A meta da Betterfly é chegar a 100 milhões de usuários no mundo até 2025, com o Brasil representando entre 25% a 30% desse total
Caio Ribeiro, diretor executivo da Betterfly no Brasil (Foto: Divulgação)
A startup chilena de benefícios corporativos Betterfly virou
um unicórnio no começo de 2022 e já tem planos ousados para sua última
captação: escalar a operação no Brasil, chegando a 2 milhões de usuários
nos próximos 12 meses, além de se espalhar pela América Latina.
A
empresa recentemente lançou sua operação no México e ainda neste ano
planeja chegar a Equador, Colômbia, Panamá, Peru, Argentina e Costa
Rica. Para 2023, estão nos planos Espanha, Portugal e Estados Unidos.
A insurtech de impacto social aposta no Brasil para
validar seu modelo de negócios fora do Chile, país onde foi fundada, em
2018, pelo empresário Eduardo Della Maggiora, atual CEO.
O
diretor executivo da Betterfly no Brasil, Caio Ribeiro, vem
estruturando a empresa desde meados do ano passado, contratando
funcionários e fechando parcerias — com a seguradora Icatu, por exemplo —
para colocar de pé a operação.
Como funciona a insurtech
Quando
uma empresa contrata os serviços da Betterfly, seus
colaboradores (tanto CLTs quanto PJs) passam a ter acesso uma série de
benefícios, como aulas de exercícios físicos, meditação, telemedicina,
telepsicologia, nutrição e outros incentivos ao bem-estar.
À
medida que o colaborador se envolve com o aplicativo e passa a adotar
mais hábitos saudáveis, ele gera "bettercoins", moedas que se revertem
em doações para ONGs parceiras - no Brasil, são quatro: Hospital Pequeno
Príncipe, em Curitiba, Ação da Cidadania RJ, One Tree Planted e
WATERisLIfe.
A
Betterfly usa estratégias de gamificação para manter os usuários
engajados, como rankings e metas de arrecadação de bettercoins.
No
Brasil, a parceria com a Icatu é a "cereja do bolo". A empresa oferece
aos usuários um seguro de vida, cuja cobertura aumenta conforme ele
adota mais hábitos saudáveis. "Se a pessoa caminhou 5 mil passos,
meditou, bebeu 1 litro de água ou dormiu sete horas, tudo é registrado,
gerando incremento da cobertura do seguro de vida", explica Caio.
A
própria Icatu é hoje o maior cliente da Betterfly no Brasil. Segundo o
executivo, a penetração do aplicativo da Betterfly entre funcionários da
Icatu é próxima de 50%, enquanto a taxa de uso de benefícios de RH, em
geral, gira em torno de 15%, diz.
Novo produto: antecipação de salário
Nas
próximas semanas, a empresa pretende lançar o próximo produto no
Brasil: o adiantamento de salário, resultado da aquisição da startup
brasileira Xerpay, em setembro do ano passado. A Xerpay é uma solução
que permite aos funcionários adiantarem até 50% do salário pelo
aplicativo e receberem pelos dias trabalhados até a data da solicitação,
com pagamento direto na conta-corrente do colaborador via Pix. A
expectativa é que o serviço esteja disponível em cerca de 45 dias, diz
Caio - nesse caso, só para funcionários CLT.
"A
gente começou a perceber que existia essa demanda, porque é uma dor de
cabeça para o RH fazer adiantamentos. A Xerpay digitaliza o que antes
era o vale-salarial. Muitos clientes nos contrataram com a expectativa
de utilizarem esse serviço. Ele vai complementar nosso ecossistema",
conta o executivo.
Escala e impacto social
Para a
insurtech, a atratividade do Brasil se dá tanto pelo tamanho do mercado
doméstico, capaz de absorver planos de escalabilidade, quanto pelos
gargalos do país em áreas sociais e ambientais, explica Caio. "Pelo
tamanho do Brasil e as complexidades que o país tem, para nós é uma
grande oportunidade de validar a plataforma vinda do Chile e causar
impacto", observa Caio.
A empresa afirma ter cerca de 50 clientes
aqui - a maioria pequenas e médias empresas. "A gente consegue entrar
mais rapidamente em empresas menores porque elas têm mais dificuldade em
oferecer benefícios aos colaboradores. Geralmente, companhias grandes
já oferecem vantagens, o que não quer dizer que não miramos as grandes
também", diz Caio. No Chile, entre os 3 mil clientes, estão marcas como
P&G, Samsung e Santander.
Com o aporte US$ 125 milhões (R$
658,8 milhões) recebido em fevereiro, que elevou a Betterfly a
unicórnio, a empresa pretende investir em infraestrutura e nos recursos
necessários para expansão das operações, como contratações de talentos e
investimento em marketing. Não está nos planos de curto prazo, por
exemplo, uma nova aquisição, embora Caio se mantenha atento ao mercado.
"Estamos
sempre de olho em oportunidades que possam surgir. O que a gente busca
são soluções que complementem nossa proposta de valor, tanto em
bem-estar quanto proteção financeira e impacto social, mas sem dúvida
agora é um momento de gestão conservadora dos investimentos. Estamos
mais focados em levar nosso produto e crescer de maneira orgânica do que
em fazer outras compras", afirma.
A meta da Betterfly é chegar a
100 milhões de usuários no mundo até 2025, com o Brasil representando
entre 25% a 30% desse total. Para os próximos 12 meses, almeja alcançar 2
milhões de usuários no país - a empresa não informou quantos tem hoje.
https://epocanegocios.globo.com/Empresa/noticia/2022/06/unicornio-chileno-de-impacto-social-betterfly-aposta-no-brasil-para-escalar-operacao.html