uma onda de descolados e virar um tsunami com oportunidades de business monstruosas.

A revolução é global e está apenas começando. O movimento deve muito à Geração Z, que está adotando a economia circular mais rapidamente do que os Millennials e a Gen X. Mais: 70% desses consumidores dão preferência a marcas com preocupação ambiental e social. Não à toa, o resale já chama a atenção da indústria do luxo e dá seus passos também no Brasil. 

Segundo estudo publicado pela plataforma americana de revenda de roupas novas e usadas Thred Up, nos próximos 12 meses, Amazon (37%), outlets (34%) e o segmento de segunda mão (44%) são os únicos que devem crescer, enquanto o varejo tradicional segue na luta contra o encolhimento. Impulsionado pelo “novo normal”, o mercado de revenda e de segunda mão deve multiplicar por cinco e bater US$ 64 bilhões até 2024. A projeção indica que ultrapassa o fast fashion até 2029. A mesma pesquisa aponta que cresceu em 50% o número de pessoas que está fazendo a limpa no closet atualmente em relação ao período pré-Covid.

Antes da pandemia, o mercado de revenda estava prestes a dobrar de tamanho. Agora, esse crescimento deve acelerar. Contrariando o status quo, sites como o próprio Thred Up ou o The Real Real, gigantes globais do setor, engatam a quarta marcha à medida em que a pandemia afunda a economia. Essas plataformas permitem o aluguel, compra e revenda de roupas usadas, com curadoria afiada e rígido controle de qualidade.

“As mudanças que já estavam ocorrendo no varejo estão se acelerando rapidamente. O isolamento social favoreceu as compras online. Como resultado, as oportunidades de negócios estão se expandindo para as empresas de comércio eletrônico e marketplaces”, analisa Anthony Marino, presidente do Thred Up, que comercializa peças de Gap a Gucci para 1,24 milhão de consumidores, dos quais 428 mil são revendedores ativos. “Clientes, em todos os lugares, querem mais valor agregado no que estão comprando. Os jovens estão mais ligados do que nunca na saúde do planeta. A indústria da moda sempre foi uma das mais poluentes do mundo e esta geração tem o desejo genuíno de fazer parte da solução a essa questão, o que é favorável para as empresas que entregam valor ao cliente de forma sustentável”, conclui Marino.

O Thred Up definiu o preço de US$ 14 por ação em seu IPO recentemente. O preço ficou no teto da faixa indicativa, que começava em US$ 12. O volume total levantado foi de US$ 168 milhões.

Já no The Real Real, líder no assunto que faturou mais de US$ 300 milhões em 2019, é possível comprar de relógios finos a móveis, passando, é claro, por roupas seminovas de grandes etiquetas como Louis Vuitton, Tom Ford ou Saint Laurent. Esta última pertence ao conglomerado de luxo Kering, que, atento ao novo panorama, investiu na maior plataforma europeia para revenda de artigos high end. O grupo adquiriu uma participação de 5% na startup francesa Vestiaire Collective. O Kering não está só. A Goldman Sachs anunciou que pretende investir US$ 750 bilhões na próxima década financiando e assessorando empresas com foco em negócios sustentáveis. A tendência é que gigantes do mercado financeiro, que miram em investimentos pautados em ESG, se voltem para as iniciativas de resale, bastante alinhadas ao conceito.

O que antes era uma ameaça ao controle de preços que as marcas de luxo gostam de ter sobre os seus produtos virou um aliado. São cada vez mais frequentes as parcerias de marcas premium com as plataformas de segunda-mão. O The Real Real já tem acordo com Alexander McQueen e Gucci (ambas do mesmo grupo Kering) para fazer circular peças paradas de clientes ao mesmo tempo em que fidelizam os mesmos com créditos para gastar na própria plataforma ou nas lojas das marcas. Espertos.

O Farfetch, e-commerce focado em artigos de luxo que faz a ponte com o estoque de lojas físicas espalhadas pelo mundo, também já entendeu que a economia circular é o futuro e tem o seu serviço de revenda de bolsas grifadas disponível para clientes da Europa e Estados Unidos. O site também opera no Brasil, mas ainda não estreou a novidade por aqui. Em terras nacionais, a primeira iniciativa de peso dentro do movimento vem da Dress & Go. Pioneira no segmento de aluguel online de vestidos de grife, a startup, que existe desde 2013 e já recebeu aportes da gestora de fundos de venture capital KPTL, acaba de lançar o Reloved, serviço que dá aos seus mais de 500 mil clientes de classe A e B a oportunidade de alugar e revender as próprias roupas para o dia a dia, combatendo o acúmulo de peças em casa.

O Reloved abre o leque de possibilidades da Dress & Go, que expande o além-festa – afinal, no atual momento do País, agitos aglomerados nem pensar! Em outras palavras, com o novo serviço é possível alugar, comprar ou revender peças variadas como uma saia, uma blusa ou calça, selecionadas com olhar apurado pela equipe dentre as milhares de roupas recebidas periodicamente. A curadoria e o cuidado com a produção e apresentação das peças diferencia a plataforma de outros sites de revenda como o Enjoei, no qual impera o do it yourself. De olho na transformação do mercado de moda no País, as sócias Barbara Diniz e Mariana Penazzo, que já foram listadas pela Forbes na categoria “30 Under 30”, já haviam lançado, em 2019, o programa Share, que permite às pessoas físicas, marcas e lojas disponibilizarem seus vestidos para locação no site – e, assim, faturarem, a cada pedido, um percentual da receita.

“Lançamos o Share com a intenção de estimular ainda mais o consumo responsável e, assim, reduzir os impactos ambientais gerados pela indústria têxtil, que é a segunda mais poluente do mundo. Para termos uma ideia, são produzidas 175 mil toneladas de resíduos têxteis ao ano só no Brasil. Entretanto, em média, as brasileiras usam apenas 30% do guarda-roupa regularmente”, explica Mariana, que contabiliza mais de 5 mil vestidos, de 50 marcas, no portfólio do site.

O Reloved estreia com 2.500 peças, das quais 20% vem da Animale, marca premium do grupo carioca Soma, parceiro do site na nova empreitada e que tem em seu guarda-chuva outros nomes badalados, como Farm e Cris Barros. “Nosso acordo com o Soma é apenas com o fornecimento de peças novas de seu estoque para o projeto Reloved”, garante Barbara. “É possível que outras marcas do grupo se juntem à Animale no futuro.” Também já entraram para o portfólio da Dress & Go a mineira Iorane e a Twenty Four Seven, expert em peças práticas e confortáveis para um cotidiano com mais estilo.

Se você quer andar na moda, ganhar dinheiro e ainda ajudar o planeta, já sabe: a solução pode estar parada no fundo do seu armário. Faça circular roupas e acessórios; acumuladores são o que há de mais démodé.


https://exame.com/casual/de-gucci-a-animale-a-economia-circular-vira-prioridade-das-empresas/

“The Economist” mostra Bolsonaro sob cerco e dedicado à velha política clientelista


 

Redação

Há muitas maneiras de descrever a compra de apoio na política brasileira, incluindo “toma lá, da cá”, “troca de favores” e “velha política”. Em 2018, durante sua campanha, Jair Bolsonaro usou esses e outros insultos, muito mais rudes, para desqualificar seus colegas políticos, especialmente do PT, que governou o Brasil de 2003 a 2016 e foi marcado por dois grandes escândalos de corrupção. Como presidente, Bolsonaro prometeu avançar com sua agenda sem distribuir cargos nem emendas.

O primeiro sinal de que Bolsonaro havia desistido de sua “nova política” veio em meados de 2020, quando ele formou uma aliança com um bloco de partidos dedicados somente ao interesse próprio, conhecido como Centrão, para conseguir se proteger de pedidos de impeachment, que já somam 117 no Congresso.

CUSTA CARO – O apoio do Centrão nunca é gratuito. Uma recente investigação do jornal O Estado de S.Paulo mostrou que, em 2020, o governo distribuiu mais de R$ 20 bilhões por meio de emendas de relator, o parlamentar que cuida da elaboração do orçamento no Congresso.

Pelo menos R$ 3 bilhões foram encaminhados por meio do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) atendendo a indicações de parlamentares para obras públicas e compras de máquinas e equipamentos agrícolas – aquisições previstas com preços, em alguns casos, acima da tabela de referência do MDR.

O escândalo, que a imprensa chamou de “tratoraço”, é a mais evidente prova até agora da participação de Bolsonaro na política clientelista.

EM MEIO À CPI – A situação se desdobra juntamente com um desastre de relações públicas ainda maior: uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga como o governo lidou com a pandemia.

As duas crises demonstram como Bolsonaro tem se enfraquecido cada vez mais e como o Congresso, conhecido pelo oportunismo endêmico, usou essa vulnerabilidade do presidente para se fortalecer. “Quanto mais frágil o presidente, mais ele tem de pagar por esse apoio”, explica Sylvio Costa, do site de notícias Congresso em Foco.

O sistema político brasileiro, conhecido como “presidencialismo de coalizão”, é um híbrido entre o modelo presidencialista dos EUA e um parlamentarismo à moda europeia. O presidente comanda políticas públicas e determina o orçamento, mas não consegue fazer muita coisa sem o Congresso, onde seus partidos raramente detêm maioria.

TROCA DE FAVORES – A maior parte dos cerca de 30 partidos brasileiros não possui plataformas ideológicas; eles apoiam o presidente em troca de favores. Isso beneficia projetos que conquistam votos, como pavimentação de estradas ou reformas de escolas, em detrimento de planejamentos a longo prazo, diz Élida Pinto, professora de finanças públicas da FGV.

Em 1994, seis parlamentares perderam os cargos como resultado de um escândalo de compra de votos envolvendo ONGs falsas. Em 2005, um deputado do Centrão admitiu que o PT pagava R$ 30 mil por mês a parlamentares em troca de apoio no Legislativo. (Cassado, ele agora é aliado de Bolsonaro.)

Em 2014, a Lava Jato revelou um vasto esquema de propinas entre construtoras, partidos e a Petrobrás. Em resposta a protestos, o Congresso aprovou uma série de emendas constitucionais destinadas a reduzir a corrupção sem incomodar os congressistas.

EMENDAS IMPOSITIVAS – A maioria das ementas se tornou uma dotação automática (não designada pelo presidente) para que os legisladores gastassem em seus redutos eleitorais. Era necessário seguir novas regras, como apresentar recibo. Mas essas restrições dificultaram a formação de coalizões.

Quando a presidente Dilma Rousseff (PT) sofreu impeachment, em 2016, a razão técnica foi ter maquiado o déficit orçamentário do Brasil; mas isso ocorreu por causa das dificuldades dela em controlar um Congresso cada vez mais rebelde. Ela expandiu seu gabinete para 39 ministérios na tentativa de acomodar políticos com cargos, mas a recessão em 2014-16 limitou o alcance deste plano.

Bolsonaro está passando por algo parecido. O Brasil teve uma das piores crises de covid-19 do mundo, com mais de 450 mil mortos. Sua estratégia de minimizar a pandemia pareceu funcionar em 2020, quando um terço dos brasileiros recebeu auxílio emergencial. Mas, este ano, a segunda onda da doença coincidiu com uma alta na inflação, a lentidão na vacinação e uma redução nos benefícios oferecidos pelo governo.

APOIO EM QUEDA – A aprovação de Bolsonaro caiu de 40% para menos de 30%. O presidente da Câmara, Arthur Lira, única pessoa que pode abrir um processo de impeachment, fez um alerta falando em “amargos remédios políticos”.

Mas um impeachment é improvável, em parte porque Bolsonaro reinventou na prática a compra de apoio político no fim de 2019. A maioria dos novos recursos orçamentários foi destinada a legisladores que votaram em Rodrigo Pacheco, escolha de Lira e do Centrão para a presidência do Senado.

Documentos nos sites do governo mostram o destino de apenas cerca de R$ 1 bilhão dos R$ 3 bilhões gastos pelo MDR. O relator do orçamento, Domingos Neto, destinou R$ 110 milhões a uma cidade de 59 mil habitantes da qual sua mãe é prefeita. O ministério aceitou pagar R$ 500 mil por tratores com preço regular de R$ 200 mil. As autoridades insistem que não houve irregularidade.

CPI AO VIVO – Uma ameaça maior à popularidade de Bolsonaro é a CPI, que começou os depoimentos no Senado este mês. As sessões diárias são transmitidas ao vivo na TV, criando uma macabra história oral do desastre brasileiro na pandemia. Dois ex-ministros da Saúde disseram que a estratégia inicial do governo apostava na imunidade de rebanho e na hidroxicloroquina, remédio para a malária promovido por Donald Trump.

Um executivo da Pfizer disse que o governo ignorou seis ofertas de venda de vacinas ao Brasil. O então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, general que também estava no comando quando acabou o suprimento de oxigênio em Manaus, tentou fugir do depoimento alegando suspeita de estar com covid.

Bolsonaro “está se tornando prisioneiro da própria impopularidade”, diz Alessandro Molon, líder da oposição na Câmara.

AUMENTA A REJEIÇÃO – As pesquisas mais recentes mostram queda no apoio ao presidente em quase todos os segmentos do eleitorado, incluindo entre seus defensores mais convictos, como os evangélicos. É provável que seu principal rival nas eleições de 2022 seja Luiz Inácio Lula da Silva, ex-presidente petista cuja popularidade aumentou recentemente.

Uma pesquisa de intenção de voto indica que, caso o segundo turno fosse realizado já, 55% dos votos ficaria com ele, enquanto Bolsonaro receberia 32% (o restante do eleitorado disse que não votaria em nenhum dos dois).

Quando os brasileiros veem europeus e americanos sendo vacinados, percebem que “nosso presidente é uma caricatura”, diz Ciro Gomes, que também quer se candidatar.

A ECONOMIA AJUDA – Bolsonaro pode se recuperar antes da eleição. A vacinação está avançando, enfim, e a economia apresenta desempenho melhor do que se temia.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, insistiu para que o Congresso aprove as reformas tributária e administrativa. Ele diz que, com, isso, recursos seriam liberados para uso em programas que rendem votos.

Mas os legisladores também querem sua parte. “O Centrão não é leal”, alerta Rebeca Lucena, da consultoria BMJ. “Se o navio estiver afundando, eles vão mudar de barco.”


Fonte: Estadão

Copa América é “bala de prata” para haver impeachment de Bolsonaro, afirma um dos maiores cientistas do país


Redação

A Conmebol anunciou nesta segunda-feira (31), que a Copa América 2021 será disputada no Brasil. A entidade agradeceu publicamente o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) por receber a competição depois que Colômbia e Argentina desistiram de sediar o torneio.

Para o médico e neurocientista Miguel Nicolelis, professor catedrático da Universidade de Duke, nos Estados Unidos, a decisão de Bolsonaro é a “bala de prata” para a CPI indiciar o governo federal por omissão e crime de responsabilidade pela atuação durante a pandemia de covid-19 no Brasil. “Não falta mais nenhuma prova. O governo demorou meses para responder [as propostas feitas] sobre vacina, e demorou horas para aceitar a Copa América”, disparou Nicolelis ao UOL Esporte.

DIZ A CPI – Em depoimento à CPI da Covid, no Senado, o gerente-geral da Pfizer para a América Latina, Carlos Murillo, afirmou que apresentou sete propostas para o governo federal comprar vacinas da empresa, mas que o governo brasileiro não respondeu no ano passado a ofertas de contratos apresentados pela empresa que previam 1,5 milhão de doses da vacina ainda em 2020. O Brasil acabou fechando contrato com a Pfizer só em 19 de março deste ano.

Também à CPI, o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, afirmou que fez três propostas em 2020 para o fornecimento da CoronaVac ao Ministério da Saúde: em julho, agosto e outubro e que não obteve respostas. O acordo, se assinado, possibilitaria a entrega de 60 milhões de doses ao Ministério da Saúde.

STF TEM DE AGIR – “É o teatro da manipulação e da enganação. O futebol é irrelevante neste momento. É um risco a mais. Não só os jogos, tem os deslocamentos, os hotéis, as festas clandestinas. Tem de ter policiamento para impedir os torcedores de fazer uma aglomeração. Os jogadores de futebol também têm de se posicionar. Isso deveria ir para o Supremo (Tribunal Federal). Deveriam interditar a CBF. Qualquer instituição privada que atente contra a segurança sanitária de um país deve sofrer intervenção”, argumenta o professor Nicolelis.

O comunicado de que a competição começará no próximo dia 13, aconteceu horas depois de a Conmebol anunciar que a Copa América estava suspensa após o governo da Argentina abrir mão de sediar a disputa por conta do avanço das infecções de covid-19 no país.

A Copa América, inicialmente, seria dividida entre Colômbia e Argentina; no último dia 20 de maio, a Colômbia pediu adiamento da competição – o país passa por um período de instabilidade, com enormes protestos populares – mas a Conmebol decidiu excluir o país.

TERCEIRA ONDA – “A pandemia está fora de controle e na rampa da terceira onda no país, o sistema de saúde está colapsado, temos a variante indiana em vários pontos do Brasil, taxas de ocupação aumentando. Não faz o menor sentido”, disse o professor Nicolelis, acrescentando:

“Na realidade, é pedir para ter um evento que possa gerar casos e que os jogadores possam levar variantes de volta para a Europa. Será que ninguém pensou nisso?”.


Fonte: UOL