quarta-feira, 13 de setembro de 2023

Minirreforma eleitoral alivia punição a políticos e enfraquece cota feminina


(Arquivo) Plenário da Câmara dos Deputados em Brasília, em 1º de fevereiro de 2023 - AFP 

 

Apresentado nesta terça-feira, 12, pela deputada Dani Cunha (União Brasil-RJ), o projeto da chamada minirreforma eleitoral abranda punições impostas a políticos e a partidos que cometerem irregularidades, flexibiliza regras de transparência e prevê brechas para que as legendas descumpram as cotas definidas para candidaturas de mulheres e de pessoas negras.

A proposta, fatiada em dois projetos de lei, deve ser votada no plenário pelos deputados nesta quarta, 13. A minirreforma avançou na Câmara em poucos meses porque o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), deseja que as novas regras sejam aplicadas para as eleições municipais do ano que vem. Para isso, o texto precisa ser sancionado até o dia 6 de outubro deste ano. Caso passe na Câmara, o projeto seguirá para o Senado.

Mesmo diante de questionamentos e protestos de partidos e de organizações de transparência eleitoral, o grupo de trabalho que elaborou o texto final da minirreforma – o colegiado é comandado por Dani Cunha e tem como relator o deputado Rubens Pereira Junior (PT-MA) – manteve trechos controversos.

Um deles abre a possibilidade para que candidatos que praticarem compra de votos ou que realizarem gastos ilícitos durante a campanha se livrem da cassação e preservem o mandato. Nesses casos, o texto prevê uma opção de punição mais branda: o pagamento de multa que pode variar de R$ 10 mil a R$ 150 mil.

No trecho que trata da compra de votos, a mudança proposta é sutil. Atualmente, a lei impõe como punições cassação do diploma e multa. No texto apresentado ontem, a conjunção “e” foi substituída pela “ou”. Assim, o candidato condenado pela prática de compra de votos passaria a ser punido com apenas uma das sanções, conforme entendimento da Justiça Eleitoral.

Críticas

Entidades da sociedade civil que atuam nos campos do combate à corrupção eleitoral e da transparência afirmam que o debate sobre a minirreforma com mudanças para o pleito do ano que vem exige mais tempo, além de uma maior participação de especialistas e da população. A proposta atenua, ainda, punição em casos de falta de prestação de contas e de candidatos considerados fichas-sujas.

O Pacto Pela Democracia e o Movimento Contra a Corrupção Eleitoral criticaram a proposta. “Iremos tomar as medidas cabíveis para que esse tipo de passo para trás, esse retrocesso na transparência, não seja aplicado nas eleições”, afirmou o coordenador de Advocacy do Pacto Pela Democracia, Arthur Mello. Ele vê no projeto risco de danos “à integridade eleitoral, à participação eleitoral e à democracia”.

‘Panfleteiros’

Outro ponto polêmico da minirreforma eleitoral estabelece que candidatos não precisarão informar dados sobre pessoas subcontratadas por empresa terceirizada que prestar serviços à campanha. Dessa forma, não seria possível identificar quem foi contratado, a função que esses funcionários desempenharam e que valores foram repassados. Na prática, o dispositivo afrouxa o controle da Justiça Eleitoral e de outros órgãos de fiscalização sobre a distribuição de recursos recebidos pelos partidos políticos.

“É a farra dos panfleteiros”, criticou Arthur Mello, do Pacto Pela Democracia. “Isso pode facilitar a compra de votos, uma vez que não vai haver a documentação de quem foram os subcontratados para desempenhar o serviço.”

Destinado às legendas em anos eleitorais para bancar as campanhas de seus candidatos, como viagens, cabos eleitorais e material de divulgação, o fundo eleitoral em 2022 foi de R$ 4,9 bilhões, um recorde. Para 2024, os parlamentares articulam furar esse teto.

Cotas

A minirreforma eleitoral em curso no Legislativo também é alvo de contestações por afetar candidaturas femininas e negras, abrindo margem para que os partidos possam manejar os recursos destinados para esses grupos como quiserem. A jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) define que o repasse para essas candidaturas tem de ser proporcional. Isto é, se há 40% de candidaturas negras, 40% da verba deve ser destinada ao grupo. Nesta minirreforma, não há referência sobre o valor a ser destinado a cotas raciais.

Na reunião dos integrantes do grupo de trabalho da minirreforma realizada anteontem, o PSOL protestou, pedindo a alteração do texto. No entanto, não houve mudanças significativas na versão final.

No caso de candidaturas de mulheres, o porcentual mínimo de 30% deverá, pelo novo texto, ser analisado por federação, e não mais por partido. Assim, seria possível cumprir a cota determinada pela Justiça Eleitoral se houver 30% de mulheres no somatório geral das candidaturas apresentadas pelas legendas que integram a federação partidária.

“Dirigentes partidários alegam que, na lei, os partidos detêm autonomia para realizar suas ações. A questão de cotas não é uma prerrogativa de partido”, afirmou o presidente do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral, Luciano Santos. “A questão de cotas é uma política pública de inclusão, acima dos partidos. É a Lei Eleitoral. Não dá para alegar autonomia dos partidos e deixar por conta deles como se aplica e qual o porcentual.”

‘Boca de urna’

O texto elaborado pelo grupo de trabalho permite, ainda, a propaganda eleitoral nas redes sociais no dia da eleição, mas veda o impulsionamento pago dos anúncios para alcançar mais público. Especialista em Direito Eleitoral, Alberto Rollo disse considerar a prática “boca de urna” em ambiente digital. “Fazer propaganda na internet no dia da eleição não deixa de ser boca de urna na internet. O eleitor abre as redes e vê propaganda eleitoral, é uma boca de urna diferente, mas é uma boca de urna”, afirmou.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

 

terça-feira, 12 de setembro de 2023

Tebet: ‘esperamos que nas próximas reuniões do BC tenhamos corte de pelo menos de 0,5 p.p.’

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A ministra do Planejamento, Simone Tebet, destacou há pouco que o mercado previa uma inflação “ligeiramente maior” para o IPCA de agosto, que subiu 0,23%, e que, portanto, a expectativa em torno do número acabou se tornando positiva. A ministra reforçou que o governo espera ver o Banco Central cortando a taxa Selic nas próximas três reuniões em pelo menos 5 p.p., para fechar o ano com um patamar de juros abaixo de 12%.

“A inflação é um ponto de atenção, inclusive nas votações que temos no CMN. O mercado previa até inflação ligeiramente maior esse mês, então a expectativa que era negativa acabou se tornando positiva, inclusive para efeito de queda de juro já na próxima reunião do Copom. O governo espera que nas próximas três reuniões nós tenhamos pelo menos 0,5 pp de diminuição da taxa de juro, pra fecharmos abaixo de 12%”, disse Tebet em entrevista à GloboNews.

Para Tebet, os números recentes também mostram que o Brasil vem registrando um crescimento econômico “sem aumento de inflação”. Ela destacou o PIB do segundo trimestre, que registrou uma surpresa positiva para o mercado, com alta de 0,9%. “Quando falamos em crescimento, claro que nos preocupamos muito com a inflação, que é perversa para os mais pobres.

Mas surpreendentemente verificamos que há crescimento no Brasil sem haver inflação, porque não é de consumo, o que nos tranquiliza”, afirmou a ministra, destacando que a inflação de agosto ficou dentro das expectativas, afetada pelo aumento da energia elétrica.

 

Marca de azeite brasileira é a 1ª do mundo a ser ‘carbono negativo’

A fabricante brasileira de azeite ‘Lagar H’, de Cachoeira do Sul (RS), tornou-se a primeira empresa do mundo a comprovar que tem produção “carbono negativo”.

O certificado inédito confirma que o carbono retirado da atmosfera pela empresa é maior do que a emissão de gases danosos para o planeta. O saldo considera todo o processo de produção, que vai do cultivo de azeitonas à fabricação e distribuição do azeite.

A marca de azeite brasileira começou a analisar suas emissões de gases de efeito estufa há dois anos, quando contratou a startup Akvo ESG. A iniciativa de verificar o balanço de carbono surgiu quando a empresa quis se enquadrar no Sistema B Brasil, que inclui metas de boas práticas sociais e ambientais (ESG).

Segundo o inventário da empresa, a remoção de carbono foi 1.266% superior ao volume total de suas emissões. Somadas todas as atividades da empresa, incluindo a agroindústria e os olivais, a Lagar H emitiu 55,8 toneladas de CO2 equivalente (tCO2e) e retirou da atmosfera 715,99 tCO2e.

 

Um terço da população mundial continua sem acesso à Internet

Rede de cidades inteligentes


Um terço da população mundial continua sem acesso à Internet em 2023, embora o número de pessoas conectadas nunca tenha sido tão alto, segundo as últimas estatísticas da ONU publicadas nesta terça-feira (12).

Desde a última contagem da União Internacional de Telecomunicações (UIT) em 2022, cerca de 100 milhões de pessoas tiveram acesso à rede, mas 2,6 bilhões não puderam se conectar.

As pessoas conectadas representam 67% da população mundial, ou seja 5,4 bilhões de pessoas.

“Este aumento da conexão é mais um passo na direção correta”, disse a secretária-geral da UIT, Doreen Bogdan-Martin, citada em nota.

Porém, o avanço não é suficiente e “são necessários esforços sustentados para alcançar uma conectividade universal e eficiente em 2030. Não cessaremos nossos esforços até que vivamos em um mundo no qual a conectividade efetiva seja uma realidade concreta para todos nós, independentemente de onde vivemos”, insistiu.

O avanço das conexões, obviamente, é maior nos países de baixa renda, com um aumento do número de usuários de cerca de 17% no ano passado, explica a UIT.

“No entanto, apenas um terço da população destes países está conectada à Internet”, acrescentou.

As últimas estimativas globais confirmam que o aumento de dois dígitos da conexão observado em 2020, estimulado pela pandemia de covid-19, pelos confinamentos e pelos longos períodos de teletrabalho, foi muito breve, destaca a UIT.

As populações que ainda não estão conectadas são também as mais difíceis de alcançar.

Outros obstáculos são frequentemente subestimados, como a baixa velocidade de conexão, preços altos demais, falta de conhecimento digital básico, barreiras culturais e linguísticas, discriminação de gênero e, às vezes, a falta de acesso à eletricidade.

 

Riachuelo retira peças de circulação após críticas nas redes sociais


 

A Riachuelo está retirando de suas lojas e do e-commerce um conjunto de roupas que gerou críticas nas redes sociais. O conjunto, que é composto por uma camisa e uma calça listrados nas cores branca e azul, foi associado por internautas aos uniformes dos campos de concentração nazistas utilizados durante a Segunda Guerra Mundial. As informações foram publicadas pelo G1 e confirmadas pelo Estadão.

Uma das vozes que se destacou nesse coro de críticas foi a da especialista em cultura material e consumo, e semiótica psicanalítica da USP, Maria Eugênya. Em uma publicação que já alcançou mais de 115 mil curtidas e 7 mil compartilhamentos, ela destacou a necessidade de “conhecer a história” e caracterizou como “puro cinismo” a decisão de colocar o “uso estético acima de crítica ou memória histórica”.

Em resposta à polêmica, a Riachuelo divulgou uma nota onde reconhece que a escolha do modelo e da cartela de cores “realmente foi uma infelicidade”. A empresa afirmou que não teve a intenção de fazer alusão a um período histórico marcado por graves violações aos direitos humanos e que está retirando todas as peças de suas lojas e do e-commerce. A nota também contém um pedido de desculpas às pessoas que se sentiram ofendidas pelo produto. Confira abaixo o comunicado na íntegra.

“Nós, da Riachuelo, prezamos pelo respeito por todas as pessoas, e esclarecemos que, em nenhum momento, houve a intenção de fazer qualquer alusão a um período histórico que feriu os direitos humanos de tanta gente. A escolha do modelo das peças e da cartela de cores realmente foi uma infelicidade, e gostaríamos de reforçar que todas as peças já estão sendo retiradas das nossas lojas e e-commerce. Entendemos a sensibilidade do assunto, agradecemos o alerta trazido pelos nossos consumidores e pedimos desculpas a todas as pessoas que se sentiram ofendidas pelo que o produto possa ter representado.”

Até a publicação desta matéria, a Riachuelo não detalhou se tomará medidas adicionais após a retirada das peças de circulação. O Estadão também buscou esclarecimentos sobre o processo criativo por trás da concepção das peças e sobre as estratégias que a empresa possui para prevenir que situações de sensibilidade histórica e cultural se repitam no futuro. O espaço para resposta da empresa permanece aberto.

 

IPCA de agosto sobe 0,23% ante alta de 0,12% em julho, revela IBGE


A taxa acumulada pela inflação no ano até agosto ficou em 3,23%.

A taxa acumulada pela inflação no ano até agosto ficou em 3,23%. (Crédito: José Cruz/ Agência Brasil)

A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou agosto com alta de 0,23%, ante uma elevação de 0,12% em julho, informou nesta terça-feira, 12, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O resultado ficou abaixo da mediana das previsões de analistas do mercado financeiro consultados pelo Projeções Broadcast, que apontava avanço de 0,28%. O intervalo das estimativas ia de alta de 0,23% a avanço de 0,52%.

A taxa acumulada pela inflação no ano até agosto ficou em 3,23%.

O resultado acumulado em 12 meses foi de 4,61% até agosto, ante taxa de 3,99% até julho e ligeiramente abaixo da mediana das projeções de mercado, de 4,66%. O intervalo de previsões, neste caso, ia de 4,27% a 4,76%.

 

segunda-feira, 11 de setembro de 2023

Lula reitera que não aceita exigências da União Europeia para acordo com o Mercosul


"Temos que fazer uma reunião em que os presidentes estejam presentes para dizerem: quer ou não o acordo", disse o presidente, durante entrevista coletiva em Nova Délhi.

"Temos que fazer uma reunião em que os presidentes estejam presentes para dizerem: quer ou não o acordo", disse o presidente, durante entrevista coletiva em Nova Délhi. (Crédito: Ricardo Stuckert/PR)

 

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, reafirmou nesta segunda-feira, 11, que não aceita as exigências impostas pela União Europeia para fechar o acordo comercial com o Mercosul e disse que pretende conversar diretamente com os líderes dos países europeus para avançar nas negociações. Lula revelou que disse no domingo, 10, ao presidente da França, Emmanuel Macron, que deseja fechar o acordo.

“Temos que fazer uma reunião em que os presidentes estejam presentes para dizerem: quer ou não o acordo”, disse o presidente, durante entrevista coletiva em Nova Délhi.

O brasileiro e o francês se encontraram na cidade indiana durante a Cúpula do G20, realizada no fim de semana.

O presidente do Brasil criticou a demora nas negociações. “A gente tem que chegar a um acordo, ou sim, ou não, ou faz acordo ou para de discutir acordo, porque após 22 anos de discussão, ninguém acredita mais”, afirmou. “Eu disse para o Macron que estou com vontade de fazer o acordo enquanto eu sou o presidente do Mercosul.”

Lula assumiu a chefia temporária do bloco em julho, pelo período de seis meses.

O presidente do Brasil defendeu ainda a elaboração de um acordo com “igualdade de condições”. “Acordo comercial é uma via de duas mãos: eu compro e eu vendo, nós temos que chegar num ponto de equilíbrio”, afirmou.