Bolsa de Valores B3
Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) – O Ibovespa trabalhava abaixo dos 102 mil
pontos nesta quarta-feira, conforme temores de uma crise bancária nos
Estados Unidos e Europa voltaram a minar a confiança de investidores,
enquanto as ações do Credit Suisse despencavam, após o maior acionista
do banco suíço afirmar que não pode elevar sua participação na
instituição por questões regulatórias.
Às 10:43, o Ibovespa caía 1,29%, a 101.608,41 pontos. No pior
momento, chegou a 100.959,97 pontos, em sessão também marcada pelo
vencimento de opções sobre o índice. O volume financeiro somava 3,2
bilhões de reais.
A ação do Credit Suisse afundava cerca de 30% nesta quarta-feira,
renovando mínimas históricas, depois que seu maior investidor afirmou
que não poderia fornecer ao banco suíço mais assistência financeira por
questões regulatórias. O segundo maior banco da Suíça vem tentando se
recuperar de uma série de escândalos que minaram a confiança de
investidores e clientes.
O tombo das ações pressionava os mercados de forma geral, uma vez que
reacende parte do nervosismo entre os investidores sobre a resiliência
do sistema bancário global após o colapso do norte-americano Silicon
Valley Bank na semana passada.
Em Wall Street, o S&P 500 recuava 1,2%, com dados de vendas no
varejo e preços ao produtos também ocupando a atenção enquanto agentes
financeiros ajustam suas apostas para a decisão de juros do banco
central norte-americano na próxima semana. A aposta de que o Federal
Reserve pudesse acelerar o ritmo de alta enfraqueceu, com alguns já nem
esperando qualquer movimento.
“No Brasil, o sentimento do mercado não deve conseguir fugir da piora
externa, mas alguns sinais positivos em âmbito local podem limitar as
perdas”, avaliou a equipe da Guide Investimentos em nota a clientes,
referindo-se particularmente à nova regra fiscal que é esperada para os
próximos dias.
Na véspera, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, afirmou que a
reunião da Junta Orçamentária deve ocorrer ainda nesta semana para
iniciar a análise de proposta do governo para o novo arcabouço fiscal.
DESTAQUES
– BRADESCO PN caía 2,1%, a 13,06 reais, e ITAÚ UNIBANCO PN perdia
1,65%, a 23,31 reais, sofrendo com a aversão a risco nos mercados,
enquanto BANCO DO BRASIL ON recuava 1,17%, a 37,07 reais.
– LOCALIZA ON desabava 4,28%, a 50,26 reais, tendo renovado uma
mínima intradia desde janeiro de 2022 a 47,6 reais no pior momento. A
maior empresa de aluguel de carros e gestão de frotas do país reportou,
em termos ajustados, queda de 12,5% no lucro líquido do quarto
trimestre, a 637,7 milhões de reais, e também um forte crescimento na
alavancagem.
– CVC BRASIL ON perdia 3,98%, a 3,14 reais, distanciando-se da
mínima, quando chegou a 2,99 reais, um dia após o balanço do quarto
trimestre mostrar prejuízo de 96,8 milhões de reais, embora com alta de
13,5% nas reservas confirmadas e avanço de 7,2% nas reservas
consumidas. O resultado financeiro ficou negativo em 111,6 milhões de
reais.
– MÉLIUZ ON avançava 4,44%, a 0,94 real, tendo como pano de fundo um
prejuízo menor no quarto trimestre, de 5,4 milhões de reais. Na base que
desconsidera a fintech Bankly, a empresa teve lucro de 2,8 milhões.
– PETROBRAS PN caía 1,6%, a 23,38 reais, na esteira do forte recuo
dos preços do petróleo no exterior, com o Brent, usado como referência
pela companhia, caindo 4,18%, a 74,21 dólares o barril.
– VALE ON recuava 2,11%, a 82,21 reais, também afetada pelo ambiente
de maior aversão a risco nos mercados, enquanto o contrato futuro de
minério de ferro mais negociado na Dalian Commodity Exchange, na China,
terminou as negociações diurnas estável em 926,50 iuans, perto do
recorde do contrato de 936 iuans.
– EMBRAER ON valorizava-se 0,31%, a 19,59 reais. Analistas do UBS BB
elevaram o preço-alvo dos ADRs da companhia para 18,5 dólares, de 14
dólares anteriormente, bem como reiteraram recomendação de “compra” para
os papéis, avaliando que o “momentum” positivo da companhia deve
continuar.