Atuação:
Consultoria multidisciplinar, onde desenvolvemos trabalhos nas seguintes áreas: fusão e aquisição e internacionalização de empresas, tributária, linhas de crédito nacionais e internacionais, inclusive para as áreas culturais e políticas públicas.
LONDRES (Reuters) – O colapso dramático do Silicon Valley Bank e a
turbulência do mercado que ele desencadeou fazem parte da “batalha
entre fogo e gelo” nos esforços globais para conter a inflação após anos
de dinheiro fácil, disse o copresidente do Morgan Stanley, Ted Pick,
nesta terça-feira.
Os aumentos acentuados nas taxas de juros pelo Federal Reserve e
outros bancos centrais para combater os crescentes preços ao consumidor
inevitavelmente levaram a surtos de estresse, disse Pick na Morgan
Stanley European Financials Conference, acrescentando que os bancos
norte-americanos SVB e Signature Bank foram vítimas dessas
circunstâncias.
“Isso faz parte do processo de girar o botão para apertar as
condições financeiras e garantir que estamos no caminho certo para
normalizar um mundo com taxas de juros mais altas”, disse Pick.
“Mas pode muito bem haver surpresas, pode muito bem haver reações”,
disse ele, acrescentando que o mercado está no meio de uma luta para
“matar a inflação” que será travada em 12 a 18 meses.
O executivo-chefe do Lloyds, Charlie Nunn, disse anteriormente ao
evento que os bancos britânicos ainda não estavam vendo uma “voo para a
qualidade” nos depósitos entre clientes nervosos com a segurança dos
seus recursos após o colapso do SVB.
Os principais bancos dos Estados Unidos, incluindo JPMorgan e
Citigroup, viram uma onda de clientes solicitando a transferência de
suas contas para bancos maiores, informou o Financial Times nesta terça.
Os analistas do Goldman Sachs disseram em nota na segunda-feira que o
estresse bancário dos Estados Unidos pode se espalhar diretamente para
os bancos europeus.
O Santander foi descrito como a única instituição com “exposição
significativa” aos detentores de depósitos dos Estados Unidos, com cerca
de 12% do total de depósitos nos Estados Unidos, enquanto o HSBC tinha
6% e o Barclays tinha 8% nas Américas como um todo, disse a pesquisa.
A diversidade da Suíça se reflete em sua
culinária. Recentemente publicado, o livro "O Patrimônio Culinário
Suíço" pinta um retrato tanto gastronômico como cultural da cozinha
regional suíça.
Entrevista.
Um apanhado. Este é o termo que vem imediatamente à mente para descrever este livro de 661 páginasLink externo.
O autor, o jornalista de gastronomia Paul Imhof, viajou anos pela Suíça
recolhendo informações de um vasto leque de pessoas ativas nas áreas de
agricultura, restaurantes e comércio de alimentos, mas também em
bibliotecas. O resultado é uma coleção abrangente de dados sobre cada
produto, incluindo suas origens, história, método de produção e área de
distribuição.
Este trabalho reúne em um único livro um inventário
culinário realizado entre 2005 e 2008 pela Associação do Patrimônio
Culinário Suíço com a apoio dos cantões e especialistas de diferentes
campos (acadêmicos, históricos, setoriais etc.), sob mandato da
Confederação, e que tem sido constantemente atualizado desde então. O
objetivo do inventário é fornecer uma visão o mais abrangente possível
dos produtos da culinária suíça. Para serem incluídos, os produtos devem
atender a três critérios: serem ainda consumidos, existirem há pelo
menos 40 anos e terem uma ligação especial com a Suíça.
Mas este
livro, que enumera mais de 450 produtos, não é um simples inventário.
Proporciona também uma melhor compreensão da Suíça e de seu povo. "De
fato, a tradição culinária é também uma viagem através da história,
geografia, cultura e sociologia de um país", destaca Olivier Girardin,
presidente da Associação do Patrimônio Culinário Suíço.
swissinfo.ch: O que diz o patrimônio culinário sobre a Suíça?
Olivier
Girardin: Existem vários produtos regionais suíços. Temos um patrimônio
muito rico, o que mostra que a Suíça é um país de confluências no
centro da Europa, com várias culturas e diversas fronteiras. Essa
diversidade se reflete em sua culinária.
O
livro "Patrimônio Culinário Suíço" está disponível em francês desde o
final de 2022. Uma versão em alemão será publicada na primavera de 2023.
Editions infolio
Semelhante patrimônio mostra também como se vivia no mundo
rural, onde nada se perdia e tudo se transformava. A cozinha suíça
inclui uma grande variedade de queijos, mas também embutidos e carnes
secas, o que atesta o cuidado tomado na conservação dos produtos. Esta
herança culinária está ligado ao fato de uma grande parte do território
se situar nas montanhas, onde no inverno só se podia comer o que se
podia conservar.
swissinfo.ch: Em suma, trata-se sobretudo
da cozinha rural de um país relativamente pobre. Estamos bastante longe
do esplendor da cozinha de Versalhes...
O.G.:
Perfeitamente. Este caráter rural e relativamente pobre é um elemento
central do patrimônio culinário da Suíça. Mas a Suíça é também um país
industrial – e esse é o lado mais moderno dessa herança – onde os
produtos provêm da nossa indústria alimentar com grandes grupos como a
Nestlé. Entre os produtos clássicos deste tipo estão a famosa pasta
alimentícia Cenovis ou a mostarda Thomy.
swissinfo.ch: Os pontos em comum da cozinha suíça têm sido evocados, mas existem também grandes diferenças entre as regiões?
O.G.:
Existem, naturalmente, produtos típicos de diferentes regiões. Por
exemplo, o cardo é muito conhecido em Genebra, mas não em outras partes
da Suíça. No leste do país, existe um tipo de milho (Riebelmais) [GA1]
que não é encontrado em todos os lugares.
Mas, além dos produtos, é
interessante notar que o vínculo com a alimentação é diferente de
acordo com a região. Podemos ver que na Suíça de língua alemã, as
pessoas são mais sensíveis ao modo de produção, por exemplo, com
alimentos orgânicos. Na Suíça latina, as pessoas são mais sensíveis à
gastronomia local. O aspecto gustativo é muito mais acentuado no lado
latino do que no lado alemão, onde o bem-estar do animal é tido mais em
conta.
É interessante notar que se utiliza de um produto para
falar sobre diferenças culturais entre a Suíça alemã e a Suíça latina.
De fato, fala-se da "barreira do rösti", embora seja consumido também na
Suíça francófona. A identidade está também ligada à alimentação, e por
isso é importante para a coesão nacional saber o que se come noutras
partes do país.
swissinfo.ch: Diante da globalização e da uniformização dos gostos, até que ponto é saudável o patrimônio culinário suíço?
O.G.:
Podemos constatar que ele ganhou interesse. Os restaurantes gourmets
incluem de bom grado produtos locais em seu cardápio. Assistimos também a
um ressurgimento do interesse do público em consumir produtos regionais
sazonais, o que está em sintonia com os tempos.
Por outro lado,
no consumo quotidiano, a conservação desse patrimônio é um pouco menos
evidente. Transmiti-la aos jovens é um verdadeiro desafio.
swissinfo.ch: Alguns produtos até desaparecem completamente. Por quê?
O.G.:
Há uma mudança nos hábitos alimentares. A sociedade moderna perdeu de
certa forma o hábito de cozinhar, o que contribui para o desaparecimento
de produtos – por exemplo, o refogado de porco – que requerem uma
preparação mais longa ou mais complexa.
Além disso, muitos
produtos que são processados para serem preservados requerem grande
conhecimento por parte de artesãos como açougueiros, padeiros ou
queijeiros. Contudo, o processamento de alimentos tornou-se altamente
industrializado, o que levou à perda de parte desse conhecimento.
No
entanto, há também novos produtos que vão surgindo e que ultrapassaram o
fatídico limite de 40 anos para serem inscritos no patrimônio
culinário. É o caso, por exemplo, do azeite do Ticino, um dos últimos
produtos que incluímos no patrimônio.
Conteúdo externo
Présentation du livre dans le Téléjournal de la RTS du 04.01.2023
swissinfo.ch: Recentemente, tem-se falado muito de ecologia e
de circuitos curtos. Será esta uma oportunidade para o nosso patrimônio
culinário?
O.G.: Com efeito, penso que esse retorno às
nossas raízes é uma oportunidade. É o oposto de uma globalização em que
os alimentos são totalmente homogeneizados. É preciso explicar que os
produtos inscritos no patrimônio culinário andam de mãos dadas com o
conhecimento, a produção ecológica, o consumo racional e a tradição.
swissinfo.ch:
No exterior, as pessoas costumam perguntar qual é o produto ou prato
típico da Suíça. Qual é a resposta mais frequente?
O.G.:
Muitas vezes pensamos no fondue ou na raclette. Tais produtos têm a
vantagem adicional de serem fáceis de transportar e preparar. Há também
queijos, como o gruyère ou o tête de moine (cabeça de monge), que fazem
também muito sucesso no mercado de exportação, embora as quantidades
produzidas não sejam as mesmas para ambos.
swissinfo.ch: Portanto, o queijo é realmente o produto suíço por excelência...
O.G.:
Sim, o queijo e tudo o que lhe está associado. Mas também há salsichas.
A Suíça tem cerca de 450 delas! Para mim, se tivesse de escolher um
único produto suíço por excelência, seria a cervela; todo mundo consome,
em todas as regiões. Também podemos notar a importância da categoria de
produtos de panificação e confeitaria, pois é a mais representada em
número de especialidades inscritas no patrimônio culinário suíço.
swissinfo.ch: Outra questão que se coloca frequentemente é qual é o prato tradicional suíço de Natal. Qual é a resposta?
O.G.:
Depende, porque a tradição não é a mesma em todas as regiões. Mas hoje
em dia, é claro que o fondue chinês ou o peru é o prato mais popular. No
entanto, é entre as sobremesas que devemos procurar um produto
tradicional que seja comum a todo o país, com o büche de Noël (tronco de
Natal) que, mesmo não sendo especificamente suíço, é consumido em toda a
Suíça. Há também pães de erva-doce e todos os biscoitos de Natal que se
encontram em todo os lugares, mesmo que apresentem variedades
regionais.
swissinfo.ch: Poderíamos promover melhor os produtos suíços no exterior?
O.G.:
Um dos melhores produtos exportados é o queijo. Esta é uma tradição
muito longa que às vezes remonta a séculos, por exemplo com o sbrinz.
Mas é importante compreender que a Suíça produz apenas 50% de seus
alimentos. Consequentemente, a exportação de produtos alimentares não é
realmente um problema; nosso forte são produtos de nicho.
No
entanto, espero que este livro ajude a tornar este rico patrimônio mais
conhecido no exterior. Meu sonho seria que cada embaixada suíça
possuísse um exemplar.
Uma parte é por danos morais coletivos e outra, individuais
Marcos Graciani
Os valores do dano moral coletivo serão revertidos para entidades, fundos ou projetos visando a recomposição do dano
O
Ministério Público do Trabalho (MPT) informou ter assinado um termo de
ajuste de conduta (TAC) com as vinícolas Aurora, Garibaldi e Salton,
envolvidas no flagrante de trabalho análogo à escravidão ocorrido em
Bento Gonçalves (RS), em 22 de fevereiro. Pelo acordo, as vinícolas se
comprometeram a pagar R$ 7 milhões em indenizações, sendo R$ 5 milhões
por danos morais coletivos e R$ 2 milhões por danos individuais, a ser
dividido entre os resgatados. O prazo de pagamento é de 15 dias a partir
do fornecimento da listagem dos beneficiados.
"Os
valores do dano moral coletivo serão revertidos para entidades, fundos
ou projetos visando a recomposição do dano", destacou o MPT, em nota.
Conforme as investigações, as três vinícolas envolvidas no caso
contrataram mão de obra terceirizada fornecida pela Fênix Serviços
Administrativo, que teria então mantido os trabalhadores, a maioria de
origem baiana, em condições degradantes. Pelos termos do TAC, as
vinícolas gaúchas se comprometeram a zelar pela obediência de princípios
éticos ao contratar trabalhadores diretamente ou de forma terceirizada;
abster-se de participar ou praticar aliciamento, de manter ou admitir
trabalhadores por meios contrários à legislação do trabalho, de utilizar
os serviços de empresas de recrutamento inidôneas; garantir e
fiscalizar áreas de alojamentos, vivência e fornecimento de alimentação e
somente contratar serviços de terceirização com empresas com capacidade
econômica compatível com a execução do serviço contratado.
Também
será preciso que elas fiscalizassem as medidas de proteção à saúde e à
segurança do trabalho adotadas pelas terceirizadas e exijam o registro
regular em carteira de todos os trabalhadores contratados para prestação
de serviços, bem como os pagamentos de salários e verbas rescisórias.
As três vinícolas terão de promover, entre outras empresas do setor e
entre associados de suas cooperativas, estratégias de conscientização e
orientação, contemplando seminários sobre boas práticas e cumprimento de
legislação sobre direitos trabalhistas e direitos humanos, inclusive
abordando temas de segurança, saúde e medicina do trabalho e trabalho em
condições análogas à de escravo. O descumprimento de cada uma das
cláusulas fica sujeito a multa de R$ 300 mil por violação.
Em
decisão paralela, o juiz Silvonei do Carmo, da 2ª Vara do Trabalho de
Bento Gonçalves, concedeu pedido de liminar feito pelo MPT e autorizou o
bloqueio de R$ 3 milhões de Pedro Augusto Oliveira de Santana, dono da
Fênix Serviços Administrativos e Apoio à Gestão de Saúde Ltda. Isso
porque o empresário se recusou a assinar o TAC com o MPT. A quantia foi
bloqueada de modo a garantir o pagamento de indenizações em caso de
eventual condenação criminal. A empresa já pagou, emergencialmente, no
dia do resgate dos trabalhadores, R$ 1,1 milhão em verbas rescisórias.
Em
22 de fevereiro, uma ação conjunta entre a Polícia Rodoviária Federal
(PRF), Polícia Federal (PF) e Ministério do Trabalho e Emprego (MTE)
resgatou 207 trabalhadores que enfrentavam condições de trabalho
degradantes em Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha. O resgate ocorreu
depois que três trabalhadores que fugiram do local contataram a PRF, em
Caxias do Sul (RS), e fizeram a denúncia. Atraídos pela promessa de
salário de R$ 3 mil, os trabalhadores relataram enfrentar atrasos nos
pagamentos dos salários, violência física, longas jornadas e oferta de
alimentos estragados. Eles revelaram ainda que, desde que chegaram, no
início do mês, eram coagidos a permanecer no alojamento, sob pena de
pagar multa por quebra do contrato de trabalho. A PF prendeu um
empresário baiano responsável pela empresa, que foi encaminhado para o
presídio de Bento Gonçalves. Em notas, as vinícolas envolvidas disseram
que desconheciam as irregularidades praticadas contra os trabalhadores
recrutados pela empresa prestadora de serviços terceirizados.
O governador de São Paulo, Tarcísio Gomes de Freitas
(Republicanos), disse nesta segunda-feira, 13, que prevê a privatização
da Sabesp em 2024, sendo que a assinatura do contrato com a IFC, agência
do Banco Mundial, para estruturação da capitalização deve ocorrer até o
fim deste mês. Ao participar de almoço com empresários promovido pelo
Lide, o governador salientou que serão avaliados no estudo a ser
contratado todos os pontos de atenção, caso, por exemplo, de como serão
prestados os serviços em áreas não rentáveis.
“Acredito que é uma operação que pode transcorrer no ano que vem”,
afirmou Tarcísio, ao ser questionado sobre o prazo da privatização da
companhia de saneamento.
O governador ponderou que é preciso fazer a operação com cuidado, já que se trata de um projeto grande porte.
Por outro lado, citou a experiência com privatização, mencionando a
transferência ao capital privado da Eletrobras, ao demonstrar confiança
na venda da Sabesp.
Rodoanel
O governador de São Paulo disse também que está confiante que o
leilão do trecho Norte do Rodoanel, que será feito na terça-feira, 14,
será bem-sucedido. “Estou confiante de que o leilão do Rodoanel de
amanhã será bem-sucedido”, comentou.
O trecho Norte do Rodoanel vai consumir investimentos de R$ 4 bilhões e, segundo Tarcísio, em 2026 ele estará totalmente pronto.
Fazendo um paralelo com o seu tempo de ministro da Infraestrutura, Tarcísio brincou que já estava com saudades de bater o martelo num leilão de concessões e privatização.
Obras
O governador de São Paulo voltou a afirmar que não vai paralisar
nenhum projeto ou obra que vieram de governadores anteriores. “Não vamos
paralisar nada que veio do governo anterior. Foi assim que fiz quando
estive à frente do Ministério da Infraestrutura e assim vou fazer no
Governo do Estado de São Paulo. Obras não são de um governo ou de outro,
são do Estado, comentou Tarcísio.
De acordo com ele, as pessoas não entendem e não aceitam obras
paradas porque “obras paradas não geram taxas de retorno financeiro ou
social”. “Vamos tocar”, disse.
E para o governador, fazer São Paulo crescer com desenvolvimento
social é possível porque o Estado de São Paulo tem espaço para reduzir
despesas e ganhar fôlego para investimentos. “Acreditamos na aliança de
investimento público e privado”, reforçou.
A Pfizer anunciou a compra da empresa de biotecnologia Seagen e sua
classe pioneira de medicamentos contra câncer por US$ 43 bilhões. Sob os
termos do acordo, a Pfizer pagará US$ 229 por ação em dinheiro. As
empresas esperam que o acordo seja finalizado no final deste ano ou no
início do ano que vem.
O total de US$ 43 bilhões inclui dívidas, disse uma porta-voz da
Pfizer. É provável que a empresa enfrente o escrutínio dos reguladores
antitruste, que intensificaram suas revisões na área de saúde e outros
acordos.
A Seagen, com sede nos arredores de Seattle, ajudou a criar uma
classe de medicamentos conhecidos como conjugados de drogas de
anticorpos, ou ADCs, que podem atacar tumores para atacá-los com um
agente tóxico.
A aquisição da Seagen ajudará a Pfizer a atingir sua meta de gerar
US$ 25 bilhões em receita adicional até 2030 por meio do desenvolvimento
de negócios, disseram executivos da Pfizer.
A Seagen, que projeta uma receita de US$ 2,2 bilhões este ano, pode
trazer à Pfizer mais de US$ 10 bilhões em faturamento até 2030 se a
empresa de biotecnologia conseguir ampliar a aplicação de seus
medicamentos a mais tipos de tumores, disseram executivosda Pfizer.
Instituições financeiras
brasileiras com ações listadas nos EUA anunciaram não ter exposição ao
Silicon Valley Bank para evitar contágio em seus papéis (Crédito:
REUTERS/Nathan Frandino)
SÃO PAULO (Reuters) – Algumas instituições financeiras brasileiras
com ações listadas no mercado norte-americano anunciaram não ter
exposição ao Silicon Valley Bank, a fim de evitar contágio do colapso do
banco em seus papéis.
Entre o sábado e esta segunda-feira, Nu Holdings, Inter&Co e
PagSeguro afirmaram em comunicados separados que, assim como suas
subsidiárias, não possuem qualquer exposição ao SVB, especializado em
financiamento a startups de tecnologia.
A Nu Holdings é dona do Nubank, enquanto o Inter&Co possui o
banco Inter e a PagSeguro tem o PagBank. Por volta das 13h15 (horário de
Brasília), as ações da Nu em Nova York avançavam 3,9%, enquanto Inter
tinha queda de 4,45%. Já os papéis da PagSeguro subiam 0,85%.
O Inter tem mais de 25 milhões de clientes no Brasil e nos Estados
Unidos e atua em uma série de serviços financeiros. O Nu tem mais de 70
milhões de clientes, com operações presentes no Brasil, México e
Colômbia. O Mercado Livre está em 18 países, incluindo Brasil, México,
Colômbia e Chile.
O Silicon Valley Bank foi fechado na última sexta-feira por
reguladores nos EUA, sendo o maior banco a quebrar naquele país desde a
crise financeira de 2008, em meio a um forte declínio nos depósitos de
startups na instituição, na esteira de uma seca de financiamento de
capital de risco.
O SVB foi produto de décadas de dinheiro barato, com riscos únicos
que o tornaram especialmente vulnerável. Preocupações de que outros
bancos regionais tenham semelhanças com ele se espalharam rapidamente, o
que fez autoridades norte-americanas lançaram medidas de emergência no
domingo.
A última sexta-feira (10) ficou marcada com a quebra do Silicon Valley Bank,
maior banco dos EUA a desabar desde a crise de 2008. Fundado em 1983, o
banco tinha em posse o valor de US$175 bilhões, e focava nos
investimentos em startups de tecnologia. Entre os efeitos do colapso
estão o desespero de investidores, ações de outros bancos em queda e
movimentos rápidos do Federal
Reserve, o Banco Central dos Estados Unidos, que se reúne nesta
segunda-feira (13) a portas fechadas para debater soluções.
O colapso do Banco do Vale do Silício
começou na última quarta-feira (8), quando a companhia anunciou perda de
quase US$2 bilhões ao tentar levantar capital para lidar com a fuga de
depósitos. O banco se notabilizou pelo foco em startups do Vale do
Silício, que enfrentam dificuldades pelo encarecimento do crédito e
avanço dos juros.
O que é o SBV e como ele quebrou
O SVB é um banco americano de médio porte mais focado – para não
dizer concentrado – no mercado de empréstimo para startups, conforme
explica Rafael Zuanazzi, sócio e advogado da Russell Bedford Brasil. O
SVB era predominantemente exposto às startups e as startups estão
sofrendo pelo alta dos juros e estão com dificuldades de conseguir
crédito. Devido a isso, precisaram sacar valores depositados na
instituição.
“Como todo o bancos, o SVB não possui dinheiro suficiente caso os
clientes decidam sacar valores em massa. Para arcar com o saque, eles
precisaram vender os títulos que possuíam e, como precisaram vender,
amargaram prejuízo. Com esse movimento, os clientes se assustaram e
acabaram por sacar ainda mais recursos, o que fez o banco vender mais
títulos”, explica Zuanazzi.
A queda [também] está associada a
operações mal conduzidas pelo banco, explica Mauro Rochlin, coordenador
do MBA de Gestão Estratégica e Econômica da Fundação Getúlio Vargas. “O
banco realizou empréstimos em condições arriscadas, e isso se desdobrou
em um número grande de inadimplentes, tornando-o insolvente. É o que
acontece com um banco que não consegue honrar seus compromissos”, diz.
Relação com juros altos
Vale lembrar que as taxas altas
atrapalharam as operações do banco, na medida em que tornaram mais caras
as captações que o banco fazia para honrar os empréstimos. Hoje, a taxa
básica de juros dos EUA aparece entre 4,50% e 4,75%.
“A alta da taxa de juros torna a
operação bancária mais cara. Os bancos captam dinheiro de um lado e
emprestam de outro; muitos dos empréstimos que fizeram aconteceram ainda
com taxas mais baixas. Nos últimos meses, as taxas nos EUA aumentaram,
tornando as operações mais caras“, acrescenta o coordenador da FGV.
Para Alexandre Espírito Santo, professor de economia do Ibmec RJ, o resultado é efeito de investimentos anteriores, como o boom de serviços digitais nos últimos 3 anos.
“Com a Covid-19, o governo americano e
o FED injetaram trilhões de dólares na economia, para reduzir os
efeitos recessivos. O mundo todo ficou dependente de serviços remotos,
beneficiando setores ligados ao digital. Fazia sentido que houvesse uma
grande quantidade de recursos sendo direcionados para esses setores e
muitas empresas fizeram investimentos que não apresentavam taxas de
retornos adequadas. Com o passar do tempo, e os resultados desses
investimentos mostrando-se frustrantes, investidores e acionistas
começaram a ficar ressabiados”, explica o professor.
EUA prometem garantia aos clientes
A Federal Deposit Insurance Corporation(FDIC)
assumiu o controle da empresa controlada pela SVB Financial Group,
criando o Banco Nacional de Seguro de Depósito de Santa Clara (DINB),
que permite a depositantes acesso a seus depósitos segurados e tempo
para abrir contas em outras instituições seguradas.
“As instituições reguladoras e
autoridades americanas dizem que irão honrar os valores depositados no
banco. Isso atenuaria as perdas, mas é preciso esperar um tempo”,
defende o professor do Ibmec RJ.
“O medo é que clientes (depositantes)
que têm dinheiro em bancos pequenos em valores acima de US$250 mil –
teto que é garantido pelo fundo de crédito americano – não tenham
garantias. Mas o governo americano já afirmou que terá essa garantia, o
que é uma forma de evitar uma corrida bancária contra os pequenos
bancos”, explica Rochlin.
Risco de recessão volta para a pauta
Desde quinta-feira (9), a Bolsa
americana caiu e o setor financeiro lidera as perdas. A maior aversão ao
risco por parte de compradores [de ações] fez com que uma baixa
acontecesse. Efeitos como a queda de 70% das ações do First Republic Bank, outro banco americano, reforçam a ideia do colapso financeiro.
“A princípio, devem ser afetadas as ações de bancos médios e pequenos
(bancos semelhantes ao SVB em porte e função), bem como outas pessoas
jurídicas que tinham algum grau de exposição ao banco, ou seja, outro
banco que tinha alguma relação direta ao SVB”, acredita o sócio da
Russell Bedford Brasil. Ele alerta que também podem ser afetadas
empresas de tecnologia que tinham relação com o SVB, sendo empresas que
podem ter problemas até para pegar os funcionários.
“[Essa quebra] é um indicativo que precisa ser analisado com cuidado
no contexto do risco da recessão, afinal foi a dificuldade das startups
que levou ao saque prematuro de recursos”, expõe o advogado.
Há riscos para o Brasil?
O Nubank se apressou em informar neste sábado (11) não
ter “qualquer exposição” ao Silicon Valley Bank (SVB), maior
instituição financeira dos Estados Unidos a quebrar desde a crise
financeira de 2008. “A Nu Holdings Ltd. comunica aos seus acionistas e
ao mercado que nem a Companhia nem nenhuma de suas subsidiárias têm
qualquer exposição ao Silicon Valley Bank”, declarou a empresa em
comunicado divulgado no sábado.
Diretamente o impacto para o Brasil é baixo – considerando como um
todo. O banco era procurado por algumas startups brasileiras, que podem
ter problema de caixa por perda de valores. “Como não sabemos ainda
quais são, ficamos em compasso de espera neste quesito”, afirma
Zuanazzi.
Segundo Rochlin, o Nubank e outros
bancos brasileiros são afetados, pois se aumenta a aversão ao risco por
parte de investidores e compradores de ações e outros produtos
bancários. “Além disso, a quebra faz com que se busque ativos reais,
fugindo de bancos, o que pode fazer com que outros bancos com modelos
parecidos – no caso dos bancos digitais – sejam afetados por esse medo
de risco”, prevê o professor da FGV.